CONSTITUIÇÃO ANATÔMICA DO JOELHO E SUAS PRINCIPAIS LESÕES DEISE SANTOS 1 MARCIA JOSIANE CARDOSO 2 VALTER ANTUNES NEUMANN 3 LUCIANO LEAL LOUREIRO 4 RESUMO O joelho é uma das articulações mais importantes dos membros inferiores e que está sujeita a receber um grande número de impactos no decorrer de atividades físicas e, até mesmo, durante as atividades diárias. É essa articulação que propicia mobilidade e estabilidade aos membros inferiores com a capacidade de realização dos movimentos de extensão, flexão e rotação, formada por ósseos, ligamentos, meniscos e por músculos que estão ao seu redor. A maioria dos pacientes que procuram especialistas são baseados em dores articulares crônicas ou recentes seguidas de alguma lesão que através de um diagnóstico correto trará ao paciente a solução do seu problema. Palavras-chave: Lesão; Reconstrução; Reabilitação. INTRODUÇÃO O presente estudo aborda as estruturas constituintes da articulação do joelho, bem como as principais lesões que as afetam, os meios para identificá-las e com ocorre a reabilitação dos pacientes com este quadro. Esta articulação pode ser considerada como uma das mais importantes dos membros inferiores e que está sujeita a receber um grande número de impactos no decorrer de atividades físicas e, até mesmo, durante as atividades realizadas diariamente. 1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da ULBRA /Guaíba. 2 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da ULBRA /Guaíba. 3 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física da ULBRA /Guaíba. 4 Docente do Curso de Licenciatura em Educação Física da ULBRA/Guaíba e orientador deste estudo
É freqüente, a veiculação na mídia de reportagens sobre lesões de joelho em jogadores de futebol, voleibol, tênis, entre outros, que deixam o esporte para passar por um longo tratamento para retornarem às suas atividades. Por esse motivo, enfatizaremos neste trabalho apresentação das estruturas ósseas, ligamentares e meniscais que compõem essa articulação e as principais lesões que ocorrem nessa região. Para o desenvolvimento do estudo utilizaremos, como base, referenciais teóricos presentes na literatura. CONCEITO DE LESÃO A lesão é caracterizada por uma alteração ou deformidade tecidual, que pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os mais variados tipos de células. As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio fisiológico ou mecânico, por trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um determinado exercício, ou até por gestual motor realizado de forma incorreta. No caso da população desportiva, as lesões envolvem mais o sistema musculoesquelético e raramente o sistema nervoso. As lesões primárias são descritas na medicina esportiva como sendo crônica ou aguda, resultantes de forças macrotraumáticas ou microtraumáticas.. As lesões macrotraumáticas incluem fraturas, luxações, subluxações, entorses, distensões e contusões. As lesões microtraumáticas são geralmente denominadas lesões por excesso de uso (overuse) e são resultantes da sobrecarga repetitiva ou incorreta, relacionada ao treinamento contínuo ou à competição. A lesão secundária é a resposta inflamatória ou hipóxia secundária que ocorre em razão da lesão primária. As estatísticas mostram que a lesão é um problema de saúde pública que merece toda a nossa atenção, que deve receber uma grande prioridade, que necessitam de abordagens combinadas para a realização da prevenção destes acontecimentos (WHITING e ZERNICKE, 2001).
