PRO-REITORIA DE ENSINO. DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA - EAD POLO: Surubim - PE. Aluno: Alexandre de Moraes Hissa



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Transcrição:

PRO-REITORIA DE ENSINO DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA - EAD POLO: Surubim - PE. Aluno: Alexandre de Moraes Hissa REFORMA TRIBUTÁRIA NACIONAL: IMPOSTO ÚNICO UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA DESONERAR A EXCESSIVA CARGA DE TRIBUTOS NO BRASIL

1- INTRODUÇÃO Ao Observarmos o Brasil nas últimas duas décadas vemos um vertiginoso crescimento em diversos segmentos de nossa economia, porém com todos os avanços surge o seguinte questionamento: Quando o Brasil será um país rico? Para alguns dos mais renomados especialistas nas áreas de desenvolvimento sustentável tais como Milton Friedman, Marcos Sintra, Guido Mantega Atual ministro da Fazenda entre outros, alguns pilares são essenciais para se obter êxito nesse questionamento, são eles: O nível educacional de uma nação, a estrutura tributária desse país além de sua infraestrutura de modo geral e sua eficácia do sistema judiciário. Focando o estudo na variável tributação, o presente artigo tem a proposta de apresentar de forma clara a importância do imposto único para uma tentativa de se ter um sistema tributário mais eficaz. Este imposto, proposto em 1990, está sendo discutido no Congresso Nacional e tem como objetivo fazer uma grande reforma tributaria ao substituir os atuais impostos por um imposto singular. Só para se ter uma idéia de quão excessivos são os impostos no país, o quadro abaixo faz um pequeno demonstrativo da variável tributos, confrontando os praticados no Brasil e em alguns países da America Latina e só ao analisar esse fator vemos que para se tornar uma nação de primeiro mundo, um país mais homogêneo em fatores relacionados a renda, nível educacional e bem estar social precisamos urgentemente resolver o problema tributário da nação.

O objetivo principal dessa pesquisa foi analisar veemente a evolução dos impostos no país, além de verificar sua reestruturação e tendências com foco principal nas duas décadas anteriores e confrontar com a possibilidade da implementação de um imposto único a fim de estabelecer uma relação positiva a melhor eficiência na cobrança dos impostos e o crescimento agregado do país. Para a realização desta pesquisa foi de fundamental importância os dados repassados pelo Banco Central, além de dados colhidos em algumas consultorias especializadas no assunto como também no site do IBGE. Com posse desses dados e utilizando o método hipotético-dedutivo pude encontrar uma relação positiva entre a redução da carga tributária e os índices desenvolvimentistas de uma nação. O presente trabalho tem como tema a reforma tributária, e se propõe a analisar a Proposta de Emenda Constitucional n.º 474-A, de 2001, que atualmente tramita no Congresso Nacional. Tal pesquisa está organizada da seguinte maneira: No segundo capítulo será feita uma análise da estrutura do código tributário vigente, o que por si só objetiva e justifica a pesquisa, com a finalidade de apresentar um estudo descritivo do Sistema Tributário Nacional, suas bases vigentes, já no capítulo três são analisados todos os atuais impostos e contribuições que poderão ser extintos caso a proposta do Imposto Único Federal seja deferida. No capítulo quatro faremos um confronto entre o atual sistema tributário e o modelo a ser apresentado pela PEC 474-A assim como determinar quais os níveis de arrecadação que poderá ser alcançado com a nova tributação. No capítulo cinco será apresentado um estudo de caso onde foram abordadas a atual tributação e a carga tributária pretendida com a nova proposta, devido à complexidade do atual sistema tributário, com o intuito de por fim a guerra fiscal ocasionada pela alta tributação sobre a produção e o consumo. No sexto e último capítulo teceremos as considerações finais sobre a atual pesquisa e deixarei sugestões para próximas pesquisas. Palavras Chave: Desenvolvimento Sustentável, Imposto Único, Reforma Tributária, Desoneração Tributária. 2- Referencia Teórico 2.1 Uma abordagem sintética sobre o sistema tributário atual:

Na acepção de SOUZA (1950), o Direito Tributário é o ramo do Direito Público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere à obtenção de receita tributária. A obtenção de receita de natureza tributária é feita por meio da imposição de tributos, como gênero, do qual são espécies: os impostos, as taxas, as contribuições fiscais e extra fiscais e os empréstimos compulsórios. Esta atividade estatal, de obtenção de receitas de natureza tributária, é regulada por um conjunto de normas e princípios que formam o Direito Tributário e que serão estudados nesta pesquisa. O estudo do Direito Tributário, como condição para o correto exercício da cidadania, o qual consiste no dever de pagar tributos de forma justa, já tem, por si só, a sua relevância. A atividade ganha mais importância por se viver em uma Nação que impõe aos seus cidadãos uma excessiva quantidade de espécies tributárias que devem ser pagas e um variado e complexo emaranhado de normas tributárias que devem ser cumpridas. É diante deste panorama e levando-se em consideração não somente a complexidade da legislação tributária, mas também a constante imposição de obrigações tributárias pelo Fisco da federação, que este estudo se justifica. Para atingir os fins abordaremos os principais aspectos do Sistema Tributário Nacional e das normas gerais de Direito Tributário, visando a oferecer o conhecimento necessário para o entendimento da terminologia usada na legislação tributária e no estudo de qualquer espécie tributária. Logo, partindo do geral para o particular, versando a necessidade de o Estado obter e gerir recursos financeiros para realização das suas atividades; serão vistas as espécies tributárias, vigentes no Sistema Tributário Nacional, as competências para exigi-las e as limitações ao poder de tributar e as garantias contidas, expressa ou implicitamente, na Constituição Federal, ainda com uma breve abordagem sobre o conceito e suas incidências. 2.1.1 O Estado e a sua Atividade Financeira Primeiramente, o leitor deve ter um conhecimento básico acerca da necessidade de recursos e as formas como o Estado pode obtê-los. Para evitar confusões que possam prejudicar a compreensão e a aprendizagem do leitor, é importante salientar que dentre as diversas acepções da palavra estado duas há que nos interessam mais diretamente: a) Conjunto de poderes políticos de uma nação (estado republicano, estado democrático, estado totalitário);

