PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CRÔNICA EM POLICIAIS MILITARES DE UMA COMPANHIA DO ESTADO DA PARAÍBA

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Transcrição:

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CRÔNICA EM POLICIAIS MILITARES DE UMA COMPANHIA DO ESTADO DA PARAÍBA Kaeenio Almeida Carlos de Paiva 1 ; Humberto Hugo Nunes de Andrade 2 ; Gabriel Chaves Neto 3 ; Henrique José Moreira de Lacerda 4 ; João Euclides Fernandes Braga 5 ¹ Universidade Federal da Paraíba - kaeenio@gmail.com ² Universidade Federal da Paraíba - humbertohugo_92@hotmail.com ³ Universidade Federal da Paraíba - gabrielchavesufpb@hotmail.com 4Universidade Federal da Paraíba -henriquejose-lacerda@hotmail.com 5Universidade Federal da Paraíba - joeufebra@gmail.com Resumo: As doenças crônicas não transmissíveis são consideradas como um problema global de saúde, que tem como consequência a perda da qualidade de vida, limitação e incapacidade, causando impactos sociais. No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis surgem como a principal causa de mortalidade, assim como a principal carga de doença no país, sendo necessário combater seus principais fatores de risco. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de doenças crônicas em policiais militares de uma companhia do Estado da Paraíba. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, desenvolvido com 68 policiais militares que aceitaram participar do estudo no período de março a abril de 2017. Observou-se que 28 % (19) dos Policiais Militares apresentam alguma doença crônica, destacando-se a hipertensão arterial, que representa 63 % (12) dos voluntários que apresentam alguma doença crônica e 18 % (12) da amostra total, seguido de Hérnia de disco com 11%, Diabetes com 5%, Psoríase, Linfoedema em MMII e Síndrome do pânico com 5%. Identifica-se uma amostra predominantemente masculina, correspondente a 91% (62) dos voluntários participantes, as mulheres representam apenas 9% (6) da amostra. A prevalência de doenças crônicas na população estudada destaca a importância de ser incorporado ao cotidiano desses profissionais a prevenção através de um serviço de saúde adequado, a fim de se evitar um maior dano na sua vida pessoal e/ou profissional. Estudos posteriores devem ser realizados, na busca de comprovar a relação direta do acometimento das doenças crônicas não transmissíveis com o processo de trabalho dos Policiais Militares. Palavras-chave: Doença Crônica, Prevalência, Qualidade de Vida.

- Introdução O trabalho como fator ocupacional, determinante do desenvolvimento humano, representa um papel de grande importância na história da humanidade. Na Europa, no período pós-segunda guerra e particularmente nos últimos 30 a 40 anos que o mundo do trabalho sofreu mudanças tecnológicas, organizacionais, as quais foram gerando um olhar diferenciado e preocupante à cerda dos problemas que afetavam a vida dos seres humanos, trabalhadores, de um modo geral (UVA; SERRANHEIRA, 2013). Neste contexto, o Brasil na década de 80 apresentou índices recordistas de acidentes relacionados ao ambiente de trabalho, como também uma baixíssima capacidade diagnóstica eregistro de doenças relacionadas ao ambiente de trabalho, tendo em vista que esses fatores contribuíam para baixa qualidade de vida do povo brasileiro (SOUZA, et al., 2014). Nos tempos atuais, a sociedade encontra-se em mudanças contínuas no que diz respeito à qualidade de vida. A preocupação com o bem estar passa a ter relevância para o ser humano no âmbito pessoal e profissional. A escolha a profissão, cultura, valores, infraestrutura familiar, relações interpessoais são fatores relevantes para a qualidade de vida no trabalho. O conceito qualidade de vida envolve tanto o aspecto físico e ambiental, como os aspectos psicológicos do local de trabalho (RIBEIRO; SANTANA, 2015). Neste Cenário, surgem as doenças crônicas não transmissíveis como um problema global de saúde e perda de qualidade de vida, limitação e incapacidade, causando impactos sociais. Tais doenças são destacadas como diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas, doenças cardiovasculares, entre outras (MALTA, et al., 2014). No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis surgem como a principal causa de mortalidade, assim como a principal carga de doença no país. Para o enfrentamento dessas doenças é necessário combater seus principais fatores de risco, como: o fumo, a inatividade física, a alimentação inadequada, o estresse e o álcool (DUNCAN, et al., 2012). Segundo a OMS, em 2005 houve um aumento de até 22% na mortalidade por doenças crônicas no Brasil, haja vista que tal aumento se estenderia até 2015. No Brasil, o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) foi implantado em 2006 em todas as capitais brasileiras (MALTA, et al., 2014). As doenças cardiovasculares, por exemplo, representam a maior causa de morte no mundo, tendo em vista que elas foram responsáveis por mais de 17 milhões de óbitos em 2008. Sendo assim, a hipertensão arterial sistêmica,

