ANO 6 NÚMERO 62 AGOSTO DE 2017 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

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Transcrição:

ANO 6 NÚMERO 62 AGOSTO DE 2017 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS A desconfiança da sociedade em relação às ações do governo e a falta de credibilidade dele perante o país e ao resto do mundo, que o isola cada vez mais das grandes questões internacionais e dos organismos internacionais, tornaram-se um fator adicional de extrema gravidade na paralisia econômica e política que assola o país nesses últimos dois anos. A questionável razão que levou a destituição do governante anterior veio seguida de uma retórica de mudanças e de renovação através de uma nova equipe econômica que até agora não apresentou nenhuma alternativa de curto prazo para a retomada das atividades econômicas no país, pautando suas ações em cortes ou eliminação dos parcos avanços sociais alcançados pela população de menor renda no país nos últimos anos. No cenário político e econômico atual o governo apresenta um pacote de medidas para justificar a elevação do déficit fiscal, numa clara demonstração de inabilidade e de falta de alternativas para efetivamente contribuir para o encaminhamento da solução do real problema fiscal. Assim, os insignificantes indicadores de melhorias na economia, ficam totalmente sem créditos junto a população pela descrença que ela tem perante manifestações das equipes do governo, tanto na seara política quanto econômica. A divulgação pelo IBGE dos dados referentes ao PIB do 2º. Trimestre de 2017 foi cercada de comemorações e alusões a uma pretendida recuperação da economia e retomada do crescimento. O próprio IBGE desmentiu estas versões que os dados desmentem categoricamente. Nesta Carta, elaboramos uma análise preliminar em mostramos as principais falhas destas falsas interpretações. 2 EQUIPE ECONÔMICA NÃO DIZ A QUE VEIO E NÃO APRESENTA ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAR A CRISE E FAZER A ECONOMIA CRESCER Prof. Flávio Riani Diferentemente do que foi alardeado pelo Governo Temer e sua equipe econômica de que a mudança no comando do Governo se fazia necessária para estabelecer novos rumos de crescimento econômico no país e de geração de empregos, na realidade aumentou foi a desesperança dos brasileiros quanto a retomada dos parcos ganhos econômicos e sociais alcançados nos últimos anos. Após mais de um ano de governo o que se tem visto são declarações dos atuais administradores federais cada vez mais desacreditadas, acompanhadas da expectativa de saber qual será o novo capítulo dos escândalos que cercam o governo federal, com a economia patinando num patamar estagnado após longo período de sucessivas quedas na produção, consumo, renda, emprego, etc. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete do Reitor Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/paginas/conjuntura-economica.aspx icegdigital@pucminas.br

Aliás, tirando a inflação, os demais indicadores econômicos e sociais têm apresentado índices de desempenho piores aos do período anterior ao impeachment. Nesse clima de desconfiança torna-se difícil imaginar que algo novo surja desse governo que seja capaz de efetivamente mudar o cenário econômico, político e social atual. Enquanto isso os resultados das finanças públicas vão se deteriorando cada vez mais, alastrando-se pela maioria dos governos subnacionais (estados e municípios), em decorrência da queda de arrecadação, resultante da diminuição na movimentação econômica que é a principal base de arrecadação tributária nesses níveis de governo. Nesse cenário de baixo astral, o Tesouro Nacional divulga o resultado fiscal relativo a julho, cujo déficit primário alcançou R$ 20.152 milhões, resultante de um recuo da arrecadação superior ao das despesas. Esse resultado foi maior do que havia sido previsto por grande parte dos analistas econômicos. Ele contribuiu para que o déficit primário nos últimos 12 meses atingisse R$ 183,7 bilhões ainda muito acima do novo resultado previsto pelo Governo Federal de R$ 159 bilhões. Esse resultado foi consequência de uma elevação real de 4,2% nas despesas, fortemente influenciada pelo aumento de 6% nos benefícios previdenciários e de 9% nos gastos com pessoal. Indiscutivelmente os resultados fiscais deficitários gerados nos últimos períodos têm sido fortemente impactados pelas reduções na arrecadação devido às contínuas quedas nas atividades econômicas. Nesse cenário, no qual a economia não cresce, ao invés do governo procurar estabelecer políticas que visem reativar as atividades econômicas, opta por corte de benefícios e coloca a reforma da previdência como a alternativa para resolver toda a problemática fiscal brasileira sem a coragem e credibilidade para buscar um formato tributário mais justo no país. Nesse patamar de dificuldades financeiras o governo ainda mantém um programa de subsídios extremamente generoso com o setor produtivo e agropecuário no Brasil. O gráfico 1 destaca a evolução dos montantes de subsídios concedidos pelo Governo Federal desde 2003. Eles estão decompostos pelos valores concedidos ao setor produtivo, ao setor agropecuário e aos programas sociais. De acordo com os dados apresentados percebe-se a elevação ocorrida a partir de 2013 num patamar bem superior aos dos demais anos destacados;

