Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: a trajetória de conflitos e desafios para o meio ambiente

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Transcrição:

Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: a trajetória de conflitos e desafios para o meio ambiente Alex Eduardo Lopes (1) ; Ana Carolina Toledo Rocha (1) ; Amanda Oliveira Lima (1) ; Denise Aparecida Antunes (1) ; Elder Magno Gava Ferrão (1) ; Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior (2) (1) Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental. Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros Km 5. CEP:38900-000. Bambuí-MG. (2) Professor orientador IFMG. RESUMO - O século XX foi marcado por avanços científicos e conquistas tecnológicas que levaram a humanidade a um novo patamar de produção e consumo. Resultados da revolução industrial e das duas grandes guerras, esses avanços trouxeram muitos benefícios, mas não sem um preço. A velocidade em que essa nova sociedade crescia, produzia e consumia, começou a deixar impactos profundos nos ecossistemas naturais. Coube às Nações Unidas o papel de mobilizar as lideranças mundiais em busca de soluções para um novo tipo de desenvolvimento que não degradasse os recursos naturais de modo irreversível e preservasse os limites do planeta. A partir do relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Brundtland, foi possível estabelecer uma agenda ambiental que se tornou um objeto importante na definição de novos estudos e políticas, atrelando o crescimento econômico ao modelo sustentável. O objetivo desse estudo é promover uma reflexão sobre o contexto histórico do desenvolvimento sustentável a partir de sua gênese até o momento atual. Palavras-chave: recursos naturais, crescimento econômico, relatório Brundtland. INTRODUÇÃO A revolução industrial e tecnológica foi o principal fator para a promoção do crescimento econômico, que trouxe vários problemas de ordem ambiental decorrentes, principalmente, da exploração dos recursos naturais, tais como: destruição da camada de ozônio, a intensificação do efeito estufa, a contaminação de rios e mares, a perda da biodiversidade, a devastação das florestas, entre outros (Zhouri et al., 2005). Esses desequilíbrios são resultados do crescimento populacional e da pressão acentuada sobre os recursos naturais (consumo de água, matéria prima, energia e combustíveis fósseis) oriundos do modelo binomial produção-consumo (Dias, 2004). Os desafios do desenvolvimento sustentável estão associados não apenas na busca de superação dos problemas atuais, como também na garantia à proteção e manutenção dos sistemas naturais a longo prazo (Reis et al., 2005). Esses desafios devem ser calcados nas esferas econômica,

cultural, social e ambiental, parâmetros que o modelo desenvolvimentista vigente até a década de 70 não contemplava (Mattos, 2008). No entanto, a partir de 1972 essa realidade começou a mudar. Esse estudo tem o objetivo de promover uma revisão sobre os principais fatos que nortearam as discussões sobre as questões ambientais e o desenvolvimento sustentável. DESENVOLVIMENTO Um dos primeiros trabalhos a contrastar os diversos cenários possíveis para o desenvolvimento global foi o relatório Limites do Crescimento. Financiado pelo Clube de Roma, o relatório defendia um processo de inovação profunda a fim de controlar o aumento da pegada ecológica e evitar a saturação da capacidade de suporte e autodepuração do planeta. Recebido com incertezas entre cientistas ambientais e economistas, o Limites do Crescimento marcou os debates da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, conhecida também como a Conferência de Estocolmo, ocorrida em 1972 (Meadows et al., 2007). A realização de uma conferência de abordagem ambiental em uma época preocupada com questões estratégico-militares teve efeitos limitados nas esferas governamentais. Os efeitos mais sensíveis ocorreram nas sociedades civis, com o surgimento de movimentos ecológicos (como o Greenpeace), a formação de partidos verdes, o aumento de estudos científicos respaldados pelo sensoriamento remoto (com o lançamento do Landsat 1) e a popularização de conceitos complexos como os do efeito estufa, o buraco da camada de ozônio e o derretimento das geleiras (Alves, 2001). Outras conquistas importantes da Conferência de Estocolmo foram a entrada do tema ambiental nas discussões multilaterais (através dos documentos: Declaração de Estocolmo e o Plano de Ação para o Meio Ambiente) e a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (Lago, 2006). A dificuldade de diálogos e os conflitos de interesses entre as nações ricas e pobres se tornou ainda mais contundente na Declaração de Cocoyok, em 1974, que responsabilizava os países industrializados em relação aos problemas dos em desenvolvimento pelo consumo dos recursos de forma excessiva que agravava o problema de distribuição de riquezas, aumentando a pobreza, causando explosão demográfica e maior destruição dos recursos naturais, num ciclo vicioso (Romeiro, 2012). Em 1975, o PNUMA propõe o conceito de ecodesenvolvimento, que destacava um tipo de desenvolvimento que atendesse a realidade de crescimento de cada região e a utilização de forma adequada dos recursos naturais. O tom político centrado no pensamento de emancipação dos pobres e a dificuldade de criar um ambiente de diálogos que transformassem os discursos teóricos em ações

