ESTUDO DE RENTABILIDADE BANCÁRIA *



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Transcrição:

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 1 ESTUDO DE RENTABILIDADE BANCÁRIA * Tomás Málaga Pricila Maziero Sérgio Ribeiro da Costa Werlang INTRODUÇÃO Este estudo avalia a rentabilidade bancária. Freqüentemente, afirma-se que o setor bancário obtém lucros mais elevados do que outros setores econômicos. No entanto, os cálculos que embasam estas afirmações, em geral, não incorporam eventos importantes para o setor bancário, os quais afetam diretamente sua rentabilidade. O caso mais evidente é a exclusão dos bancos que passaram por processos de intervenção ou liquidação extrajudicial ou entraram em RAET (regime de administração especial temporária) durante o período de análise. Este procedimento introduz nos cálculos um erro de inferência estatística, conhecido como viés dos sobreviventes, isto é, são mantidas na amostra de análise apenas as instituições que não passaram por dificuldades financeiras, resultando em uma superestimação da rentabilidade. Consultoria Econômica Tomás Málaga Joel Bogdanski Davilson Proença Adriana Gonçalves Gabriela Bertol Luciano Costa Matias Granata De fato, vários bancos, especialmente os maiores bancos privados, apresentam lucros, já outros passaram por sérias dificuldades financeiras nos anos pós-real, período em que ocorreu a maior reestruturação do setor financeiro nacional. A presença de empresas de sucesso e falências é normal em qualquer ramo. As melhores empresas convertem-se nas maiores porque acumulam sistematicamente lucros elevados. Após a mudança na regulamentação do sistema financeiro em 1988 (Resolução 1524), promoveu-se uma alteração em sua estrutura, levando as instituições bancárias a se aproximar de instituições financeiras universais, permitindo a elas oferecer todos os serviços financeiros. Um dos principais resultados deste processo foi o aumento, em um primeiro momento, do número de bancos em funcionamento (de 104 bancos em 1988 para 244 em 1994). Contudo, após a implantação do Plano Real em 1994, observou-se um movimento inverso, com a redução do número de bancos em funcionamento, contabilizando 191 instituições em 2000. Além disso, os 104 bancos em funcionamento em 1988 eram comerciais, enquanto os 191 em 2000 eram, em sua maioria, bancos múltiplos. Pricila Maziero * Os autores agradecem as contribuições de Tomas Awad, analista de bancos da Itaú Corretora.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 2 Quadro 1: Participação percentual das instituições nos ativos dos bancos em funcionamento 1988 2000 Bancos com Controle Estrangeiro 9,6 33,1 Bancos Privados Nacionais 56,9 42,6 Bancos Públicos Nacionais 33,5 24,3 Fonte: Cosif Deorf/Copec Banco Central do Brasil Outra mudança relevante nos últimos anos foi a recomposição do controle de capital das instituições financeiras, com ênfase no aumento do capital estrangeiro e redução dos bancos sob controle governamental (Quadro 1). O crescimento da participação do capital estrangeiro é resultado, basicamente, da aquisição de bancos nacionais, tanto privados quanto públicos. A maior parte destas aquisições ocorreu no contexto do plano de fortalecimento do sistema financeiro nacional, com a transferência do controle das instituições em dificuldades financeiras. Diversas instituições que sobreviveram às mudanças no período pós-real passaram por problemas financeiros e a solução utilizada foi a transferência do controle da empresa. Por outro lado, 40% dos bancos em funcionamento em 1988 não estavam mais em funcionamento em 2000, sendo que, entre 1989 e 2001, 24 bancos entraram em liquidação ou intervenção judicial e 12 foram extintos ou cancelados. Um dos impactos da estabilização monetária no setor financeiro foi a redução da participação destas empresas no valor adicionado nacional (quadro 2), devido, principalmente, à perda dos ganhos decorrentes do imposto inflacionário. A participação no valor adicionado das instituições financeiras é calculada levando-se em conta, além da diferença entre as receitas