CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A FORMAÇÃO DO CIDADÃO ATIVO EM ESCOLAS DE URUAÇU-GO

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Transcrição:

CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A FORMAÇÃO DO CIDADÃO ATIVO EM ESCOLAS DE URUAÇU-GO Gabriella Aguiar Valente IFG-Campus Uruaçu-GO, e-mail: gabiaguiarv@hotmail.com Rafaela Gomes Araujo IFG-Campus Uruaçu-GO, e-mail: rafaelagomes1@live.com Jéssyca Augusto de Paula IFG-Campus Uruaçu-GO, e-mail: jessycaaugusto@hotmail.com Gustavo Lopes de Paulo Paula IFG-Campus Uruaçu-GO, e-mail: gustavolopesdepaulo_2008@hotmail.com Prof. Ms.: John Carlos Alves Ribeiro IFG/Câmpus Uruaçu-GO, e-mail: jc.arifg@gmail.com Resumo Essa pesquisa se propôs discutir as possibilidades do ensino de geografia para a formação de cidadãos participativos em escolas de Uruaçu-GO. Entendendo a escola enquanto espaço complexo que permite tanto a reprodução, quanto a transformação da sociedade essa pesquisa visa discutir sobre como as aulas de geografia podem contribuir para a efetivação da cidadania. Dessa forma, ser cidadão é entendido aqui como mais que ter direito, mas como, também, ter direito a ter direitos, tendo o cidadão um papel central nessa busca por viver à cidade o mais plenamente possível. A questão central desse projeto é, portanto: como a educação formal através das aulas de geografia pode contribuir para a formação de cidadãos ativos, conscientes e participativos? Para responder essa e outras questões foram realizados os seguintes passos: entrevistas com professores e alunos de geografia de duas escolas de Uruaçu-GO para conhecer as dinâmicas das aulas de geografia nessas escolas; aplicaram-se questionários para conhecer melhor os sujeitos pesquisados; tentou-se identificar nas aulas, conteúdos e metodologias, bem como no envolvimento dos alunos as possíveis contribuições da geografia para a formação cidadã. A tabulação dos dados coletados e a redação do texto final está em fase de conclusão. Palavras-Chave: Ensino de geografia, Cidadania, Direito à cidade. CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A FORMAÇÃO DO CIDADÃO ATIVO EM ESCOLAS DE URUAÇU-GO Introdução 1

A pesquisa aqui apresentada busca discutir as possíveis contribuições do ensino de geografia para a formação de cidadão que se proponham a participar mais da necessária busca por efetivação de direitos. Sendo assim, a pesquisa foi organizada da forma disposta a seguir. Objetivos São objetivos dessa pesquisa: compreender a atuação do professor de geografia de algumas escolas de Uruaçu-GO para a formação do cidadão ativo e consciente de seu papel diante da sociedade; Destacar as metodologias, temas e abordagens utilizadas pelos professores das escolas pesquisadas que possam ou não contribuir para a formação de um cidadão ativo; Analisar e discutir de que forma as aulas de geografia podem contribuir (mais, ou menos, ou se não podem) para a formação de cidadãos ativos. Justificativa/Fundamentação Teórica O papel da escola enquanto reprodutora do status quo como a abordaram Bourdieu & Passeron (1982) e Althusser (1999), ou como transformadora da sociedade, como podemos lêla em Gadoti (1981), Freire (1983), Adorno (1995) dentre outros, é amplamente discutido nas universidades e centros de estudos e pesquisas em educação por todo o Brasil e pelo mundo. Atualmente discute-se, além disso, a crise da escola diante da nova realidade dita pósmoderna (CANDAU, 2000). Discute-se também os novos paradigmas da ciência (PENA- VEGA & NASCIMENTO, 1999) que põem em xeque os conteúdos trabalhados na escola enquanto verdades prontas e definitivas. Soma-se a isso a crise de valores, a crise da autoridade docente, a crise da família nuclear tradicional e de diversas estruturas e elementos da sociedade que tem se transformado muito rapidamente desde o último meio século e suas implicações para a realidade da educação (LIBÂNEO, 2003). Tudo isso tem tornado o processo de ensino/aprendizado, da educação formal como a denomina Brandão (2004), algo ainda mais complexo e confuso. A partir das últimas mudanças nos paradigmas científicos somente a quantificação e análise isolada de fatos e dados (números) passa a não ser mais suficiente para explicar os fenômenos naturais e sociais. A ciência tem mudado na busca por superar os reducionismos, determinismos e causalidades (MORIN, 1999; CASTORIADIS, 1999), que reinaram até as últimas décadas do século XX. 2

