GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA: desafios na ampliação da participação e controle social dos conselhos escolares do município de São João da Fronteira (PI). Antonio Carlos de Lima Feitoza 1, PRADIME/MEC/UFPI, klosfeitoza@hotmail.com Samara de Oliveira Silva 2, PRADIME/MEC/UFPI, sossam@hotmail.com GT1. Política e gestão da educação básica 1. INTRODUÇÃO As conquistas históricas trazidas por essa democracia representativa serão ampliadas e novos avanços reais para a grande maioria da população serão conquistados quando a democracia for se tornando, cada vez mais, uma democracia participativa. Esta amplia e aprofunda a perspectiva do horizonte político emancipador da democracia. (LUZ, 2005). A importância da democracia como um instrumento para que todos os cidadãos, como sujeitos históricos conscientes, lutam pelos seus direitos legais, tenta ampliar esses direitos, acompanham e controlam socialmente a execução desses direitos, sem deixar de cumprir, em contrapartida, os deveres constitucionais de todo cidadão. Esse cidadão não apenas sabe escolher bem os governantes, mas assume sua condição de sujeito, exercendo seu papel dirigente na definição do seu destino, dos destinos de sua educação e da sua sociedade. (BRASIL/ MEC, SEB, 2004, p.18). 1 FEITOSA, Antonio C de L. TCC no Curso de Especialização em Gestão da Educação Municipal PRADIME/MEC/UFPI. E-mail:klosfeitoza@hotmail.com 2 SILVA, Samara de O. Orientadora do TCC no Curso de Especialização em Gestão da Educação Municipal PRADIME/MEC/UFPI. E-mail:sossam@hotmail.com
O referido Trabalho de Conclusão de Curso objetivou analisar as formas de participação e o controle social dos conselhos escolares das escolas públicas da rede municipal de educação do município de São João da Fronteira (PI). Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Adotamos como procedimentos de pesquisa a realização de pesquisa bibliográfica, aplicação de questionários semi-estruturado que abordou conceitos sobre a gestão dos conselhos escolares no contexto participativo e democrático. Os sujeitos da pesquisa foram os diretores, professores, alunos, pais de aluno e funcionários de apoio técnico. Os resultados sinalizam para os desafios que as escolas têm no processo de implantação da gestão democrática, bem como promover uma maior interação entre os diversos grupos da comunidade local e escolar. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Analisar as formas de participação e o controle social dos conselhos escolares no contexto da escola pública da rede municipal de educação do município de São João da Fronteira (PI), buscando verificar se a sua atuação contribui para a melhoria na qualidade da educação no contexto participativo e democrático. 2.2. Objetivos específicos o Caracterizar os Conselhos Escolares e seu nível de participação na gestão escolar. o Diferenciar as atribuições dos membros do Conselho Escolar e dos demais atores na efetivação da vivência da democracia no interior da escola; o Analisar o papel Conselho Escolar no processo de construção da à autonomia no contexto democrático; o Identificar os desafios de uma gestão democrática e as condições para que os membros do Conselho Escolar possam e assumam responsabilidade de tomar decisões em uma gestão;
o Compreender que o trabalho de gestão é do Conselho Escolar no exercício do controle social. 3. REFERENCIAL TEÓRICO A gestão democrática da educação está intrinsecamente ligada a conceitos de autonomia e descentralização. Mais autonomia e mais liberdade numa sociedade democrática passaria por uma "transferência ou devolução dos poderes e das liberdades usurpados e concentrados pelo e no Estado para novas entidades separadas e independentes dele" (Formosinho et al., 2010, p. 97). Contudo, tal como entende Lima (1999, p. 67), "sem competências ou poderes transferidos para as escolas, sem esquemas de descentralização regional ou municipal (em termos territoriais ou, mesmo apenas, funcionais), torna-se difícil compreender o discurso pretensamente descentralizador e autônomo". Para Ferreira (2012, p. 43), a autonomia está intimamente ligada à democracia, "no sentido da proximidade e da partilha do poder pelos diferentes atores escolares" nos seus diferentes níveis de decisão e atuação. Breve incursão sobre o histórico da gestão escolar no Brasil O significado do termo gestão é intrínseco a qualquer instituição ou empresa, sua origem é latina (gerere). O termo significa governar, conduzir, dirigir. Sabe-se que esse significado se aplica diretamente ao termo gestão escolar, pois para exercer a função de uma escola é necessário um trabalho de condução. A Escola como instituição deve procurar a socialização do saber, da ciência, da técnica e das artes produzidas socialmente, deve estar comprometida politicamente e ser capaz de interpretar as carências reveladas pela sociedade, direcionando essas necessidades em função de princípios educativos capazes de responder as demandas sociais. (HORA, 1994, p.34). Nesse contexto histórico torna-se possível perceber as mudanças no perfil do Diretor Escolar, podemos ver o quanto é difícil abandonar as velhas estruturas e manter de vez uma gestão democrática.