como patologia cardiovascular, doença crônica, é apontada como um importante fator de risco para eventos cardíacos e cerebrovasculares, o que exige uma atenção para identificação, principalmente, em indivíduos em situações de risco (RADOVANOVIC, et al., 2014). Com base na literatura, uma das profissões que exige um ritmo de vida intenso, impossibilitando, na maioria das vezes, o autocuidado, interferindo assim na qualidade de vida, são os policiais militares. A função da preservação da ordem pública é delegada a esses profissionais, no que diz respeito ao cumprimento da lei, ao ato de salvar vidas, colocando em risco suas próprias vidas. Para este cumprimento, os policiais estão expostos a riscos físicos e mentais, que podem trazer alterações para saúde, afetando assim a qualidade de vida (GONÇALVES; VEIGA; RODRIGUES, 2012). O trabalho do policial envolve, principalmente, duas variáveis: perigo e autoridade. Tais pressões deixam os policiais em constante aflição por eficiência. Isto interfere na vida desses profissionais, como um todo, desencadeando crises de ansiedade, desconfiança constante em meio às relações, além do desgaste físico e psicológico (GUIMARÃES, et al., 2014). Souza, et al., (2012), afirmam que os constantes riscos a que o policial militar se expõe em função do exercício da sua profissão, levam-no, também, a sentir medo por si próprio e por sua família. Esse medo é uma forma de defesa do corpo e do espírito dos que vivem sempre alerta aos perigos. No entanto, quando o estado de tensão e o desgaste físico e emocional são constantes, eles podem gerar diversos prejuízos à saúde e à qualidade de vida, dentre eles, estresse e sofrimento psíquico. Os policiais militares estão expostos a diversos fatores cardiovasculares, comuns à população em geral, como a inatividade física, dislipidemias, tabagismo, excesso de peso e, de modo especial, a obesidade (JESUS; MOTA; JESUS, 2014). Este estudo se torna importante por se tratar de um assunto de saúde pública, a prevalência de doenças crônicas em policiais militares. Haja vista, que esta classe está submetida a situações de estresse, desgaste físico e psicológico, devido à rotina de trabalho corrida, das tensões vivenciadas, fatores estes, cruciais para o surgimento de patologias crônicas. Desse modo, esta classe de profissional necessita gozar de boa saúde para atuar de forma satisfatória dentro da sociedade. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de doenças crônicas em policiais militares de uma companhia do Estado da Paraíba.

- Metodologia Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, desenvolvido com policiais militares de uma companhia do Estado da Paraíba. O estudo foi realizado no período de março a abril de 2017. A amostra foi constituída por 68 policiais militares que aceitaram participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da pesquisa. Para coleta de dados, foi utilizado um questionário semiestruturada para caracterização dos voluntários e coleta das variáveis em estudo. Os dados foram coletados em sessões individuais e coletivas. Após o voluntário concordar em participar da pesquisa, realizou-se uma breve explanação sobre os objetivos do estudo e em seguida obteve-se a assinatura do TCLE, após tais procedimentos iniciou-se a entrevista semiestruturada propriamente dita. Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva com o auxilio do programa estatístico GraphPadPrism (version 6.00, GraphPad Software Inc., San Diego, CA, USA). e apresentados em tabelas para melhor compreensão e discussão dos resultados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, sob número de protocolo 1.854.391, atendendo à Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a realização de pesquisas envolvendo seres humanos. - Resultados e Discussão A amostra coletada foi de 68 Policiais Militares, que representam 65 % da Companhia de Polícia Militar onde foi desenvolvido o estudo. Observa-se uma amostra predominantemente masculina, correspondente a 91% (62) dos voluntários participantes, as mulheres representam apenas 9% (6) da amostra. Reflete a hegemonia masculina nos serviços militares em geral, que tem apresentado mudanças com os avanços da sociedade moderna, as mulheres passaram a buscar seus espaços e estão em crescente ascensão em vários campos de trabalho que antes eram destinados exclusivamente para homens, inclusive dentro do serviço militar (ALMEIDA, et al., 2008). Por meio do questionário aplicado, observa-se que 28 % (19) dos Policiais Militares apresentam alguma doença crônica, um número relevante, considerando os inúmeros prejuízos pessoais e profissionais que essas doenças ocasionam.

Doenças crônicas podem trazer prejuízos, como, incapacidades, levando o indivíduo a sofrimentos, além de gerar custos materiais diretos aos pacientes e familiares, ocasionando também um impacto financeiro sobre a saúde pública, resultando numa redução da produtividade, o que vem a gerar prejuízos para o setor produtivo, sem esquecer os danos adversos na qualidade de vida dos portadores da doença. Afetam principalmente populações mais carentes, por estarem mais expostas aos fatores de risco e restritas às informações e aos serviços de saúde, evidenciando ainda mais as desigualdades sociais. (MALTA; SILVA JR, 2013). Em estudo realizadoque descreveu a mortalidade por doenças crônicas no Brasil, do total de 1.170.498 óbitos registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) em 2011, houve uma prevalência de 72,7% do total de óbitos por doenças crônicas. Prevalecendo as doenças cardiovasculares com 30,4%, seguidas de neoplasias, doenças respiratórias e o diabetes (MALTA, et al., 2014). Tabela 1 Apresentação em valor total e porcentagem das variáveis em estudo. VARIÁVEL PORCENTAGEM NÚMERO Sexo Masculino 91 % 62 Feminino 9 % 6 Total 100 % 68 Doença Crônica Sim 28 % 19 Não 72 % 49 Total 100 % 68 Doenças Crônicas Prevalentes Hipertensão Arterial 64 % 12 Hérnia de Disco 11 % 02 Renite Alérgica 5 % 01 Diabete 5 % 01 Psoriase 5 % 01 Linfoedema em MMII* 5 % 01 Síndrome do Pânico 5 % 01