Portanto, seja na busca por uma visão crítica dos fenômenos sociais e suas reais motivações, tendo como base o Materialismo Hitórico-Dialético (LEFEBVRE, 1979; BORON, 2006) ou na busca pela percepção das questões simbólicas e representações que os indivíduos possuem com relação aos lugares em que vivem, típicos da fenomenologia (TUAN, 1983; MERLEAU-PONTY, 1989); ou mesmo buscando superar as barreiras da própria ciência geográfica, dialogando com a filosofia, a educação, a sociologia e com quais ciências mais forem necessárias, numa atitude transdisciplinar, típica da teoria da complexidade (PENA-VEGA & NASCIMENTO, 1999); essa pesquisa visa ampliar o foco e tentar compreender as contribuições do ensino de geografia para a formação de cidadãos ativos em suas múltiplas determinações, ou seja, em sua complexidade, buscando entendê-la por meio das falas e vivências dos próprios sujeitos pesquisados, ao longo do próprio desenvolvimento das aulas de geografia desse ano letivo. Metodologia Para a realização da pesquisa serão necessários alguns procedimentos, como: a revisão bibliográfica, de caráter teórico-metodológica, a respeito do tema e da própria proposta de pesquisa, que permita a compreensão e/ou o entendimento dos conceitos mais importantes e das principais abordagens, métodos e metodologias utilizadas em pesquisas anteriores. Serão necessários também: A aplicação de um breve questionário socioeconômico visando conhecer melhor os sujeitos pesquisados (professores de geografia e alunos de algumas turmas 2 turmas por professor pesquisado); A realização de entrevista com os professores de geografia do turno matutino das escolas pesquisadas, com o intuito de compreender melhor sua prática de ensino e suas possíveis contribuições para a formação de cidadãos ativos; A aplicação de um novo questionário, por amostragem, agora com alguns alunos das turmas dos professores entrevistados, buscando entender como os alunos recebem os conteúdos estudados pelo professor; A realização de entrevistas com alguns dos alunos (de 3 a 5 alunos) para tentar perceber as contribuições das aulas de geografia para a formação de um cidadão ativo. Resultados e discussão A tabulação dos dados alcançados por meio dos questionários e entrevistas em andamento e, portanto, ainda se tem pouco a discutir sobre o papel da geografia na formação 3

cidadã nas escolas em estudo. O que se pode destacar até aqui é que em ambas as escolas a visão de cidadania não foge do senso comum, na qual ser cidadão é possuir direitos e deveres e que, até o momento, todos consideram a geografia importante para a formação do cidadão, apesar de não saberem explicar bem isso. Considerações finais Essa pesquisa está buscando ampliar o foco sobre como nossas escolas tratam a formação para a cidadania ativa e participativa, pegando o exemplo da disciplina geografia e suas possíveis contribuições para a formação desse perfil de cidadãos. Sabe-se, porém, que todo conhecimento sobre a dinâmica de funcionamento da sociedade é importante melhorar a nossa atuação enquanto cidadãos. Sendo assim esperamos deixar alguma contribuição nesse sentido, incentivando o conhecimento e a busca por maior participação nos rumos que toma nossa sociedade. Referências ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. ALTHUSSER, Louis. Sobre a reprodução. Petrópolis: Vozes, 1999. BORON, A.; AMADEO, J.; GONZÁLEZ, S. (Org.). A teoria marxista hoje: propostas e perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2007. BOURDIEU, P. & PASSERON, J. C. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos: 20). CANDAU, Vera Maria (Org.). Reinventar a escola. Petrópolis-RJ: Vozes, 2000. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. GADOTI, Moacir. Concepção dialética da educação e educação brasileira contemporânea. Educação e Sociedade: Revista Quadrimestral de Ciências da Educação, ano III, n. 8, março de 1981. p.p. 5-32. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. 4

MERLEAU-PONTY, Maurice. Textos selecionados. Seleção de textos CHAUÍ, Marilena de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1989. (Os Pesadores). PENA-VEGA, A.; & NASCIMENTO, E. P. do. O pensar complexo: Edgar Morin e a crise da modernidade. 5