1 AMBIENTE ESCOLAR COMO AUXILIADOR DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Mello, D. A. T., Mestranda UTFPR 0055(XX)4196153601 datmello@gmail.com Amaral, I. R. A., Mestra UFSC Porto Alegre, L. M., Doutora. UTFPR Resumos Neste artigo será apresentado o conteúdo da pesquisa feita sobre a relação entre o ambiente escolar e os objetos que o ocupam e o desenvolvimento infantil permeado pelo local em que as crianças habitam durante seus primeiros anos de vida escolar. Neste artigo será apresentado a pesquisa feita a respeito do projeto de um armário com a intenção de corresponder as necessidades diárias encontradas nas salas de aulas da Educação Infantil, bem como ser estimulante e mudar a aparência das salas de aulas, que hoje estão monótonas desinteressantes para os alunos. O móvel em questão é o Armário Sensorial que está fazendo parte de uma sala de aula da Educação Infantil para ser analisado em seu desempenho benéfico para esta idade. Tem como objetivo avaliar quais os benefícios do armário sensorial, móvel este que foi desenvolvido especificamente para esta série pré alfabetização, privilegiando o desenvolvimento das crianças de 0 a 6 anos de idade. O método utilizado para esta avaliação é qualitativo e a técnica de pesquisa escolhida é a de avaliação observacional, não participativa, recolhendo uma documentação sistematicamente. Nesta pesquisa os dados são analisados apresentando resultados e conclusões. Palavras-chave: Educação Infantil, Mobiliário Escolar, Psicomotricidade. 1. INTRODUÇÃO: O modo como as salas de aula da educação infantil são organizadas, materiais, móveis e objetos, e a forma como professores e alunos ocupam e interagem neste espaço revelam a concepção pedagógica adotada e interfere nos processos de ensino e aprendizagem. A falta de estímulos encontrada no ambiente escolar no Brasil é notável nos móveis, nas cores e nos objetos e suas disposições (HORN, 2004). Ao longo do desenvolvimento infantil a criança começa a construir a noção de espaço por meio da exercitação locomotriz que a princípio é determinada pelo conhecimento e pela diferenciação do seu corpo em relação ao mundo exterior, posteriormente sobre estas informações que proporcionam ao corpo possibilidades de perceber o espaço exterior e sua orientação nele pela da percepção do espaço onde está inserida, se inicia, então, a abstração do espaço ao seu redor até chegar à noção de
2 distância e a orientação dos objetos em relação ao eu e de um objeto em relação ao outro. O móvel desenvolvido é desafiador e valoriza esta etapa tão importante da educação, etapa esta que constrói e alicerça toda a vida escolar que está por vir. Antigamente as crianças brincavam na rua com seus colegas, subiam em árvores, corriam, pulavam muros e improvisavam brinquedos com artigos comuns, ajudavam em afazeres diários e corriqueiros do dia-a-dia. Desta forma a psicomotricidade era construída à medida que o desenvolvimento infantil ocorria bem como a criatividade ao improvisar brinquedos. 2. JUSTIFICATIVA: Nos tempos atuais as crianças chegam à escola adormecidas e defasadas em seu desenvolvimento psicomotor por não terem a vivência de sua motricidade nos tenros anos de suas vidas (LE BOULCH, 1982). Seus pais os protegem enclausurando-os dentro de apartamentos evitando o contato com o mundo exterior devido ao grande quantidade de perigos decorrente da modernidade. Elas dificilmente tem a oportunidade de correr, de saltar e experenciar o movimento em sua integridade. Com os brinquedos que exigem cada vez menos da criatividade das crianças, e com os pais fazendo tudo pelos seus filhos, como amarrar os sapatos e cuidar de todos os afazeres domésticos, os pequenos têm cada vez menos oportunidade de se desenvolverem. Com o advento da televisão e dos jogos eletrônicos, as crianças têm estado cada vez mais sedentárias e passivas, prejudicando seu desenvolvimento pleno. Sem dúvida há benefícios cognitivos, pois as crianças têm cada vez mais acesso a informação, maior facilidade em aprender a manipular artefatos altamente tecnológicos. Contudo, todo este conforto e proteção dos pais diminui no momento em que a criança é apresentada à escola. Lá ela tem que dividir a atenção do adulto com seus companheiros de classe, e como se vê comumente, a sala de aula é um ambiente hostil, sem muitos estímulos. Tendo assim contextualizado o ambiente atual em que as crianças pequenas vivem, fica possível esclarecer como a situação pode melhorar. Conforma a pesquisa mostra.