ESTRUTURAS ANATÔMICAS DO JOELHO O joelho é a articulação que propicia mobilidade e estabilidade aos membros inferiores com a capacidade de realização dos movimentos de extensão, flexão e rotação. O joelho é formado por estruturas ósseas, ligamentos, meniscos e por músculos que estão ao seu redor. As estruturas ósseas presentes nessa articulação são formadas pela epífise distal do fêmur, proximal da tíbia e pela patela. Na epífise distal do fêmur, maior osso do corpo humano, existem duas superfícies convexas chamadas côndilo medial e côndilo lateral, recobertas pela cartilagem epifisial, que absorve os choques nas articulações e reduz o atrito com a tíbia. Além da tíbia, o fêmur articula-se com a patela, que é um osso sesamóide de formato triangular que tem a função de proteger a articulação e aumentar a força de extensão do joelho. Da mesma forma que o fêmur, a tíbia também é um osso longo, e em sua epífise proximal estão os côndilos. Oliveira et al. (2007) assim escreve sobre esta estrutura: Os côndilos repousam no platô tibial, uma superfície medial e lateral separada por uma saliência óssea denominada eminência intercondilar que serve como local de inserção para ligamentos, centraliza a articulação e estabiliza os ossos durante a sustentação do peso Face corporal. anterior Nessa mesma região são encontrados, sobre a face superior da tíbia, o menisco medial e o menisco lateral, estruturas fibrocartilaginosas em formato de C, que têm como função lubrificar, amortecer e distribuir o peso exercido sobre a articulação. Além dessas estruturas cartilaginosas, existe a cápsula articular que segundo Souto (2009) é uma bainha fibrosa que contorna a extremidade inferior do fêmur e a extremidade superior da tíbia mantendo-as em contato entre si formando as paredes não ósseas da cavidade articular. O joelho é uma região com um grande número de ligamentos que estabilizam, limitam e controlam o movimento, que conforme as palavras de Kaempf (2009): Os ligamentos podem ser divididos em 2 grupos principais o pivô central que é constituído pelos ligamentos Face anterior LCP (ligamento cruzado posterior) e LCA (ligamento cruzado anterior) e as estruturas medial cápsulo-ligamentares periféricas, constituídas pelos ligamentos capsulares LCM (ligamento colateral medial) e LCL (ligamento colateral lateral). Dois importantes ligamentos são encontrados em ambos os lados da
articulação do joelho. Eles são o ligamento colateral medial (LCM) e do ligamento colateral lateral (LCL). Esses são ligamento extra- articulares. O LCA e o LCP possuem a função de estabilizar, limitar e controlar a rotação e provocar o deslizamento dos côndilos sobre a tíbia em flexão. Os ligamentos colateral medial e colateral lateral tem com função unirem os côndilos medial e lateral do fêmur e da tíbia, proporcionado suporte para forças em valgo, para dentro da linha média do corpo, e em varo, para fora da linha média do corpo, e dando alguma resistência para a rotação interna e externa. DIAGNOSTICO E TRATAMENTO DE UMA LESÃO DE JOELHO Para se ter um excelente resultado e mais confiável, é necessário a utilização de exames clínicos e específicos. Como exames, podem ser utilizados os Raios X, o Lachmam radiológico, a Ressonância magnética e testes com artrômetro (este não muito eficaz), que Lustosa et al. (2006) o descreve: O artrômetro é um aparelho desenvolvido para quantificar em milímetros o deslocamento anterior e posterior da tíbia em relação ao fêmur, no plano sagital. Esse aparelho é posicionado na perna do indivíduo e, por meio da aplicação de um sistema de força, permite a quantificação da translação anterior da tíbia em relação ao fêmur [...] A cada aplicação de força, o aparelho emite um sinal sonoro, que corresponde à força exercida pelo examinador sobre a tíbia do indivíduo [...] A leitura em milímetros, visualizada no mostrador nesse momento, é anotada. O valor correspondente à diferença das medidas encontradas entre os membros é considerado o da frouxidão ligamentar. Podemos também utilizar dos testes físicos como avaliações significativas, como os exames físicos de pivô, lachmam. A maioria dos pacientes que procuram atendimento é motivada por dores articulares crônicas ou recentes seguidas de alguma lesão. Um bom e correto diagnóstico trará ao paciente a solução do seu problema. A lesão de LCA geralmente ocorre após uma torção brusca com o pé de apoio ficando fixo no solo. Segundo Schwartsman, Lech e Telöken (2003), a projeção em que a tíbia faz em relação ao fêmur é um dos tipos de ocorrência de lesão ligamentar, que na maioria das
vezes são as que ocorrem no esporte, onde a carga excessiva de treinamentos torna-se bastante considerável. Existem duas formas de tratamento: a conservadora e a cirúrgica. Na forma conservadora, o paciente passa a tratar das lesões com medicações e fisioterapias constantes. Existem alguns casos onde este método melhorou consideravelmente a dor, mas sem reduzir o seguimento da progressão das lesões, pois continuavam com a prática esportiva. Causando assim mais frouxidão ligamentar e lesões em seus restritores secundários, como os ligamentos capsulares e os meniscos. Atualmente, o tratamento cirúrgico possui várias maneiras de refazer o LCA, o LCP e restabelecer a estrutura meniscal, sendo a principal, através de uma abordagem intra-articular por via artroscópica. Além das lesões do LCA e do LCP, existem as lesões meniscais que podem ser caracterizadas em cinco tipos: vertical ou longitudinal, oblíquo, radial ou transverso, horizontal e complexo degenerativo. Os enxertos utilizados na reconstrução de lesões podem ser classificados em: a) Homólogos - São aqueles adquiridos de cadáveres humanos, estes são pouco utilizados pelo seu custo de processamento. Entre eles estão: aquilis, gracilis, semitendíneo, patelar, tendão tibial anterior e o tendão tibial posterior. b) Tendão quadriciptal Utilizado mais em casos de revisão e múltiplos ligamentos. c) Tendões flexores É utilizando o semitendíneo e o gracilis. d) Tendão patelar É utilizada a parte anterior patelar e, mais ou menos, 3 cm da inserção deste tendão da tíbia. e) Tendões sintéticos Estes são artificiais de seda, usados somente como um reforço temporário, pois não suportam a função por muito tempo. A seleção e utilização de um desses materiais para a reconstrução ligamentar é realizado de acordo com a necessidade de cada paciente e a gravidade do caso.