b) Divisão territorial de certos países. Exemplo: o Brasil está dividido em 26 estados: Amazonas, Pará, Maranhão etc. Nos tratados de Teoria Geral do Estado verifica-se que o Estado (nação, país) é a organização política de uma sociedade cuja finalidade principal é realizar o bem comum, ou seja, atender às necessidades coletivas do povo. Para atender às necessidades coletivas, de interesse geral da comunidade, como segurança, ensino, saúde, abertura e pavimentação de ruas e avenidas, limpeza pública, saneamento etc. e realizar o bem comum, o Estado precisa realizar uma série de atividades e, para tanto, necessita de recursos financeiros, ou seja, precisa de dinheiro. A obtenção destes recursos financeiros ou de receitas públicas, como são também chamados, consiste na atividade financeira do Estado. De modo geral, a atividade financeira do Estado consiste em toda ação que ele desenvolve para obter, gerir e aplicar os meios necessários para satisfazer às necessidades da coletividade e realizar os seus fins. Essas atividades são variadas e, para atender a elas, o Estado precisa de bens móveis e imóveis, de serviços, de materiais, etc, em última análise, ele precisa obter receitas das mais variadas fontes para custear as suas despesas e realizar os investimentos necessários para cumprir as suas finalidades. A atividade financeira do Estado é objeto de estudo do Direito Financeiro, o qual, entre outras atribuições, visa a disciplinar, por meio de normas jurídicas, aludida atividade. As receitas auferidas pelo Estado provêm de três fontes: a) das atividades econômicas exercidas por ele próprio; b) dos empréstimos; c) em maior proporção, das imposições tributárias. As auferidas das duas primeiras fontes são chamadas receitas originárias, por se originarem do próprio patrimônio estatal; as auferidas da terceira fonte são chamadas derivadas por serem obtidas por meio compulsório, do patrimônio privado dos cidadãos e das empresas. A tributação, como forma de obtenção de receitas para o Estado, no Estado Democrático de Direito, é disciplinada por normas. Isto significa que o Estado soberano, em matéria tributária, ao legislar e criar tributos por lei tem a sua soberania limitada e as relações que surgem entre aquele e os particulares são relações de Direito e não de soberania, força ou poder. Para um esclarecimento mais didático, e elucidação da evolução da atividade de tributação, é necessário registrar que nem sempre esta atividade foi regulada por lei. NOGUEIRA (1995) observa que, nos primórdios, a prestação tributária ficava ao arbítrio

dos particulares, como um favor ou auxílio destes à comunidade; numa nova fase essa requisição foi passando para o arbítrio do soberano que ia exigindo sem critérios, apenas dentro da relação de força ou poder e, finalmente, dentro da evolução do Estado de Direito, foi passando a ser exigida por meio da relação jurídica, que significa em virtude de lei, na medida por esta prevista e fixada. Foi no intuito da regulação da atividade estatal da tributação que passaram a ser instituídos sistemas de tributação que elegem diversificadamente, no tempo e no espaço, determinados índices ou bases de tributação. No tópico seguinte será estudado o sistema tributário brasileiro, com as suas bases tributárias, as espécies tributárias e a atribuição de competência para cobrá-las. 2.1.2 O Sistema Tributário na Constituição Segundo NOGUEIRA (1995), nos sistemas tributários, criados até hoje, foram utilizados cinco índices de tributação, a saber: indivíduo ou classe, patrimônio, despesa, produto e renda. A primeira base de tributação utiliza o próprio indivíduo como medida tributária, ou seja, cobra-se tributo por cabeça (per capita). Como base do segundo índice, utiliza-se o patrimônio, bem ou conjunto de bens dos indivíduos. No terceiro índice, a base é o consumo, os gastos ou despesas dos indivíduos. No quarto índice, a base tributária é a produção. Por fim, no quinto índice, utiliza-se a obtenção de riqueza ou renda como medida da capacidade tributária. Entre nós, no sistema tributário vigente, são utilizados os quatro últimos índices citados, como medidas de capacidade tributária. A regulação das relações entre o Estado e os particulares em torno da exigência de tributos constitui o sistema ou ramo do Direito Público obrigacional, que, em razão da sua forma e conteúdo próprio, denomina-se Direito Tributário. De acordo com o autor aqui referido, o reconhecimento do Direito Tributário como ramo autônomo do Direito pátrio se deu com a estruturação e inclusão do Sistema Tributário Nacional no texto da Constituição Federal, inaugurado pela Emenda Constitucional nº 18, de 1965. A palavra sistema pode ser entendida como um conjunto de partes coordenadas entre si, tendente à obtenção de determinado fim. Na lição de CARRAZZA (2005), sistema é reunião ordenada de várias partes que formam um todo, de tal modo que elas se sustentam mutuamente e as últimas partes explicam-se pelas primeiras. A par desta afirmação indaga-se: há um sistema tributário vigente no Brasil? Para NOGUEIRA (1995), um sistema tributário exige certa coordenação dos diferentes tributos entre si, com o