3 Deste modo, esta pesquisa vem para beneficiar esta idade importante no desenvolvimento infantil. No ensino tradicional é dito que a criança tem que estar biologicamente pronta para a aprendizagem. Isto quer dizer que a criança só aprende quando amadurece, dentro do enfoque biológico (BEE, 2003). Dentro destes aspectos, a Educação psicomotora surge para que haja um melhor desenvolvimento da criança, através da utilização dos movimentos do corpo. O ambiente escolar na Educação Infantil tem o objetivo de proporcionar o desenvolvimento e estímulos para as crianças (MENESES, 2002) E para a criação deste ambiente, foi usado os conhecimentos tecnológicos para o desenvolvimento do móvel que ajudará a adequar o ambiente às necessidades das pequenos. 3. O ARMÁRIO SENSORIAL: O Armário Sensorial foi resultado de uma pesquisa de conclusão de curso em Tecnologia em Design de Móveis, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Teve como objetivo planejar e desenvolver um armário específico para auxiliar e enriquecer o desenvolvimento infantil bem como valorizar esta etapa que faz a fundação para todos os outros níveis de ensino que estão por vir (MELLO, 2008). A baixo pode-se observar uma imagem do protótipo do Armário Sensorial executado durante o período de pesquisa (Figura 1). Figura 1 - Armário Sensorial Fonte: Mello, 2008
4 No decorrer da pesquisa, após ter aplicado questionário a professores da Educação Infantil, percebeu-se que as necessidades dos professores e das classes eram muito divergentes para se fazer um móvel rígido, fixo e imutável, por isso a melhor solução foi optar por um móvel composto por módulos, separáveis e que podem ser comprados de acordo com as necessidades, quantidade de alunos e possibilidades financeiras. As necessidades variam de acordo com a metodologia abordada pelos professores e pela escola, fazendo com que materiais diversos sejam guardados, bem como a necessidade de ter mais balcões com portas, estantes ou nichos. A quantidade de alunos também faz com que varie e mude a importância do móvel em sala de aula, pois salas menores e com menos alunos carecem de menos espaço em armários. E por último, esta proposta de móvel atende às necessidades financeiras, pois dependendo do poder aquisitivo, a escola pode optar por comprar mais ou menos módulos atendendo perfeitamente a uma série de variáveis encontradas nas mais diferentes escolas de Educação Infantil, tanto particulares quanto públicas. Este móvel não propõe apenas compor um ambiente organizado e sadio para as crianças como também expõe os pequenos a mais estímulos sensoriais, como por exemplo, portas revestidas com acabamento de Fórmica de quadro branco, para que as crianças e professores tenham a liberdade de escrever e desenhar nas portas e/ou identificar o que a gaveta ou porta contém. Outro detalhe significativo do móvel é propor uso de puxadores que estimulem de diferente formas os sentidos das crianças, aplicando neles, texturas, cores, formas e etc. conforme será visto no decorrer deste documento. Ao todo foram desenvolvidos dez módulos distintos e separados, sendo eles: quatro módulos de nichos diferentes, quatro tipos de gaveteiros e dois módulos com portas. Os fundos dos módulos foram pintados com uma leve tonalidade suave de verde, cor esta, comumente usada em consultórios de médicos e de dentistas por remeter à sensação de limpeza, assepsia, tranqüilidade e calma. A proposta do armário era justamente a flexibilidade de uso e possibilidade do usuário optar por qual a disposição mais adequada para si. Então algumas das muitas possibilidades de layout podem ser vistas nas imagens que seguem (Figura 2 a 4).
