Documento final do VIII Encontro Regional Sudeste de ONG/AIDS

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Transcrição:

Documento final do VIII Encontro Regional Sudeste de ONG/AIDS Os participantes do VIII Encontro Regional Sudeste de ONG/Aids reunidos entre os dias 10 e 12 de Agosto de 2017, em São Paulo, divulgam o documento final do evento, fruto de discussões e reflexões feitas a partir da realidade da região sudeste, e do atual momento vivido no Brasil, com as ameaças crescentes ao Sistema Único de Saúde (SUS), descaso com o enfrentamento da epidemia de aids e aumento do preconceito e do estigma às pessoas que vivem com HIV e aids e seus entornos sociais. Introdução: A região sudeste concentra o maior número de habitantes do Brasil, cerca de 80 milhões de pessoas, e acumula o maior percentual de pessoas vivendo com HIV e Aids (PVHA) do País. Além disto, se agravam os quadros de discriminação e aidsfobia, reverberando em peso maior a populações já tradicionalmente excluídas e vulneráveis como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), principalmente travestis, mulheres transexuais e homens trans nesta população, profissionais do sexo, usuários de drogas, pessoas em situação de rua, população privada de liberdade, população negra, povos tradicionais, pessoas com deficiência e outras. O cenário econômico que vivemos implica em crescimento de populações em situação de rua que combinado a usuários de álcool e outras drogas sofrem ações higienistas promovidas pelos governos locais. O crescimento do HIV entre os jovens é uma realidade que grita por políticas públicas inclusivas, principalmente quando se nota o cenário de massacre que sofre a população preta, pobre e periférica. Neste quadro, o enfrentamento da epidemia da aids só acontece com o somatório de outras lutas, unindo esforço e exigindo dos governantes atitudes para promoção da saúde e dos Direitos Humanos, entendendo que não existe uma coisa sem a outra. A defesa do Estado laico também é uma das bandeiras que une todos os excluídos e nesta intenção apresentamos nossas reivindicações e propostas. São várias as demandas que temos ao Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde, e às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Ao longo dos anos, a resposta social esteve diretamente ligada à existência de um departamento sólido, independente e forte, situação que notamos modificada ao longo do último período. É preciso

que ações de impulso na prevenção e assistência sejam incrementados e repercutam nos índices que tendem a subir. Neste sentido reivindicamos: 1- Prevenção: 1.1- Que sejam realizadas pesquisas sobre a incidência do HIV/aids na população de homens transexuais, para possibilitar a implementação de políticas públicas de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (IST), voltadas para esta população que atualmente é invisibilizada e existem muitos homens trans gays. 1.2- Que se modifique o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da PrEP e PEP levando em consideração as evidências recentes de não transmissão do HIV pela pessoa com carga viral indetectável, respeitando-se o consenso internacional indetectável = intransmissível. 1.3- Que se modifique o capítulo Tratamento como Prevenção do PCDT para o manejo da infecção pelo HIV em adultos, no sentido de veicular de forma atualizada o risco de transmissão do HIV por pessoas de carga viral indetectável, conforme anexo da carta política do I Encontro da Articulação Paulista de Luta contra a Aids, respeitando consenso internacional indetectável = intransmissível. 1.4- Que a prevenção combinada seja estabelecida como política pública, mas que os preservativos femininos e masculinos mantenham lugar de destaque como insumo fundamental para o controle da epidemia. 1.5- Criar um Grupo de Trabalho regional, intersetorial e interdisciplinar para propor, elaborar, monitorar e avaliar estratégias para enfrentar os desafios em prevenção, promoção e assistência às IST e ao HIV/aids buscando sensibilizar e articular com as pautas de outros movimentos sociais, como: Negro, Assistência Social, LGBT, Feminista, Pessoas com Deficiência e demais grupos. 1.6- Que se garanta a participação da sociedade civil nas políticas de aquisição e disponibilização de insumos (gel, camisinha feminina e masculina). 2- Assistência: 2.1- Que sejam inseridos no SUS medicamentos menos tóxicos, como o tenofovir alafenamida, que é uma fórmula menos tóxica e com menos efeitos colaterais que o tenofovir disponibilizado no Brasil, para aumentar a qualidade de vida e saúde das PVHA. Também reivindicamos a inserção de medicamentos de dose única mais modernos, como o abacavir + lamivudina + dolutegravir e o elvitegravir + entricitabina + tenofovir alafenamida, visando facilitar a adesão ao tratamento. 2.2- Que se promovam capacitações e ações de valorização dos profissionais que atuam nas Casas de Apoio HIV/Aids visando um trabalho humanizado. 2.3- Sobre a assistência em HIV/Aids, exigimos acolhimento e atendimento para os usuários. Entendemos que o êxito no tratamento integral envolve adesão, retenção e confiança no