e as despesas não financeiras, o valor imputado para o spread bancário. As receitas inflacionárias brutas do sistema bancário eram US$794,8 milhões mensais entre 1990 e 1994, reduzindo-se para US$75,5 milhões mensais entre jun/1994 e mai/1995 (Costa e Cysne (1997)). Isto é, as transferências inflacionárias para os bancos comerciais alcançaram, em 1995, 10% dos níveis existentes entre 1990 e 1994, representando por volta de 2,0% do PIB. Os autores atribuem ao elevado nível inflacionário a grande diferença, até 1994, na participação do setor financeiro brasileiro no valor adicionado em comparação a países como EUA e Alemanha, cujo patamar fica em torno de 4,5% do PIB. Outro fator que contribuiu para essa redução foi a significativa queda do spread bancário, que passou de aproximadamente 150% em 1994 para 70% em 1995, atingindo 40% em 2000.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 3 Quadro 2: Participação das Instituições Financeiras no Valor Adicionado (%) 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 15,90 8,02 6,91 6,45 6,54 6,34 5,50

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 4 METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DOS DADOS A base de dados principal utilizada para este estudo é da consultoria Austin Asis. O período analisado é de 1994 a 2002. O primeiro cálculo de rentabilidade bancária foi realizado utilizando os dados agregados para o setor bancário, sem realizar nenhum tipo de ajuste. Ou seja, somando o patrimônio líquido (P.L.) do final do período, assim como o resultado líquido anual de todos os bancos, obtendo assim a rentabilidade sobre o P.L. para o setor bancário, sendo os cálculos apresentados no quadro 3. Quadro 3: Rentabilidade sobre P.L. (%) - Setor Bancário 1994 10,8 1995-28,0 1996-4,1 1997 10,3 1998 2,0 1999 18,1 2000 11,3 2001 2,1 2002 * 19,1 1994:2001 1994:2002 0,59 (15,0) 1,82 (14,2) 3,61 (14,4) *Rentabilidade semestral anualizada. Os dados de 2002 incluem apenas os bancos que já haviam publicado seus balanços semestrais em junho, o que corresponde a, aproximadamente, 60 bancos. A rentabilidade negativa ocorrida em alguns anos decorre do resultado negativo de alguns bancos, como os elevados prejuízos do Banco do Brasil, Nacional, Econômico e Banerj em 1995 e do Bamerindus e Banco do Brasil em 1996. Contudo, os expressivos resultados negativos dos anos de 1995 e 1996 devem ser vistos, não apenas como resultado das atividades dos exercícios em questão, mas como reflexo da vulnerável situação de alguns bancos em anos anteriores, em decorrência da ineficiência de algumas instituições, que se tornou latente após a estabilização monetária, e do reconhecimento de créditos de recuperação duvidosa (verificado pelo significativo aumento dos créditos em liquidação nas operações de crédito dos bancos entre 1993 e 1995). Uma alternativa à consideração destes prejuízos em sua totalidade é contabilizar 1/n-avos dos prejuízos dos bancos, com n=1,..,5, levando em consideração que o PROER forçou o reconhecimento em um

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 5 ano de prejuízos que, provavelmente, aconteceram ao longo de alguns anos. Os resultados deste cálculo para os anos de 1995 e 1996 estão no quadro 4. Quadro 4: Rentabilidade Média com 1/n-avos dos prejuízos (%) n=1 n=2 n=3 n=4 n=5 1995-28,0-15,1-10,8-8,6-7,3 1996-4,1 3,8 6,4 7,7 8,5 Média (Desv. Pad.) 1995-2001 0,6 (15,0) 4,2 (10,5) 5,3 (9,2) 5,8 (8,6) 6,1 (8,2) De fato, contabilizar apenas parcialmente os prejuízos dos bancos em 1995 e 1996 aumenta a rentabilidade média dos bancos nestes anos. Contudo, mesmo com a consideração de apenas 1/5 dos prejuízos observados em 1995 e 1996, a rentabilidade média das instituições financeiras é menor do que a das empresas não financeiras (quadro 7). Com o objetivo de verificar os resultados das instituições financeiras, sem incluir as capitalizações realizadas pelo governo federal nos bancos públicos, incorporou-se explicitamente estas capitalizações nos dados acima. Isto foi feito, somando ao patrimônio líquido dos respectivos bancos, o valor capitalizado pelo governo federal, ponderado pelo número de meses em que o aporte ficou disponível para o banco. Este procedimento foi feito para os anos de 1996 e 2001 com os bancos: Banco do Brasil (1996) e BASA, BNB, Banco do Brasil e Caixa (2001). Para todos os outros cálculos realizados foi adotada esta metodologia para incorporar as capitalizações do governo federal. Quadro 5: Rentabilidade sobre P.L. (%) - Setor Bancário - Capitalizações do governo federal 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 1994:2001 1994:2002 10,8-28,1-4,4 10,3 2,0 18,1 11,3 2,1 19,1 0,54 (15,0) 1,78 (14,3) 3,58 (14,4)

