OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA DE REDUÇÃO DO INÓCULO DA LEPROSE DOS CITROS



Documentos relacionados
ADENSAMENTO DE PLANTIO: ESTRATÉGIA PARA A PRODUTIVIDADE E LUCRATIVIDADE NA CITRICULTURA.

Custo de Produção do Milho Safrinha 2012

Pesquisa, Consultoria e Treinamento Agrícola Ltda. Soluções para Manejo de Pragas, Plantas Daninhas, Biotecnologia Aplicada e Monitoramento Ambiental

CITROS - PRAGAS Foto: tudosobreplantas.net Foto: lookfordiagnosis.com

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE NA LINGUAGEM R PARA CÁLCULO DE TAMANHOS DE AMOSTRAS NA ÁREA DE SAÚDE

COMPARAÇÃO ECONÔMICA ENTRE O TRANSPORTE DE GÁS E LINHA DE TRANSMISSÃO

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações

QUARTA LISTA DE EXERCÍCIOS: ARRANJO FÍSICO

DIFUSÃO DO GREENING DOS CITROS NA REGIÃO DE BROTAS.

Importância da pulverização aérea no controle de pragas dos citros

2. Função Produção/Operação/Valor Adicionado

Capítulo XV Custos e Rentabilidade

PALAVRAS-CHAVE Indicadores sócio-econômicos. Campos Gerais. Paraná.

ASSESPRO/NACIONAL DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO - PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO DA MP 540/2001

Gerenciamento de citros e custos de produção. Leandro Aparecido Fukuda Farmatac - Bebedouro

LEVANTAMENTO DE MERCADO E SEGMENTAÇÃO DE CLIENTES POR PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Biodigestão da vinhaça: maior sustentabilidade à cadeia produtiva do etanol

IT AGRICULTURA IRRIGADA. (parte 1)

Relatório de Estágio Curricular. Rafael Menezes Albuquerque

Identificação e Monitoramento de Pragas Regulamentadas e seus Inimigos Naturais na Cultura da Laranja Lima

EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE AGROTOXICOS NO BRASIL

DuPont Engineering University South America

BOLETIM nº1 DA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL 2010 RESULTADOS DA OPERAÇÃO DO SIN DURANTE O JOGO BRASIL 2 x 1 CORÉIA DO NORTE 15 de Junho de 2010

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa

4 Avaliação Econômica

Principais características da inovação na indústria de transformação no Brasil

Recomendações para o Controle Químico da Mancha Branca do Milho

Termo de Referência nº Antecedentes

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

ALGODÃO 2ª SAFRA NA SAFRA 14/15 DEZEMBRO - ANO 6 - EDIÇÃO 67

NOTA TÉCNICA ALERTA PARA OS PRODUTORES DE SOJA

SISTEMÁTICA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Corinthia Hotel Lisbon - Hotel Energeticamente Eficiente

Estratégia de Racionalização de Energia nos Laboratórios de Informática do Curso de Automação Industrial - Campus Ouro Preto - IFMG

Lisina, Farelo de Soja e Milho

CICLO DE RELAÇÕES PATÓGENO x HOSPEDEIRO

CAP. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE DECISÃO

7.Conclusão e Trabalhos Futuros

Bem-vindo ao futuro da agricultura Esta apresentação reúne os principais fatos observados nos clientes na safra de 2014/2015 no dia-a-dia com o

II. FASE DE PLANEJAMENTO define a maturidade do entendimento do escopo e, o desenvolvimento do Plano do Projeto PP.

DESENVOLVENDO HABILIDADES CIÊNCIAS DA NATUREZA I - EM

Uma estratégia para sustentabilidade da dívida pública J OSÉ L UÍS O REIRO E L UIZ F ERNANDO DE P AULA

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

VI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG- campus Bambuí VI Jornada Científica 21 a 26 de outubro

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior

Gilberto Tozatti

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O ALFA II AÇÕES - FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES DA PETROBRAS CNPJ: /

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO CULTIVO DA CANOLA NO BRASIL E IMPACTOS NO CUSTO DE PRODUÇÃO E NA RENTABILIDADE.

