IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL EM COXIM/MS RESUMO. Ms. Maria Neusa G. Gomes. UFMS/Brasil



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Transcrição:

IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL EM COXIM/MS RESUMO Ms. Maria Neusa G. Gomes UFMS/Brasil Esta pesquisa se insere na temática do Seminário internacional relativa a Migrações, História, Patrimônio e Educação, porque seu objetivo é analisar as múltiplas influências das migrações regionais na formação de uma identidade em Coxim /MS cidade de um Estado que tem fronteira com dois países Paraguai e Bolívia e 5 Estados diferentes nas suas divisas: São Paulo, Minas, Goiás, Paraná, Mato Grosso, O Brasil é um país de imenso território e uma variedade de culturas que convivem harmoniosamente, culturas bem diversas em seus vários aspectos; artes, história regional, hábitos, linguagens etc.a pesquisa justamente se desenvolve em um Museu denominado Memorial Henrique Spengler, local que reúne artes plásticas com a influência dos desenhos e pinturas dos índios Kadiuwéus, objetos do pantanal, objetos antigos e jornais antigos preservados. Primeiro estamos fazendo o levantamento dos artigos dos jornais antigos para elencar todos os eventos da cidade e manifestações artísticas culturais e religiosas dos últimos 10 anos; e vamos observar as festas da atualidade também, para compreender a constituição da identidade do coxinense com a participação popular nas festas dos nordestinos, gaúchos, pantaneiros, e eventos com influência da música e alimentos do Paraguai e da Bolívia que são comuns por aqui. O trabalho se desenvolve com alunos de graduação em História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Palavras chave: educação, diversidade cultural, identidade. INTRODUÇÃO O interesse por esta pesquisa surgiu quando nos defrontamos com uma imensa variedade de manifestações artísticas e culturais no município de Coxim/MS Brasil e com a presença de três museus; percebemos a riqueza que havia nesta área. Riqueza pouco valorizada pelos habitantes locais, sendo percebida com admiração mais comumente pelos que vinham de outras localidades. A partir de indagações sobre as possíveis interações dos acadêmicos de história da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul com o material do acervo, especificamente o do Centro de Documentação da região Norte de MS e Memorial Henrique Spengler, questionamos sobre a socialização deste material cultural que reúne artes plásticas, e pinturas com a influência dos desenhos e pinturas dos índios Kadiuwéus, esculturas, objetos do pantanal,

objetos antigos e jornais antigos preservados. Socialização esta entre os futuros professores e a partir deles com a comunidade, surge nosso objetivo para refletir sobre como se vêem, compreendem e se identificam, no impacto da formação da identidade da população, que recebe esta grande variedade de influências mas não se miscigena ocorrendo aparentemente um hibridismo cultural, uma identidade que não sendo cristalizada objetivamente interfere nas circunstâncias mas que é atingida pelo meio cultural também como afirma Vigotski. Afirmamos a importância da língua e da cultura na formação de um povo, para a unificação de um país como Nação. São elementos como a história, religião, língua e cultura; aliados ao sentimento de unidade e pertencimento a um povo, lugar; com os valores e comportamento, pensamentos, costumes dos mais simples que nos caracterizam. Sabemos que uma região pode ser conceituada por sua área geográfica, histórica etc. no nosso caso o olhar é sobre o aspecto cultural, ou seja, observamos que as regiões brasileiras não são delimitada por muros de concreto, mas por uma linha territorial imaginada desenhada nos mapas que são respeitadas por todos, separando grupos diferentes como os dos nossos estados. Na verdade as barreiras culturais caracterizam cada grupo regional com bastante diversidade. Somos vizinhos de cinco Estados, Minas, Goiás, Paraná, Mato Grosso, São Paulo e dois país da América Latina Paraguai e Bolívia. Podemos caracterizá-los em seus múltiplos aspectos e com detalhes; ainda que haja trocas entre o grupo e adquirimos alguns hábitos, influências, etc. Para desenvolver esta pesquisa entendemos cultura como: as manifestações e representações do homem da sociedade que vive, pelas artes, imagens, músicas, objetos, crenças, valores, normas, literatura etc. (1 ) È importante considerar que à nível mundial, a civilização é a entidade cultural mais ampla como diz Samuel Huntington na obra O Choque das civilizações e a nova recomposição mundial(2). As identidades culturais das civilizações direcionam a coesão e conflito no mundo moderno entre os países; pós Guerra-fria as distinções não são ideológicas políticas ou econômicas, mas culturais. Indagações sobre quem somos são frequentes na pós modernidade, as pessoas se definem em termos de antepassados, religião idioma, história, costumes. E se identificam como grupos culturais. A política mundial se reconfigura e os conflitos mais perigosos se darão entre os povos com diferenças culturais extremadas. Esses conflitos já