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 6 Para comparar a rentabilidade bancária com a industrial, utilizou-se, em uma primeira análise, os dados divulgados pela Firjan (www.firjan.org.br) apresentados no quadro 6. Para os cálculos da Federação, foram consideradas 330 empresas da indústria de transformação. Quadro 6: Rentabilidade P.L. (mediana) Indústria de Transformação (%) 1995 4,9 1996 5,2 1997 4,4 1998 4,0 1999 4,3 2000 7,5 2001 5,8 5,06 (1,2) A comparação dos dados indica que, de 1995-2001, a rentabilidade bancária esteve, em média, abaixo da industrial, ao contrário do divulgado em estudo da Firjan. Além disso, a rentabilidade bancária apresentou uma volatilidade significativamente maior do que a industrial. Entretanto, as medidas foram calculadas utilizando diferentes metodologias: os dados da Firjan foram calculados pela mediana da rentabilidade sobre P.L.. Para compatibilizar as metodologias, utilizaram-se os dados agregados do setor industrial, para cada instituição, disponíveis no Balanço Anual da Gazeta Mercantil para calcular a rentabilidade sobre P.L. da indústria, do mesmo modo como foi calculada para o setor bancário. Quadro 7: Rentabilidade P.L. (%) - Setor Industrial* 1994 2,8 1995 3,4 1996 1,9 1997 2,7 1998 2,7 1999 23,8 2000 13,8 2001 11,0 7,54 (7,9) *Empresas de todos os setores industriais. Novamente, verifica-se menor média e maior volatilidade para a rentabilidade bancária quando comparada com a industrial. E, neste caso, a rentabilidade anual de maior valor foi obtida para o setor industrial (23,8% em 1999 contra 19,1% para os bancos em 2002).

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 7 No entanto, os dados do setor bancário expostos na tabela 1 incluem os valores divulgados nos balanços destas instituições. Isto é, estes valores, apesar de fazerem sentido contábil, não são adequados para o cálculo da rentabilidade sobre o patrimônio líquido, especialmente para os bancos que passaram por liquidação extrajudicial e intervenção, já que incluem valores negativos tanto para o lucro líquido quanto para o patrimônio. Com o intuito de corrigir este problema, considera-se como lucro, para o ano seguinte em que a instituição financeira entrou em liquidação, o valor (com sinal negativo) do patrimônio líquido do ano anterior, isto é, a perda total do patrimônio. Para o patrimônio do banco foi estipulado o valor zero para o ano da liquidação e para todos os anos subseqüentes. Deste modo, são incorporadas as instituições que foram extintas ao longo do período em consideração. Seguindo esta metodologia para todo o conjunto de bancos estudados, obtém-se a rentabilidade apresentada no quadro 8. Quadro 8: Rentabilidade P.L. (%) - Setor Bancário 1994 9,1 1995-7,6 1996-3,3 1997 11,5 1998 6,3 1999 18,1 2000 11,3 2001 2,1 2002 * 19,1 1994:2001 5,16 (9,03) 5,65 (8,46) 1994:2002 *Rentabilidade semestral anualizada. 7,07 (9,06) A comparação dos dados das tabelas 7 e 8 indica, mais uma vez, menor média e maior volatilidade da rentabilidade bancária em relação à industrial, apesar do aumento significativo da rentabilidade bancária. Com o objetivo de incorporar, de uma maneira mais precisa, os efeitos de falência e extinções de alguns bancos sobre a rentabilidade bancária, foram feitos alguns ajustes na base de dados. Optouse por considerar na amostra apenas os bancos que, em 1994, representavam 90% do sistema financeiro (equivalente aos 73 maiores bancos de 1994, classificados de acordo com os ativos totais) e acompanhar estes bancos ao longo dos anos.