5 Figura 2 - Layout em uso de 7 tipos de módulos Fonte: Mello, 2008 Figura 3 - Layout em uso de 2 tipos de módulos Fonte: Mello, 2008 Figura 4 - Layout em uso de 4 tipos de módulos Fonte: Mello, 2008 4. A PESQUISA Para que as crianças atendidas pela Educação Infantil tenham a possibilidade de se desenvolver plenamente é necessário conhecer as necessidades desta faixa etária e garantir que experiências essenciais façam parte do contexto educacional diário. Esta etapa alicerça toda a vida escolar que está por vir. Por isso a importância de desenvolver uma pesquisa privilegiando esta série. Os móveis encontrados na Educação Infantil do município de Curitiba, assim como na maioria das escolas brasileiras, não são específicos para o uso em sala de aula, bem como não foram projetados para tal. O que se encontra são móveis sem estímulos, pouco desafiadores, pouco instigantes e com espaço insuficientes para a acomodação dos materiais necessários de uso pedagógico diário, mantendo assim um ambiente pouco organizado e pouco prático. Nesta pesquisa será avaliada a viabilidade de aplicar em uma sala de aula um móvel desenvolvido especialmente para salas de aula da Educação Infantil, móvel este que será conhecido como Armário Sensorial que em sua proposta objetiva por fazer da atividade em sala de aula mais dinâmica, estimulante, organizada e agradável. 1.1. Problema O problema que se pretende resolver é avaliar quais os benefícios do uso de um Armário Sensorial em uma sala de aula para as crianças da Educação Infantil da rede de ensino da região da cidade de Curitiba. 1.2. Objetivos
6 O objetivo geral é avaliar benefícios de um móvel tátil, o Armário Sensorial, em uma sala de aula para as crianças da Educação Infantil da rede de ensino da região da cidade de Curitiba. Os objetivos específicos para esta pesquisa, após identificar uma escola para receber este móvel, serão: Montar o armário em uma sala de aula identificada como local adequado para a pesquisa; Estabelecer por meio de um questionário qual a posição do professor/educador em relação à Educação Infantil e o ambiente de trabalho; Verificar junto aos professores o desempenho dos alunos com um diário de observação sistemática; Observar o uso deste equipamento por intermédio do professor/educador. 1.3. Metodologia Para realizar esta pesquisa foi escolhido o método qualitativo que é uma modalidade de pesquisa na qual os dados são coletados por meio de interações sociais e analisados subjetivamente pelos pesquisadores. Para tanto, a técnica de pesquisa escolhida é a de avaliação, observacional não participativa, recolhendo uma documentação sistemática, um diário de bordo, semanalmente com os professoras. Este método foi escolhido para planejar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais metódica e mais rigorosa em relação à pesquisa. O trabalho no cotidiano permite uma observação muito próxima dos fenômenos que estão ocorrendo. Mas estas observações tendem a ser espontâneas, assistemáticas e muito seletivas: percebe-se de um fato vivido, de uma reunião presenciada, as posturas e as falas que mais nos impactaram e tendemos a registrar na memória, apenas aquilo que mais impressionou. Antes do trabalho de se iniciar a pesquisa observacional sistemática, a pesquisadora aplicou um questionário padronizado e estruturado, seguindo um roteiro previamente estabelecido, com os professores/educadores que atenderão as crianças que farão uso do Armário Sensorial. Propostas de atividades foram entregues semanalmente propondo uma ou mais atividades envolvendo o Armário Sensorial, seus módulos e puxadores. Após as
7 atividades foi solicitado que fossem anotadas as percepções da atividade por meio de diários de bordo com questionamentos a respeito da visão da educadora em relação ao desempenho das crianças e suas interações com o móvel. Tendo a preocupação de não interferir na dinâmica da turma, a pesquisadora não teve contato com as crianças, assim, as atividades são mais espontâneas sem a intervenção, contato, dialogo ou interação por parte da mestranda com estes estudantes. Ao termino, outro questionário foi aplicado com as mesmas professoras, com teor semelhante, para avaliar como foi a vivencia dos estudantes com este novo elemento na sala de aula. 1.4. A sala de aula selecionada Para a pesquisa, uma escola de Educação Infantil particular da cidade de Curitiba foi selecionada pelo interesse e disposição para com a pesquisa. A sala de aula atende crianças de 3 e 4 anos de idade, idade em que conceitos básicos de posicionamento espacial são adquiridos, bem como relacionamento com colegas. Figura 5 - Sala de aula - vista da parede Fonte: A Pesquisa Figura 6 - Sala de aula - vista da área de recreação Fonte: A Pesquisa 1.5. Dados Os dados coletados por meio do questionário inicial, os diários de bordo com a análise dos resultados das atividades propostas e o questionário final demonstram o desempenho que o móvel teve em relação às crianças e seu uso. O questionário Inicial intentava saber o perfil da professora, de suas expectativas e concepções a respeito da educação, ambiente escolar e da pesquisa proposta. A cada semana as professoras anotavam como as propostas de atividades influenciaram na educação, desenvolvimento e aprendizado da criança (puxadores). O desempenho delas na atividade e como o uso do móvel facilitou ou beneficiou alguns aspectos.