REABILITAÇÃO A reabilitação é um processo global e dinâmico orientado para a recuperação física e psicológica do indivíduo que possui uma lesão de joelho. Ela tem como objetivo fortalecer a musculatura em especial os isquiostibiais que atuam na contenção dinâmica impedindo a translação anterior da tíbia em relação ao fêmur, melhorar a capacidade funcional adaptativa do paciente através do treinamento dinâmico e sinestésico aumentando assim o controle dinâmico articular diminuindo a possibilidade de recidiva de lesão. O método de aplicação da reeducação proprioceptiva em lesões de LCA é baseado, segundo os estudos de Sampaio e Sousa (1994), em fatores que utilizam o desequilíbrio provocado e controlado para o desenvolvimento de um nível maior de estímulos proprioceptivos para o joelho. Para isso, é necessária a realização de atividades que possibilitem novamente a realização dos movimentos, para que o indivíduo possa reassumir as suas atividades diárias e esportivas. CONCLUSÃO As lesões de joelho são muito freqüentes no meio esportivo pela grande importância dessa articulação, que nos proporciona a realização de uma grande quantidade de movimentos, além de distribuir o peso e a carga exercita sobre os membros inferiores. Normalmente, as estruturas do joelho que mais sofrem com lesões são as meniscais e as ligamentares, como o ligamento cruzado posterior e o ligamento cruzado anterior, que necessitam ser reconstruídos, a fim de proporcionar a retomada de atividades diárias e esportivas. Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais preciso o diagnóstico e o tratamento desse tipo de lesão, resultando em uma reabilitação melhor e mais rápida, pois tanto a forma de tratamento convencional, quanto à cirúrgica, proporcionam meios eficientes para que o indivíduo se restabeleça.
Mesmo os métodos de reconstrução sendo eficazes, é possível evitar as lesões de joelho com a utilização de um programa de exercícios que proporcione o fortalecimento dessa região, fazendo com que essas situações não ocorram. Com certeza, este trabalho foi de grande importância para a nossa aprendizagem acadêmica, por nos mostrar a grande importância dessa estrutura anatômica, bem como os principais tipos de lesões que a afeta e alguns métodos de prevenção. REFERÊNCIAS FATARELLI, I. F. C.; ALMEIDA, G. L. Estudo do Controle Motor e da Biomecânica na Lesão e Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior. Campinas, 2003. KAEMPF, Gustavo. Anatomia do joelho. Disponível em: <http://www.gustavokaempf.com.br/dr-gustavo/equipe>. Acesso em: 27 ago. 2010. LUSTOSA, Lygia Paccini. Análise do nível de frouxidão ligamentar e do desempenho funcional em indivíduos submetidos à reconstrução do LCA com o uso do terço central do ligamento patelar. Disponível em: <http://www.rbo.org.br/materia.asp?mt=1717&ididioma=1>. Acesso em: 23 ago. 2010 OLIVEIRA, Flavio et al. Análise biomecânica do agachamento e as principais lesões relacionadas ao joelho. Disponível em: <http://www.veloxfitness.com.br/veloxlab/seminario03.html>. Acesso em: 27 ago. 2009. SCHWARTSMAN, Carlos; LECH, Osvandré; TELÖKEN, Marco. Fraturas - Princípios e Práticas. Porto Alegre: ARTMED, 2003. SOUTO, Daniel. Anatomia do Joelho. Disponível em: <http://facafisioterapia.chakalat.net/2009/06/anatomia-de-joelho.html>. Acesso em: 31 ago. 2009. SAMPAIO, Tania Vieira; SOUSA, José Gonçalves. Reeducação proprioceptiva nas lesões do ligamento cruzado anterior do joelho. Disponível em: <http://www.rbo.org.br/materia.asp?ididioma=1&mt=1661>. Acesso em: 31 ago. 2009. WHITING, Willian C.; ZERNICKE, Ronald F. Biomecânica da Lesão Musculoesquelética. São Paulo: GUANABARA. 2001.