DESPACHO SEJUR N.º 139/2016

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Transcrição:

DESPACHO SEJUR N.º 139/2016 (Aprovado em Reunião de Diretoria em 07/04/2016) Interessado: Conselho Federal de Medicina Expediente n.º 9860/2015 Assunto: Análise Jurídica. Portaria Ministério do Trabalho e Emprego n.º 1287/15. Debater uso de amianto no Brasil. Ausência de interesse de agir. Impossibilidade. Participação do CFM nos fóruns de discussão. I DA SITUAÇÃO FÁTICA Trata-se de expediente administrativo encaminhado a esta COJUR para se analisar a viabilidade na propositura de ação judicial visando questionar Portaria n.º 1.287/2015, do Ministério do Trabalho e Emprego, que institui a Comissão Especial para Debater o Uso do Amianto no Brasil. Conforme se observa, o expediente foi distribuído à Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do CFM, que anexou aos autos Nota Técnica de Repúdio da ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho) contra a citada Portaria. Em tal documento, a citada associação descreve os malefícios do uso do amianto, conforme já reconhecido pela doutrina médica e pelas entidades nacionais e internacionais de proteção à saúde. Por sua vez, também foi acostado parecer da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia, que forneceu dados técnicos sobre os riscos decorrentes do uso indevido do amianto. Por fim, há manifestação da coordenadoria da câmara técnica de medicina do trabalho do CFM que corrobora com o posicionamento da ANAMT e do CREMEB. Face tal contexto, a Diretoria do CFM determinou que o expediente viesse à COJUR para elaborar ação judicial. É o relato necessário. Passo a fundamentar.

II DA ANÁLISE JURÍDICA Em que pese os substanciosos argumentos lançados nos autos quanto aos perigos da utilização de amianto, entendemos que o caso não comporta a propositura de ação judicial pelo CFM neste momento, senão vejamos. De início, é preciso esclarecer que o CFM é Autarquia Federal, regulada pela Lei n.º 3.268/57, possuindo atribuições para regular o desempenho ético, moral e técnico da medicina brasileira. Nesse sentido, atua, conforme a jurisprudência, como órgão delegado do Poder Público para tratar de questões referentes à saúde pública. Nesse sentido, segue precedente do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA CONSELHO DE MEDICINA REGISTRO DE ESPECIALIDADE MÉDICA "MEDICINA ESTÉTICA" PODER REGULAMENTAR E FISCALIZATÓRIO. (...) 2. O Conselho de Medicina funciona como órgão delegado do Poder Público para tratar das questões envolvendo a saúde pública e as atividades dos profissionais médicos. Precedente do STF. (...) 7. Recurso especial não provido. (REsp 1038260/ES, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe 10/02/2010) Todavia, é preciso observar que a atuação do CFM no contexto da saúde não é irrestrita, pois é necessário que suas ações estejam relacionadas com seu mister legal, que é a regulação da profissão médica. Nessa linha, como se observa do expediente ora analisado, o CFM proporia ação para questionar suposta regulação de amianto no Brasil, conforme ato do Ministério do Trabalho e Emprego. Porém, ainda que este Conselho tenha como atribuição legal a promoção da saúde, tem-se que sua atuação para questionar atos estatais decorrentes do uso de amianto não se relaciona diretamente com a regulação da profissão médica, eis que se trata de tema relacionado à proteção de direitos difusos como o meio ambiente e a saúde pública, faltando, assim, o atributo da pertinência temática para propositura de ação civil pública.