sistema econômico dominante e com os fins fiscais e extra fiscais da imposição. Para o autor, o Sistema Tributário introduzido no Brasil pela Emenda Constitucional nº 18/65 foi obra de teorização e racionalização do legislador da época, pelo fato de a comissão ter subordinado os seus trabalhos à premissa da consolidação dos impostos de natureza idêntica em figuras unitárias, definidas pelas suas bases econômicas e, ainda, à premissa da integração do sistema tributário com o plano econômico e jurídico nacional, em substituição ao critério vigente e histórico da coexistência de três sistemas tributários autônomos: federal, estadual e municipal. O atual Sistema Tributário, vigente no Brasil, encontra-se compreendido entre os artigos 145 a 162 da Constituição Federal de 1988, no Capítulo I, do seu Título VI, Do Sistema Tributário Nacional. O Sistema Tributário, previsto na Constituição Federal de 1988, teve suas bases instituídas na reforma tributária de 1965. O sistema implantado naquela reforma foi mantido em suas premissas básicas, tendo havido apenas a sua ampliação e atualização no atual ordenamento jurídico tributário. Além das normas explícitas na Constituição, também integram o Sistema Tributário Nacional vários outros dispositivos sobre tributação, expressos na Constituição, os princípios constitucionais implícitos e as normas complementares à Constituição sobre tributação, como por exemplo, o Código Tributário Nacional CTN, instituído pela Lei nº 5.1721, de 25 de outubro de 1966. O Sistema Tributário previsto na Constituição compreende os tributos que podem ser exigidos no Brasil, estabelece os poderes e as competências para a exigência dos tributos nele previstos, reparte receitas tributárias, estabelece os princípios gerais da tributação e limita o poder de tributar. Para COÊLHO (2003), a parte da Constituição que cuida dos fundamentos da tributação, a qual ele denomina de Constituição Tributária, está dividida em três grupos temáticos: a) o da distribuição das competências tributárias entre União, Estados e os Municípios; b) o dos princípios tributários e das limitações ao poder de tributar; c) o da partilha direta e indireta do produto da arrecadação dos impostos entre as pessoas políticas da Federação (participação de uns na arrecadação dos outros). Nos tópicos seguintes será estudado cada um destes grupos temáticos previstos no Sistema Tributário Nacional. 2.1.3 Espécies Tributárias As pessoas ouvem com freqüência termos como tributo, imposto, taxa, tarifa, contribuição etc. Mas, que vem a ser um tributo? Tributo e imposto são a mesma coisa ou são diferentes? Neste tópico, serão estudadas estas categorias tributárias previstas no

Sistema Tributário Nacional, esclarecendo os seus respectivos significados, as suas semelhanças e diferenças. Os tributos, como já foram mencionados, são as receitas derivadas que o Estado recolhe do patrimônio das pessoas, baseado no seu poder fiscal (poder de tributar), mas disciplinado por normas de direito público, que constituem o Direito Tributário. Tributo é a denominação genérica que compreende todas as espécies catalogadas no Sistema Tributário. A Constituição Federal, em seu art. 145, estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir as seguintes espécies tributárias: 1- Impostos; 2- Taxas; em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição 3- Contribuição de melhoria; decorrente de obras públicas. O imposto é um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação não vinculada a nenhuma atividade estatal. Para cobrá-lo, o Estado não necessita realizar nenhuma contraprestação direta por meio de obras e serviços públicos (art. 160, do CTN). A taxa é um tributo vinculado diretamente, por possuir a sua hipótese de incidência consistente numa ação estatal diretamente relacionada com o contribuinte (art. 77, do CTN). A sua cobrança está diretamente relacionada à prestação de serviço público ou ao exercício do poder de polícia pelo Estado, que beneficia o próprio contribuinte ou a coletividade. A contribuição de melhoria, por possuir uma hipótese de incidência consistente numa atuação estatal, indiretamente referida ao contribuinte, é um tributo vinculado indiretamente (art. 81, do CTN). A cobrança deste tributo sempre estará relacionada à realização de obras públicas, que produzam valorização imobiliária para o seu contribuinte. A priori, pelo disposto no artigo 145, da Constituição Federal, apressadamente conclui-se que as espécies de tributos que os Entes da Federação poderão cobrar são apenas três: impostos, taxas e contribuição de melhoria. Este é também o entendimento dado pelo art. 5º, da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional), que estabelece serem tributos: os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Com a análise completa do Capítulo I, do Título VI, da Constituição Federal, que trata do Sistema Tributário Nacional, verifica-se que não são apenas estas as espécies tributárias que as pessoas políticas que integram a Federação brasileira podem cobrar.

A Constituição Federal prevê, ainda, a possibilidade de serem cobradas contribuições sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, contribuição para custeio do serviço de iluminação pública e empréstimos compulsórios. A autorização para a instituição e a cobrança de contribuições sociais encontra-se prevista no art. 149, da Constituição. Este dispositivo estabelece que compete, exclusivamente, à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. De acordo com o 1º, do citado art. 149, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios somente poderão instituir contribuições, cobradas de seus servidores, para o custeio em benefícios destes, de sistema de previdência e assistência social. Sendo o Brasil uma federação formada por várias entidades políticas, veremos que nem todas podem instituir indiferentemente estes tributos, pois, se existisse esta possibilidade, surgiriam conflitos, sobreposições, enfim um caos tributário. No tópico seguinte, veremos como foi realizada a partilha das espécies tributárias entre as entidades que integram a Federação. 2.1.4 Competência Tributária A expressão competência tributária pode ser definida com sendo o poder atribuído pela Constituição Federal de, observadas as normas gerais de Direito Tributário, instituir, cobrar e fiscalizar tributos, compreendendo a competência legislativa, administrativa e judicante. A competência legislativa consiste no poder de editar as leis instituidoras e reguladoras das espécies tributárias e da competência tributária. No exercício da competência administrativa, a entidade titular da competência tributária exerce, entre outras, as atividades de cobrança ou arrecadação de tributos e de fiscalização das obrigações tributárias impostas às entidades. Por sua vez, a competência judicante compreende as atividades de exigência dos tributos, assim como a defesa contra ações propostas pelas entidades obrigadas ao pagamento de tributos, no âmbito administrativo e judicial. CARVALHO (1993) define competência tributária como uma das parcelas entre as prerrogativas legiferantes de que são portadoras as entidades políticas, consubstanciada na faculdade de legislar para a produção de normas jurídicas sobre tributos; ou seja, a competência tributária também

