Patologias osteomusculares relacionadas ao trabalho LER/DORT
LER/DORT Ano Acidente de Acidente de Lesões por Perda Dermatoses Câncer Total trabalho trabalho com esforços auditiva ocupacionais ocupacional grave exposição a repetitivos induzida material (LER/DORT) pelo ruído biológico (PAIR) 2010 44767 34883 5951 329 507 26 86463 2011 60921 40400 7191 559 685 126 109882 2012 73896 45102 8258 412 1017 72 128757 2013 87994 48499 8073 657 987 147 146357 2014 79649 47292 7737 784 679 170 136311 Fonte: DIEESE, 2016
LER/DORT LER - Lesões por esforços repetitivos DORT - Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho ATENÇÃO: NÃO É UMA DOENÇA NÃO ESTÁ INCLUÍDO NO CID 10 PATOLOGIAS DO SISTEMA LOCOMOTOR / OSTEOMIOARTICULARES-NEUROLÓGICAS
LER/DORT Agravo/doença: Ficha SINAN DOENÇA RELACIONADA AO TRABALHO/ LER/ DORT Código (CID10): Z57.9 Exposição ocupacional a fator de risco não especificado http://portalsinan.saude.gov.br/images/documentos/agravos/drt%20le R%20DORT/DRT_LERDORT_v5.pdf
LER/DORT Bursite Epicondilite Síndrome de Guyon Síndrome do impacto Síndrome do túnel do carpo; Tenossinovite (Quervain) Tendinite Patologias dos MMSS** **movimentos repetitivos de forma continuada
LER/DORT Termo abrangente que se refere às PATOLOGIAS neurológicas e ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofaciais, que acometem principalmente pescoço e membros superiores. Devem estar relacionadas ao trabalho Paciente/trabalhador apresenta quadro clínico heterogêneo, onde a relação causa/efeito não é direta e vários fatores laborais e extralaborais concorrem para o seu aparecimento
LER/DORT LTC Lesões por Traumas Cumulativos DCO Doença Cervicobraquial Ocupacional SSO Síndrome da Sobrecarga Ocupacional LER Lesões por Esforços Repetitivos Por que evitar este termo?
LER/DORT 1- NÃO É DIAGNÓSTICO 2- a maioria dos trabalhadores com sintomas no sistema musculoesquelético não apresenta evidência de lesão em qualquer estrutura; 3- outros mecanismos fisiopatológicos sobrecarga dinâmica sobrecarga estática excesso de força empregada para execução de tarefas uso de instrumentos que transmitam vibração excessiva trabalhos executados com posturas inadequadas
LER/DORT Tribunais da Austrália, Reino Unido e de vários Estados norteamericanos deixaram de reconhecer oficialmente os quadros denominados de LER/DORT, exigindo a identificação da real doença do litigante. O termo LER/DORT também é considerado inapropriado por entidades médicas oficiais. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), por meio do Parecer n.º 76034, oficializou a opinião de que É incorreto considerar LER como entidade mórbida bem definida.
Fatores de risco Fatores de risco: ergonômicos, físicos (ocupacionais), entre outros não técnicos como os sociais, familiares, econômicos Não são independentes Na caracterização da exposição aos fatores de risco, alguns elementos são importantes: a) a região anatômica exposta aos fatores de risco; b) a intensidade dos fatores de risco; c) a organização temporal da atividade (por exemplo: a duração do ciclo de trabalho, a distribuição das pausas ou a estrutura de horários); d) o tempo de exposição aos fatores de risco.
Fatores de risco Os fatores de risco podem ser relacionados com (Kuorinka e Forcier, 1995): a) o grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão; b) o frio, as vibrações e as pressões locais sobre os tecidos; c) as posturas inadequadas; d) a carga osteomuscular (força, tipo de preensão, postura do punho, duração da carga) ; e) a carga estática (contração muscular por períodos prolongados para manutenção da postura); f) a carga dinâmica (esforço repetitivo)*** g) a invariabilidade da tarefa; h) as exigências cognitivas,e; i) os fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho. *** movimentos de alta repetitividade são aqueles que possuem um ciclo básico de menos de 30 segundos e/ou atividades em que mais do que 50% do ciclo de trabalho envolve movimentos similares das partes superiores do corpo humano
Fisiopatologia SOBRECARGA E INTERVALO São resultado da combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas posições exigem esforço ou resistência das estruturas músculo-esqueléticas contra a gravidade INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 98
Diagnóstico a) Anamnese clínica com atenção aos comportamentos e hábitos relevantes b) Anamnese ocupacional c) Exame físico d) Exames complementares pertinentes com a hipótese diagnóstica. O valor da eletroneuromiografia e das ecografias e ressonâncias magnéticas devem ser valorizadas "apenas quando dão resultados alterados (relacionados com a clínica) e são analisados por profissionais experientes O diagnóstico é "eminentemente clínico, comumente difícil e deve se afastar patologias degenerativas e sistêmicas (DM e neuropatias)
Diagnóstico História da doença atual As queixas são encontradas em diferentes graus É importante caracterizá-las quanto ao tempo de duração, localização, intensidade, tipo ou variações no tempo dor localizada, irradiada ou generalizada, desconforto, fadiga, sensação de peso, formigamento, dormência, sensação de diminuição de força, edema e enrijecimento muscular, choque, falta de firmeza nas mãos, sudorese excessiva, alodínea.