Em tais casos, o órgão estatal que possui atribuição constitucional e legal para propor tais ações para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos seria o Ministério Público, conforme art. 129, III, da Constituição Federal de 1988. Ocorre que tanto o Ministério Público Federal - MPF quanto o Ministério Público do Trabalho MPT foram expressamente incluídos nos grupos de trabalho criados pela Portaria em discussão, de modo a ser presumível que tais órgãos estejam cientes dos temas abordados e possíveis ilegalidades e inconstitucionalidades existentes. Assim, de início, pensamos que a propositura de ação judicial pelo CFM no presente caso possui elevadas chances de ser extinta sem resolução do mérito por ausência de legitimidade processual deste Conselho para impugnar tais matérias. Por sua vez, é preciso que esclarecer que não existe qualquer ato concreto do Ministério do Trabalho e Emprego autorizando ou regulamentando a utilização efetiva do amianto no território brasileiro. Em verdade, a Portaria MTE n.º 1.287/2015 apenas criou comissão especial para debater o uso do amianto no Brasil. Ou seja, criou fórum de discussão intergovernamental composto por diversos órgãos estatais e entidades privadas para discutir o tema. Nesse contexto, como informa a doutrina, o interesse de agir como condição da ação está fundamentado no binômio utilidade e necessidade do pronunciamento judicial. A par disso, tem-se presente a utilidade da jurisdição sempre que o processo for capaz de atribuir ao demandante o resultado positivo que se almeja. Assim, para José Carlos Barbosa Moreira, a providência jurisdicional reputa-se útil na medida em que, por natureza, verdadeiramente se revele sempre em tese apta a tutelar, de maneira tão completa quanto possível a situação jurídica do requerente. 1 No caso, porém, a impugnação judicial da presente comissão não trará qualquer utilidade concreta, pois, como dito, trata-se de mero grupo de estudos para regulação do tema. Desse modo, tem-se que somente após a conclusão dos trabalhos apresentados por tal comissão, e a consequente prática de ato concreto pelo Poder Executivo ou pelo Poder Legislativo no sentido de regulamentar a utilização de amianto, abrir-se-á, então, a possibilidade de discussão do tema em sede judicial, pois haverá ato de efeitos concretos a ser atacado. 1 MOREIRA, José Carlos Barbosa apud DIDIER JR, FREDIE. Curso de Direito Processual Civil, volume 1, Ed. Jus Podium, 12 edição.

Por sua vez, o art. 17 do Novo Código de Processo Civil esclarece que Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Entretanto, como dito, no caso concreto estão ausentes tanto a legitimidade do CFM para propor ação quanto o interesse concreto em tal medida, já que não existe ato normativo que efetivamente regule qualquer conduta na utilização do amianto. Assim, está ausente qualquer interesse de agir na propositura de ação judicial, eis que não há necessidade ou utilidade na impugnação de comissão instituída para debater e estudar o tema proposto. Por fim, ressaltamos que o CFM deveria oficiar ao Ministério do Trabalho e Emprego visando participar das discussões do citado grupo de trabalho, inclusive com o encaminhamento de material técnico sobre o uso indevido do amianto face às consequências danosas à saúde humana, conforme já restou assentado em documentos acostados a este expediente. III DA CONCLUSÃO Diante do exposto, esta COJUR manifesta-se da seguinte forma: a) O CFM é Autarquia Federal, regulada pela Lei n.º 3.268/57, possuindo atribuições para regular o desempenho ético, moral e técnico da medicina brasileira. Nesse sentido, atua, conforme a jurisprudência, como órgão delegado do Poder Público para tratar de questões referentes à saúde pública; b) Todavia, é preciso observar que a atuação do CFM no contexto da saúde não é irrestrita, pois é necessário que suas ações estejam relacionadas com seu mister legal, que é a regulação da profissão médica; c) O uso e a regulação normativa do amianto, porém, não se relaciona diretamente com a disciplina normativa da profissão médica, eis que trata de tema relacionado à proteção de direitos difusos como o meio ambiente e saúde pública em seu contexto lato sensu, faltando, assim, o atributo da pertinência temática do CFM para propositura de ação civil pública; d) Assim, a propositura de ação judicial pelo CFM no presente caso possui elevadas chances de ser extinta sem resolução do mérito por ausência de legitimidade processual para impugnar tais matérias; e) Por outro lado, a Portaria MTE n.º 1.287/2015 apenas criou comissão especial para debater o uso do amianto no Brasil. No caso, a impugnação judicial da presente comissão não trará qualquer utilidade concreta, pois como dito, trata-se de mero grupo de estudos para regulação do tema, acarretando, assim, na ausência do interesse de agir.

f) Por fim, ressaltamos que o CFM, cumprindo com seu poder-dever de velar pela saúde pública, deve oficiar ao Ministério do Trabalho e Emprego visando se dispor a participar das discussões do citado grupo de trabalho, inclusive com o encaminhamento de material técnico sobre o uso indevido do amianto face às consequências danosas à saúde humana, conforme já restou assentado em documentos acostados a este expediente. Este é o parecer, s.m.j. Brasília-DF, 09 de março de 2016. Rafael Leandro Arantes Ribeiro Advogado do Conselho Federal de Medicina OAB/DF n.º 39.310 De acordo: José Alejandro Bullón Coordenador Jurídico