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 8 Com este acompanhamento foi possível incorporar as perdas que cada um dos bancos incorreu no período de análise, sem excluir as instituições financeiras que passaram por processos de liquidação, RAET ou intervenção. Ou seja, os bancos que faliram ao longo do período de análise foram incluídos na amostra até o ano seguinte de sua falência, tendo, neste ano, um lucro negativo igual ao patrimônio líquido do período anterior e um patrimônio líquido igual a zero para todos os anos subseqüentes. Além disso, foi possível o acompanhamento das instituições financeiras que passaram por processos de fusão ou aquisição. Quadro 9: Rentabilidade sobre P.L. (%) Os maiores bancos de1994 (90% do P.L.) 1994 8,5 1995-5,0 1996-5,5 1997 9,3 1998 6,7 1999 17,3 2000 11,2 2001 1,0 1994:2001 5,14 (8,01) Este cálculo apresenta uma rentabilidade média superior à do cálculo anterior, mas ainda abaixo da rentabilidade média da indústria. As diversas metodologias descritas acima utilizam como base o patrimônio líquido do mesmo período em que o lucro é realizado. Na verdade, o lucro é gerado não sobre o patrimônio líquido do final do período, mas sobre o P.L. do início do ano. Com o intuito de considerar este fato e de incorporar as capitalizações feitas pelos bancos ao longo do ano, utilizou-se como base a medida de patrimônio médio, dado pela equação abaixo: PL=( PL t - LL t + Dividendos t +PL t-1 )/2 No entanto, devido à indisponibilidade dos valores referentes aos dividendos das instituições financeiras no banco de dados utilizado, optou-se por não incluir os dividendos no cálculo do patrimônio médio. Observe que a inclusão dos dividendos, apesar de correta do ponto de vista conceitual, reduziria a rentabilidade bancária. O tratamento dado aos bancos que foram incorporados por outras instituições financeiras consistiu em retirar o banco adquirido da amostra no ano de sua compra, mesmo que a empresa adquirente não o tenha legalmente extinguido. Uma vez que mantê-los na amostra representaria uma dupla contagem dos resultados, isto porque os bancos adquiridos

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 9 representaria uma dupla contagem dos resultados, isto porque os bancos adquiridos encontram-se contabilizados na equivalência patrimonial do banco comprador. Em geral, os bancos comprados ainda são mantidos para o aproveitamento de seus créditos fiscais. Contudo, em alguns casos, a instituição adquirida é incorporada no ano de sua aquisição, como o Banco Real pelo ABN-AMRO. Quadro 10: Rentabilidade P.L. médio (%) 1994 10,5 1995-12,0 1996-6,1 1997 13,5 1998 1,9 1999 20,7 2000 12,6 2001 2,0 4,11 (11,7) 1994:2001 4,89 (10,9) A rentabilidade média, para o período de 1995-2001, é novamente reduzida (4,11%) e abaixo da observada para a indústria. É interessante observar que, mesmo com a utilização de diferentes metodologias, a rentabilidade sobre o patrimônio do setor bancário permanece abaixo da industrial. Ou seja, mesmo na presença de lucros relativamente elevados de algumas instituições financeiras, a rentabilidade média do setor como um todo está abaixo de 5%. É importante mencionar que, para nenhum banco, foi feito algum tipo de correção para as trocas de ativos promovidas pelo governo federal após 1994. Estas trocas consistiram em substituição de parte dos ativos dos bancos correspondente ao FCVS (Fundo de Compensação por Variações Salariais) por créditos imobiliários e títulos federais (LFT). Estas mudanças, apesar de afetar os ativos do banco, não tiveram impactos nos resultados das instituições, não sendo, portanto, necessários ajustes neste sentido. Os cálculos de rentabilidade sobre o P.L. mencionados acima também foram feitos para sub amostras, tanto dos bancos quanto das empresas, divididas pela origem do capital (público ou privado). Os dados para os bancos são apresentados nos quadros 11 e 12.