PLANEJAMENTO DA MANUFATURA

5 A Utilização da Técnica do Espaço Nulo e dos Atributos Baseados na Escolha de Coeficientes de Autocorrelações

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O FIC FI CURTO PRAZO OVER / Informações referentes a Abril de 2013

Relatório Metodológico da Tipologia dos Colegiados de Gestão Regional CGR. O presente relatório tem por objetivo apresentar uma tipologia dos CGR

ATIVIDADES DE MATEMÁTICA 8ª A/B

Inclusão Digital em Contextos Sociais

Visão. O comércio entre os BRICS e suas oportunidades de crescimento. do Desenvolvimento. nº abr no comércio internacional

DELIBERAÇÃO CVM Nº 731, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014

Padrão de Respostas Prova Discursiva

04/08/2013. Custo. são os gastos com a obtenção de bens e serviços aplicados na produção ou na comercialização. Despesa

PROGRAMA DE REDUÇÃO DO INÓCULO DA LEPROSE DOS CITROS

Doce lar- Repelente de formigas à base de limão tendo por excipiente polímeros derivados da celulose.

COMO TRABALHAR COM BVO DR. MARCOS VILELA DE M. MONTEIRO¹,

Utilização de jato de água e ar no controle de cochonilhas farinhentas em videira

Boletim informativo: Brasil em Foco

PULGÃO: TRANSMISSÃO DE VÍRUS E MANEJO. Waldir Cintra de Jesus Junior wcintra@fundecitrus.com.br

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

Psicopedagogia Institucional

INSTITUIÇÃO EXECUTORA:

Avaliação Econômica. Relação entre Desempenho Escolar e os Salários no Brasil

RELATÓRIO TREINAMENTO ADP 2013 ETAPA 01: PLANEJAMENTO

A REGULAMENTAÇÃO DA EAD E O REFLEXO NA OFERTA DE CURSOS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

Projeto 2.47 QUALIDADE DE SOFTWARE WEB

Gestão da Qualidade em Projetos

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

Acumuladores de Calor

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

5.1 Nome da iniciativa ou Projeto. Academia Popular da Pessoa idosa. 5.2 Caracterização da Situação Anterior

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO FINANCEIRA. Gestão do orçamento familiar

4 Segmentação Algoritmo proposto

A POSIÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) EM RELAÇÃO AO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) E AO ÍNDICE DE GINI

PROCESSO DE CONVERGÊNCIA DA CONTABILIDADE PÚBLICA MUNICIPAL. Parte 3 Procedimento Contábil da Reavaliação

ALVES 1,1, Paulo Roberto Rodrigues BATISTA 1,2, Jacinto de Luna SOUZA 1,3, Mileny dos Santos

Contribuições metodológicas para o próximo ciclo tarifário

ANÁLISE 2 APLICAÇÕES FINANCEIRAS EM 7 ANOS: QUEM GANHOU E QUEM PERDEU?

SISTEMA INFORMATIZADO PARA GERENCIAMENTO DA PRODUÇÃO E QUALIDADE DA MADEIRA EM SERRARIAS

AULA INAUGURAL QUESTÕES DO ENEM ESTATÍSTICA. ETAPA SÉRIE ENSINO TURNO PROFESSORES 2ª 3ª Médio M/T

INDICE ANTROPOMÉTRICO-NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE BAIXA RENDA INCLUSAS EM PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

MUDANÇAS NA RELAÇÃO ENTRE A PME E A PED COM A NOVA METODOLOGIA DA PME

Taxa de Aplicação de CIP (Custos Indiretos de Produção)

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O BNP PARIBAS MASTER IMA-B5 FUNDO DE INVESTIMENTO RENDA FIXA LONGO PRAZO

Controle Alternativo de Polyphagotarsonemus latus (Banks) (Acari: Tarsonemidae) em Pimenta.