consiste na função de criar leis tributárias. BASTOS (2002), por seu turno, entende que competência, em matéria tributária, é a faculdade atribuída pela Constituição às entidades de direito público com capacidade política para criar tributos. A competência tributária pode ser comum, quando a Constituição Federal a atribui às três esferas de governo, para instituir determinado tributo, como por exemplo, no caso das taxas e da contribuição de melhoria. A competência pode ser privativa ou exclusiva, quando somente um poder tributante pode instituir um tributo; e residual, quando existir a possibilidade de uma entidade política instituir tributos não previstos expressamente na Constituição. A competência tributária é indelegável, mas o art. 7º, do CTN permite que, mediante convênio, as funções de arrecadar, fiscalizar, executar leis, serviços, atos e decisões administrativas possam ser delegadas pelas entidades titulares de competência tributária a outra entidade jurídica de direito público. O primeiro requisito para a instituição de um tributo é a competência tributária, ou em outras palavras, a autorização constitucional. Ou seja, a competência para o sujeito ativo ou entidade tributante instituir tributo deve constar da Constituição Federal, caso contrário é impossível fazê-lo. Assim, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios só poderão instituir (além das taxas e contribuições) os impostos relacionados nos art. 155 e 156, respectivamente, por somente eles serem das suas competências. Se eles, por exemplo, desejarem instituir um imposto não previsto naqueles artigos, somente será possível por meio de alteração da Constituição, para obter a competência tributária ou, em outras palavras, conseguir a autorização constitucional. O exercício da competência tributária é realizado mediante a edição de lei aprovada pelo Poder Legislativo, na qual o sujeito ativo ou entidade tributante (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) institui o tributo e estabelecem os seus elementos estruturais, como o fato gerador, a base de cálculo, a alíquota, os contribuintes etc. 2.1.4.1 A competência tributária da União Em matéria tributária, a Constituição Federal de 1988 atribuiu competência à União para instituir: 1- Concorrentemente com os demais entes tributantes da Federação: taxas e contribuição de melhoria; 2- Contribuições sociais, contribuição de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas;

3- Empréstimos compulsórios; 4- Impostos sobre: 4.1- Exportações, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE); 4.2- Importações de produtos estrangeiros (II); 4.3- Renda e proventos de qualquer natureza (IRPF e IRPJ); 4.4- Produtos industrializados (IPI); 4.5- Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF); 4.6- Propriedade territorial rural (ITR); 4.7-Grandes fortunas. A competência tributária comum ou concorrente para a União instituir taxas e contribuição de melhoria encontra-se prevista no art. 145, da Carta Magna. Por outro lado, as competências exclusivas, para que ela possa instituir empréstimos compulsórios; contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas; e impostos, encontram-se, respectivamente, nos art. 148, 149 e 153, da Constituição Federal. A União, além destas competências, possui a competência residual para a instituição de outros impostos não previstos expressamente na Constituição. A competência residual da União para a instituição de impostos não previstos,encontra-se no inciso I do art. 154, da Lei Maior. Por esta norma, a União poderá instituir qualquer imposto, desde que ele seja não cumulativo e que não tenha fato gerador ou base de cálculo própria dos discriminados na Constituição. A União poderá ainda, em caso de guerra, instituir impostos extraordinários, compreendidos ou não, na sua competência tributária. Neste caso, eles devem ser suprimidos quando cessarem os motivos da sua criação. Esta previsão encontra-se no inciso II, do art. 154, da Constituição Federal. São também da competência tributária da União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais (art. 147, da Constituição Federal). 2.1.4.2 A competência tributária dos Estados e do Distrito Federal Conforme dispõe o art. 145, da Constituição Federal, os Estados e o Distrito Federal podem também instituir taxas e contribuição de melhoria. Estes são tributos da competência comum de todos os entes integrantes da Federação. Por outro lado, a Constituição Federal, em seu art. 155, atribui aos Estados e ao Distrito Federal a competência tributária, privativa ou exclusiva, para instituir impostos sobre:

1- Transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos (ITCMD); 2- Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (ICMS); 3- Propriedade de veículos automotores (IPVA). Além da competência tributária atribuída aos Estados, o art. 147, da Carta Magna outorga ao Distrito Federal a competência para instituir os impostos municipais. 2.1.4.3 A competência tributária dos Municípios O art. 156, da Constituição Federal discriminando os impostos reservados aos municípios, estabeleceu que eles possam instituir impostos sobre: 1- A propriedade predial e territorial urbana (IPTU); 2- A transmissão "inter vivos", sobre qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); 3- Serviços de qualquer natureza (ISSQN). Aos Municípios cabe também a competência para instituir taxas e contribuição de melhoria. Por meio da Emenda Constitucional nº 39, de 2002, foi atribuída aos Municípios a competência tributária para instituir contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Esta competência encontra-se prevista no art. 149-A da Constituição Federal. 2.1.5 A repartição das receitas tributárias Além do sistema de discriminação dos impostos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, anteriormente examinados, como critério de equacionamento da arrecadação das receitas tributárias, previstas no Sistema Tributário Nacional, a Constituição (art. 158, I) prevê que pertencem aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o imposto da União sobre rendimentos pagos por eles, suas autarquias ou fundações. No caso de a União instituir os chamados impostos de competência residual, previstos no inciso I, do art. 154, 20% (vinte por cento) pertencerão aos Estados e ao Distrito Federal.