práticas resultou no abandono do termo ecodesenvolvimento alguns anos mais tarde (Gavard, 2009). Em 1983 foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento para dialogar com líderes globais e sociedade os caminhos mais adequados para promover o desenvolvimento em equilíbrio com o meio ambiente. Liderado pela primeira-ministra da Noruega, GroBrundtland, o trabalho final da comissão foi publicado em 1987, com o relatório Nosso Futuro Comum. Surge a partir daí o conceito que a humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável de garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer as capacidades de as gerações futuras também atenderem também às suas (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991). O texto também discorre sobre os limites do desenvolvimento, a necessidade de combate à pobreza, a mudança de estilo de vida dos mais ricos e a estabilização demográfica. O conceito de desenvolvimento sustentável se consagra na 2ª Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO Rio-92, realizada no Rio de Janeiro (Gavard, 2009). Considerada complexa por receber além da conferência intergovernamental um fórum da sociedade civil, a ECO Rio-92 produziu os principais documentos: a Convenção sobre o Clima e a Convenção sobre a Biodiversidade; a Declaração de Princípios sobre Florestas; a Agenda 21 e a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Alves 2001). O termo se consolidou e dez anos após a ECO Rio-92 ocorreu, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo. Sem apresentar novidades relevantes, o encontro serviu para reafirmar o compromisso das nações com o desenvolvimento sustentável em seus três principais pilares: econômico, social e ambiental (Pagliarin e Tolentino, 2015). Vinte anos após a ECO Rio-92, houve a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20. Os discursos mais relevantes da reunião foram os da segurança alimentar; o da insuficiência do Produto Interno Bruto (PIB) para medir a sustentabilidade do desenvolvimento; o da credibilidade científica; a economia verde; e, por fim, da importância do setor privado para o desenvolvimento sustentável (Guimarães e Fontoura, 2012). Para ter referências que demonstram que os países estão ficando mais ricos de maneira sustentável, foi lançado na Rio +20 o Índice de Riqueza Inclusiva (IRI) que considera: o capital humano o qual mensura o nível de educação e capacitação das pessoas; o capital produtivo que determina a capacidade industrial do país; o capital natural, responsável por dimensionar florestas, combustíveis fósseis, peixes, minerais e terras agrícolas dos países (Pires, 2012). O Relatório de Riqueza Inclusiva, que propõe o IRI, foi baseado nas considerações da Avaliação Ecossistêmica do Milênio (2005) e da Comissão Stiglitz-Sen-Fitoussi (2009), a qual alegou

que para medir o desenvolvimento socioeconômico de um país, deveriam ser consideradas a sustentabilidade e a qualidade de vida (UNU-IHDP e UNEP, 2012). O documento final da conferência propunha a adoção de objetivos e metas, como na criação dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) que seriam resultados de uma parceria mundial a fim de reduzir a pobreza crítica, com uma série de oito objetivos que deveriam ser alcançados até 2015 (PNUD, s.d). Diante disso, foi aprovado por líderes mundiais o documento Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que consiste em uma agenda responsável por criar um plano de ação para a sociedade (PNUD, s.d). Neste documento há o reconhecimento de que o maior desafio do mundo é eliminar a pobreza, condição essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável (PNUD, 2016). Nesta agenda foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas que buscam alcançar avanço nas metas que não foram alcançadas nos ODM. Segundo o PNUD (2016), os ODS procuram garantir os direitos humanos e atingir a igualdade de gênero, além de mesclarem de forma proporcional as questões econômicas, sociais e ambientais. No âmbito nacional, o Brasil possui Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) desde 2002. Em 2015, o IBGE publicou seu sexto relatório contendo 63 indicadores nas quatro dimensões consideradas em 2002. De acordo com IBGE (2015), os indicadores servem como um importante subsídio para acompanhar o desenvolvimento do país, tornando públicas as informações da realidade brasileira e fornecendo base para a elaboração de políticas públicas em prol da sustentabilidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS O crescimento econômico não é sinônimo de desenvolvimento. Para alcançar o estágio de desenvolvimento sustentável, deve haver uma integração entre a sociedade civil, o poder público e privado. Grandes avanços já ocorreram desde o início das discussões, mas é importante ter em vista a manutenção dos indicadores de desenvolvimento já criados e implantar novos medidores de qualidade socioambiental, para que os acordos firmados em prol da sustentabilidade sejam colocados em prática. REFERÊNCIAS ALVES, J. A. L. Relações internacionais e temas sociais: a década das conferências. Brasília: Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI), 2001. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991. DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9 ed. São Paulo: Gaia, 2004.

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