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 10 Quadro 11: Rentabilidade P.L. Bancos Privados (%) Sem Perda correção limitada PL médio 1994 15,7 15,7 17,0 1995-17,9 6,8 7,3 1996 12,8 13,3 14,0 1997 9,4 9,4 9,3 1998 7,5 7,7 8,9 1999 22,2 22,2 25,8 2000 15,3 15,3 17,4 2001 6,1 6,1 6,9 2002 18,9 18,9 1994:2001 1994:2002 7,2 (12,6) 8,2 (12,0) 9,4 (11,7) 11,4 (5,8) 11,9 (5,6) 12,7 (5,7) 12.6 (6.9) 13.2 (6.6) Quadro 12: Rentabilidade P.L. Bancos Públicos (%) Sem Perda correção limitada PL médio 1994-0,5-4,1-0,4 1995-52,9-52,9-37,4 1996-43,4-31,5-45,5 1997 15,6 15,6 16,0 1998-17,6 2,1-14,8 1999 6,2 5,3 6,0 2000-1,2-1,2-0,5 2001-17,5-36,2-27,2 2002 20,5 20,5 1994:2001 1994:2002-19,5 (25,3) -17,3 (24,1) -13,8 (25,2) -17,8 (25,8) -16,2 (24,1) -12,8 (25,1) -17,6 (23,1) -15,6 (21,9) Verifica-se, para os bancos estatais, média negativa para o período de análise, independente da metodologia de cálculo de rentabilidade utilizada. Este resultado decorre das perdas significativas de alguns bancos, como Banco do Brasil em 1996 e 2001, CEF em 2001. Além disso, esta sub-amostra apresenta uma volatilidade muito maior do que a calculada para os bancos privados. Os bancos privados, por outro lado, possuem rentabilidade maior do que a do setor todo.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 11 A comparação por tipo de capital também foi para as empresas. Contudo, devido à indisponibilidade de dados, utilizou-se a base divulgada pelo Guia Exame (disponível em www.exame.com.br), que apresenta os dados, tanto de P.L. quanto de lucro líquido, já corrigidos pelos efeitos inflacionários. Foram incluídas as 500 maiores empresas industriais de cada ano. A rentabilidade das empresas privadas e públicas é apresentada no quadro 13. Quadro 13: Rentabilidade P.L. Ajustado Empresas (%) Privadas Públicas Setor Industrial 1995 6,2-1,3 1,4 1996 5,5 1,4 3,1 1997 5,2 4,2 4,6 1998 4,7 2,4 3,6 1999-2,9 0,8-1,3 2000 7,1 8,4 7,6 2001 3,5 9,2 5,7 4,41 (3,33) 3,50 (3,95) 3,52 (2,91) Assim como no setor bancário, as empresas industriais públicas apresentam menor rentabilidade do que as privadas e maior volatilidade. Visando compatibilizar os dados entre as empresas e os bancos, por tipo de controle acionário, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido ajustado também foi calculada para os bancos (quadro14). Quadro 14: Rentabilidade P.L. Ajustado Bancos (%) Privados Públicos Setor Bancário 1995 14,4-42,7-2,9 1996 12,0-62,3-13,2 1997 10,6 16,0 12,6 1998 9,5 3,1 7,8 1999 18,6 3,5 14,3 2000 12,5-10,0 6,0 2001 7,4-31,2-0,6 12,1 (3,62) -17,6 (28,5) 3,02 (9,67) Estes resultados são muito próximos dos apresentados nos quadros 11 e 12, com os bancos públicos apresentando menor rentabilidade que os privados. Mais uma vez, verifica-se menor rentabilidade e maior volatilidade no setor bancário quando comparado com o industrial. A exceção a esta observação se limita às empresas privadas. Neste caso, a rentabilidade dos

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 12 bancos é mais elevada que das empresas industriais, contudo estes também apresentam maior volatilidade. Quadro 15: Rentabilidade P.L. Ajustado com capitalizações do Governo Federal - Bancos (%) Privados Públicos Setor Bancário 1995 14,4-42,7-2,9 1996 12,0-45,0-11,7 1997 10,6 16,0 12,6 1998 9,5 3,1 7,8 1999 18,6 3,5 14,3 2000 12,5-10,0 6,0 2001 7,4-21,9-0,6 12,1 (3,62) -16,9 (23,7) 3,30 (9,24) Com o intuito de ilustrar o viés dos sobreviventes, calculou-se a rentabilidade sobre o PL para os 3 maiores bancos privados nacionais (Bradesco, Itaú e Unibanco) e para 3 grandes empresas não financeiras nacionais (Petrobrás, Votorantim e CVRD) (quadro 11). As 6 empresas analisadas, por estarem dentre as maiores de seus respectivos setores, apresentam rentabilidade acima da média para todo o setor. Quadro 16: Rentabilidade PL (%) - 3 maiores bancos e indústrias Bancos Indústria 1994 12,2 7,9 1995 10,5 3,4 1996 14,8 3,6 1997 16,0 6,7 1998 16,9 7,1 1999 21,3 9,9 2000 21,3 30,6 2001 23,6 29,5 1994:2001 17,3 (4,4) 11,8 (11,1) Apesar da rentabilidade média dos 3 maiores bancos privados ser mais elevada do que a das 3 indústrias, verifica-se nos 2 últimos anos a inversão desta tendência (gráficos 1 e 2).

