DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA PB QUANTO AOS SEUS RESÍDUOS

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Transcrição:

DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA PB QUANTO AOS SEUS RESÍDUOS Geraldo Moreira de Menezes 1 Geógrafo Licenciado, Pela Universidade Estadual Vale do Acaraú em 2008, Fortaleza CE,Pós Graduando em Direito Ambiental pela Universidade internacional do Paraná UNEPI, Professor Orientador do Projovem Urbano - João Pessoa PB, Coordenador do Departamento de Resíduos de Serviço de Saúde do Município de João Pessoa PB. (EMLUR.) Edmilson Fonseca Engenheiro Civil, graduado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal da Paraíba em 1996. João Pessoa Paraíba. Mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública do Rio de Janeiro, em 1967. Rio de janeiro. Conselheiro Nacional da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Coordenador do Departamento de Destino Final dos Resíduos Sólidos do Município de João Pessoa Pb (EMLUR) Endereço (1) : Rua Comerciante José Gomes dos Santos 52 Praia do Seixas - João Pessoa PB, CEP - 58047-020, Telefone -83-3251-1097, 83-8836-3611 E-mail : geraldommenezes@yahoo.com.br. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar e avaliar aspectos do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS) das Unidades do município de João Pessoa PB. Através de levantamento de campo, foram analisados os procedimentos adotados no manejo dos RSS gerados nos Hospitais, Postos de Saúde e Laboratórios Clínicos, Clinicas Odontológicas. Todos no âmbito da Secretaria de Saúde.. Os estabelecimentos pesquisados apresentaram deficiências nas várias fases da gestão de seus resíduos, não atendendo os princípios preconizados na Resolução CONAMA 358/05 e a RDC 306/04. A taxa de geração de resíduos nos hospitais foi de 3,245 kg/leito dia, sendo 17,6 % referente aos resíduos do Grupo A. O total de resíduos gerados na área de estudo foi estimado em 182.640kg mês correspondendo a 22,1% (Grupo A). PALAVRAS-CHAVE: Resíduos de serviços de saúde, gerenciamento de resíduos, geração de resíduos. INTRODUÇÃO Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são resíduos gerados por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa médica relacionadas tanto à população humana quanta à animal do Município de João Pessoa -PB. Os RSS, apesar de representarem uma pequena parcela em relação ao total de resíduos Urbanos gerados, são fontes potenciais de propagação de doenças e apresentam um risco adicional aos trabalhadores dos serviços de saúde e a comunidade em geral, quando gerenciados de forma inadequada. A gestão brasileira dos RSS teve como marco a Resolução 358/05 Conselho Nacional do Meio Ambiente, sendo atribuídas responsabilidades específicas aos vários segmentos envolvidos como: geradores, autoridades sanitárias e ambientais. Esta resolução estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos para o gerenciamento dos RSS, sendo os resíduos classificados segundo seus riscos: 1. Grupo A: resíduos infectantes ou biológicos, que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos; 2. Grupo B: resíduo ou produto químico, que apresentam risco potencial à saúde e ao meio ambiente devido às suas características químicas; 3. Grupo C: rejeitos radioativos, definidos na Resolução CNEN 6.05; 1

4. Grupo D: resíduos comuns; 5. Grupo E: materiais perfurocortantes. A Resolução N. 283 do CONAMA, complementa os procedimentos do gerenciamento, estabelecendo as diretrizes para o tratamento e disposição dos resíduos de serviços de saúde. As diretrizes dos procedimentos técnicos para o gerenciamento dos RSS foram estabelecidas através da Resolução RDC N. 306/04 da ANVISA, que buscou a harmonização dos princípios contemplados na Resolução N. 283 do CONAMA. Atualmente, são encontrados vários problemas. Todo o município apresenta uma deficiência marcante em relação aos resíduos de serviços de saúde, sendo observadas diversas falhas no sistema de gestão destes resíduos. OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo analisar e avaliar a real situação dos resíduos dos serviços de saúde gerados pelo município visando subsidiar informações para implantação de diretrizes quanto ao gerenciamento correto destes resíduos, levando em consideração normas e legislações vigentes. METODOLOGIA O estudo foi realizado na Cidade de João Pessoa com uma população total de 702.235. habitantes, distribuídos nos 63 Bairros existentes na Cidade com suas unidades de saúde ligadas a Secretaria Municipal de saúde do município de João Pessoa-PB. Mapa da Cidade de João Pessoa - Pb Foi realizado o trabalho de campo,cadastramento dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde no âmbito da área de estudo, os quais estão sintetizados na Tabela 1. 2

