Indicador de Uso do Crédito e Propensão ao Consumo Junho, 2017
Demanda do consumidor por crédito segue baixa e indicador marca 27,5 pontos em maio; 58% não tomaram crédito Em maio de 2017, o Indicador de Uso do Crédito, apurado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, ficou praticamente estável na comparação com o mês anterior, registrando 27,5 pontos. Em abril, o indicador marcara 27,6 pontos. A estabilidade ocorre apesar da comemoração do dia das mães, uma das principais datas para varejo, e reflete o quadro de paralisia econômica, mostrando que nem a data foi capaz de elevar o consumo e o uso do crédito. O objetivo do indicador, que varia de zero a 100, é aferir a disposição para a tomada de dívidas, tanto de curto como de longo prazo. Quanto maior a pontuação do indicador, maior o uso do crédito; quanto menor a pontuação, menor o uso. Apurado desde janeiro do início do ano, o indicador não permite comparações com o período anterior à crise. Nota-se, contudo, que desde os primeiros meses de pesquisa, o indicador distancia-se bastante dos 100 pontos, o seu nível máximo. Nas sondagens anteriores, o percentual de consumidores que não fizeram uso de nenhuma modalidade beira 60% do total, sendo que em maio a proporção foi de 58,1%. Uso do crédito no mês 42,6% 36,9% 41,6% 42,4% 41,9% 57,4% 63,1% 58,4% 57,6% 58,1% jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 Não Sim Mas houve também aqueles que se valeram de modalidades pré-aprovadas ou solicitaram recursos para fins variados. Esses consumidores somaram 41,9%. Os cartões de crédito e os cartões de loja foram as modalidades mais usadas, citadas respectivamente por 34,6% e
15,9% dos consumidores sondados. Recorreram a Empréstimos 5,0% e 3,6% buscaram financiamentos. O cheque especial, modalidade que figura entre as campeãs dos juros altos, foi citada por 6,6%. Modalidades utilizadas em Julho Cartão de Crédito 34,6% Cartão de loja e Crediário 15,9% Cheque especial Empréstimo Financiamento 3,6% 5,0% 6,6% A sondagem ainda mostra que, no mês anterior à pesquisa, 24,8% dos consumidores tiveram crédito negado, principalmente por estar registrado em cadastros de inadimplentes (10,5%) e por não ter renda suficiente ou como comprovar a renda (7,3%). No caso dos empréstimos e financiamentos, a maior parte dos consumidores (45,9%) diz considerar difícil ou muito difícil a contratação de Empréstimos e Financiamentos, enquanto 22,0% avaliam como nem fácil nem difícil e 13,4% dizem ser fácil. Além desses, 16,9% dizem não saber avaliar. Esses números sugerem que o crédito poderia alcançar número maior de consumidores, mas com aumento do risco de inadimplência, o que não é desejável para o consumidor ou para quem concede o crédito. Para a economista Marcela Kawauti, crédito muito fácil nem sempre é algo bom para o consumidor. Quando se tem necessidade, é bom poder contar com linhas de crédito baratas e com um processo de análise de crédito ágil. Em muitos casos, porém, a contrapartida da agilidade e do crédito farto é uma taxa de juros muito elevada. Nesses casos, se consumidor não fizer a devida avaliação da sua capacidade de pagamento, ele pode acabar endividado, diz. 33% dos usuários do cartão de crédito aumentaram o valor da fatura em maio. Ticket médio foi de R$933
Entre os consumidores que fizeram uso do cartão de crédito em maio, praticamente um terço (33,2%) aumentou o valor da fatura com relação ao mês anterior. Diversamente, 23,1% dizem ter reduzido e além desses, 37,9% dizem ter mantido o mesmo valor. O valor médio reportado pelos entrevistados foi de R$ 933, desconsiderando-se aqueles que não souberam responder o exato valor (30,0%). Quanto aos produtos e serviços comprados com o cartão, 65,0% mencionam alimentos em supermercado. Nota-se assim que uma despesa corrente, e essencial, de todos os meses é paga com o cartão por mais da metade dos usuários dessa modalidade. Isso pode decorrer da falta de recursos disponíveis no momento da compra ou mesmo da comodidade e hábito com uso do cartão. Independentemente da razão, Kawauti alerta para o fato de que o controle dos gastos é essencial. O consumidor que recorre ao cartão para fazer frente a esses gastos precisa levar em consideração que, nos meses seguintes, terá de arcar com as despesas básicas novamente e planejar-se para o pagamento. Remédios e itens de farmácia (52,0%), Roupas e Acessórios (37,2%), os Combustíveis (34,7%), e os gastos em bares restaurantes (28,2%), entre outros produtos e serviços completam a lista de gastos feitos através do cartão. Itens comprados com cartão de crédito % Alimentos (supermercado) 65,0% Farmácia/remédios 52,0% Roupas/ Calçados/Acessórios 37,2% Combustível 34,7% Bares e restaurantes 28,2% Maquiagem, perfumes, cremes, loções, etc 14,1% Crédito/recarga para telefone celular 13,0% Salão de beleza 12,3% Materiais de construção 11,6% Viagens 10,8% Eletrodomésticos 9,4% Livros 8,3% Eletrônicos 7,9% Ter acesso ao crédito é algo bom e desejável. O cartão de crédito, por exemplo, possibilita o parcelamento de bens sem a cobrança de juros, além de ser um meio de pagamento cômodo