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 13 Gráfico 1 Rentabilidade P.L. - 3 grandes bancos e empresas industriais 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Rentabilidade 3 grandes bancos média 3 grandes empresas média 3 grandes bancos Rentabilidade 3 grandes empresas Este mesmo exercício foi feito com os dados de empresas na base da Exame, que contém os dados de balanço com correção monetária. Para tanto, foi feita esta correção para as 3 empresas financeiras. Gráfico 2 Rentabilidade P.L. corrigida pelo IPCA 3 grandes bancos e empresas industriais 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Rentabilidade 3 grandes bancos média 3 grandes empresas média 3 grandes bancos Rentabilidade 3 grandes empresas Um dado interessante neste sentido é que, no levantamento anual da Gazeta Mercantil, dentre as 20 empresas mais rentáveis no Brasil em 2001, constam apenas duas do setor financeiro, ocupando a sexta e a sétima posições, enquanto há 17 empresas de setores industriais. Outra comparação feita foi entre a rentabilidade dos 3 maiores bancos privados brasileiros com a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (média do PL dos anos corrente e anterior) dos 3 maiores bancos dos EUA (Citigroup, Bank of América Corp., JP Morgan Chase). A partir da observação do gráfico 3, verifica-se que a rentabilidade dos bancos norteamericanos está ligeiramente acima da calculada para os bancos brasileiros, sendo as médias bastante próximas: 28,9% para os bancos dos EUA e 27,2% para os brasileiros. Apenas para 2001, a rentabilidade média dos bancos nacionais esteve acima dos bancos dos EUA. No entanto, a menor rentabilidade dos bancos dos EUA decorre da queda da rentabilidade do

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 14 banco JP Morgan Chase, como resultado da fusão dos bancos que originaram o conglomerado em 2000. Gráfico 3 Rentabilidade PL (antes de impostos) Bancos EUA e Brasil 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 1996 1997 1998 1999 2000 2001 3 maiores bancos EUA 3 maiores bancos brasileiros M édia bancos EUA M édia bancos brasileiros Esta mesma comparação foi feita com a rentabilidade, para os bancos brasileiros, corrigida pela correção monetária, devido às diferentes taxas de inflação ocorridas nos EUA e no Brasil Isto foi feito a partir de 1996, já que até este ano as empresas brasileiras eram obrigadas a fazer esta correção em seus balanços. Os dados são apresentados no gráfico 4. Gráfico 4 Rentabilidade PL (antes de impostos) - Bancos EUA e Brasil (correção pelo IPCA para o Brasil) 35% 30% 25% 20% 15 % 10 % 5% 0% 1996 1997 1998 1999 2000 2001 3 maiores bancos EUA 3 maiores bancos brasileiros M édia bancos EUA M édia bancos brasileiros Também foi feita a comparação da rentabilidade dos 3 maiores bancos brasileiros com os 3 maiores da Espanha (Santander Central Hispano, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria e Caja de Ahorros y Pen. De Barcelona - La Caixa) e do Reino Unido (HSBC Holdings, Royal Bank of Scotland e Barclays Bank). Estes resultados são apresentados nos gráficos 5 e 6.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 15 Gráfico 5 Rentabilidade PL (antes de impostos) - Bancos Espanha e Brasil (correção pelo IPCA para o Brasil) 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1998 1999 2000 2001 Reino Unido Média RU Brasil Média Brasil Gráfico 6 Rentabilidade PL (antes de impostos) - Bancos Reino Unido e Brasil (correção pelo IPCA para o Brasil) 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1998 1999 2000 2001 Espanha Média Espanha Brasil Média Brasil Estas comparações levam à mesma conclusão que no caso dos EUA: a rentabilidade média dos bancos brasileiros é inferior. No caso da Espanha e do Reino Unido, em nenhum ano estes países possuem rentabilidade abaixo da brasileira. Ou seja, os maiores bancos brasileiros, apesar de possuírem rentabilidade elevada e acima da média do setor, estão abaixo dos maiores bancos dos países selecionados. Além disso, a comparação do setor bancário nacional com o industrial indica que, mesmo com a utilização de diferentes metodologias, a rentabilidade industrial está acima da bancária.

