A EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR: CONTRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM



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Transcrição:

A EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR: CONTRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva 1 ; Aires Garcia dos Santos Junior 1 ; Willian Alburquerque de Almeida 1 ; Regina Queiroz Gonçalves 2 ; Andreia Flaurinda de Freitas 3 ; Silvia Helena Raimundo de Carvalho 4 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande - MS. 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Saúde e Desenvolvimento da Região Centro Oeste da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande - MS. 3 Enfermeira pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Três Lagoas. Pós Graduada em Enfermagem do Trabalho pela UNIFEJ/ FAFIPA - Instituto de Estudos e Cursos de Pós- Graduação 4 Mestre em Educação, UEL, Londrina. Coordenadora Pedagógica da UNINORTE,docente da UNIFIL, docente do curso de pós-graduação Lato Sensu em Enfermagem do Trabalho pela UNIFEJ/ FAFIPA - Instituto de Estudos e Cursos de Pós-Graduação. Resumo As pratica educativas realizadas pela equipe de enfermagem apresentam-se como norteadoras na prevenção e promoção da saúde dos trabalhadores. Partindo-se desta premissa o estudo objetivou Identificar na literatura as contribuições da equipe de enfermagem na educação em saúde voltada para trabalhadores. Esse estudo bibliográfico foi produzido a partir da revisão bibliográfica da literatura registrada nas seguintes bases de dados bibliográficos: Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), identificados por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os resultados mostraram que o envolvimento e a contextualização dos indivíduos, de acordo com suas vivências prévias, propiciaram a aplicabilidade das ações educativas realizadas por profissionais aos trabalhadores. Ressalta-se a escassez de publicações com a temática educação em saúde do trabalhador, constituindo-se em motivação para outros estudos. Palavras-chave: Saúde do Trabalhador; Educação em Saúde; Equipe de Enfermagem. Abstract The educational practices performed by the nursing staff present as guiding prevention and health promotion workers. Starting from this premise the study aimed to identify the contributions in the literature of nursing staff in health education aimed at workers. This bibliographic study was produced from the literature review reported in the following bibliographic databases: Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), International Literature in Health Sciences (MEDLINE) and Scientific Electronic Library Online (SciELO), identified through the Virtual Health Library (VHL). The results showed that the inclusion and contextualization of individuals according to their previous experiences, enabled the applicability of educational activities for professional workers. It should be noted the scarcity of publications with the theme of health education workers, constituting a motivation for further studies. Keywords: Occupational Health; Health Education; Nursing, Team

INTRODUÇÃO Na sociedade contemporânea as ações de educação à comunidade, realizada pelos profissionais da área da saúde, apresentam-se como uma prerrogativa das atividades de promoção da saúde. As ações permeiam o foco no cuidado aos usuários a fim de minimizar fatores de risco e a vulnerabilidade dos mesmos, antes dos períodos pré-patogênicos, ações que quando efetivam reduzem os morbi-mortalidade e adoecimentos da população (BRASIL, 2010). Partindo-se desta premissa, os profissionais da equipe de enfermagem são atores essenciais no processo de educação em saúde, considerando que até mesmo nos currículos dos cursos de graduação em enfermagem existem disciplinas/módulos voltados ao perfil profissional de educador. A Lei 7.498/86 (BRASIL, 1986) legaliza a profissão de enfermagem em todas as categorias, ou seja, do nível superior ao médio e menciona o que é da competência de cada profissional, sendo o enfermeiro líder da equipe de enfermagem. Cabendo-lhe como uma de suas atribuições a educação para contribuir com a melhoria da saúde da população. Na campo específico da Saúde do Trabalhador é desejável ações de promoção da saúde voltadas à esse segmento. Entre os profissionais que atuam na Saúde do Trabalhador estão o Enfermeiro, Técnico e Auxiliar de Enfermagem, todos desempenhando funções de acordo com a habilitação da profissão. Para o exercício dessa especialidade é requerido o desenvolvimento de habilidades comunicativa e relacionais, atitude segura frente às diversas situações e o conhecimento tanto da legislação do trabalho como das medidas requeridas para evitar comprometimento à saúde dos trabalhadores. Segundo Santos e Lima (2007) durante as ações educativas a fim de obter uma dinamicidade e a criatividade dos indivíduos participantes no processo educativo, são potencializados características particulares, principalmente dos profissionais enfermeiros como o acolhimento, confiabilidade e sensibilização, as quais corroboram numa melhor adesão dos participantes. Ressalta-se a importância da equipe de enfermagem na atenção à Saúde do Trabalhador, visto que além de procedimentos técnicos como a aferição da pressão arterial e da glicemia capilar, realização de curativos, aplicação de medicamentos, entre outros, cabe à equipe de enfermagem prestar orientações de como os trabalhadores e suas famílias podem contribuir com as melhorias das condições de saúde desse grupo populacional representado por homens e mulheres adultos nos mais distintos labores. A enfermagem está presente em todas as fases do desenvolvimento humano, desde o seu nascimento até o seu termino, oferecendo uma assistência holística envolto da comunidade. Tendo em vista esta vasta presença desde auxílio nas atividades diárias básicas a cuidados paliativos, em diversos momentos estes profissionais aplicam ações educacionais de promoção da saúde aos usuários e clientes. Parte-se do pressuposto de que a educação em saúde constitui-se em meio para propiciar a promoção e prevenção à saúde do trabalhador. Nesse contexto destacam-se os profissionais da equipe de enfermagem. Sendo assim este trabalho teve como objetivo identificar na literatura as estratégias utilizadas e as contribuições da equipe de enfermagem na educação em saúde voltada para trabalhadores.

