OUTUBRO 2004 SUMÁRIO I. Legislação II. Instruções administrativas III. Jurisprudência nacional IV. Jurisprudência comunitária I. LEGISLAÇÃO Ministério das Finanças e da Administração Pública Proposta de Lei n.º 146/IX, publicada no Diário da Assembleia da República II Série A, n.º 12/IX/3, de 16 de Outubro Proposta de Lei de Orçamento do Estado para 2005 Esta proposta já foi objecto da nossa análise numa Newsletter especialmente preparada para o efeito. Ministério dos Negócios Estrangeiros Aviso n.º 161/2004, de 22 de Outubro Eliminação da Dupla Tributação em Caso de Correcção de Lucros entre Empresas Associadas Torna público ter, em 15 de Setembro de 2004 sido emitida nota pelo Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia que as Partes Contratantes do Protocolo de Alteração da Convenção, de 23 de Julho de 1990, Relativa à Eliminação da Dupla Tributação em Caso de Correcção de Lucros entre Empresas Associadas, assinado em Bruxelas em 25 de Maio de 1999, concluíram, em 4 de Agosto de 2004, as formalidades necessárias à entrada em vigor do referido Protocolo. Portugal é Parte neste Protocolo, aprovado, para ratificação, pela Resolução da Assembleia da República n.º 43/2004 e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 27/2004, ambos publicados no Diário da República, 1.ª série-a, n.º 148, de 25 de Junho de 2004. Nos termos do n.º 1 do artigo 3º, o Protocolo entra em vigor em 1 de Novembro de 2004. 1
Ministério das Finanças e da Administração Pública Portaria n.º 1145/2004 (2.ª série), de 30 de Outubro Retenção na fonte Nova declaração Modelo 10 Foi aprovada a declaração modelo 10, e respectivas instruções de preenchimento, que vem substituir o Anexo J da Declaração Anual, no âmbito do cumprimento da obrigação declarativa a que se refere a alínea c) do n.º 1 do artigo 119º do Código do IRS e o artigo 120.º do Código do IRC, aprovado pela Portaria n.º 51/2004, de 16 de Janeiro. Mantém-se a obrigatoriedade do envio por transmissão electrónica de dados da nova declaração, no mês de Fevereiro de cada ano, para todos os sujeitos passivos de IRC, ainda que isentos, subjectiva ou objectivamente, assim como para todos os sujeitos passivos de IRS titulares de rendimentos empresariais ou profissionais. O modelo aprovado deverá ser utilizado a partir de 1 de Janeiro de 2005. Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Justiça Aviso n.º 10 097/2004 (2.ª série), de 30 de Outubro Taxa supletiva de juros moratórios relativamente aos créditos de que sejam titulares empresas comerciais, singulares ou colectivas Nos termos do artigo 102º, parágrafos terceiro e quarto, do Código Comercial, foi fixada em 9,01% a taxa supletiva de juros moratórios, a aplicar a partir de 1 de Outubro de 2004, relativamente aos créditos de que sejam titulares empresas comerciais, singulares ou colectivas. II. INSTRUÇÕES ADMINISTRATIVAS DGCI Despacho de 23 de Abril de 2004, emitido no âmbito do processo n.º 2164/2004 IRS Tributação de prémios atribuídos em sorteios ou concursos A Administração Tributária veio esclarecer que, em sede de IRS, os prémios atribuídos em quaisquer sorteios ou concursos constituem incrementos patrimoniais, estando assim sujeitos a tributação no âmbito da categoria G. Nesses casos, a taxa a aplicar a estes rendimentos é de 35% e a entidade devedora desses rendimentos deverá efectuar a respectiva retenção na fonte. 2