Números de estabelecimento prestadores de serviços de saúde do município de João Pessoa Município População Hospitais Municipais Postos Saúde USF Laboratórios Consultórios Odontológico s João Pessoa 702.235 05 194 02 223 Tabela n 0 1 Ressalta-se que a cidade de João Pessoa é um centro de referência regional em saúde, tendo como principal suporte o Hospital Ortotrauma e Maternidade Cândida Vargas, o Caís Jaguaribe o Hospital Santa Isabel e o Hospital Valentina que disponibilizam as diversas especialidades médicas no atendimento da população dos municípios da região Metropolitana. De acordo com a legislação vigente, os governos municipais são responsáveis pela coleta e disposição final dos resíduos domésticos, de forma a atender os propósitos sanitários e ambientais. Entretanto, o município possui um programa de gerenciamento dos resíduos e um programa oficial para a reciclagem dos mesmos. A disposição dos resíduos é feita adequadamente em para o Aterro Sanitário metropolitano da cidade. Quanto aos Resíduos de Serviços de Saúde os mesmo são gerenciados internamente pelos estabelecimentos de saúde tendo os seus destino final, operado por empresa terceirizada pelo processo de incineração. Na realização do presente trabalho foi executado um estudo exploratório e descritivo da situação dos RSS do município, através da aplicação de formulários e visitas de campo nas unidades de saúde da área de estudo. Os tipos de unidades de saúde pesquisadas (hospitais, postos de saúde e laboratórios de análises clínicas e Consultórios Odontológicos,foram definidas por serem os principais geradores de RSS. As unidades de saúde foram identificadas através de consulta ao cadastro da Secretaria de Saúde do Município de João Pessoa Pb. Os formulários da pesquisa foram elaborados buscando englobar as principais informações sobre os procedimentos gerenciais, operacionais e levantamento de dados qualitativos e quantitativos dos RSS gerados, abrangendo os aspectos relativos à segregação, acondicionamento, armazenamento interno e externo, transporte, tratamento e disposição final, adotando como referência a Resolução CONAMA. 306/04 e ANVISA 358/05. A aplicação dos formulários foi realizada através do envio de correspondência ao responsável pela unidade de saúde, contendo o formulário e as instruções de preenchimento. O recebimento do formulário preenchido foi programado através de contato prévio com o responsável de cada unidade de saúde para visita de campo de um dos pesquisadores. Nesta etapa, buscou-se avaliar e confrontar os dados informados e a realidade observada, possibilitando um melhor esclarecimento para o completo e seguro preenchimento do formulário. As informações contidas nos formulários foram tabuladas e na estrutura de um banco de dados em planilha eletrônica para análise e avaliação da situação dos RSS, contemplando os aspectos legais no âmbito das legislações nas diferentes esferas de competência (federal, estadual e municipal). RESULTADOS E DISCUSSÃO Aspectos do gerenciamento O Gráfico 1 apresenta os principais aspectos do gerenciamento dos RSS nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, sendo demonstrados os totais dos estabelecimentos que responderam afirmativamente os vários itens avaliados. 3

Gráfico 01 - Unidades Pesquisadas. Os resultados obtidos apontam que a maioria dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde não atende os procedimentos preconizados na Resolução CONAMA N.306/04. Nos hospitais avaliados, apenas cerca de 30% possuem Comissão de Resíduos de Serviços de Saúde e CCHI (CRSS), com responsável técnico com formação específica; Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) e Programa de Treinamento e Capacitação dos Servidores (PTCS). Os laboratórios clínicos e os postos de saúde apresentaram um percentual de 10 %, respectivamente. A ausência destes suportes para o gerenciamento reflete negativamente nas diversas fases da gestão dos RSS, em especial, nas etapas finais de fluxo dos resíduos. Grafico 02 As vistorias técnicas realizadas pelo órgão competente, principalmente a vigilância sanitária, são mais freqüentes nos laboratórios clínicos, sendo que acima de 98 % destes já foram vistoriados quantos aos aspectos dos RSS. E na sua formatação do seu PGRSS. Segregação dos resíduos Os dados apresentados sugerem que os estabelecimentos de saúde demonstram uma prioridade na separação dos resíduos do Grupo A e biológico-infectantes (RBI). bem como o do grupo E isto é, perfurocortantes (RPC) Todos os hospitais promovem a segregação dos resíduos perfurocortantes, sendo que nos centros de saúde e laboratórios este percentual é de 98 % a 95 %, respectivamente. Esses resíduos são segregados na fonte geradora e acondicionados em recipientes rígidos. Entretanto, cerca de 20 % dos centros de saúde não promovem a segregação dos demais tipos de resíduos. Os resíduos biológico-infectantes são acondicionados em sacos plásticos (geralmente de cor branca na maioria dos hospitais). De acordo com vários relatos na literatura, os perfurocortantes são os principais resíduos que estão associados à transmissão de doenças 4