METODOLOGIA Esse estudo bibliográfico foi produzido a partir da revisão bibliográfica da literatura registrada nas seguintes bases de dados bibliográficos: Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), identificados por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Enfermagem. Foi utilizado o seguinte descritor: educação em saúde do trabalhador, através do método integrado, pesquisa por título e Ciências da Saúde em geral, chegou-se ao total de 4.594 trabalhos. Os critérios para a seleção da amostra foram: artigos indexados nas bases de dados selecionadas com o descritor escolhido, com textos completos de disponibilidade pública e que não fossem trabalhos de revisão da literatura. Tendo como período de publicação de 2001 a 2009. Desta forma no refinamento por texto completo chegou-se ao total de 503 periódicos, dos quais 38 artigos contemplavam em seu assunto principal a educação em saúde com trabalhadores. Dos 38 artigos encontrados, apenas 04 artigos identificam ações educativas realizadas por profissionais da enfermagem junto aos trabalhadores de diversos segmentos e apontavam as estratégias utilizadas para este fim. Os artigos encontrados foram numerados seguindo a ordem de localização. Posteriormente foi realizada a leitura na íntegra de cada publicação e para facilitar a obtenção dos elementos mais relevantes foi desenvolvida uma tabela, as informações foram analisadas segundo cada conteúdo. Salienta-se ainda, que o presente estudo embasou-se nos pilares elencado na Política Nacional de Promoção da Saúde, Política Nacional de Educação Permanente, Política Nacional de Humanização e o Código de Ética dos Profissionais da Enfermagem (Anexo A). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados foram organizados em categorias permitindo explorar os achados em grupos temáticos de acordo com o quadro abaixo. Figura 1: Análise bibliográfica segundo autor, país, ano, método utilizado e foco de discussão. Autores País Ano Método Utilizado Foco Foco Central da Discussão Santos ZMSA, Lima HP Brasil 2008 Coleta de dados aplicação de questionário Aplicação de Tecnologias Educativas (TESs) junto à Trabalhadores da Construção Civil, com entrevistas de avaliação antes e após à ação de Intervenção Gonçalves et al Brasil 2008 Relato de Experiência Moreira et al Brasil 2009 Pesquisa participativa Aplicação de um Trabalho de Educação com Colaboradores da empresa responsável pela venda e manutenção de automóveis Oficinas, através de técnicas de dinâmica de grupo.