Total 100 % 19 FONTE: Direta 2017. *Membros Inferiores Dentre as doenças que acometem os Policiais Militares, destacamos a hipertensão arterial, que representa 63 % (12) dos voluntários que apresentam alguma doença crônica e 18 % (12) da amostra total. Estima-se que as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 30% das mortes em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (World Health Organization, 2011). No Brasil, aproximadamente 21,4% da população adulta, apresentaram diagnóstico médico de hipertensão arterial, correspondendo a 31,3 milhões de pessoas. (BEZERRA, et al, 2015). A hipertensão é considerada um grave problema de saúde pública, devido sua cronicidade, pelos altos investimentos na prevenção/tratamento, e por resultar em incapacitação por invalidez e aposentadoria precoce (CARVALHO, et al, 2013). O Policial Militar lida diariamente com fatores estressantes, acima da média da população. Desempenha atividades que resulta em estresse físico e emocional, podendo acarretar em aumento da vulnerabilidade a uma doença cardiovascular (ALONSO, et al, 2014). Os profissionais que atuam na carreira militar desenvolvem atividades com o alto risco de morte, inflexibilidade mantida pela disciplina e hierarquia, entre outros fatores como o estresse. Desta forma, a rotina de trabalho, bem como, os hábitos adotados podem ser considerados componentes significativos para desencadear o surgimento da hipertensão arterial (SILVA., et al., 2015). Pesquisas têm demonstrado que pacientes hipertensos apresentam uma pior qualidade de vida quando comparados com pessoas normotensas. Em estudos realizados que avaliaram o impacto da hipertensão na qualidade de vida, apenas em pacientes hipertensos, chegaram à conclusão que a hipertensão interfere na qualidade de vida, apesar desses pacientes considerarem a Hipertensão Arterial como sendo uma doença que não traga maiores prejuízos (CARVALHO, et al, 2012). Dos voluntários do estudo 11% foram diagnosticados com Hérnia de disco. A Dor lombar é uma causa frequente de morbidade e incapacitação profissional temporária ou definitiva, sendo frequentemente causa de limitações físicas em pessoas com menos de 45 anos. São fatores de risco para Hérnia de disco a genética, o sedentarismo, a exposição a cargas, traumas e vibrações prolongadas (SALES-BARROS, et al. 2016).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, ao entrevistar 27 milhões de pessoas de 18 anos ou mais de idade, identificou que 18,5% dos voluntários referiram problema crônico de coluna, onde desse total 19,2 % se encontram na região Nordeste. Pessoas com mais de 18 anos identificadas com diagnóstico de Diabetes no Brasil são 6,2 %, equivalente a um total de 9,1 milhões de pessoas, sendo desse total 5,4% pertencentes à região Nordeste (IBGE, 2013). As demais doenças crônicas do estudo acometem 5% dos Policiais Militares. O Diabetes mellitus, por exemplo, é uma das desordens metabólicas mais frequentes na população geral, uma doença crônica que está atingindo proporções epidêmicas alarmantes.mais de um milhão de pessoas portadoras de diabetes estão sujeitas a amputações de membros, com alto índice de morbimortalidade, além do impacto social, psicológico e financeiro(khanolkar; BAIN; STEPHENS, 2008; MONTEIRO, et al., 2011). - Conclusões O acometimento de um indivíduo por uma doença crônica interfere no estilo e qualidade de vida, afeta ainda seus familiares e o trabalho diário, pode interromper ou dificultar a realização das tarefas antes realizadas, podendo ocasionar um afastamento por invalidez. A prevalência de doenças crônicas na população estudada destaca a importância de ser incorporado ao cotidiano desses profissionais a prevenção através de um serviço de saúde adequado. Estudos posteriores devem ser realizados, na busca de comprovar a relação direta do acometimento das doenças crônica com o processo de trabalho dos Policiais Militares. - Referências Bibliográficas ALMEIDA, M. R. D.; RIOS, C. VALLS, M. Contexto político-institucional do processo decisório sobre a admissão da mulher militar. In: Encontro da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, 2,. Niterói, 2008. ALONSO, A. C.; de MELLO M.; LUCARELI, P.R. G, et al. Caracterização de policiais militares que sofreram acidente vascular encefálico atendidos no Centro de Reabilitação da Policia Militar. Fisioterapia Brasil, v. 15, n. 1, 2016. BEZERRA, C. C. A.; SANTOS, A. T.; UCHOA, F. N. M., et al. Perfil de pressão arterial de policiais militares na cidade de Russas-CE. Revista Saúde & Ciência Online, v. 4, n. 2, p.

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