WORKSHOP DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DE PESQUISAS SAFRA 2014/2015

MEI Mecanismos de incentivo à inovação no contexto da crise

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UM AMBIENTE UNIVERSITÁRIO: ESTUDO DE CASO DO CESUMAR, MARINGÁ - PR

Universidade Federal de Uberlândia Brasil

CÁLCULO DO CURTO CIRCUITO PELO MÉTODO KVA

Transcrição:

ENTOMOLOGIA OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA DE REDUÇÃO DO INÓCULO DA LEPROSE DOS CITROS JOSÉ C.V. RODRIGUES 1, 2, FABIANO Z. UETA 1 e RONALD P. MURARO 1 RESUMO A leprose dos citros apresenta diversas peculiaridades que permitem elaborar estratégias para o seu controle que associam o emprego de produtos químicos no controle do vetor com estratégias de redução progressiva do inóculo nos pomares, visando diminuir as perdas devidas à doença e ampliando a eficiência de controle do vetor pela potencialização de controle mediante inimigos naturais. Nesse sentido, o estudo apresenta simulações dos custos para um programa de redução do inóculo e das taxas de crescimento da leprose e, ainda, para o controle do vetor por meio de focos e a comparação com os padrões convencionais. Termos de indexação: Citrus Leprosis Virus CiLV, Brevipalpus, controle químico e cultural. 1 Citrus Research and Education Center, IFAS/ University of Florida, 700 Experiment Station Road, Lake Alfred, FL 33850. 2 Centro APTA Citros Sylvio Moreira IAC, Caixa Postal 04, 13490-970 Cordeirópolis (SP). Endereço atual: Citrus Research and Education Center, IFAS/University of Florida, 700 Experiment Station Road, Lake Alfred, FL 33850. Bolsista CNPq Brasília/Brasil. E-mail: jcvrodri@bol.com.br ARTIGO TÉCNICO

334 JOSÉ C. V. RODRIGUES et al. SUMMARY OPTIONS AND COMPARATIVE COSTS OF CITRUS LEPROSIS CONTROL PROGRAMS Citrus leprosis mite-pathosystem has many peculiarities such as non-systemic and non-transovarian viral transmission and a slow initial spread. Those peculiarities, if incorporated to a management program of disease control will result in more efficient control of the viruliferous mite vectors, a progressive reduction of viral inoculum, and a substantial reduction in the costs involved in disease control. In this paper, we present simulations of the costs of different strategies to control citrus leprosis disease. Index terms: Citrus Leprosis Virus CiLV, IPM, Brevipalpus mites, chemical and cultural control. 1. INTRODUÇÃO Os princípios gerais para um programa de controle da leprose dos citros visando à quebra do ciclo de relações vírus-planta-ácaro foram recentemente apresentados (CHILDERS et al. 2001; RODRIGUES et al., 2001). Na seqüência, efetuaram-se considerações sobre procedimentos- -chaves para redução do inóculo e das taxas de crescimento da leprose no pomar (RODRIGUES, 2002). A eficiência dessas táticas para efetiva redução da doença vem sendo acompanhada em diferentes locais no Brasil, na Argentina e na América Central (J.C.V. Rodrigues dados não publicados). Entretanto, uma questão-chave permanece. Qual o custo envolvido e qual a viabilidade econômica dessas práticas? Reconhecido o elevado peso dos defensivos na composição de custos na citricultura, este trabalho analisa os custos para situação de pomares localizados no Estado de São Paulo. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para realização das análises sumarizadas, obtiveram-se dados dos custos de produção de dois pomares localizados nas regiões de Araraquara

OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA... 335 e Votuporanga, safras 1998/99 e 1999/2000. Realizou-se tomada de preços de acaricidas, equipamentos e mão-de-obra para a elaboração das planilhas dos custos (fixos e variáveis) na região de Catanduva (SP), em outubro de 2001. Os valores foram cotados em reais (R$) e transformados para o valor correspondente em dólares (US$) no dia. A partir dos custos calculados para diferentes tratamentos de acaricidas, empregados no controle do ácaro Brevipalpus (Tabela 1), realizaram-se estimativas dos custos comparativos entre o custo do tratamento da área total de um talhão e do tratamento para controle da leprose mediante focos, proposto por RODRIGUES (2002). Utilizou-se para realização dos cálculos um talhão de 2.000 plantas, com espaçamento de 4 x 7 metros. As dosagens dos produtos e volumes de calda foram as apresentadas no AGROFIT (2001) e na CATI (2000). O método utiliza a teoria de custos, apoiando-se mais nos operacionais, que facilitam, no corte temporal, comparações entre sistemas de produção e tratos culturais diferentes. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Comparativo de custos entre regiões Na Figura 1 são exemplificadas duas situações referentes aos componentes dos custos e a percentagem de cada componente nos custos totais na produção de laranja. Para a propriedade localizada na região de Araraquara (safra 98/99), os custos de tratamento (produto + aplicação) para o ácaro Brevipalpus corresponderam a 12% do custo total da produção ou 29,3% do custo dos tratamentos fitossanitários, correspondendo a cerca de US$0,16 no custo de produção de uma caixa de laranja (40,8 kg). Nessa situação, referente aos tratamentos fitossanitários, as pulverizações com inseticidas para o controle de cochonilhas se fizeram necessárias, encarecendo os custos de produção. De certa maneira, os inseticidas aplicados conjuntamente com óleo podem ter contribuído para a diminuição das populações de Brevipalpus (RODRIGUES & CHILDERS, 2002), sem, contudo, ser computados nos custos de controle deste último.

336 JOSÉ C. V. RODRIGUES et al. Tabela 1. Custo médio (US$) para pulverização de talhão de citros (2.000 plantas - 5,6 ha) para controle de Brevipalpus phoenicis, utilizando diferentes produtos e volumes de calda. Preços obtidos e transformados para o valor do dólar do dia, na região de Catanduva (SP). Outubro de 2001 Grupo químico/ produto Ingrediente ativo Dose L ou kg/ 2.000 L Embalagem Cotação média do produto (US$) Custo do tratamento por talhão (produto + aplicação) (US$) Volume de calda por planta 1 4 L 8 L 15 L Potenciais artrópodes-alvo 2 Inorgânicos CITREX Enxofre 4 1,25 L 40.30 194,88 356,08 627,98 1, 2 ENXOFRE PM Enxofre 10 25 kg 10.96 51,20 68,72 88,11 1, 2, 10, 20 KUMULUS Enxofre 10 25 kg 21.48 68,04 102,40 151,38 1, 2, 10 THIOVIT BR Enxofre 10 25 kg 17.85 62,24 90,80 129,59 1, 2, 10, 20 Piretróides DANIMEM 300 CE Fenpropathrin 1 1 L0 33.72 168,56 303,44 529,09 1 MEOTHRIN 300 Fenpropathrin 1 1 L0 40.55 195,88 358,08 631,74 1, 4, 18, 23 TALSTAR 100 CE Bifentrin 0,4 1 L0 36.01 91,28 148,80 238,71 1 Organoclorados DICOFOL FERSOL 185 CE Dicofol 4 20 L0 68.79 88,68 143,68 222,93 1, 2, 10, 17, 20 KELTHANE 480 Dicofol 1,54 20 L0 189.60 92,04 150,40 241,56 1 Organofosforados ETHION 500 Ethion 3 20 L0 135.25 114,80 195,92 327,08 1, 2, 4, 5, 6, 8, 11, 16, 17, 18, 19, 23, 24, 26 Continua

OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA... 337 Tabela 1. Conclusão Grupo químico/ produto Ingrediente ativo Dose L ou kg/ 2.000 L Embalagem Cotação média do produto (US$) Custo do tratamento por talhão (produto + aplicação) (US$) Volume de calda por planta 1 4 L 8 L 15 L Potenciais artrópodes-alvo 2 HOSTATHION 400 BR Triazophos 3 1 L0 11.74 174,56 315,44 551,63 1, 2, 10, 12, 17 Organoestânicos PARTNER Óx. de fenbutatina 1,6 1,6 L 27.68 144,40 255,12 438,30 1, 2 SIPCATIN 500 SC Cihexatin 1 1 L0 33.92 168,36 305,04 532,09 1, 2 TANGER Óx. de fenbutatina 1,6 1,6 L 25.88 137,20 240,72 411,25 1 TORQUE 500 SC Óx. de fenbutatina 1,6 1,6 L 32.22 162,56 291,44 506,54 1 Outros SAVEY Hexitiazox 0,06 60 g0 32.14 162,24 290,80 505,24 1 AGREX OIL Óleo 20 200 L0 159.92 94,84 156,00 252,08 6 1 Para os volumes de 4 e 8 L/planta, efetuaram-se os cálculos utilizando-se pistola (7 segundos/planta) e, para 15 L, considerou-se a aplicação com turboatomizador (4 segundos/planta). 2 Espécies com registro para controle (Fonte: AGROFIT, 2001) : 1 - Brevipalpus phoenicis; 2 - Phyllocoptruta oleivora; 3 - Unaspis citri; 4 - Toxoptera citricidus; 5 - Tetranychus mexicanus; 6 - Selenaspidus sp.; 7 - Saissetia spp.; 8 - Pulvinaria flavescens; 9 - Pseudococcus spp; 10 - Polyphagotarsonemus latus; 11 - Planococcus citri; 12 - Pinnaspis spp.; 13 - Phyllocnistis citrella; 14 - Parlatoria cinerea; 15 - P. pergandi; 16 - P. ziziphu; 17 - Panonychus citri; 18 - Orthezia praelonga; 19 - Mytilococcus breckei; 20 - Eriophyes sheldoni; 21 - Coccus sp.; 22 - Chrysomphalus spp.; 23 - Ceratitis capitata; 24 - Aonidiela auranti; 25 - Anastrepha spp.; 26 - Aceria sheldoni.

338 JOSÉ C. V. RODRIGUES et al. Mão-de-obra 25% Demais custos 8% Brevipalpus 12% Ferrugem 5% Demais custos 24% Brevipalpus 30% 3 Adubação 26% Ad b ã Fungicida 2% In Inseticida 22% Mão-de-obra 19% Adubação Adubação 23% 23% Ferrugem F 1% Inseticida 3% Fungicida 0% Araraquara 1998/1999 (custo produção: US$1.3/cx) Votuporanga 1999/2000 (custo produção: US$0.7/cx) Figura 1. Exemplos da distribuição dos custos de produção de laranja nas regiões paulistas de Araraquara e Votuporanga, destacando-se os tratamentos fitossanitários. Para a região de Votuporanga, pulverizações para o controle de Brevipalpus constituíram o componente isolado que mais contribuiu para o custo total da produção, atingindo 30% (US$0.21/cx), ou 89% do custo fitossanitário na safra 1999/2000. Uma série de situações similares às apresentadas ocorre na citricultura paulista, confirmando que, do ponto de vista econômico, o combate ao ácaro vetor do vírus da leprose é motivo de muita inquietude e, os custos com acaricidas, muito significativos em citros (NEVES et al., 2001). Na Tabela 1, encontram-se informações sobre os custos dos tratamentos para controle do ácaro Brevipalpus, levantadas na região de Catanduva (Outubro/2001). Esses custos são elevados e também muito variáveis, dependendo do produto e do volume da calda necessário para a pulverização. A Figura 2, elaborada a partir da análise dos dados da Tabela 1, mostra a participação relativa do custo do produto (acaricida) e da aplicação (envolvendo mão-de-obra, depreciação de equipamentos, combustível, etc.) desse acaricida no custo total do tratamento.

OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA... 339 Figura 2. Custos comparativos (pelo tamanho) de diferentes produtos (colunas) e volumes de calda (linhas) para o controle de Brevipalpus em um talhão de citros de 2.000 plantas (espaçamento 4 x 7 m). São Paulo, outubro/2001. Cada torta representa uma opção de tratamento com o custo relativo ao produto (branco) e a aplicação (preto). Para os volumes de 4 e 8 L de calda por planta, os custos foram calculados, utilizando-se, na pulverização, pistola e, para 15 L, considerou-se o uso de turboatomizador.

340 JOSÉ C. V. RODRIGUES et al. Ao aumentar o volume de calda, reduz-se a participação relativa do custo de aplicação. Produtos de menor custo apresentam maior participação relativa do custo da aplicação no custo total dos tratamentos. De maneira geral, os diferentes acaricidas (grupos) representam entre 64% e 79% do custo total do tratamento quando se realiza a pulverização de 4 L de calda por planta, num talhão de 2.000 plantas, com espaçamento de 4 x 7 m. Esses percentuais da participação do acaricida alteram-se para 77% até 88% do custo total da aplicação quando se utilizam 8 L de calda por planta, e variam entre 91% e 96% quando são pulverizados 15 L de calda por planta (Figura 2). 3.2. Viabilidade econômica do controle em focos Do ponto de vista técnico (eficiência do controle), o emprego isolado de pulverizações para o controle do vetor não tem sido suficiente para conter a disseminação da doença no pomar. Dessa maneira, devem- -se adotar medidas adicionais de seu combate. Na Figura 3 são sumarizados os dados referentes aos custos envolvidos para o controle da leprose dos citros e sua redução progressiva no pomar (entre 4 e 6 anos de idade) através de focos, conforme proposto por RODRIGUES (2002). Nessa simulação, uma planta infectada requer o tratamento de 60 plantas ao redor. O custo mediante focos envolveu duas pulverizações na zona do foco mais os custos referentes à poda e remoção de inóculo. Considerando os custos das variáveis utilizadas nessas estimativas é, de imediato, mais econômico tratar até 32 focos (ou 1.920 plantas num talhão de 2.000 plantas) do que pulverizar a área total do talhão duas vezes. Ainda, esses focos teóricos poderiam ser completamente isolados, de maneira que plantas tratadas em um foco não fossem englobadas por outro foco, o que reduziria o número de plantas tratadas e permitiria o aumento no número de focos a serem tratados com viabilidade econômica na área. As plantas infectadas ocorrem geralmente agregadas, sendo essa última situação a mais comum, porém a elaboração de estimativas de custos nessas condições é mais difícil de realizar e extrapolar.

OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA... 341 700 Valor do tratamento (US$) 600 500 400 300 200 Organoestânico + hexythiazox Piretróide + hexythiazox Organofosforado + hexythiazox Organoclorado + hexythiazox 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14151617181920212223 2425262728 29303132 33 T Número de focos por talhão (2000 plantas) Número de focos por talhão (2.000 plantas) Figura 3. Custos máximos estimados (US$) para o controle de potenciais ácaros virulíferos em focos utilizando duas pulverizações no foco de diferentes produtos. Os custos de eliminação de inóculo (poda) estão inclusos. Outubro/2001. (T = custo para pulverização de todo o talhão duas vezes). Considerou-se que cada planta infectada se encontra isolada e que não ocorra sobreposição de focos; dessa forma, os custos são os máximos estimados para o número de focos considerados. Nessa situação, pode-se visualizar que os custos para o tratamento da área total de um talhão variaram entre as opções apresentadas. Entre as combinações, para efeito de exemplo, a mais econômica foi pulverizar com um organoclorado, previamente à remoção do inóculo (poda ou eliminação da planta), e de pulverizar hexythiazox 20-30 dias depois da primeira pulverização. Outras combinações podem ser realizadas, tendose o cuidado de alternar o uso de produtos pertencentes a diferentes grupos químicos, evitando-se, assim, a seleção de biótipos resistentes.