O envolvimento da comunidade escolar e local na gestão democrática participativa Ao destacar esta categoria percebe-se que para uma gestão democrática verdadeira tem que haver a participação da comunidade escolar (pais e alunos, professores e demais funcionário da instituição) só assim pode-se construir para uma gestão democrática participativa. A democracia (...) é um processo ininterrupto de emancipação humana, passível de ser alargado no cotidiano da instituição escolar pela ação política/educacional daqueles sujeitos que creem que essa emancipação é não só possível, mas necessária. (NAJJAR, 2006, P. 21). Mas como afirma Najjar, é necessário haver interesse da comunidade e mobilização da gestão para trazer essa comunidade até a escola. Estas ações que promovem essa democratização são intrínsecas à democratização do ensino, que segundo Libâneo (1985, p.12). Democratizar o ensino é ajudar os alunos a se expressarem bem, a se comunicarem de diversas formas, a desenvolverem o gosto pelo estudo, a dominarem o saber escolar, é ajudá-los na formação de sua personalidade social, na sua organização enquanto coletividade. Esse processo de democratização pauta-se nas mudanças constantes da sociedade e faz parte da sociedade em geral, inclusive da escola. Implicações da gestão escolar participativa e democrática. A escola é o espaço necessário à continuidade ao processo de aprendizado que o aluno já construiu no ceio da família. A instituição escolar seja ela pública ou privada tem o dever de educar com responsabilidade, princípios de ética, estimulando a cidadania, desenvolvendo a democracia e o pensamento crítico para tornar o aluno um ser atuante na sociedade. Nesses termos, a gestão moderna é vista como fruto de um trabalho coletivo, visando ao bem educacional e profissional de uma instituição como um todo. Assim,
O conceito de gestão resulta de uma nova compreensão da condução das organizações. Surge como superação dos limites da administração. Emerge um novo paradigma, isto é, [...] visão de mundo e óptica com que se percebe e reage em relação à realidade. (KUHN, 1982 apud LÜCK, 2006, p. 34). O termo gestão escolar citado, resulta de práticas educativas de acordo com as normas ou diretrizes das atividades escolares, garantindo um ensino de qualidade, desde que o espírito de coletividade esteja presente no âmbito escolar e até possivelmente fora desse espaço. 4. METODOLOGIA Na pesquisa, adotou procedimentos de natureza qualitativa, foi desenvolvido estudos bibliográficos sobre a temática da gestão educacional democrática, participação dos Conselhos Escolares, a fim de oferecer condições de comparação e de redirecionamento dos propósitos da gestão em função da ampliação da participação social. Análise dos aspectos legais relativos à participação social nas decisões da educação, bem como sobre os vários mecanismos de participação que os sujeitos sociais podem ser lançar mão para fortalecer a participação nas decisões sobre a educação pública, e de que maneira os sujeitos podem interferir na implementação e no acompanhamento das políticas educacionais. Nesse sentido foi feito levantamento de dados primários sobre as escolas e secretaria de educação, com o fim de complementar as informações sobre as mesmas e dos sujeitos da pesquisa e coleta de dados das escolas. 5. RESULTADOS OBTIDOS Evidenciamos nos resultados desta pesquisa que uma das maiores dificuldades encontrada nos Conselhos Escolares do Município de São João da Fronteira (PI), é que alguns integrantes não tem o conhecimento do verdadeiro papel do conselho, bem como suas funções como conselheiro escolar. Em geral sua atuação se dá para cumprir uma função designada pelo diretor da escola ou gestores públicos para com os quais tem compromissos políticos. O nível de participação ocorre, em reuniões ocasionais ou quando é solicitado a sua presença
para assinatura de atas de prestação de contas, o que revela quase ou nenhum envolvimento democrático. 6. CONCLUSÃO Sabe-se que a educação não está voltada somente para aspectos educativos, relaciona-se também com as políticas públicas, e nesse processo vários atores estão envolvidos para assegurar este direito social, dentre estes: escolas publicas, governo, profissionais das Secretárias de Educação, os envolvidos, seja na elaboração ou na efetivação na instituição educacional. Ademais os conselheiros tem se mostrado pouco atuante como parte do processo de construção de uma efetiva gestão democrática, o que tem causado grandes dificuldades e impossibilitado o desenvolvimento de ações de controle social, principalmente no que se refere à aplicação dos recursos públicos destinados a educação. Para tanto, é necessário o desenvolvimento de um maior grau de conscientização por parte dos conselheiros de escola, sobre esses mecanismos de participação, suas funções políticas, formativa e de controle social no de democratização da escola pública. Contudo, somente na medida em que os conselheiros que geralmente são pais de alunos, lideranças da comunidade local, técnicos administrativos, professores e os diretores de escolas possam sentir-se corresponsáveis pelas ações desenvolvidas na escola no âmbito pedagógico e administrativo, e que os Conselhos Escolares passem a desenvolver uma ação mais efetiva no acompanhamento do processo educacional como um todo, sendo assim, reafirmamos que os conselheiros podem dá sua contribuição para a melhoria da qualidade de ensino das escolas púbica do Município de São João da Fronteira (PI). 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de educação básica. Conselhos escolares: gestão escolar da educação e a escolha do diretor. Brasília: MEC, SEB, 2004. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. GAMBOA, Silvo A. S. Análise epistemológica dos métodos na pesquisa educacional: um estudo sobre as dissertações de mestrado em educação da UNB. Brasília. Faculdade de Educação UNB, 1982. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º Ed. São Paulo: Atlas, 2009. GIL, Juca. Financiamento da Educação e Gestão Democrática: um estudo acerca do Conselho do FUNDEF, no âmbito da União. 2007. 229 f. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. HORA, Dinair Leal. Gestão democrática na escola. São Paulo: Papirus, 1994. Gestão Escolar. LIBÂNEO, Jose Carlos. Democratização da Escola pública. Editora Loyola, 1985. LUZ, Liliene Xavier. Gestão, Financiamento e Controle Social da Educação. Teresina, PI: EDUFPI, 2005. MORRETO, Vasco Pedro. Prova um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 6 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. NAJJAR, Jorge. Gestão democrática da escola, ação política e emancipação humana. In: Movimento Revista da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. N.13 (Maio, 2006). Niterói: EduFF, 2006. VALLE, Bertha de Borja Reis do. Controle social da educação: aspectos históricos e legais. In: SOUZA, Donaldo Bello de (org.). Conselhos municipais e controle social da educação: descentralização, participação e cidadania. São Paulo: Xamã, 2008. P. 53-74.