Diagnóstico História da doença atual Insidioso Predomínio nos finais de jornada de trabalho ou durante os picos de produção, ocorrendo alívio com o repouso noturno e nos finais de semana. Intermitentes, de curta duração e de leve intensidade ( mau jeito )
Diagnóstico História patológica pregressa Trauma, doenças do colágeno, artrites, diabetes mellitus, hipotireoidismo, anemia megaloblástica, algumas neoplasias, artrite reumatóide, espondilite anquilosante, esclerose sitêmica, polimiosite, gravidez e menopausa. Para ser significativo como causa, o fator não ocupacional precisa ter intensidade e freqüência similar aquela dos fatores ocupacionais conhecidos. O achado de uma patologia não ocupacional não descarta de forma alguma a existência concomitante de patologia do grupo da LER/DORT. É importante saber que a síndrome do túnel do carpo - STC, principalmente quando bilateral, é comum nas grávidas, mulheres acima de 40 anos e em situações não ocupacionais
Diagnóstico Comportamentos e hábitos relevantes uso excessivo de computador em casa, lavagem manual de grande quantidade de roupas, ato de passar grande quantidade de roupas, limpeza manual de vidros e azulejos, ato de tricotar, carregamento de sacolas cheias, polimento manual de carro, o ato de dirigir outros
Diagnóstico História ocupacional duração de jornada de trabalho, existência de tempo de pausas, forças exercidas, execução e freqüência de movimentos repetitivos, identificação de musculatura e segmentos do corpo mais utilizados, existência de sobrecarga estática, formas de pressão de chefias, exigência de produtividade, falta de flexibilidade de tempo, mudanças no ritmo de trabalho ou na organização do trabalho, existência de ambiente estressante, relações com chefes e colegas, insatisfações, falta de reconhecimento profissional, sensação de perda de qualificação profissional. Cabe ao médico atentar para os seguintes questionamentos: 1- houve tempo suficiente de exposição aos fatores de risco? 2- houve intensidade suficiente de exposição aos fatores de risco? 3- os fatores existentes no trabalho são importantes para, entre outros, produzir ou agravar o quadro clínico?
AGRAVO À SAÚDE RELACIONADO AO TRABALHO Como seriam classificadas as patologias do grupo LER/DORT? No Brasil, para fins de aplicação previdenciária, o INSS definiu a incapacidade como "a impossibilidade de desempenho das funções específicas de uma atividade (ou ocupação), em conseqüência de alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doença ou acidente (Mendes, 2003:60) Do ponto de vista da legislação previdenciária, havendo relação com o trabalho, a doença é considerada do trabalho, mesmo que haja fatores concomitantes não relacionados à atividade laboral.
Exemplos Tendinite da Manutenção do Porção Longa antebraço supinado do Bíceps e fletido sobre o braço ou do membro superior em abdução. Carregar pesos Artropatia metabólica e endócrina, artrites, osteofitose da goteira bicipital, artrose acromioclavicular e radiculopatias C5-C6 Tendinite do Supra Espinhoso Elevação com abdução dos ombros associada a elevação de força. Carregar pesos sobre o ombro, Bursite, traumatismo, artropatias diversas
Exemplos Tenossinovite de De Quervain Estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de força. Apertar botão com o polegar Doenças reumáticas, tendinite da gravidez (particularmente bilateral), estiloidite do rádio Síndrome do Túnel do Carpo Movimentos repetitivos de flexão, mas também extensão com o punho, principalmente se acompanhados por realização de força. Digitar (?), fazer montagens industriais, empacotar Menopausa, trauma, tendinite da gravidez (particularmente se bilateral), lipomas, AR, diabetes, LES, amiloidose, obesidade neurofibromas, insuficiência renal
Prevenção A prevenção das LER/DORT não depende de medidas isoladas, de correções de mobiliários e equipamentos Criteriosa identificação dos fatores de risco presentes na situação de trabalho.
Referências Instrução Normativa INSS/DC nº 98, 05/12/03 - DOU 10/12/2003 O exercicio legal da medicina em LER/DORT. Techy A.; Helfenstein M. http://www.scielo.br/pdf/rbr/v49n4/14.pdf Equívocos diagnósticos envolvendo as tendinites: impacto médico, social, jurídico e econômico Siena C.; Helfenstein M. http://www.scielo.br/pdf/rbr/v49n6/v49n6a08.pdf Sociedade Brasileira de Reumatologia.Cartilha LER/DORT. Disponível em: http://www.reumatologia.com.br/pdfs/cartilha%20ler%20dort.pdf. Acesso em: 17. mar. 2017