ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS SOUZA, J. P.; MARIN, T. Resumo O diabetes vem sendo considerado um grave problema de saúde pública. O objetivo do estudo foi avaliar o estado nutricional e a frequência alimentar de diabéticos. Foram coletados dados de 33 prontuários de diabéticos atendidos por uma clínica escola de Apucarana. Os resultados apontaram IMC e CC elevados e alimentação variada entre os pacientes. Conclui-se que a maioria dos indivíduos encontra-se com excesso de peso, embora muitos mantenham uma dieta equilibrada com todos os grupos alimentares. Palavras-Chave: hiperglicemia. avaliação nutricional. dietoterapia. Abstract
Introdução: O diabetes vem sendo considerado um grave problema de saúde pública que atinge a população de todo o mundo. Há uma forte relação entre a alimentação e a ocorrência do diabetes mellitus tipo 2, assim como as suas comorbidades. Esse fato pode ser atribuído às alterações nos hábitos alimentares, o sedentarismo, a urbanização e o envelhecimento da população. A maioria dos portadores de DM2, frequentemente apresentam sobrepeso ou obesidade. Devido a isso, os pacientes com DM devem modificar seu estilo de vida e adotar hábitos alimentares saudáveis, que ofereça nutrientes de forma adequada e que garanta o equilíbrio do corpo. Nesse processo de mudança no estilo de vida, as orientações realizadas por profissionais da saúde exercem papel essencial no controle da doença. Este trabalho tem como objetivo avaliar o estado nutricional e a frequência alimentar de pacientes com diabetes mellitus. Trata-se de um estudo transversal, exploratório e descritivo, realizado nas dependências da Clínica Escola de Fisioterapia, Nutrição e Psicologia da Faculdade de Apucarana FAP, na cidade de Apucarana Paraná. Foram selecionados 45 prontuários de pacientes de ambos os sexos, com idade superior a 20 anos e com diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 atendidos pelos estagiários do Curso de Nutrição da instituição. Foram excluídos 12 prontuários de pacientes que possuíam dados antropométricos ou questionários de frequência alimentar incompletos. Dessa forma, a amostra final foi de 33 prontuários. Os dados coletados dos prontuários foram: peso corporal, altura, circunferência da cintura, idade, sexo e o questionário de frequência alimentar. Para a classificação do estado nutricional utilizou-se os pontos de corte estipulados por Brasil (2004) e Isosaki et al (2009). Referencial Teórico e Metodológico: O Diabetes Mellitus é uma patologia de destaque mundial e que ao longo dos anos vem se tornando um grande problema de saúde pública, ganhando proporções crescentes no surgimento de novos casos. É considerada uma das principais doenças crônicas que atingem o ser humano, alcançando populações de diversos países em todos os estágios de expansão econômico-social (GRILLO; GORINO, 2007). Os hábitos de vida da sociedade que nos deparamos atualmente são caracterizados por uma alimentação desbalanceada e reduzida prática de exercícios físicos, isso têm ocasionado diversas implicações na saúde da população, com aumento da
ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes mellitus (COSTA, 2011). Existem dois tipos de diabetes que são encontrados com mais frequência, o diabetes mellitus tipo 1 (DM1), que compreende cerca de 10% dos casos, e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2), que compreende a maioria dos casos de diabetes. Além desses dois tipos, existem o diabetes gestacional e outros tipos específicos de diabetes que ocorrem com menor frequência. O tratamento no DM visa a melhora na qualidade de vida do paciente e inclui a terapia medicamentosa e a terapia não medicamentosa (BRASIL, 2006). A terapia sem medicamentos baseia-se nas mudanças no estilo de vida, adesão a hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades físicas. A terapia nutricional, acompanhada de orientação e estabelecimento de um plano alimentar individualizado juntamente com a prática de exercícios é considerada a terapia de primeira escolha para o tratamento do DM (VILLAS BOAS et al, 2011). Estudos epidemiológicos têm demonstrado a elevada ocorrência de indivíduos com DM2 acima do peso, revelam ainda que cerca de 80% dos pacientes com a doença apresentam sobrepeso ou obesidade (MOHR et al, 2011). A manutenção do peso saudável e a diminuição do peso corpóreo são reconhecidas como estratégias fundamentais no tratamento não farmacológico do diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2005). Para se alcançar o controle glicêmico e manutenção ou perda de peso corporal é necessário que o plano alimentar do indivíduo com DM seja fracionado em três refeições principais e de duas a três refeições intermediárias complementares, contendo alimentos grelhados, assados ou cozidos, levando em consideração sua condição socioeconômica (BERGAMASSO, 2008. Conclusão: Os resultados do estudo apontam que a maioria dos pacientes diabéticos envolvidos nessa pesquisa encontravam-se com excesso de peso e com CC elevadas. De acordo com essa medida, 91% desses pacientes podem vir a desenvolver doenças cardiovasculares e outras complicações metabólicas. Atualmente a alimentação saudável é de suma importância para controlar e evitar o aparecimento do DM2, bem como outras doenças. Foi possível observar que a maioria dos indivíduos buscam manter uma dieta equilibrada, sendo observada uma ingestão adequada de alimentos presentes na alimentação diária dos
brasileiros, como o arroz, o feijão, a carne, o leite e vegetais em geral. Pode-se ainda afirmar que esses indivíduos buscam meios de estar controlando a doença através da alimentação, visto que foi observado que alguns indivíduos consomem adoçantes (56%) e alimentos integrais (45%) diariamente. No entanto, ressaltase que os valores encontrados podem ser melhorados, pois não são todos os pacientes que seguem um padrão alimentar adequado. Para minimizar as complicações da doença é necessário que haja uma intervenção nutricional com atenção para os pacientes com DM, e que tenha o objetivo de combater os maus hábitos alimentares e promover a alimentação saudável, como alternativa para a prevenção e controle do DM e outras DCNT. Referências: BERGAMASCO, C. M. et al. Consumo alimentar e estado nutricional de portadores de DM2 em ambulatório. Diabetes Clínica, São Paulo, n.12, p.150-157, 2008. BRASIL. Ministério da saúde. Diabetes Mellitus. Brasília: Cadernos de atenção básica, 2006.. Ministério da Saúde. Vigilância Alimentar e nutricional SISVAN. Orientações básicas para a coleta, o processamento, a análise de dados e a informação em serviço de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. COSTA, J.A. et al. Promoção da saúde e diabetes: discutindo a adesão e a motivação de indivíduos diabéticos participantes de programas de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Brasília, n. 3, p. 2001-2009, 2011. GRILLO, M. F. F; GORINI, M. I. P. C. Caracterização de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, n. 1, p. 49-54, jan/fev. 2007. ISOSAKI., Mitsue; CARDOSO, Elisabeth; OLIVEIRA, Aparecida. Manual de Dietoterapia e Avaliação Nutricional. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2009.
MOHR, F. et al. Fatores de risco cardiovascular: Comparação entre os gêneros em indivíduos com diabetes Mellitus tipo 2. Revista contexto e saúde, n. 20, p. 267-262, jan/jun. 2011. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Atualização brasileira sobre diabetes. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2005. VILLAS BOAS, L. C. G. et al. Adesão à dieta e ao exercício físico das pessoas com diabetes mellitus. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, n. 2, p. 272-279, abr/jun. 2011.