Lofredo et al Brasil 2001 Relato de experiência Ação Educativa Dirigida (Álbum seriado) Observou-se que 4 (100%) dos artigos utilizaram como estratégia o reconhecimento do contexto vivenciado pelos trabalhadores, antes das ações educativas, bem como a avaliação da eficácia e adesão de acordo com as percepções esplanadas. A enfermagem e a educação Partindo da primícia que há necessidade de mudanças nos modos de ensinar e aprender, torna-se indispensável citar com exatidão conceitual, a definição de cada termo, que são empregados de maneira semelhante, definindo assim a atuação de cada termo em seus diferentes contextos, eliminando as possíveis ambiguidades existentes. Sendo assim buscouse a definição de tais termos no Glossário Temático - Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Os termos analisados foram: Educação continuada. Processo de aquisição sequencial e acumulativa de informações técnico-científicas pelo trabalhador, por meio de escolarização formal, de vivências, de experiências laborais e de participação no âmbito institucional ou fora dele. Educação em saúde. Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população e não à profissionalização ou à carreira na saúde. Sendo também um conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. Notas: i) A educação em saúde potencializa o exercício do controle social sobre as políticas e os serviços de saúde para que esses respondam às necessidades da população. ii) A educação em saúde deve contribuir para o incentivo à gestão social da saúde. Educação na saúde. Produção e sistematização de conhecimentos relativos à formação e ao desenvolvimento para a atuação em saúde, envolvendo práticas de ensino, diretrizes didáticas e orientação curricular. Educação permanente em saúde. Ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde e que tenham como objetivo a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, a reorganização da gestão setorial e a ampliação dos laços da formação com o exercício do controle social em saúde. Educação popular em saúde. Ações educativas que têm como objetivo promover, na sociedade civil, a educação em saúde, mediante inclusão social e promoção da autonomia das populações na participação em saúde (Brasil, p. 22-23, 2009). A educação em saúde assume um papel relevante perante a autonomia dos indivíduos diante do processo saúde e doença. Tendo isto em vista apresenta-se de relevância discernir educação permanente de educação continuada, de acordo a Política Nacional de Educação Permanente: Educação continuada representar uma continuidade do modelo escolar ou acadêmico, centralizado na atualização de conhecimentos, geralmente com enfoque disciplinar, em ambiente didático e baseado em técnicas de transmissão, com fins de atualização. Educação permanente caracteriza-se com o enfoque incorporando o ensino e o

aprendizado à vida cotidiana das organizações e às práticas sociais e laborais, no contexto real em que ocorrem. (BRASIL, p. 44, 2009). Vislumbra-se com a educação individualizada e permanente, a contextualização do processo saúde doença, trazendo significância ao usuário, facilitando as suas adaptações às novas situações que enfrentará diante de seu estado de saúde. A educação permanente, incumbi desde orientações pontuais ao cliente durante sua visita no serviço de saúde, além da realização de capacitações com recurso didáticos e audiovisuais, ações estas diversas vezes facilitadas pela equipe de enfermagem haja vista a presença frequente junto aos trabalhadores durante suas visitas aos estabelecimentos de assistência à saúde. Estratégias para educação em saúde de trabalhadores As ações educativas apresentam melhor eficácia quando permeiam as vivências prévias dos indivíduos e trazem significância ao binômio teoria e prática (práxis), são ações com empregabilidade. Em estudo realizado com trabalhadores de uma empresa de venda de automóveis utilizou o momento da aferição da pressão arterial para promover ações de educação em saúde. Para esta atividade optou-se pela realização de um levantamento prévio dos conhecimentos dos trabalhadores, seus postos de trabalhos e suas vivências. As temáticas desenvolvidas foram escolhidas por meio da consulta dos interesses dos próprios trabalhadores. (GONÇALVES, et al, 2008). Destaca-se que a atividade de aferição da pressão arterial é desenvolvida principalmente pelos profissionais de enfermagem. Nesse sentido é que a formação de grupos operativos, liderados pela equipe de enfermagem, tem trazido resultados positivos na promoção da saúde dos trabalhadores. Para Santos (2008) a formação de grupos participativos privilegia a interação entre o facilitador e o educando, fomentando a autonomia dos indivíduos no processo cuidado da sua própria saúde. Observa-se que a construção de saberes é potencializada nos indivíduos quando as atividades educativas levam em consideração o planejamento das atividades afim de que as mesmas ocorram horizontalmente, ou seja, entre os profissionais de saúde e os demais empregados da instituição. Esse tipo de organização visa estimular a construção e senso reflexivo diante das próprias experiências no trabalho. A relação participativa entre os ministrantes e os expectadores corrobora com a eficácia das ações educativa, além de fomentar novos horizontes diante das atividades laborais. Com o intuito de facilitar o processo de contextualização a análise dos postos de trabalho e o levantamento prévio das necessidades a serem abordadas, também evidenciam uma melhor empregabilidade das ações. Segundo Campos e Guimarães (2008), fazendo referência à Norma ISSO 10015 de 2011, para a realização de qualquer treinamento deve ser realizar a priori um levantamento prévio das necessidades de treinamento, afim de que os mesmo tenham significado aos indivíduos. De acordo Moreira (2009), o papel facilitador durante suas ações educativas o profissional possui impacto na adesão ao tratamento principalmente de doenças crônicas as quais por diversas vezes requerem condutas que vão além da adesão ao tratamento farmacológico e sim uma mudança de hábitos e no estilo de vida dos trabalhadores. Em estudo realizado com grupo indígena Lofredo (2001), afirma que ao envolver os indivíduos e suas percepções até mesmo na construção das práticas educativas, apresentou-se