e seguro. Mas os cartões também inspiram muitos cuidados: justamente pela facilitação das transações, levam muitos consumidores ao endividamento. A economista-chefe do SPC Brasil aconselha que, a cada parcelamento no cartão, o consumidor deve avaliar o quanto a prestação comprometerá de sua renda. E acrescenta que o pagamento do valor mínimo implica juros muito pesados que superam em média 300% ao ano. Se o consumidor deseja antecipar a compra de um bem de alto valor, uma boa forma de fazer é usando o cartão de crédito, já que a alternativa do crediário e do empréstimo cobra juros. Mas é importante ter a certeza de que as prestações serão quitadas sem atraso e sem sacrifício das demais despesas. Entre os usuários do crediário, metade utilizou para a compra de itens do vestuário Os convites para o crediário são constantes nas propagandas. O consumidor que deseja antecipar a compra de um bem, mesmo sem dispor de toda a quantia para pagar à vista, tem aí uma oportunidade, mas que custa juros ou, no mínimo, planejamento. A sondagem mostra que, entre aqueles que usaram crediário, cartão de loja ou carnê em maio, a metade (49,6%) adquiriu Roupas, Calçados e Acessórios. Também aparece com destaque os Alimentos em Supermercados (28,3%), os Artigos de cama, mesa e banho (11,0%), maquiagem e cosméticos (10,2%) e os Eletrodomésticos (10,2%), estes últimos comumente ofertados via crediário. Na média, esses consumidores utilizaram R$ 256 no crediário. Itens comprados no crediário % Roupas/ Calçados/Acessórios 49,6% Alimentos (supermercado) 28,3% Artigos de cama, mesa e banho 11,0% Maquiagem, perfumes, cremes, loções, etc 10,2% Eletrodomésticos 10,2% Smartphone 9,4% Eletroeletrônicos 7,9%
No limite do orçamento, consumidores seguem no corte dos gastos; 34% estão com as contas no vermelho O Indicador de Propensão ao Consumo busca medir se o intento dos consumidores é aumentar, diminuir ou manter os seus gastos no mês seguinte à pesquisa no caso, julho. De acordo com a sondagem, a maioria dos entrevistados (57,3%) ainda vê a necessidade de cortar gastos, enquanto 31,6% pretendem manter o mesmo nível e apenas 3,9% planejam aumentar. A redução da renda, o desemprego e a situação financeira ruim foram as razões apontada por 36,7% dos entrevistados que pretendem reduzir o consumo. Esses entrevistados destacam, também, o fato de estarem sempre tentando economizar (25,5%), além da percepção de que os preços estão elevados (24,2%) e da pretensão de fazer uma reserva financeira (8,3%). Gastos no próximo mês 58,5% 62,8% 61,8% 57,6% 57,3% 30,9% 27,6% 31,8% 33,5% 31,6% 5,5% 6,8% 2,9% 4,4% 3,9% fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 Aumentar o nível de gastos Manter o mesmo nível de gastos Diminuir o nível de gastos Dado coletado em junho, referente ao mês de julho Excluindo itens de supermercado, na lista dos produtos que os consumidores pretendem comprar no mês de junho, os Remédio foram citados por 23,0%. Em seguida, aparecem as Roupas, Calçados e Acessórios (20,1%), Recarga de celular (15,3%) e Perfumes e cosméticos (11,1%). Destacam-se ainda 30,3% que não pretendem comprar nenhum dos itens elencados e apenas 4,8% que pretendem viajar, mesmo sendo julho um mês de férias.
Itens mais citados para compra em julho/17 % Remédios 23,0% Roupas/ Calçados/Acessórios 20,1% Crédito/recarga para telefone celular 15,3% Perfumes, cremes, loções, maquiagem 11,1% Materiais de construção 9,0% Eletrônicos 7,8% Móveis 6,8% Artigos de cama, mesa e banho 6,3% Livros 6,1% Viagens 4,8% Um dado que ajuda a explicar a baixa demanda por crédito e a alta intenção para cortar o consumo mostra que, no mês da pesquisa (junho), 41,9% dos consumidores estavam no zero a zero, sem sobra e nem falta de dinheiro. Em situação mais difícil, 33,9% relataram estar no vermelho, sem conseguir pagar todas as suas contas. Apenas 16,3% disseram estar no azul. Esses dados não podem ser dissociados da conjuntura de crise econômica, que ainda impacta de maneira importante o orçamento das famílias. Além disso, também é preciso considerar a realidade da falta de organização financeira, que pode levar o consumidor à situação de aperto. Metodologia A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileira, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados via web e presencialmente no mês de junho. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.