Aos Municípios foram atribuídos 50% da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, referente aos imóveis situados no território de cada Município (art. 158, II). Também pertencem aos Municípios: 1-50% (cinqüenta por cento) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios (art. 158, III); 2-25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (art. 158, IV). O art. 159, da Constituição Federal, prevê também que a União entregará 48% (quarenta e oito por cento) do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, na seguinte forma: 2.1-21,5% (vinte e um inteiros e cinco décimos por cento) ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE; 2.2-22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios - FPM; Há ainda outras previsões de repartição de receitas tributárias, estabelecimento de regras e critérios dessas repartições tributária nos art. 157 a 162, da Constituição Federal. 2.1.6 O Conceito de Tributo Nos tópicos precedentes já se falou em tributo e em espécies tributárias sem que tenha sido estabelecido o seu conceito ou a sua natureza. Tributo é o gênero que compreende todas as espécies tributárias previstas no Sistema Tributário. O Código Tributário Nacional (CTN) estabelece, em seu art. 3, que tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou em valor que nela se possa exprimir que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa, plenamente vinculada. O CTN, como norma complementar à Constituição, quer, com esta definição, afastar dúvidas ou interpretações discordantes e impedir que, a título de tributo, o poder público possa exigir prestações que não o sejam. Do conceito de tributo expresso na citada norma, deduz-se a característica de compulsoriedade, que o difere de prestações facultativas ou negociais; isto é, a cobrança do tributo decorre de lei, a qual torna obrigatório, para o sujeito passivo, o pagamento daquele. A outra característica do tributo é que ele deve ser expresso em moeda ou em

valor que nela possa ser expresso; isto implica que os tributos devem ser valorados pela moeda corrente do País ou em qualquer outro valor que possa ser convertido na moeda vigente. O tributo não tem caráter punitivo; as multas pecuniárias é que tem este caráter e, por conseqüência, diferem dos tributos. Esta característica evidencia que a exigência de tributo não pode ser confundida com a aplicação de uma penalidade, como sanção de um ato ilícito. Na parte final do conceito foi estabelecido que o tributo deve ser instituído por lei (princípio da legalidade) e ser cobrado mediante atividade administrativa, plenamente vinculada; ou seja, não há tributo sem lei que o estabeleça nem pode haver cobrança de tributo pelas administrações tributárias das entidades políticas, dotadas de competência tributária, que não observe os ditames da lei que o instituiu. Ainda segundo o CTN, a natureza jurídica, específica, de um tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação; ou seja, pela situação hipotética eleita pelo legislador, que se ocorrer no mundo real, fará nascer uma obrigação de realizar alguma prestação pecuniária, expressa em moeda. Para fins de determinação da natureza jurídica de um tributo, o CTN estabelece, em seu art. 4º, que são irrelevantes para qualificá-la: a denominação e demais características formais, adotadas pela lei e a destinação legal do produto da sua arrecadação. 2.1.7 Os Principais Impostos do Brasil O atual sistema tributário precisa passar por uma reforma, pois a última aconteceu em 1967, e para atual realidade brasileira muitos dos tributos hoje cobrados seja imposto federal, estadual ou municipal, são em muitos casos injustos e ultrapassados. Pode-se observar que cada nível de governo, por direito, pode determinar, estabelecer as contribuições e impostos que são conferidos a eles. Mas esses mesmos responsáveis continuam insistindo na permanência das normas e das regras complexas nesse atual sistema, deixando os contribuintes com dificuldade na interpretação das mesmas e aumentando os erros na contribuição. E em alguns casos as contribuições se tornam muito pesadas, induzido muitos ao mercado informal, a corrupção e a sonegação.

Entre os impostos e contribuições existentes no Brasil os mais comuns e mais conhecidos são: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, Imposto sobre a Renda da Pessoa Física - IRPF, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, Programa de Integração Social PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e o Imposto Simples Nacional que além de conter o IRPJ, PIS a COFINS, abrange o Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e 13 intermunicipal e de comunicação ICMS e Imposto sobre serviços de qualquer natureza ISS. Os principais Impostos Federais, Estaduais e Municipais, são descritos a seguir: FEDERAIS: Imposto Sobre a Renda da Pessoa Física IRPF - É o imposto que todo ano é cobrado aos brasileiros que receberam salário maior que o determinado como mínimo para a contribuição. Ele é pago baseado sobre a renda financeira da pessoa física. Em muitos países são cobrados algum imposto semelhante, só em cerca de 16 países não tem esse tipo de imposto. Exemplo: Bahamas, Nigéria e Arábia Saudita. (resumo do texto sobre o assunto pesquisado no site http://www.portaltributario.com.br/tributos). Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ - Existem quatro formas de tributação para as pessoas jurídicas: Simples, lucro arbitrado, lucro real e lucro presumido. Falando de forma geral, vai integrar a base de cálculo desse imposto todos os ganhos e rendimentos de capital, seja qual for a denominação dada para o contribuinte, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, só precisa ser decorrente de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos observados nas normas específicas do imposto previsto para aquele contribuinte. Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI - São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte: 1. O importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; 2. O industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto que industrializar em seu estabelecimento, bem assim quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar;

