Recomendações do tratamento do câncer de rim estadio T1



Documentos relacionados
Módulo: Câncer de Rim Localizado

PECOGI A.C.Camargo Cancer Center PROGRAMA 2014

Atuação da Acupuntura na dor articular decorrente do uso do inibidor de aromatase como parte do tratamento do câncer de mama

Analisar a sobrevida em cinco anos de mulheres. que foram submetidas a tratamento cirúrgico, rgico, seguida de quimioterapia adjuvante.

Cirurgia poupadora de órgão no tratamento da massa testicular

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Tumore r s R s e R nais: s Cirurgi rg a Ab A e b rta t Quando? Antonio Carlos Lima Carlos Lima Po Pompeo mpeo Prof Pr essor T essor T tular

Como tratar o câncer de mama na paciente com mutação genética? Prof. Dr. Giuliano Duarte

Atualização do Congresso Americano de Oncologia Fabio Kater

Atualidades na doença invasiva do colo uterino: Seguimento após tratamento. Fábio Russomano IFF/Fiocruz Trocando Idéias 29 a 31 de agosto de 2013

Metástase Cutânea de Carcinoma de Células Claras Renais: Relato de Caso Aichinger, L.A. 1, Kool, R. 1, Mauro, F.H.O. 1, Preti, V.

OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

RM MAMÁRIA: quando indicar?

CRIOLIPÓLISE E O CONGELAMENTO DA GORDURA

Protocolo de Tratamento do Câncer de Mama Metastático. Versão eletrônica atualizada em Dezembro 2009

INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RS PORTARIA 13/2014

Radiology: Volume 274: Number 2 February Amélia Estevão

Câncer de Testículo Não Seminomatoso

P R O S T AT E C T O M I A R A D I C A L L A P A R O S C Ó P I C A

Apoio e realização: II Congresso Brasileiro de Ginecologia Oncológica AGINON 2015 I Jornada Latino-Americana de Ginecologia Oncológica - LASGO

EMENTA: Câncer urológico - Critérios de alta para pacientes com câncer CONSULTA

Mesa redonda: TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS

8:00 Horas Sessão de Temas Livres concorrendo a Premiação. 8:30 8:45 INTERVALO VISITA AOS EXPOSITORES E PATROCINADORES.

PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLANTAÇÃO DA REGULAÇÃO ONCOLÓGICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Dra. Daiane da Silva Oliveira

Tratamento do câncer no SUS

RELATÓRIO PARA A. SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

Dimensão Segurança do Doente. Check-list Procedimentos de Segurança

Check-list Procedimentos de Segurança

de nódulos axilares e sintomas como desconforto e dor, são importantes para o diagnóstico e conduta a serem tomados em cada caso. Há exames de imagem

Discussão de Casos Clínicos Doença Localizada e Localmente Avançada Riad N. Younes William N. William Jr

Diretrizes Assistenciais. Avaliação Clínica e Laboratorial do Candidato ao Transplante Renal com Doador Falecido

Perfusao e Infusao Papel Atual Frente os Novos Tratamentos

O QUE É? O HEPATOBLASTOMA

CARCINOMA DO OVÁRIO EM MULHER JOVEM QUANDO CONSERVAR?

Passos para a prática de MBE Elaboração de uma pergunta clínica Passos para a prática de MBE

Prof. Dr. José O Medina Pestana. Hospital do Rim e Hipertensão Disciplina de Nefrologia, Universidade Federal de São Paulo

Você conhece a Medicina de Família e Comunidade?

SUMÁRIO. Sobre o curso Pág. 3. Etapas do Processo Seletivo Pág. 5. Cronograma de Aulas. Coordenação Programa e metodologia; Investimento.

TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA CASOS CLÍNICOS

Adenocarcinoma de Esôfago como conseqüência de Esôfago de Barret

1ª Edição do curso de formação em patologia e cirurgia mamária. Programa detalhado

CÂNCER GÁSTRICO PRECOCE

Câncer do pâncreas. Orlando Jorge Martins Torres Professor Livre-Docente UFMA

O QUE É? O TUMOR DE WILMS

Módulo Doença avançada

Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata

CANCER DE MAMA FERNANDO CAMILO MAGIONI ENFERMEIRO DO TRABALHO

Baixas temperaturas são letais para as células cancerosas.