estão acontecendo e aumentando na África, Ásia, leste europeu, por exemplo. Em termos políticos só sabemos quem somos quando sabemos quem não somos e contra quem estamos. As afinidades culturais cooperam nas relações políticas e econômicas e o inverso prejudica as mesmas. Justifica-se no caso de Coxim, a pesquisa em local que ocorre um imbricado de culturas com marcos históricos e culturais de fundamental importância desde a colonização portuguesa no antigo Mato Grosso, com a rota das monções, a rota para a Guerra do Paraguai com a participação de Visconde de Taunay, além da forte influência da migração nordestina e gaúcha, paraguaios e bolivianos, pantaneiros e índios como os Guaicurú hoje Kadiuwéu. Aliados a isso tudo as festas religiosas católicas que marcam presença na cidade. È uma cidade de pescadores com suas marcas identitárias. Aqui existem três museus: o Museu Arqueológico, O Centro de Documentação e Memorial Henrique Spengler e o Museu do Parque Temático. A população convive com diferenças extremas na cultura material e imaterial, de esculturas de lendas no parque temático a fatos históricos na cidade como as monções e a passagem para Guerra do Paraguai. (1) CHARTIER, R.A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro/Lisboa. Bertrand/Brasil/Difel, 1990. (2) HUNTINGTON, Samuel. O Choque das civilizações e a nova recomposição mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. Por outro lado há alimentos específicos como caldo de piranha, churrasco, beju. Do artesanato com couro de peixe ou pinturas nos ovos de emas. Objetos antigos pantaneiros, arreios selas, pratos de prata, tapetes de onça convivendo com objetos indígenas, colares de sementes, remos etc. As músicas forró ou vanerão, polcas paraguaias, sertanejas, por exemplo. Acreditamos que a influência das artes são imprescindíveis na formação de sujeitos sócio-históricos na realidade de Coxim. As culturas locais têm uma capacidade de resistência, renovação e absorção de novidades. Veremos aqui o que ocorre. Aparentemente um multiculturalismo entrelaçado sem disputas, sem hostilidade. Com este trabalho pretendemos elevar a importância da cultura na formação da comunidade, que estará mais envolvida com as tradições, com as artes, com a cultura regional, com a história local. No âmbito da

universidade os acadêmicos conhecerão mais sobre a história cultural da região, e a formação das identidades locais, articulando teoria e vivências, assim como aprendendo a trabalhar com a história regional pelo ângulo da cultura além da história ou economia; como futuros professores. E resgataremos da história do povoamento as manifestações artísticas dos antigos índios guaicuru, das tradições pantaneiras, da colonização gaúcha e nordestina que são predominantes. Utilizaremos a seguinte metodologia: Primeiro iniciaremos pelo referencial bibliográfico do entrelaçamento histórico-social, religioso e cultural; entre os autores estão Peter Burke, Stuart Hall, Vigotski, Thompson, Chartier e outros autores de fundamental importância para esta pesquisa, envolvendo as disciplinas da história e da educação assim como da psicologia social.. As questões que elencamos referentes aos conceitos de memória, identidade, cultura e sociedade contemporânea, nos direcionam para um conhecimento a ser desenvolvido no Memorial Henrique Spengler. Os museus serão fontes primárias para a coleta de material, inclusive a pesquisa nos periódicos, das festas religiosas e eventos culturais através das fotos. Pretendemos mapear estas identidades, as mais marcantes no cenário do município que por um lado se fragmentam e se transformam como afirma, Stuart Hall(3). Por outro segundo Huntington a fase é de auto afirmar-se em suas identidades, devido as mudanças aceleradas em todas as áreas da experiência humana, procuram então raízes ou ligações para a defesa do desconhecido e um retorno as tradições, e rejeição a assimilação de grupos dominantes principalmente política e economicamente. Este estudo pretende compreender a atual situação da imagem global do Coxinense neste universo multicultural. A segunda fase da metodologia é selecionar o material existente. Ver os eventos mais tradicionais. A participação popular neles, a maioria em quais eventos. As festas culturais, musicais principalmente; regionais (de gaúchos e nordestinos) e as dos pantaneiros (como clube do laço, cavalgadas) anunciadas nos jornais antigos da cidade e preservados no Memorial. Na terceira fase pretendemos que os acadêmicos de história levem alunos da rede pública municipal e estadual á visitação ao Museu para conhecer e refletir sobre a cultura local; (3) HALL, Stuart. Identidade Cultural na pós-modernidade. São Paulo: DP&A, 1997