8 O questionário final teve o objetivo de saber, de forma geral e mais detalhada e minuciosa como o Armário Sensorial em sala de aula trouxe melhoras na rotina escolar. Se as crianças interagiram satisfatoriamente com este novo elemento. Se melhorou a aquisição de conceitos básicos espaciais (dentro, fora, em cima e em baixo...), influencia no processo de ensino-aprendizagem, no relacionamento dos alunos entre si e com a professora na organização, além de salientar pontos positivos e negativos para a melhora do móvel. 5. RESULTADOS 1.1 Resultado do questionário inicial As primeiras perguntas foram para conhecer um pouco mais sobre a professora, entre elas o tempo como professora e a razão pela qual se envolveu com a Educação Infantil. Respectivamente, as respostas foram que faz 14 anos que atua e que a necessidade e o seu talento a levou a trabalhar com esta classe. A pesquisa também intentava saber quais suas concepções a respeito da educação infantil e ambiente escolar, ela disse que a Educação Infantil tem como função desenvolver e estimular as crianças, disse também que a que esta série atende as necessidades das crianças e tem melhorado com o decorrer do tempo, mas que precisa de muitos passos para caminhar e ficar próximo ao ideal. Quando a pergunta foi sobre o ambiente escolar ela disse que depende muito do profissional, mas que de modo geral o ambiente em que as crianças convivem ainda é muito precário. Disse também que tem consciência que a criança aprende muito na ludicidade. Quanto mais estimulo visual, tátil, etc. mais ela vai absorver de novos conhecimentos. Completa que a praticidade do ambiente melhora a aprendizagem e que a organização facilita o dia-a-dia. Por fim, conclui que um móvel planejado para esta sala de aula ajuda sua pratica pedagógica, pois acredita que quanto mais recursos para o desenvolvimento da aula, melhor as possibilidades de aproveitamento das crianças para com as atividades de aula e nas habilidades delas requeridas. 5.1 Resultado dos diários Os diários foram um roteiro para anotação da rotina a partir da visão das professoras em relação às atividades desenvolvidas. Foram seis diários ao todo, para
9 acompanhar as semanas e as atividades que foram propostas. Neste período, a professora anotava o acompanhamento e as observações do desempenho das crianças. A intenção dos diários era o acompanhamento por parte das professoras a respeito do desenvolvimento que o mobiliário e as atividades propostas pela pesquisa pode proporcionar à criança, além de direcionar os olhos da professora para quais detalhes a pesquisadora intentava avaliar o móvel e seu uso. O que foi percebido foi que a partir do uso do mobiliário, as crianças passaram a ficar mais envolvidas com as atividades diárias, sentindo o móvel como parte da sala e um pedaço do espaço dedicado a elas. Outros detalhes foi possível ser percebido pela professora, como qual o nível de desenvolvimento e comprometimento que cada uma das crianças estava. Com isso, o trabalho pode ser direcionado com objetivo de aperfeiçoar as crianças. 5.2 Resultado do questionário final Este questionário teve intenção de perceber, de forma geral, qual foi a visão total do uso do móvel em sala de aula. Depois de uma pesquisa que durou ao todo sete semanas a professora respondeu que o armário proporcionou praticidade, e a repetição dos conceitos propostos pela Educação Infantil no sentido de orientação espacial e temporal foi de grande ajuda na absorção para as crianças e para a prática pedagógica. Ela também afirma ter aprendido muito com o armário, a melhor forma de usá-lo e fazer as crianças se sentirem mais a vontade com o ambiente. Com ele, segundo ela, as crianças tiveram um enriquecimento no cotidiano em sala de aula Houve uma grande diferença, com o armário, no desenvolvimento infantil, além de ter trazido uma novidade no ambiente escolar, que consequentemente despertou o interesse dos alunos, trouxe também maior desenvolvimento infantil com a realização das atividades propostas, principalmente na psicomotricidade. As crianças gostavam de realizar a s atividades propostas, era uma espécie de desafio para os mesmos, que realizavam com bastante alegria. 6. CONCLUSÃO As atividades são um complemento no processo-aprendizagem, com esse complemento as crianças viram na prática o que torna a atividade muito mais interessante, com todo o recurso que o armário pode trazer.
10 Em suma, o armário trouxe para a prática pedagógica benefícios na pratica pedagógica, na organização do ambiente, e no ambiente escolar. As crianças se comprometeram a participar de sua organização e das atividades respeitando as regras estabelecidas. O desenvolvimento de suas competências exigidas pela Educação Infantil ficam privilegiadas, alcançando assim seu objetivo proposto.
11 Referências BEE, H. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed. 2003 HORN, M. da G. S. Sabores, cores, sons, aromas: A organização dos espaços na educação infantil. Artmed, 1ª edição: Porto Alegre, 2004. LE BOULCH, J. O desenvolvimento Psicomotor: Do nascimento até 6 anos. Artes Médicas, 2ª edição: Porto Alegre, 1982. MELLO, D. A. T. Proposta ergonômica de armário para Educação Infantil. Trabalho de conclusão de curso (Tecnologia em Design de Móveis), 74 f. Curitiba: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2008. MENESES, J. G. C. et al. Estrutura e funcionamento da educação básica. Pioneira, 2ª edição: São Paulo, 2002.