infecciosas. Isto não é surpresa, tendo em vista a capacidade intrínseca destes em romper a integridade da pele e introduzir agentes infecciosos no tecido. Assim, o alto nível de segregação dos perfurocortantes representa um fator importante da situação encontrada. Entretanto, foi relatado em várias ocasiões durante as visitas aos estabelecimentos, que os resíduos segregados são misturados junto aos demais resíduos pelos servidores responsáveis pela coleta e transporte para estocagem externa. Grafico 03 Portanto, enquanto a segurança dos servidores dos estabelecimentos de saúde é assegurada, em alguns casos, a situação do público em geral continua a mesma. Grafico 04 Apesar da exigência legal, os resíduos do Grupo B não têm recebido a atenção necessária em todos os estabelecimentos. Apenas cerca de 57 % dos hospitais promovem a segregação destes resíduos, sendo uma problemática maior nos centros de saúde e laboratórios (42 % e 14 %, respectivamente). Desde que os resíduos do Grupo B possuem um grande potencial de causar ou contribuir para a mortalidade ou apresentar um perigo substancial para a saúde humana e o meio ambiente, se gerenciado e disposto impropriamente, estes resultados observados descrevem um cenário preocupante da realidade detectada. A principal razão para a situação encontrada é devida principalmente ao nível de conhecimento insuficiente dos servidores dos 5

estabelecimentos, acerca dos aspectos ambientais. O conhecimento básico dos servidores é centrado na área de ciências da saúde, o que justifica o alto desempenho na gestão dos resíduos de serviços de saúde. Gráfico 05 Grafico 06 Os resíduos recicláveis são separados em aproximadamente 70 %, 40 % e 50% dos hospitais, centros de saúde e laboratórios, respectivamente. Apesar dos valores relatados, nenhum estabelecimento correntemente está operando programas de reciclagem de resíduos não contaminados, ou seja, papel, papelão, plástico, metal e vidro. Grande parte destes resíduos é coletada juntamente com os demais resíduos e dispostos em "Bombonas" da empresas que trata este resíduos. Armazenamento dos resíduos A principal característica das condições de armazenamento dos RSS, verifica-se que a maioria dos estabelecimentos apresenta deficiência quanto ao armazenamento interno e externo dos resíduos, principalmente em relação às condições físicas das áreas utilizadas. Os hospitais apresentam uma melhor estrutura de armazenamento, tendo em vista o maior volume de resíduos gerados. O transporte interno dos RSS, nos hospitais, é realizado em carros fechado sendo o equipamento de uso exclusivo para o serviço. Os centros de saúde e laboratórios acondicionam os resíduos gerados e geralmente não promovem a estocagem interna e ou externa, sendo os mesmos disponibilizados diretamente para a coleta e disposição final em função do seu volume diário. 6

Gráfico 07 Aspectos quantitativos dos resíduos A quantificação dos resíduos foi o item que apresentou maior dificuldade para informação pelos responsáveis dos estabelecimentos que responderam os formulários. Nem todos os estabelecimentos foram capazes de quantificar os resíduos gerados. Os quantitativos foram apresentados em uma grande variedade de unidades (kg ou g ou litro/dia ou semana ou mês). Para propósitos de comparação, todos os dados foram convertidos em base mássica (kg/mês), considerando a densidade dos resíduos de 250 kg/m 3. O Gráfico 08 O gráfico apresenta o total de resíduos e os resíduos de saúde gerados nos hospitais. Considerando apenas os hospitais que apresentaram os quantitativos dos resíduos, foi encontrada uma taxa de geração de 3,245 kg/leito.dia (total de resíduos). Estas taxas estão de acordo com os valores obtidos por Fonseca (1999). Também apresenta a geração dos resíduos estimada por estas taxas. Verifica-se uma diferença significativa principalmente entre os valores estimados e aqueles informados pelos hospitais de pequeno porte. Estas constatações podem ser justificadas pelo baixo nível dos aspectos do gerenciamento discutidos anteriormente, onde apenas 30 % dos hospitais possuem Comissão de Resíduos, Plano de Gerenciamento dos Resíduos e Programa de Capacitação e Treinamento dos Servidores. 7

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA RESOLUÇÃO No 358, DE 29 DE ABRIL DE 2005.Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. 2- Resolução ANVISA RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário 3- Oficial da União; Poder Executivo, de 10 de dezembro de 2004 3- FONSECA, Edmilson. Iniciação ao Estudo dos Resíduos Sólidos e da Limpeza Urbana. Paraíba: Gráfica e Editora a União, 1999. 122 p. 4- Código de Postura do Município de João Pessoa-PB de 17 agosto 1995 5- Regulamento de Limpeza Urbana da Cidade de João Pessoa-PB Lei 6.811 de 04/11/91 6- Manual sobre Gerenciamento de Resíduos de Serviços da Saúde. Brasília: ANVISA, 2006. Disponível em:<http://www.anvisa.gov.br/servicosaude 8