como também convidar professores de história para conhecer e orientar trabalhos sobre historia regional. Utilizaremos entrevistas da historia oral para complementar as informações. O quarto passo é analisar e compreender com os dados coletados e o referencial teórico; com as entrevistas; a formação da identidade local e traçar uma imagem global do coxinense neste universo multicultural. Dos resultados os alunos farão comunicações parciais, em eventos congressos, semanas e encerramos com o relatório final. A preocupação com a identidade nos leva a obra de Stuart Hall que aponta um crise na identidade e sua obra Identidade Cultural na Pos-modernidade, uma crise como conseqüência do deslocamento ou descentralização do sujeito na mobilidade estrutural o que acarreta o surgimento da identidade universal. A modernidade provoca rupturas ocorrendo à fragmentação da identidade tradicional para uma identidade carregada de hibridismo. A maior característica desta identidade universal é o deslocamento das características antigas estabelecidas para a mobilidade e pluralidade simbólica cultural. Aparece então a amplitude simbólica que ultrapassa os limites geopolíticos das regiões e nações. Fica claro a tentativa do indivíduo para a assimilação do universal para sentir-se aceito, cidadão do mundo. No mundo contemporâneo ocorre à busca da identificação global, as pessoas com a globalização querem se sentir incluídas no meio social, com a internet também os jovens desejam se sentir parte deste mundo moderno. Esta modernidade que vivemos causa rupturas nas identidades tradicionais provocando a fragmentação e o hibridismo. Atualmente pensar a diferença tem sido ponto atualíssimo no mundo, preconceitos são abolidos e a convivência é fundamental em um mundo em conflito, como afirma Samuel Huntington na obra o Choque das Civilizações. O que ocorre por fim é o esfacelamento e crise das identidades regionais e nacionais para a estruturação de novas estruturas simbólicas de identidade, a tentativa da identidade universal. A história passa pela fragmentação a identidade também. Estudar a história cultural é recente na historiografia mundial, iniciou-se com a Escola dos Analles em 1929, desde então ampliou-se o campo de possibilidades entre a história e as outras áreas do conhecimento; podendo estabelecer um diálogo profícuo com as outras disciplinas estabelecendo interpretações históricas a partir destas relações. Estende o campo histórico, sendo que o historiador passa a olhar a todas as dimensões do ser humano: política, econômica, social, cultural, religioso, artístico. A história não é uma disciplina autônoma, mas pode efetivar contato com outros estudos.