Qual é o papel da ressecção ou da radiocirurgia em pacientes com múltiplas metástases? Janio Nogueira

EDITAL DE SUBMISSÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

Sumário. Data: 06/12/2013 NT 245 /2013. Medicamento x Material Procedimento Cobertura

CAPÍTULO 2 CÂNCER DE MAMA: AVALIAÇÃO INICIAL E ACOMPANHAMENTO. Ana Flavia Damasceno Luiz Gonzaga Porto. Introdução

INTRODUÇÃO 2 AUTORIZADOR WEB 4. Pesquisar Beneficiário Elegibilidade Beneficiário Nova Guia Consulta Eletiva Nova Guia SP/SADT...

Prostatectomia para doença localmente avançada. José Milfont Instituto de Urologia do Rio de Janeiro

Linha de Cuidado da Obesidade. Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas

É possível omitir Radioterapia adjuvante em mulheres idosas com Receptor Hormonal positivo?

TUMORES RENAIS. Benignos. Malignos. Angiomiolipoma; Oncocitoma. Adenocarcinoma renal (90%); Tumor de Wilms; Carcinomas uroteliais da pelve renal.

O que fazer com o nódulo suspeito menor que 2 cm?

RESIDÊNCIA MÉDICA 2015

O acesso a um tratamento integral e seu custo: A Experiência do ICESP. Prof. Dr. Paulo M. Hoff Diretor Clínico ICESP Faculdade de Medicina da USP

como intervir Héber Salvador de Castro Ribeiro Departamento de Cirurgia Abdominal A.C. Camargo Cancer Center

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ODONTOLOGIA LIGA DE ODONTOLOGIA ONCOLÓGICA - LOO EDITAL 01/2015 LOO UFU

TUMORES DO PÉNIS: Cirurgia Minimamente Invasiva. Pedro Eufrásio. Serviço de Urologia Centro Hospitalar Tondela-Viseu

Journal Club 23/06/2010. Apresentador: João Paulo Lira Barros-E4 Orientador: Dr. Eduardo Secaf

Alexandre de Lima Farah

GUIDELINES ACESSO ÀS PLATAFORMAS ORDEM DOS MÉDICOS VETERINÁRIOS

2. HIPERTENSÃO ARTERIAL

Diretrizes ANS para realização do PET Scan / PET CT. Segundo diretrizes ANS

Gaudencio Barbosa R3 CCP Hospital Universitário Walter Cantídio UFC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Sigla do Indicador. TDIHCVC UTI Adulto. TDIHCVC UTI Pediátrica. TDIHCVC UTI Neonatal. TCVC UTI Adulto

Vacinas contra o pneumococo

ATUALIZAÇÃO NEUROBLASTOMA E TUMOR DE WILMS

Reconstrução de mama: Qual o tempo ideal? Dr. Fabrício P. Brenelli

OF/AMUCC-043/ ADV Florianópolis, 02 de maio de 2013.

Sobrevida Mediana Classe I: 7,1 meses Classe II: 4,2 meses Classe III: 2,3 meses

Manuseio do Nódulo Pulmonar Solitário

EZT- Histórico, indicações, resultados e complicações

Gaudencio Barbosa R4 CCP HUWC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

DIRETRIZES PARA O CARCINOMA DE CÉLULA RENAL

CORE BIÓPSIA DE LINFONODOS AXILARES ATÍPICOS

Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes

NOVEMBRO DOURADO VIVA ESTA IDEIA! VENHA PARTICIPAR!

Câncer de próstata. O que você deve saber. Marco A. Fortes HNMD

Trabalho voluntário na Casa Ronald McDonald

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Gerência de Regulação PROTOCOLO DE ACESSO A EXAMES/PROCEDIMENTOS AMBULATORIAIS ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Folheto para o paciente

A situação do câncer no Brasil 1

Diagnóstico do câncer de mama Resumo de diretriz NHG M07 (segunda revisão, novembro 2008)

8:00 Horas Sessão de Temas Livres concorrendo a Premiação. 8:30-8:45 Abordagem nos múltiplos ferimentos abdominais penetrantes.

CIRURGIA ROBÓTICA NO HCPA. Liege S. Lunardi Magda Mulazzani Enfermeiras da Unidade de Centro Cirúrgico / HCPA

Setor de PET/CT & Medicina Nuclear PET/CT (FDG) Agradecimento a Dra. Carla Ono por ceder material científico

Linfadenectomia em câncer de próstata. Marcos Tobias Machado Setor de Uro-oncologia

2ª. PARTE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DIABETES MELLITUS NO BRASIL

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

AGC sem especificação e AGC favorece neoplasia O que fazer? Yara Furtado

Transcrição:

V Congresso Internacional de Uro-Oncologia Recomendações do tratamento do câncer de rim estadio T1 Afonso C Piovisan Faculdade de Medicina da USP São Paulo Ari Adamy Hospital Sugusawa e Hospital Santa Cruz de Curitiba Daher Chade Faculdade de Medicina da USP São Paulo Fábio C M Torricelli Faculdade de Medicina da USP São Paulo Francisco Bretas Hospital Matter Dei Giuliano B Guglielmetti Faculdade de Medicina da USP São Paulo Gustavo C Guimarães Hospital A C Camargo de São Paulo Lucas Nogueira Universidade Federal de Minas Gerais Matheus Chaib Faculdade de Medicina da USP São Paulo Publio Viana Faculdade de Medicina da USP São Paulo Rodolfo B dos Reis Faculdade Medicina da USP Ribeirão Preto William Carlos Nahas Faculdade de Medicina da USP São Paulo

Quando realizar a biópsia percutânea? Tumores indeterminados ao exame de imagem Suspeita de lesão metastática, linfoma ou processo inflamatório /infeccioso Antesdarealizaçãodeterapias ablativas Pacientes em protocolo de vigilância ativa Paciente em protocolo de terapia sistêmica neo adjuvante Pacientes com grandes massas renais não candidatos a cirurgia

Sempre devemos realizar a cirurgia poupadora de néfrons? Sempre que possível para tumores T1a Em casos selecionados de tumores T1b ou até T2 (> 7 cm), especialmente para casos de rim único, insuficiência renal crônica ou síndromes hereditárias (exemplo: von Hippel Lindau)

Vantagens e custos entre a cirurgia laparoscópica x cirurgia robótica Robótica apresenta > custo Robótica diminui curva de aprendizado Robótica parece estar associada a um tempo de isquemia quente significativamente menor Não há diferença em termos oncológicos (margens cirúrgicas) ou de complicações, perda sangüínea, tempo de internação e conversão

Quando indicar a cirurgia parcial aberta? Indicações relativas (a depender da experiência e habilidade do cirurgião): tumores complexos, pacientes com múltiplas cirurgias prévias e portadores de rim único. pacientes Quando a cirurgia laparoscópica ou robótica nãoestiverem disponíveis

Existe espaço para a nefrectomia radical? Em tumores complexos, onde a nefrectomia parcial é tecnicamente inviável Preferencialmente para tumores renais > T2, e para os casos de tumores T1 difíceis de serem tratados pela nefrectomia parcial (casos complexos), como os tumores de localização central, endofíticos ou multifocais, que não possam ser abordados com segurança

Cirurgia poupadora de nefrons: devemos realizá-la sob hipotermia? Como proceder no acesso laparoscópico / robótico. Qual deve ser o tempo máximo de isquemia quente? A hipotermia está indicada em casos complexos abordados via aberta, onde se prevê um prolongado tempodeisquemia Não é necessária na maioria dos casos abordados por via minimamente invasiva O tempo ideal para a isquemia quente é < 20 30 minutos

Qual a margem cirúrgica ideal de segurança? É necessária realizar biópsia da margem da lesão? Qual o impacto da sobrevida nos pacientes com margem focalmente positiva? Margem negativa, independente da extensão, é suficiente Não há necessidade de biopsiar margem da lesão, exceto em casos de suspeita de violação de cápsula renal Margem focalmente positivas não impactam na sobrevida câncer específica do doente

Como deve ser o seguimento dos pacientes submetidos a cirurgia poupadora de nefrons? Depende da histologia, grau de Fhurman e margem cirúrgica Sugere se realizar exames de imagem semestrais no primeiro /segundo ano e anuais em seguida até completar 5 anos. Nos grupos de risco intermediário e alto deve se seguir o acompanhamento com exames bienais

Quem são os candidatos ideais aos procedimentos minimamente invasivos (crioablação ou radiofreqüência)? Sempre realizar biópsia pré procedimento? Como deve ser o seguimento? Candidatos: tumores <3 4cm em pacientes não candidatos à nefrectomia parcial (sem condições cirúrgicas) ou para minimizar complicações cirúgicas e/ou de perda de função renal em casos selecionados Biópsia deve ser sempre realizada antes do procedimento Seguimento regular com exame de imagem, similar ao da nefrectomia parcial

Existe papel para a vigilância ativa? Quais seriam os candidatos? Como realizar o seu seguimento? Sim, para casos selecionados. Candidatos: pacientes idosos ou com múltiplas comorbidades e baixa expectativa de vida, com tumores pequenos (<3cm), de tamanho estável, e que aceitem os riscos do seguimento. Seguimento com exames de imagem: primeiro exame a ser realizado de 3 a 6 meses após o diagnóstico e após em intervalos de 6 em 6 meses nos primeiros i 1 2 anos e depois anualmente.