como um facilitador na adesão do grupo da aldeia às ações de prevenção e promoção da saúde. O processo de interação entre o saber científico e o popular tem representação ética, pois leva em consideração o respeito ao conhecimento obtido por cada pessoa no seu trabalho e na vida. Problematizar as ações educativas estimula o envolvimento e mudanças de comportamento e atitudes nos indivíduos não somente nos processos de trabalho, como também nas atividades básicas diárias, elevando a qualidade de vida e estimulando a promoção da saúde aos trabalhadores. Tarefa desenvolvida pela equipe de enfermagem, especialmente através da educação em saúde. A criação de rodas de conversa com trabalhadores, assim com preconiza a Política Nacional de Humanização (2003), facilita a participação e adesão das atividades educacionais. Permite conhecer e estabelecer os principais fatores que agravam a saúde cada profissional em suas atividades laborais. CONSIDERAÇÕES FINAIS É evidente a escassez de estudos publicados que tratam da educação em saúde para trabalhadores, levando a sugestão de pesquisas nessa área. Contudo apresentamos alguns resultados limitados a determinadas fontes bibliográficas. O presente estudo buscou demonstrar as contribuições da equipe de enfermagem na educação em saúde voltada para trabalhadores. Salienta-se que o planejamento das ações educativas de acordo com as vivências prévias dos indivíduos, contextualização de sua realidade de trabalho e necessidades, apresentam se como escopo para eficácia e adesão das praticas educativas sensibilizadoras. Além disso, as estratégias utilizadas partiram da adoção das práticas problematizadoras, que corroboraram com a sensibilização dos indivíduos para a autonomia dos seus cuidados, estimulando um senso crítico e reflexivo dos mesmos. REFERENCIAS

Campos, J. P.; GUIMARÃES, S. Em busca da Eficácia em Treinamentos: Norma ABNT NBR ISSO 10015:2001. Gestão da Qualidade. Diretrizes de Treinamento, 2008. Disponível em:<qualidadeonline.files.wordpress.com/2001/03/em-busca-da-eficacia-emtreinamento.pdf>. Acesso em 10 de jul. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3a ed. Brasília, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Glossário temático: gestão do trabalho e da educação na saúde / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Presidência da República Federativa do Brasil. Lei n. 7.498 de 25 de jun de 1986. Dispões sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 26 jun 1986, seção I p. 9.273-75. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. Brasília, 2003. GONÇALVES, A. A. et al. Educação em saúde com trabalhadores: relato de uma experiência. Revista APS, v. 11, n. 4, p. 473-477, 2008. LOFREDO, S M. et al. Investigação e controle de epidemia de escabiose: uma experiência educativa em aldeia indígena. Saúde e Sociedade, v.10, n.1, pp. 65-86, 2001. MOREIRA, A. K. F.; SANTOS, Z. M. S. A.; CAETANO, J. A. Aplicação do modelo de crenças em saúde na adesão do trabalhador hipertenso ao tratamento. Physis [online], v.19, n.4, pp. 989-1006. 2009, SANTOS, Z. M. S. A.; LIMA, H.P. Tecnologia educativa em saúde na prevenção da hipertensão arterial em trabalhadores: análise das mudanças no estilo de vida. Texto & Contexto Enfermagem,v.17, n.1, pp. 90-97, 2008.