Chama também a atenção a predominância dos subsídios privados em relação ao dos programas sociais. 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Gráf.1 - Susídios Concedidos Brasil -Gov. Federal -R$ bilhões 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Fonte: Folha de S.Paulo,6/8/17 pag. A19 Setor Produtivo Setor Agropecuário Programas Sociais Prod.+ Agropecuário Por outro lado, o gráfico 2 destaca o valor dos subsídios concedidos nos três últimos anos. Eles mostram que apesar de ter havido uma redução nos valores no último ano eles ainda superam os montantes de concessão ocorridos em 2014, sendo que em 2016 os valores concedidos ao setor privado (produção e agropecuária) são 70% superiores aos de 2014. 120 100 80 Graf. 2 - Subsídios Sociais e Produtivos Brasil- Gov. Federal - R$ bilhões 96,5 73,2 60 40 31,7 42,0 43,2 41,6 20 0 2014 2015 2016 Programas Sociais Prod.+ Agropecuário Fonte: Folha de S.Paulo,6/8/17 pag. A19

Ainda a título de comparações sobre a magnitude e o peso desses subsídios, vale destacar que esse valor concedido em 2016 corresponde a 72% do déficit primário previsto para 2017 aprovado pelo Congresso. Assim, num momento no qual a arrecadação tributária cai, em decorrência da diminuição da movimentação econômica no país, o governo continua argumentando a necessidade de cortes em áreas sociais básicas, enquanto do outro lado concede generosos subsídios ao setor produtivo, à agropecuária. Além disso, cria novo programa de refinanciamento de dívidas com o Governo Federal, para aquelas instituições que sonegaram os pagamentos de tributos, incentivando tal prática, e concede novamente significativos benefícios através de anistia de multas relativas ás dívidas do segmento agropecuário para com o Funrural. Dessa forma, torna-se necessário uma maior reflexão sobre o que de fato acontece com as finanças públicas para que não se torne um consenso a idéia de que só cortandose os gastos a questão fiscal estará resolvida. Por essa razão é frustrante a falta de alternativas de políticas econômicas por parte da equipe econômica, que não apresenta nada em relação aos possíveis estímulos para o crescimento da economia, na expectativa de que isso ocorra naturalmente através das forças de mercado. 3- PIB DO 2º. TRIMESTRE: A ESTAGNAÇÃO CONTINUA Prof. Ricardo F. Rabelo Os resultados recém divulgados do PIB do 2º. Trimestre de 2017 apontam uma variação positiva de 0,2% comparando-se com o 1º trimestre. A taxa positiva, assim como a do 1º. Trimestre não significa, como comemoram alguns, uma retomada do crescimento em curso. Isso é comprovado quando se compara a variação do 2º. Trimestre atual com o do ano anterior, e vemos que a variação foi de 0,3%. De acordo com a metodologia do IBGE, para ser considerada indicio de retomada de crescimento, a variação deve ser igual ou maior de 0,5% em qualquer base de comparação. Se consideramos o acumulado de 4 trimestres, o PIB caiu 1,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, Sendo que na comparação semestral (primeiro semestre de 2017/1º. Semestre de 2016) a variação foi nula. 3.1 - O PIB DO 2º. TRIMESTRE DE 2017 EM RELAÇÃO AO 1º. TRIMESTRE: A FALSA RECUPERAÇÃO Considerando a comparação do 2º. Trimestre em relação com o Trimestre imediatamente anterior, no que diz respeito à evolução setorial do PIB, a ótica da oferta, aspecto fundamental da análise, apenas o setor de serviços teve crescimento e de apenas 0,6%. A Agropecuária registrou variação nula (0,0%), a Indústria caiu 0,5%. No trimestre anterior a agropecuária apresentou um crescimento de 13,4% e reforçou o crescimento do PIB. Vê-se que o ritmo teve queda abrupta porque no período anterior tivemos o

crescimento safras de muitos produtos de exportação.já a indústria mantém a perda de dinamismo que há algum tempo vem apresentando. Tomando como base a análise pela ótica da despesa, temos o crescimento do Consumo das Famílias (+1,4%) numa taxa que não se coaduna com o comportamento geral do PIB. É certo que após estar em queda por nove trimestres, a comparação é em relação a uma reduzida base anterior. Fica ainda mais patente que não se pode comemorar esse crescimento quando se cruza com os dados de emprego e nível médio de salários e vemos não houve aumento da massa salarial. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria, a massa salarial dos trabalhadores do setor recuou 1,2% de junho para julho, enquanto que o rendimento real recuou 1,4% em julho, após aumento idêntico no mês anterior.dessa forma, dificilmente isto garante uma manutenção destes índices ao longo do tempo, provavelmente gerados por um funcionamento atípico do mercado, como, por exemplo, um impacto da liberação das contas inativas do FGTS cujo efeito foi once for all. GRÁFICO 3 Variação do PIB 2o. Trimestre 2017/1o. Trimestre 2017 1,50% 1,40% 1,00% 0,50% 0,20% 0,50% Variação Percentual (%) 0,00% -0,50% -1,00% -1,50% -2,00% -0,90% -0,70% -2,50% -3,00% -3,50% -3,50% PIB Cons. Fam. Cons. do Gov. FBCF Exportação Importação Itens - Ótica da Despesa Fonte: IBGE