3. O estabelecimento equiparado a industrial, quanto ao fato gerador relativo aos produtos que dele saírem, bem assim quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar; 4. Os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras, o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado pela imunidade prevista na Constituição Federal. Considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL - Dentre os tributos, a que estão sujeitas as empresas, encontra-se a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL. A esta Contribuição Social aplicar-se-ão as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ e, no que couberem, as referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à cobrança, às penalidades, às garantias e ao processo administrativo, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação da CSLL. A opção para recolhimento da CSLL é dada na opção em conjunta para recolhimento IRPJ. A Base de cálculo da CSLL é resultante da aplicação da alíquota de 12% a receita bruta e se tratando dos prestadores de serviço 32% e sobre esta base será aplicada a alíquota de 9% que determinará o valor a ser recolhido determinando o valor a ser recolhido determinando o valor da contribuição. Programa de Integração Social PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS - O PIS e a COFINS tem dois tipos de regimes o nãocumulativo e o regime cumulativo. As empresas que optam pelo regime de Lucro Real obrigatoriamente terão a opção do regime não-cumulativo para recolhimento do PIS e da COFINS, o mesmo não ocorre com as empresas que optam pelo Lucro Presumido que poderá optar pelo regime cumulativo ou não-cumulativo conforme o tipo de receita operacional por ela auferida. O PIS é uma contribuição social de natureza tributária, devida pelas pessoas jurídicas, com objetivo de financiar o pagamento do segurodesemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. A COFINS contribuição federal, de natureza tributária, incidente sobre a receita bruta das empresas em geral, destinada a financiar a seguridade social. Sua alíquota é de 7,6% para as empresas tributadas pelo lucro real (sistemática da não cumulatividade) e de 3,0% para as demais tem por base de cálculo: 1- O faturamento mensal (receita bruta da venda de bens e serviços), ou

2- O total das receitas da pessoa jurídica. O termo "seguridade social" deve ser entendido dentro do capítulo próprio da Constituição Federal de 1988, e abrange a previdência social, a saúde e a assistência social. Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros IOF - Incide sobre operações de crédito, de câmbio e seguro e operações relativas a títulos e valores mobiliários) é um imposto brasileiro. É um imposto federal, ou seja, somente a União tem competência para instituí-lo (Art.153, V, da Constituição Federal). A principal função do IOF é ser um instrumento de manipulação política de crédito, câmbio, seguro e valores mobiliários. Como exemplo de que isso é real, temos o caso do IOF sobre rendimentos obtidos em aplicações financeiras: a partir do primeiro dia da aplicação, a alíquota do IOF vai diminuindo progressivamente, até zerar no 30º dia. Com isso o governo desestimula a ciranda financeira entre aplicações. Com o fim da CPMF governo anunciou alterações percentuais em alguns impostos, dentre eles o IOF. A alíquota nas operações de crédito, quando da efetivação de entrega parcial ou total do valor que constitui o débito, ou quando colocado à disposição do interessado (neste item inclui-se o IOF cobrado quando do saque de recursos colocados em aplicação financeira, quando resgatados em menos de 30 dias) ESTADUAIS: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS - É um imposto estadual, ou seja, somente os Governos dos Estados do Brasil e do Distrito Federal têm competência para instituí-lo (Conforme: Art.155, II, da Constituição de 1988). O campo de incidência do ICMS é definido, na origem, pela própria Constituição Federal, em seu Art.155. A Constituição atribuiu competência tributária à União para criar uma lei geral sobre o ICMS, através de Lei Complementar (Lei Complementar 87/1996, a chamada "Lei Kandir"). A partir dessa lei geral, cada Estado institui o tributo por lei ordinária, o chamado "regulamento do ICMS" ou "RICMS", que é uma consolidação de toda a legislação sobre o ICMS vigente no Estado, e é aprovada por Decreto do Governador. Fato gerador: O principal fato gerador para a incidência do ICMS é a circulação de mercadoria, mesmo que se inicie no exterior. Além disso, o ICMS incide sobre serviços de telecomunicação e transporte intermunicipais e interestaduais.

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores IPVA - É um imposto estadual, ou seja, somente os Estados e o Distrito Federal têm competência para instituílo (Art.155, III da Constituição Federal). Do total arrecadado por cada veículo, 50% é destinado ao governo estadual, enquanto que os outros 50% são destinados ao município onde o veículo foi emplacado. O IPVA tem como fato gerador a propriedade do veículo automotor (automóveis, motocicletas, embarcações, aeronaves, etc). MUNICIPAIS: Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza ISSQN - É um imposto municipal, ou seja, somente os municípios têm competência para instituí-lo (Art.156, IV, da Constituição Federal). A única exceção é o Distrito Federal, unidade da federação que tem as mesmas atribuições dos Estados e dos municípios. O ISSQN tem como fato gerador a prestação (por empresa ou profissional autônomo) de serviços descritos na lista de serviços da Lei Complementar nº 116 (de 31 de julho de 2003). Como regra geral, o ISSQN é recolhido ao município em que se encontra o estabelecimento do prestador. O recolhimento somente é feito ao município no qual o serviço foi prestado (ver o artigo 3º da lei complementar citada) no caso de serviços caracterizados por sua realização no estabelecimento do cliente (tomador), por exemplo: limpeza de imóveis, segurança, construção civil, fornecimento de mão-de-obra. A União, através da lei complementar citada, fixou alíquota máxima de 5% para todos os serviços. A alíquota mínima é de 2% conforme o artigo 88, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana IPTU - Este imposto foi instituído pela Constituição Federal cuja incidência se dá sobre a propriedade urbana. Ou seja, o IPTU tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de propriedade imóvel localizada em zona urbana ou extensão urbana. Os contribuintes do imposto são as pessoas físicas ou jurídicas que mantém a posse do imóvel, por justo título. A função do IPTU é tipicamente fiscal, embora também possua função social. Sua finalidade principal é a obtenção de recursos financeiros para os municípios, embora ele também possa ser utilizado como instrumento urbanístico de controle do preço da terra. Atualmente ele é definido pelo artigo 156 da Constituição de 1988, que o caracteriza como imposto municipal, ou seja, somente os municípios têm competência para aplicá-lo. A única exceção ocorre no Distrito Federal, unidade da federação que tem as mesmas