Le Goff escreveu sobre as novas abordagens e objetos da pesquisa atual, e fala: sobre uma categoria de fontes privilegiadas para a história das mentalidades e cultural que são os documentos literários e artísticos. História não de fenômenos objetivos porem das representações desses fenômenos na história das mentalidades alimenta-se dos documentos do imaginário.(4 ) Neste sentido um documento histórico é tudo que foi produzido pelo homem, e que intrinsecamente apresenta um discurso social, que nos permite conhecer sobre e nos trás evidências da verdade para se construir a nossa versão. (4) LE GOFF, Jaques. História e Memória. Rio de Janeiro: Objetiva,2000. Sendo assim as manifestações artísticas são fontes para o historiador, e percebemos a arte como uma mediação entre o mundo interno e o externo; com suas especificidades e necessário se faz para estas análises da sistematização teórica e metodológica adequada. A história tem uma lógica própria, interna. Esta situação nos despertou o desejo de compreender estas identidades com raízes no passado, a partir da subjetividade do simbólico destas manifestações e representações para o real para a identidade social da população de Coxim alvo de tanta variedade de situações desde a visual, pelos signos, pinturas, literatura, música, esculturas, tradições, hábitos, costumes, alimentos, artesanatos, as festas etc. consideradas novas fontes de pesquisa. Desenvolveremos os estudos por três vertentes: histórica, cultural e religiosa. Pretendemos identificar a influência na educação, da cultura, história, músicas, danças e religiosidade, como um processo cultural, definido por relações de poder. A pesquisa se concentra na análise dos mecanismos que perpetuam ou excluem certas práticas, estratégias de identidades de regimes e esquemas de representações, transmitidos. A universidade desenvolve sua função com jovens heterogêneos que vivem em uma sociedade com múltiplas representações sociais, numa convivência pacífica. Interessa-nos principalmente como futuros professores poderão trabalhar a arte e cultura através do conteúdo do Memorial Henrique Spengler. com alunos nas matérias de historia regional, observando as tradições que se

perpetuam, e observando algumas relegadas e o porquê delas. È importante que a pesquisa procure entender o significado e sentido da cultura herdada e da cultura recebida na forma dessas representações das artes, cultura e festas tradicionais. No mundo moderno as pessoas buscam se auto afirmar em suas identidades e de segurança devido às mudanças aceleradas em todos os aspectos conseqüentes da globalização, procuram então raízes ou ligações para se defenderem do desconhecido. Por isso a revitalizações das religiões no mundo, retorno as tradições. Pensamos então sobre: Quem somos? herdamos tradições, cultura, e história?gostamos do que somos? Nosso papel no mundo? Como somos vistos no mundo? Como se identifica? E o aqui e agora? espero ter acrescentando algo a sua reflexão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARENDT, H. Entre o passado e o presente. São Paulo: Perspectiva, 1978. ARGAN, G.C. História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1993. AMORIM, Marília. O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. São Paulo: Musa Editora, 2001. BURKE,P. A escrita da história: novas perspectivas.são Paulo.UNESP.2002. CANEN, A. Formação de Professores e Diversidade Cultural, in V. M. F. Candau (org.), CHARTIER, R.A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro/Lisboa. Bertrand/Brasil/Difel, 1990. CERTEAU, M. A Cultura Plural. Campinas, Papirus, 1995. CHAUÍ, Marilena. O papel da Filosofia na Universidade. Cadernos SEAF, n.º 1.Magistério: Construção Cotidiana. Petrópolis: Ed. Vozes, 1997. FREITAS, Maria Teresa, KRAMER, Sonia; SOUZA, Solange Jobim e. (Org.). Ciências humanas e pesquisa: leituras de Bakhtin. São Paulo: Cortez, 2003. FOUCAULT, Michel. 1995. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal.

HALL, Stuart. Identidade Cultural na pós-modernidade. São Paulo: DP&A, 1997. LÉVI-STRAUSS, Claude. 1986. "Raça e Cultura". In: Olhar Distanciado. Lisboa: Edições 70. HUNTINGTON, Samuel. O Choque das civilizações e a nova recomposição mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. LE GOFF, Jaques. História e Memória. Rio de Janeiro: Objetiva,2000. SILVA, Tomaz Tadeu da (org). Alienígenas na sala de aula - uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995., Tomaz Tadeu Da. Os novos mapas culturais e o lugar do currículo numa paisagem pós-moderna. In: MOREIRA, Antonio Flavio B. & SILVA, Tomaz Tadeu da (orgs.). Territórios contestados - o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1995. VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987 a.. Psicologia da Arte. Porto Alegre. Artmed.2002