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 16 CONCLUSÕES Com base nos cálculos realizados, conclui-se que a rentabilidade bancária média, quando incorporados de forma adequada os bancos que passaram por dificuldades financeiras, não é tão elevada como se afirma com freqüência. Isto é, para avaliar de forma precisa a rentabilidade do setor financeiro nos últimos anos, torna-se necessário considerar as perdas incorridas por diversas instituições, decorrentes, basicamente, da ineficiência destas, que lhes garantia a sobrevivência no contexto inflacionário, o que deixou de ser possível com a estabilidade de preços. Verificou-se, que, mesmo diante dos lucros dos maiores bancos privados, a comparação da rentabilidade bancária encontra-se abaixo da industrial. Além disso, apresenta uma volatilidade significativamente mais elevada que a industrial. Ao se comparar a média da rentabilidade dos três maiores bancos nacionais com a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio dos três maiores bancos dos EUA, Espanha e Reino Unido, após a correção da inflação no período, conclui-se que os bancos brasileiros são consistentemente menos rentáveis que os bancos daqueles países. O mesmo resultado se observa na comparação da média da rentabilidade dos bancos nacionais com os bancos dos mesmos países. Durante os últimos nove anos avançou-se na reestruturação do sistema financeiro, buscando tornar mais eficientes e transparentes os mecanismos de fiscalização e controle do Banco Central, melhorando a inspeção bancária, com intervenções em algumas instituições com o intuito de fortalecer o sistema financeiro nacional. Um dos impactos desta reestruturação foi a redução da participação do capital público e aumento do capital estrangeiro. Por outro lado, foram observados, ao longo deste período, lucros positivos de algumas instituições, que revelam a saúde do sistema financeiro, importante para o cumprimento da função de intermediação financeira do setor bancário. Ou seja, a estabilidade destas empresas é essencial para garantir a segurança das operações financeiras entre os agentes e possibilitar a canalização de recursos para financiar os investimentos. Referências Bibliográficas Banco Central do Brasil (2002), Economia Bancária e Crédito Avaliação de 3 anos do projeto Juros e Spread Bancário, disponível em www.bcb.gov.br Banco Central do Brasil (2002), A Estrutura do Sistema Financeiro Nacional e as ocorrências do ano de 2001, disponível em www.bcb.gov.br Banco Central do Brasil (2001), Evolução do Sistema Financeiro Nacional 1989-2000, disponível em www.bcb.gov.br

Banco Itaú - Consultoria Econômica informe especial pág 17 Banco Central do Brasil, Evolução do Sistema Financeiro Nacional Relatórios Anuais, disponível em www.bcb.gov.br Boudon, A. (2002) Os Melhores Bancos do Brasil. Conjuntura Econômica. Costa, S.G.S., Cysne, R.P.(1997), Effects of the Real Plan on the Brazilian Bank System. Estudos Econômicos EPGE. Firjan (2002), Análise Econômica-Financeira das Empresas Brasileiras: 1995-2001, disponível em www.firjan.org.br. Guia Exame: Melhores e Maiores, disponível em www.exame.com.br The Banker, diversos exemplares.