342 JOSÉ C. V. RODRIGUES et al. Em mais de 120 talhões de laranja avaliados até o momento em quatro diferentes áreas do Estado de São Paulo, Argentina e América Central, com idades entre 3 e 8 anos, verificou-se que, em mais de 80% dos casos, o número de focos da doença era inferior a esse número de focos (32 focos por 2.000 plantas) (J.C.V. Rodrigues dados não publicados), existindo a imediata viabilidade econômica dessa prática em muitas áreas. Já a partir do ano seguinte, espera-se que os pomares passem a apresentar menores números de focos, reduzindo, com isso, os custos dos tratamentos e, principalmente, as perdas associadas com a presença de plantas infectadas, muito significativas mesmo em pomares com pulverização (RODRIGUES et al., 2000). Avaliações dos custos com os diferentes tratamentos devem ser realizadas contemplando maior número de anos. Um interessante aspecto seria se as avaliações de acaricidas testados para o controle de ácaros Brevipalpus passassem a contemplar a avaliação da doença; só assim seriam atendidos os propósitos a que se destinam tais pulverizações. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As estimativas dos custos envolvidos com o emprego de táticas mais dirigidas ao controle da leprose dos citros, em primeira instância, permitem verificar sua viabilidade econômica. Os dados utilizados nessas simulações basearam-se em dados de campo no Estado de São Paulo, mas, em função da grande variabilidade entre as diferentes propriedades, recomendam-se ajustes dos dados para cada condição. Ademais, devem-se observar os resultados com cautela, não podendo extrapolar, pois trata-se de estudo de casos e efetuado em dado corte temporal (ano 2000) servindo apenas para o objetivo do estudo, um comparativo de práticas e tratamentos diferentes para o controle e combate de doenças na citricultura.

OPÇÕES E CUSTOS COMPARATIVOS PARA UM PROGRAMA... 343 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROFIT. 2001. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/; http:/ 200.252.165.4/agrofit/ CHILDERS, C.C.; RODRIGUES, J.C.V.; KITAJIMA, E. W.; DERRICK, K.S.; RIVERA, C. & WELBOURN, W.C. A control strategy for breaking the virus vector cycle of Brevipalpus spp. and the Rhabdovirus disease, citrus leprosis. Manejo integrado de plagas, San José, n.60, p.76-79, 2001. COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL. Recomendações para o controle das principais pragas e doenças em pomares do Estado de São Paulo, Campinas : CATI, 2000. (Boletim técnico, 165) NEVES, E.M.; DRAGONE, D.S. & DAYOUB, M. Demanda por defensivos na citricultura: análise comparativa com outras culturas comerciais. Laranja, Cordeirópolis, v.22, n.2, p.285-297, 2001. RODRIGUES, J.C.V. Programa de redução do inóculo da leprose dos citros. Laranja, Cordeirópolis, v.23, n.2, p.321-332, 2002. RODRIGUES, J.C.V. Relações patógeno-vetor-planta no sistema leprose dos citros. Piracicaba, 2000. 169p. Tese (Doutorado) Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo. RODRIGUES, J.C.V. & CHILDERS, C.C. Óleos no manejo de pragas e doenças em citros. Laranja, Cordeirópolis, v.23, n.1, p.77-100, 2002. RODRIGUES, J.C.V.; CHILDERS, C.C.; KITAJIMA, E.W.; MACHADO, M.A. & NOGUEIRA, N.L. Uma estratégia para o controle da leprose dos citros. Laranja, Cordeirópolis, v. 22, n. 2, p.411-423, 2001. RODRIGUES, J.C.V.; NOGUEIRA, N.L.; MÜLLER, G.W. & MACHADO, M.A. Yield damages associated to citrus leprosis on sweet-orange varieties. Proc. Inter. Soc. Citriculture, Orlando, FL, 2000. No prelo.