Os prémios a atribuir, quer sejam em dinheiro ou em espécie deverão ser anunciados pelo seu valor líquido, confirmando-se assim a doutrina administrativa outrora fixada através do Ofício Circulado n.º 8/92, de 16 de Abril. O IRS correspondente deverá ser entregue em qualquer repartição de finanças, nas instituições bancárias autorizadas ou nos correios, até ao dia 20 do mês seguinte, sendo a entidade promotora do sorteio ou concurso a responsável pela respectiva entrega. DGCI Despacho de 8 de Julho de 2004, emitido no âmbito do processo n.º 2184/03 IRS Enquadramento fiscal de rendimentos atribuídos no âmbito de estágios profissionais A Administração Tributária veio considerar que os estagiários ou formandos que na realização de estágios profissionais desempenhem tarefas das quais benefícios ou vantagens para a empresa, os rendimentos auferidos pelos estagiários devem integrar a categoria A, nos termos do Código do IRS, sendo assim tributados nos termos gerais, conforme dispõe a alínea a) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 2º do Código do IRS. No caso de não existir contrato de trabalho entre os intervenientes em causa, os ditos rendimentos integram a categoria B, sendo considerados como resultantes de uma prestação de serviço independente, conforme alínea b) do n.º 1 do artigo 3º do Código do IRS. Nesse sentido, a retenção na fonte incidirá sobre a totalidade dos rendimentos atribuídos, exceptuando os valores totais ou parcialmente excluídos da tributação como é caso do subsídio de refeição. Os subsídios só não serão tributáveis quando os estágios consistirem apenas na aquisição de conhecimentos teóricos, pois daí não resultará qualquer benefício ou vantagem para a empresa. DGCI Despacho de 17 de Maio de 2004, emitido no âmbito do processo n.º 3545/2002 IRS Tributação da subscrição de acções pelos trabalhadores em situação privilegiada Na sequência do despacho supra identificado, a Administração Tributária veio reafirmar tal como já resultava do parágrafo 7) do número 3 do artigo 2º do Código do IRS, que a subscrição de acções pelos trabalhadores de determinada sociedade, abaixo do valor de mercado, ou seja, em situação privilegiada, enquadram-se dentro dos benefícios atribuídos em função da prestação de trabalho, sendo como tal, tributáveis enquanto rendimentos de trabalho dependente. 3
O rendimento tributável consistirá na diferença entre o valor que o trabalhador pagou pelas acções e o valor de mercado das mesmas, sendo que se momento em que se considera que o trabalhador obteve os ganhos resultantes da aquisição das acções, é o da subscrição. III. JURISPRUDÊNCIA NACIONAL Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 22 de Setembro de 2004 (2ª Secção), emitido no âmbito do processo n.º 01481/03 IRS Juros decorridos No seguimento de jurisprudência constante, o tribunal veio reiterar o entendimento já aplicável às operações lavagem de cupão no sentido de se proceder à tributação como rendimentos de capitais (categoria E), mediante retenção na fonte, dos juros de títulos de dívida decorridos até à data da venda acontecida em momento anterior ao da amortização ou reembolso, nos termos do artigo 5º, n.º 1, alínea c) do Código do IRS. Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 6 de Outubro de 2004 (2ª Secção), emitido no âmbito do processo n.º 026622 Taxa Operações fora de bolsa Tal como decidiu o TJCE, os artigos 11º e 12º da Directiva 69/335/CEE do Conselho, de 17 de Julho de 1969, relativa aos impostos indirectos que incidem sobre as reuniões de capitais, na versão resultante da Directiva 85/303/CEE do Conselho, de 10 de Junho de 1985, devem ser interpretados no sentido de que não se opõem à cobrança de uma taxa sobre a transmissão fora de bolsa de acções cujo montante aumenta de forma directa e sem limites, proporcionalmente ao montante da transacção. Na fixação de tais taxas pode o legislador atender ao valor envolvido nas diversas operações de compra ou de venda de valores mobiliários pois que a afectação de recursos e a responsabilidade assumida pela entidade de supervisão representa um custo cujo financiamento não permite a sua fixação avulsa em função de critérios casuísticos, fixados operação a operação, antes exigindo a sua padronização em função dos custos e responsabilidades assumidos pela entidade pública e das utilidades geradas para os sujeitos passivos, pelo que nada obsta a que a retribuição dos serviços de supervisão assente em taxa fixadas sobre o valor de cada operação (taxas ad valorem), conquanto tal não se revele manifestamente excessivo ou desproporcionado. 4
Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 22 de Setembro de 2004 (2ª Secção), emitido no âmbito do processo n.º 0119/04 IRC Relações especiais Correcções à matéria colectável Fundamentação O tribunal veio, uma vez mais reafirmar, quando estejam em causa correcções da matéria colectável com base em relações especiais, a necessidade de fundamentação do acto da Administração Tributária que conduz a essas correcções da matéria colectável, no termos do artigo 80º do CPT (actual artigo 77º, n.º3 da LGT). Tribunal Central Administrativo Acórdão de 12 de Outubro de 2004 (2ª Secção), emitido no âmbito do processo n.º 00184/03 Impugnação judicial IRC Custos Donativo Contabilização Princípio da especialização dos exercícios De acordo com o princípio da especialização dos exercícios, os custos devem ser reconhecidos quando incorridos, independentemente do seu pagamento (tal como os proveitos devem ser reconhecidos quando, quando obtidos, independentemente do seu recebimento). Verificando-se um donativo que a lei considera como custo ou perda, o mesmo deve ser contabilizado no ano em que a doação se tornou eficaz, mediante a aceitação da proposta negocial, em obediência ao princípio da especialização dos exercícios, que pode não ser aquele em que o dinheiro foi efectivamente entregue ao donatário. IV. JURISPRUDÊNCIA COMUNITÁRIA Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias Acórdão de 21 de Outubro de 2004 (Primeira Secção), emitido no âmbito do processo n.º C- 8/03 (BBL) Sexta Directiva IVA Artigos 4 e 9, n.º 2, alínea e) Conceito de sujeito passivo Lugar da prestação de serviços SICAV luxemburguesas O processo C-8/03 teve por objecto um pedido de decisão prejudicial apresentado pelo Tribunal de Primeira Instância de Bruxelas relativo a um litígio entre o Banque Bruxelles Lambert SA (BBL) e o Estado Belga. 5
De acordo com os factos, o BBL prestou serviços de consultadoria a SICAV luxemburguesas. Mais tarde, no âmbito de uma fiscalização das autoridades tributárias belgas, foi detectado que o BBL não havia facturado IVA sobre as comissões de consultadoria exigidas às SICAV luxemburguesas, por entender que esses serviços haviam sido prestados no Luxemburgo, nos termos do Código do IVA Belga. Entendeu o órgão jurisdicional de reenvio que a norma de exclusão do Código do IVA Belga não é aplicável porque as SICAV não são sujeitos passivos, de acordo com a legislação Luxemburguesa. Perante esta situação, o Tribunal decidiu que as SICAV, cujo objecto exclusivo consiste no investimento colectivo em valores mobiliários obtidos junto do público em conformidade com a Directiva 85/611, têm a qualidade de sujeito passivo na acepção do artigo 4º da Sexta Directiva, pelo que o lugar da prestação de serviços, prevista no artigo 9º, n.º2, alínea e) da mesma Directiva, a favor das SICAV estabelecidas noutro Estado-Membro que não o do prestador é o lugar onde essas SICAV têm a sede das suas actividades económicas. PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL 1 8º 1250-160 LISBOA AVENIDA DA BOAVISTA 3265 7º 4100-137 PORTO TEL 351 21 355 3800. FAX 351 21 353 2362 e-mail: lisboa@gpcb.pt. http://www.gpcb.pt Tel 351 22 616 6920. FAX 351 22 616 6949 e-mail porto@gpcb.pt. http://www.gpcb.pt 6