atribuições dos Estados e dos municípios. No Brasil, o IPTU costuma ter papel de destaque entre as fontes arrecadatórias municipais, figurando muitas vezes como a principal origem das verbas em municípios médios. Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis e Inter-Vivos ITBI - Este imposto está previsto na Constituição Federal/1988, no artigo 156, inciso II. O Código Tributário Nacional - CTN (Lei 5.172, de 25.10.1966), rege o IBTI em seus artigos 35 a 42. A Constituição Federal de 1988 estipulou que o ITCMD (imposto sobre a transmissão causa mortis ou doação) competiria aos Estados e ao DF (art.155, I), enquanto os municípios ficariam com o ITBI (imposto sobre a transmissão de bens inter-vivos) (art. 156). O fato gerador é a transmissão, por ato oneroso, de bens imóveis, excluindo-se a sucessão (causa mortis). Em termos de legislação ordinária, o ITBI, sendo da competência dos Municípios, tem legislação própria para cada um deles. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. Lucro Real Trimestral ou Anual - As entidades determinam a modalidade de opção do Lucro Real baseada no Balanço Patrimonial anual, a pessoa jurídica que está obrigada por lei a opção do Lucro Real enquanto para outras esta modalidade é de melhor valia para redução dos custos tributários. E a base de calculo do Lucro Real como o próprio nome diz é o lucro apurado trimestralmente deduzido as despesas apuradas no período onde será aplicado o percentual de 15% para determinar o valor do Imposto de Renda devida, calcular um adicional de 10% sobre o lucro excedente a R$ 60.000,00 no trimestre. No Lucro Real anual diferentemente do trimestral as despesas apuradas em um mês poderão ser deduzidas em outros meses. Lucro Presumido - A opção pelo Lucro Presumido é auferida pelas pessoas jurídicas cuja receita ano anterior tenha sido inferior a R$ 48.000.000,00, sua atividade não seja de instituições financeiras e não possuam lucros, rendimentos ou ganhos de capital do exterior. A base de calculo para Lucro Presumido é 8% para: 1- Atividade na venda de mercadorias e produtos; 2- Serviços de transporte de cargas; 3- Serviços hospitalares; 4- Venda de imóveis;

5- Indústria; 6- Gráficas e; 7- Construção Civil por empreitada. A base de calculo para Lucro Presumido é 16% para: 1- As atividades de prestadores de serviços exceto de serviços hospitalares; 2- Transporte e; 3- Profissões regulamentares. A base de calculo para Lucro Presumido é 32% para: 1- Os prestadores de serviços cuja receita seja superior a R$ 120.000,00 e; Os de atividade mista de venda e prestação de serviços. Para o cálculo o imposto a recolher deve ser aplicado sobre a base de cálculo definido o percentual de 15%. Como ocorre com o Lucro Real no Lucro Presumido também existe o percentual de 10% para as receitas que exceder o valor de R$ 60.000,00 no trimestre. 2.1.10 Considerações finais Ao chegar ao final dessa sinopse sobre os principais aspectos do Sistema Tributário Nacional, espera-se que o leitor tenha conseguido apreender o conteúdo exposto; que tenha adquirido conhecimento acerca dos institutos do Direito Tributário que irão possibilitar o entendimento da legislação que institui e rege as espécies tributárias do Sistema Tributário Nacional, assim como, na qualidade de cidadão, ter maiores condições de poder cumprir melhor com as suas obrigações tributárias e saber exigir os seus direitos de contribuinte ou responsável. Ademais, acredita-se que a leitura desse módulo permitirá a incorporação das informações necessárias à compreensão e ao bom aproveitamento do restante do artigo, assim como tirarmos nossas próprias conclusões acerca da atual cobrança de impostos no Brasil. 3-SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL X IMPOSTO ÚNICO. O sistema tributário brasileiro atualmente é considerado o que tem a maior carga tributária da America Latina, com uma arrecadação de cerca de 30% do PIB devido à tributação imposta pela união, estados e municípios, através dos impostos, sejam eles diretos em que a obrigação tributária é suportada exclusivamente pelo contribuinte sem que seu ônus

seja repassado a terceiros; e os indiretos que a carga financeira decorrente da obrigação é transferida para terceiros ficando o sujeito passivo obrigado a recolher o respectivo valor, tais impostos são aqueles que incidem sobre a produção e a circulação de bens e serviços e que são repassados para o preço, através do ICMS, IPI, PIS, COFINS, etc. Diante deste cenário verifica-se que não estão sendo obedecidas o principio da equidade que determina a constituição federal, que prima pela justiça social, capaz de trazer maior benefício ao consumo dos mais pobres, justificada pela sua baixa capacidade contributiva. A reforma tributaria em 1967 tornou-se ultrapassada, fora dos padrões e da realidade social hoje vivida no Brasil, podendo ser facilmente notado pela alta tributação imposta sobre a produção, provocando a evasão e sonegação, levando os contribuintes ao trabalho informal, causando um desequilíbrio na arrecadação e provocando um aumento de tributação para compensar possíveis perdas decorrentes desta atividade. Por outro lado, pode-se analisar a questão da complexidade tributária como um dos pontos negativos do atual sistema tributário brasileiro, onde as três esferas de governo possuem competência impositiva, que promove a guerra fiscal principalmente a nível estadual através das alíquotas diferenciadas do ICMS. Atualmente no congresso nacional existe a proposta de emenda constitucional PEC 474/2001, que trata da criação do imposto sobre movimentação financeira IUF, como forma de substituição do atual sistema tributário, a idéia de utilização das movimentações financeiras como hipótese de incidência tributária teve origem no momento em que a moeda escritural passou a ter supremacia sobre a moeda manual. Nas últimas décadas, a intensa informatização das operações bancárias propiciou as condições ideais para a adoção das movimentações bancárias como base de incidência tributária. O projeto consiste em aplicar a alíquota de 1% sobre todas as movimentações financeiras de débito e crédito. 3.1 Vantagens do Imposto Único Apesar de certas resistências, o Brasil já teve uma experiência bem-sucedida através da CPMF que serviu de laboratório experimental para que o Imposto Único seja implementado, que nos faz crê que já temos um modelo concreto de substituição dos atuais impostos que são complexos, heterogêneos, e altamente susceptíveis à evasão. A criação do Imposto Único sobre movimentação financeira vem como uma proposta clara