serviço; se faz importante que os usuários sejam atendidos por equipes multiprofissionais capacitadas sobre o tratamento, com foco na politica de humanização, sem que haja violação de direitos. Que seja criado um programa de humanização e sensibilização de profissionais do SUS, em parceria com a sociedade civil para melhorar o acolhimento e tratamento das PVHA e LGBT nos serviços de saúde. 2.4- Que se realize um levantamento de dados referentes às causas de abandono do tratamento com relato médico e do usuário, visando entender melhor e equacionar este fenômeno. 2.5- Que mudanças que venham a ocorrer no PCDT em referência aos medicamentos antirretrovirais (ARV) sejam repassados a cada usuário com a devida pré-informação da mudança com antecedência mínima de duas consultas ambulatoriais adequadas e cuidadosas com relação a troca indicada pelo protocolo, objetivando que a adesão não seja descontinuada, para que haja conhecimento do usuário sobre seu novo tratamento. 2.6- Que se garanta a participação da sociedade civil nas políticas de aquisição e disponibilização de licitações de ARV e exames como carga viral e CD4, entre outros. 2.7- Que seja cumprido o recomendado da testagem anual para Hepatite C para as PVHA, e acesso real e imediato ao tratamento para Hepatite C dos usuários coinfectados com HIV- Hepatite C. 3- Direitos Humanos: 3.1- Com a intenção de proporcionar maior visibilidade às mulheres transexuais, travestis e homens trans, reivindicamos a desvinculação da categoria HSH no boletim epidemiológico, a fim de impulsionar a formulação de políticas públicas para esta população. 3.2- Considerando o pressuposto de um SUS humanizado e diante da crescente resposta à epidemia hivcentrada, isto é, centrada no HIV e não na pessoa, exigimos a volta do Núcleo de Articulação com a Sociedade Civil e Direitos Humanos do DIAHV para que seja retomado o olhar humanizado no desenvolvimento de políticas públicas de prevenção e assistência às PVHA. 3.3- Pelo fato de não ter sido amplamente discutida, as ONG, redes e movimentos sociais reunidos no ERONG não aceitam a mudança da nomenclatura PVHA (pessoa vivendo com HIV/aids) para PVHIV (pessoa vivendo com HIV), considerando a falta de legitimidade do processo de construção de consulta. A retirada da palavra AIDS leva à perda de direitos e invisibilidade das pessoas vivendo com HIV e aids. 3.4- Que as PVHA não sejam impedidas de se tratar em serviços que não sejam próximos de seu local de residência, reconhecendo a capacidade de escolha e valorizando o sigilo e a privacidade de cada usuário. 3.5- Que se crie uma política nacional de saúde específica voltada à população de mulheres transexuais, travestis e homens trans vivendo com HIV/aids. 4- Comunicação:

4.1- Que se estabeleçam ações junto à mídia visando ampliar a divulgação da realidade da aids, evitando-se a banalização da temática. E que as campanhas sejam direcionadas às populações-chave, ou mais vulneráveis, e ocupem espaços além do carnaval e primeiro de dezembro. 4.2- Que se produzam campanhas em massa informando que pessoas que vivem com HIV/aids com carga viral indetectável há pelo menos seis meses não transmitem HIV, ajudando na prevenção e na adesão ao tratamento. 4.3- Que se estimule a difusão de informações sobre gerenciamento de risco e redução de danos nas relações sexuais e outras formas de facilitação da infecção. 4.4- Que se exija dos governos e laboratórios um maior destaque na embalagem dos autotestes, informando corretamente a janela imunológica de 30 dias após a ultima exposição, para correta interpretação de um possível resultado negativo do teste, e que haja o número de telefone específico para orientação dos usuários deste sistema de testes. 4.5- Que se ampliem as ações de comunicação voltadas para esclarecimento dos tratamentos e processos de cura da tuberculose, hepatites virais e demais coinfecções, além das comorbidades associadas. 5- Mortalidade: 5.1- A partir de indicadores de novos casos de mortalidade, apresentar metas concretas de redução de novos casos e mortalidade e que os níveis estejam dentro dos limites de parâmetros internacionais. Que sejam pesquisas as causas da mortalidade por aids no Brasil e sua persistência, principalmente as associadas às travestis, mulheres transexuais, homens trans e demais LGBT, profissionais do sexo, usuários de drogas, pessoas em situação de rua, população privada de liberdade, população negra, povos tradicionais, pessoas com deficiência e outras, além das atingidas pelas doenças oportunistas ou pela qualidade da assistência recebida. 5.2- Que se incluam nos atestados de óbito notificações médicas e sistemas de notificação (SINAN e SISÓBITO), informações relacionadas com identidade de gênero, além do nome social, a fim de criar uma estatística de mortalidade da população de travestis, mulheres transexuais e homens trans que vivem com HIV/aids. 6- Financiamento: 6.1- Que o Ministério da Saúde disponibilize ao Conselho Nacional de Saúde a pasta de financiamento dos programas do SUS, buscando transparência sobre a origem e destino dos recursos. 6.2- Nos posicionamos firmemente contra o fim dos blocos de financiamento para ações de IST/aids, que significa o fechamento de centros de testagem e aconselhamento (CTA), serviços de assistência especializada (SAE), unidades básicas de saúde (UBS), estratégia de saúde da família (ESF) e enfraquecimento da resposta ao enfrentamento da epidemia. 6.3- Reivindicamos a continuidade do financiamento de ações da sociedade civil como fundamentais para o avanço do controle da epidemia de aids.

6.4- A insuficiência de financiamento para manutenção e sustentabilidade das casas de apoio para PVHA tem ocasionado o fechamento de várias casas. A crescente demanda de usuários para este serviço torna urgente a retomada do financiamento para a manutenção e ampliação e reestruturação das mesmas. 6.5- A não execução total do orçamento, conforme o Relatório Anual de Gestão (RAG), impacta diretamente na aquisição de medicamentos antirretrovirais. Não aceitamos o contingenciamento destes recursos. 6.6- Exigimos das gestões estaduais e federal mecanismos claros de acesso a recursos públicos para sustentabilidade das diversas organizações da sociedade civil para ações de enfrentamento à epidemia de HIV/aids. 6.7- Apresentação dos RAG de forma clara, completa e de fácil entendimento para análise dos conselheiros. Em caso de reprovação, que seja refeito segundo as recomendações dos conselhos. 6.8- Que sejam mantidos e ampliados os recursos para a Política de Aids. Que seja executado o que foi aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de forma integral. 7- Capacitação: 7.1- Exigimos que os profissionais que atendem as PVHA passem por capacitação, supervisão e acompanhamento técnico com ênfase em estigma, preconceito, acolhimento, confidencialidade, sigilo e bioética. 8- Controle Social: 8.1- Que nos editais de financiamento das organizações da sociedade civil (OSC) sejam garantidos recursos tanto para atividades fins como atividades meio (salários, impostos, encargos, despesas para manutenção da instituição) garantido a execução dos projetos. 8.2- Que sejam respeitados os espaços de controle social garantidos constitucionalmente pela Lei 8142/90, de criação do SUS, com reconhecimento das demandas apresentadas pela sociedade civil organizada, tendo em vista a não violação dos direitos humanos. São Paulo, 12 de Agosto de 2017 Plenária do VIII Encontro Regional de ONG/Aids da Região Sudeste.