Ainda na ótica da despesa, temos a queda de 0,9% do Consumo do Governo o que mostra que com sua política recessiva de corte de gastos o Governo em nada contribuiu para a variação positiva e, pelo contrário, aprofundou as tendências recessivas da economia. Essas tendências também se revelam na queda da Formação Bruta de Capital Fixo de 0,7%, o que mostra a falta de dinamismo do modelo econômico adotado. No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços registraram variação positiva de 0,5%, enquanto que as Importações de Bens e Serviços caíram 3,5% em relação ao primeiro trimestre de 2017, resultando em contribuição negativa do setor. 3.2 - A EVOLUÇÃO DO PIB DO 2º. TRIMESTRE COMPARADA AO 2º TRIMESTRE DE 2016 A pesquisa do IBGE aponta que, quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB apresentou variação positiva de 0,3% no segundo trimestre de 2017, o que mostra ainda a mesma tendência à estagnação. O que mudou o índice de 0,2% para 0,3% foi um melhor desempenho da agropecuária, que agora mostra crescimento de 14,9%. Trata-se apenas de uma nova oscilação sazonal, em que as lavouras com safra no período tiveram melhor desempenho que no 2o. Trimestre de 2016. Ao contrário da Agropecuária, a Indústria apresenta agora uma queda de 2,1%, muito maior que a queda de 0,5% na base de comparação com o mês imediatamente anterior. O setor de Construção foi o que apresentou maior queda: 7,0%. Isso também ocorreu com a Indústria de Transformação, que teve redução de 1,0%. Outro setor que apresentou retração foi o de serviços, com queda de 0,3% onde a maior queda, de 2,5%, se dá nos Serviços de informação que envolve telecomunicações, atividades de TV, rádio e cinema, edição de jornais, livros e revistas, informática e outros serviços vinculados às tecnologias da informação e comunicação. O que mostra que o que cresce é um setor de peso econômico menor como a agropecuária, enquanto os setores mais modernos e dotados de maior valor agregado e dinamismo econômico sofrem retração.

GRÁFICO 4 Variação do PIB 2o. Trimestre 2017/2o. Trimestre de 2016 16,00% 14,90% 14,00% Variação Percentual (%) 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% -2,00% 0,30% -2,10% -0,30% -4,00% PIB Agropecuária Indústria Serviços Ítens - Ótica da Oferta Já na ótica da despesa destaca-se a contração de 6,5% da Formação Bruta de Capital Fixo, assim como a Despesa de Consumo do Governo, que teve retração de 2,5%. Estes dados contrastam com o crescimento de 0,7% do Consumo das Famílias, sendo que, como vimos anteriormente não se confirma a alegação do IBGE de aumento da massa salarial. Por outro lado, não é explicado adequadamente como a redução da inflação, originada precisamente da queda do consumo determinada pela recessão, pode ter gerado o seu contrário, o aumento de consumo. Esses resultados fazem com que a economia brasileira mantenha-se nos últimos lugares do ranking de países pela variação do PIB nessa base de comparação. É irônico que se queira considerar o fato de que houve a saída do último para o penúltimo lugar como um grande avanço, quando se trata da manutenção de um quadro de estagnação inédito em muitos anos. Ficamos, na verdade, atrás de muitos países da América Latina, como Chile com crescimento de 0,9% e Colômbia, com 1,3%. 3.3 - A COMPARAÇÃO EM BASE SEMESTRAL: CRESCIMENTO NULO Quando se toma o período semestral como base de comparação tem-se um retrato melhor da situação atual da economia brasileira, já que houve uma variação nula na comparação do 1o semestre de 2017 como o de 2016. Isto demonstra cabalmente que a economia vive uma estagnação econômica. O comportamento do PIB é explicado pelo forte crescimento da Agropecuária (15,0%) e pela queda da produção da Indústria (1,6%) e dos Serviços (1,0%).

Gráfico 5 Variação do PIB 1o. Semestre 2017 / 1o. Semestre 2016 3,00% 2,00% 2,20% 2,90% 1,00% Variação Percentual (%) 0,00% -1,00% -2,00% -3,00% -0,60% -1,90% -4,00% -5,00% -5,10% -6,00% Cons. Fam. Cons. do Gov. FBCF Exportação Importação Itens Ótica da Despesa É na análise da demanda interna, que o quadro geral da economia adquire contornos mais realísticos. Há uma drástica redução de 5,1% da Formação Bruta de Capital Fixo, demonstrando que dificilmente se terá uma recuperação da economia no futuro próximo. Por outro lado, o fato da Despesa de Consumo das Famílias ter se retraído 0,6%, mostra que não há verdadeira expansão do consumo como fica aparente nos dados da comparação trimestre atual vis a vis trimestre imediatamente anterior. Mostra também, a forte redução do gasto governamental, com a Despesa de Consumo do Governo retraindo-se em 1,9%. E até mesmo a contribuição do setor externo é negativa, já que as Importações de Bens e Serviços apresentaram uma expansão de 2,9%, enquanto as Exportações de Bens e Serviços cresceram 2,2%.