TRAUMATISMOS ABDOMINAIS Trauma Abdominal Fechados sem rotura da continuidade cutânea parietal (contusão) Abertos com rotura da continuidade cutânea parietal (feridas) Trauma Aberto Penetrante com acesso à cavidade peritoneal Não Penetrante sem acesso à cavidade peritoneal Implicam sempre exploração cirúrgica!! Só assim nos podemos assegurar da manutenção da integridade da cavidade peritoneal. Trauma Fechado 1.Parede Abdominal 2. Vísceras Ocas tubo digestivo e bexiga reacção peritoneal por perfuração 3. Vísceras Maciças baço, fígado, rins, pâncreas hemorragia interna por rotura 2/3 dos casos, se não forem correctamente observados, vão originar um quadro de reacção peritoneal Contusão Abdominal Causas Determinantes 1. Contusão directa 2. Contusão por pressão 3. Contra-golpe ( menos frequente) Circunstâncias favorecedoras 1. Replacção das vísceras ocas ( pós-prandiais) 2. Fragilidade agravada das vísceras maciças (ex. cirrose, esplenomegália) 1
Mecanismo Lesional 1. Esmagamento 2. Arrancamento 3. Desaceleração 4. Rebentamento 5. Um ou mais mecanismos associados Lesões 1. Vísceras maciças - baço, fígado, rim, pâncreas 2. Vísceras ocas tubo digestivo, bexiga 3. Vasculares vasos mesentéricos, veia cava inferior, aorta abdominal, veia supra-hepática 4. Elementos parietais Intra-peritoneais Retro-peritoneais Incidência Baço 50% Pâncreas 4% Fígado 25% Estômago 4% T. digestivo 12,5% Duodeno 3% Rim 9% Bexiga 3% Diafragma 6% Consequências Hemoperitoneu Peritonite digestiva Hematoma retro-peritoneal ( hematúria se fractura renal ) Peritonite Urinária Hematoma pélvico Celulite retro-peritoneal Sendo um órgão retro-peritoneal, os sinais e sintomas resultantes de traumatismo pancreático são menos evidentes 2
Exame Clínico 1) Interrogatório - conhecer as circunstâncias do acidente 2) Estado Geral 3) Exame Físico - Inspecção - Palpação - Percussão - Toque rectal (traumatismo pélvico) 4) Exames Complementares - Biológicos: hemograma, bioquímicos, provas hepáticas - Imagiológicos: Rx, Eco, TAC, Arteriografia - Paracentese ( tentar avaliar a existência de derrame) - Punção-lavagem peritoneal Rx torácico e abdominal: apagamento do psoas no hemoperitoneu Eco: detecção de derrame peritoneal integridade das vísceras abdominais existência de líquido no espaço de Morrison TAC: quadro clínico inconclusivo Vigilância Perfuração de víscera oca 1) Dor Violenta. Numa fase final atinge toda a parede abdominal devido à peritonite generalizada 2) Contractura dos músculos da parede abdominal Palpação: contractura dolorosa generalizada ou localizada invencível (ventre em madeira) 3) Sinal de Jobert Percussão: sonoridade anormal pré-hepática (pneumoperitoneu) 4) Calote gasosa subfrénica Rx abdominal ou torácica sem preparação (pneumoperitoneu) 5) Punção lavagem-peritoneal 3
Punção lavagem-peritoneal Na união do 1/3 superior com os 2/3 inferiores da linha média do abdómen (entre o umbigo e sínfise púbica) introduzem-se 1,5 L de soro na cavidade peritoneal. Posteriormente, o líquido é drenado e analisado. Em caso de dúvida há que recorrer à laparoscopia e, se esta for inconclusiva, à laparostomia exploradora. Hemorragia Interna Hemoperitoneu Alteração do estado geral - palidez - diaforese - agitação - sede - síncope - taquicardia - hipotensão arterial - diminuição do hematócrito BAÇO Poderá resultar de traumatismos abdominais ou torácicos, nomeadamente na fractura das 10ª à 12ª costelas. Mecanismo Patofisiológico a) Rotura num só tempo - rotura simultânea da cápsula e parênquima - mais frequente b) Rotura em dois tempos 1º - hematoma subcapsular que aumenta gradualmente de volume. Doente estável 2ª - rotura da cápsula esplénica por pressão subcapsular excessiva. Doente com sinais de choque hipovolémico 4
Sinais e Sintomas associados Dor no hipocôndrio esquerdo com irradiação para o ombro esquerdo Macicez na base do tórax e flanco esquerdo Ausência de contractura ( se não existir peritonite associada ) Em caso de rotura da cápsula existem sinais de choque hipovolémico Diagnóstico - Sinais e sintomas característicos - Ecografia abdominal: derrame - Punção-lavagem peritoneal: coloração hemática - outros: TAC Terapêutica A) Cirúrgica - Esplenectomia - Conservadora Auto-transplante esplénico (no epiplon) Esplenectomia parcial Malhas Esplenorrefia (pequenos pontos) Colas biológicas (hemostase eficaz) B) Não Cirúrgica - Atitude vigilante Eco abdominal TAC Monitorização (parâmetros vitais e hemograma) Opta-se pela terapêutica não cirúrgica quando o doente se encontra estável e o traumatismo é pequeno. 5