de reduzir custos, eliminar a corrupção, evitar a sonegação e evasão de impostos, neste sentido visa distribuir a tributação de forma homogênea sobre as operações financeiras realizadas pelos contribuintes em geral, desta forma todas as fases de tributação seriam contempladas. Elementos constitutivos do Imposto Único sobre Transações a) Fonte e fato gerador: todas as transações monetárias e de comércio exterior b) Contribuintes: pessoas físicas e pessoas jurídicas com conta bancária c) Base de cálculo: "ad valorem", varia em função do valor das transações d) Alíquotas: 1 % da conta devedora e 1 % da conta credora; 4% sobre saques e depósitos e) Prazo de pagamento: neutro, o recolhimento é simultâneo à ocorrência do fato gerador f) Âmbito da validade: território nacional g) Abrangência: substituição de todos os tributos, com exceção daqueles sobre o comércio exterior FONTE: ALBUQUERQUE, M.C.C. de (1990). Por uma revolução tributária. Folha de São Paulo. São Paulo. 14 jan. p.a-3. ROCHA, F. (1991). Proposta de emenda constitucional - Câmara dos Deputados. Brasília, s.ed. O IUF alcança todos os agentes econômicos, aumentando a arrecadação, eliminando distorções na cobrança dos impostos, evitando a sonegação e com isso permitindo uma desoneração da carga tributária imposta sobre a produção. Everardo Maciel comenta existirá forma melhor de levar à ruína a indústria brasileira que submetêla à competição com o subfaturamento ou o descaminho nas importações? A sonegação, dirão alguns, se enfrenta com fiscalização e medidas punitivas. Em países emergentes, essa é uma verdade parcial. Não basta a fiscalização e as medidas punitivas, é indispensável que a concepção do imposto já o previna a, tanto quanto possível, a sua própria sonegação. Impostos complexos são terreno fértil para a evasão fiscal, para não falar da elisão. A sonegação, nessas circunstâncias, deve merecer tratamento preventivo, antes que curativo. Secretaria da Receita Federal, Tributação da Renda no Brasil Pós-Real, Ministério da Fazenda, Brasília, 2001. Vale lembrar que tributo sobre movimentação financeira, ou sobre movimentação bancária, já vem sendo utilizado na Austrália desde 1982, ainda que de forma muito mais restrita que a proposta do Brasil. Na Argentina o imposto sobre cheques foi utilizado na política de estabilização adotada pelo então ministro Domingo Cavallo. Segundo RANGEL (2001, pp. 9-10) imposto único traz inúmeras vantagens de ordem tributária. A fiscalização torna-se mais simples; os critérios de taxação ficam mais transparentes; os custos por parte do poder público, e também os custos do setor privado vinculados às exigências tributárias,

tornam-se mais leves. Conclui Albuquerque (2003) que, por outro lado, a administração tributária ficaria restrita à verificação genérica do volume e do valor das operações financeiras sujeitas ao Imposto Único Federal. Quanto à correção do respectivo imposto retido e recolhido, no âmbito das instituições financeiras, que são os contribuintes legais, ficaria enormemente simplificada, com conseqüente redução dos custos de arrecadação por parte dos entes federativos e enxugamento da máquina arrecadatória. A simplificação do processo fiscal é evidente quando toda a arrecadação se concentra em um único tributo, incidente sobre uma única base. 3.2 Desvantagens do Imposto Único Contrapondo os defensores da teoria do imposto único, encontramos a posição de Rasador (2007), da organização Pensamento Nacional das Bases Empresariais PNBE, que apresenta a seguinte crítica às propostas: Sempre em vésperas de eleições surgem candidatos que, na falta de um projeto consistente de governo, fazem promessas de todo gênero, desde a multiplicação dos pães (ou salários) até o alivio do bolso do contribuinte com a criação de imposto único, insonegável, com baixo percentual e ampla base de incidência (alguns se aventuram a afirmar que é suficiente elevar a alíquota da CPMF para 1,7%) que, sem qualquer corte nos gastos públicos, supriria todas as necessidades de caixa do Tesouro Nacional e do Sistema Previdenciário. O imposto único na visão desses ingênuos milagreiros ou mal informados seria o elixir para todos os males do sistema tributário nacional e encheria as burras no tesouro, sem qualquer esforço adicional dos contribuintes, sem aumentar a relação carga tributária versus PIB e sem cortes nos gastos públicos. Afirmativas dessa natureza só encontram eco porque, em decorrência de nosso sistema tributário caótico e da falta de informações sobre os gastos públicos, poucos têm condições (entre eles não estão, por óbvio, os que defendem o imposto único) de avaliar adequadamente a situação econômico-financeira em que vive o Estado brasileiro. Basta analisar, ainda que de forma superficial, os dados do Tesouro Nacional para constatar a completa inviabilidade de se substituir os tributos (impostos, contribuições e taxas) por um imposto único que, sem possibilidade de sonegação, incida sobre a movimentação financeira, a exemplo da CPMF vigente. Com efeito, os dados divulgados pela Divisão de Acompanhamento da Arrecadação, da Secretaria da Receita Federal, indicam que no primeiro semestre de 2006 (janeiro a junho) foram arrecadados em tributos administrados pela SRF, não incluídas aí as contribuições previdenciárias (sobre a folha de salários) o total de R$ 178.818 milhões de reais. Desse total, R$ 15.098 milhões de reais foram arrecadados a título de CPMF, representando 8,44% do total arrecadado com tributos federais. Assim, para substituir todos os impostos federais por um imposto único, a alíquota da CPMF atual (0,38%) deveria ser