Nos termos do artigo 55 da lei /06, com base nos fatos e fundamentos que passa a expor:

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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA- GOIÁS. PROCESSO: XXXXX URGENTE RÉU PRESO MURILO de tal, brasileiro, solteiro, auxiliar de vendas, nascido em 16 de agosto de 1987, natural de Goiânia - Goiás, filho de Maria, portador da cédula de identidade nº xxxx DGPC-GO, inscrito no Ministério da Fazenda sob o CPF nº xxxx, residente e domiciliado na Avenida xxx Goiânia, Goiás, por intermédio de seu advogado, JOÃO BATISTA GOMES FILHO, advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB/GO sob nº. 24.678, com endereço profissional à Rua 18, 110, edf. Business Center, sala 207, setor oeste, Goiânia-Go vem apresentar DEFESA PRÉVIA Nos termos do artigo 55 da lei 11.343/06, com base nos fatos e fundamentos que passa a expor: 1. DOS FATOS 1

Trata-se de Auto de prisão em flagrante, lavrado pelo Delegado de Polícia do 4º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, haja vista que, em tese, teria o paciente sido abordado por policiais militares nas dependências do Buriti Shopping no dia 03/06/2014, por volta das 20:30, portando, no bolso de sua calça, pequena quantidade de maconha. Conforme o relato do policial que efetuou a prisão, o paciente teria confessado que a pequena quantidade de droga seria para venda, e que teria sido encontrada mais da mesma substância no assoalho do seu carro. O denunciado encontra-se preso na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, Goiás, desde o ultimo dia 03 de junho, sob a acusação de suposta pratica do delito estampado no art. 33, caput, lei nº 11.343/06; O Auto de Prisão em flagrante for formalizado com base no termo de apreensão, laudo de constatação e confissão do paciente. O parquet estadual ofereceu denúncia, imputando ao acusado a conduta prevista no artigo 33, caput, da lei 11.343/06. 2. DO DIREITO 2

2.1 DA INSUFICIÊNCIA DE LASTRO PROBATÓRIO MÍNIMO PARA O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE PROVA DE MERCANCIA. Ilustre julgador, basta a mera leitura do Auto de Prisão em flagrante para perceber que, no ato da prisão, se é que crime houve, pequena quantidade de substância ilícita fora encontrada com o paciente, haja vista que o resto do que foi apreendido, aproximadamente 300 (trezentos) gramas, fora encontrado no carro do paciente, na posse de outra pessoa. Além do mais, o mesmo fora encontrado apenas portando pequena quantidade de droga, não havendo testemunha de que este estaria vendendo a droga, não havendo prova da mercancia; Após abordado pelo policial militar, este teria confessado que estava ali para entregar a pequena quantidade de droga para um amigo; Ora, além de não ter sido presenciada qualquer situação de mercancia, a quantidade de entorpecente supostamente encontrada em poder do paciente poderia, por patente, consubstanciar guarda, aquisição, transporte de entorpecente para uso pessoal conduta prevista no artigo 28 da Lei Nº 11343/06 hipótese na qual sequer se pode cogitar a manutenção da custódia e cuja pena não envolve a restrição de liberdade. 3

Outrossim, não há que se falar que a quantia de drogas apreendida é indicativo seguro de traficância, máxime quando o Colendo Superior Tribunal de Justiça no RHC 24.349/MG, 6ª Turma, Rel. Ministra Jane Silva, já se posicionou nesse sentido, assegurando como pequena a quantidade 31 (trinta e um) invólucros de maconha, in verbis: PROCESSUAL PENAL RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS TRÁFICO DE DROGAS PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO LIBERDADE PROVISÓRIA RESGUARDO DA ORDEM PÚBLICA GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO REPERCUSSÃO SOCIAL ANTECIPAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA AFRONTA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE NÃO- CULPABILIDADE PEQUENA QUANTIDADE DE DROGAS TRINTA E UM INVÓLUCROS DE MACONHA IMPOSSIBILIDADE DE COMPARAÇÃO COM OS GRANDES TRAFICANTES QUE ASSOLAM O PAÍS VEDAÇÃO LEGAL IMPOSSIBILIDADE RECURSO PROVIDO. 1. A gravidade abstrata do delito atribuído ao agente é insuficiente para a manutenção de sua prisão provisória, sob pena de afronta à garantia constitucional de presunção de não-culpabilidade. 4

Precedentes. 2. Da mesma forma, a invocação da repercussão social do delito não se presta para a justificação da constrição cautelar, sob pena de antecipação do cumprimento da reprimenda, vedada pelo ordenamento jurídico pátrio, notadamente quando a quantidade de drogas encontrada em poder dos agentes não se mostra expressiva. Precedentes. 3. Unicamente a vedação legal contida no artigo 44 da Lei 11.343/2006 é insuficiente para o indeferimento da liberdade provisória, notadamente em face da edição da Lei 11.464/2007, posterior e geral em relação a todo e qualquer crime hediondo e/ou assemelhado. Precedentes. 4. Dado provimento ao recurso para deferir ao recorrente os benefícios da liberdade provisória. (RHC 24.349/MG, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), SEXTA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 01/12/2008). Nem se diga que a confissão informal feita aos policiais militares teriam efeito de 5

configurar a situação de flagrância, haja vista que este tipo de confissão é prova frágil, precária, e que, de per si, não serve para a comprovação de delito qualquer. Sobre o tema, GRINOVER-GOMES FILHO-SCARANCE FERNANDES apontam que o STF também já considerou inadmissível como prova incriminadora gravação de conversa informal do indiciado com policiais, sublinhando que a falta e advertência sobre o direito ao silêncio faz ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado (STF, HC 80.949-RJ, rel. Sepúlveda Pertence, RTJ 180/1001). Tais informações são relevantes para demonstrar a ausência de justa causa, de forma que a denúncia deve ser, de plano, rejeitada. Não há qualquer prova de mercancia, condição essencial para a configuração da conduta prevista no artigo 33 da lei 11.343/06. A única coisa segura neste processo foi a pequena quantidade de droga apreendida com o acusado. Assim, diante do cenário probatório apresentado, a defesa requer o recebimento da denuncia com alteração da classificação, nos 6

termos do artigo 28 da lei de drogas, remetendo-se o processo ao juizado especial competente. AUDIÊNCIA 2.2 DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR EM Ilustre julgador, a defesa requer a oitiva das testemunhas, arroladas no anexo, devendo todas serem intimadas nos endereços correspondentes. 3. DOS PEDIDOS Diante do exposto, a defesa requer: a) O recebimento da denúncia, desclassificando-se para o artigo 28 da lei 11.343/06, com a consequente remessa ao juízo competente; b) Subsidiariamente, requer provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, em especial, com o rol de testemunhas que segue no anexo. Nestes termos, pede deferimento Goiânia, 07/09/2014 JOÃO BATISTA GOMES FILHO 7

ROL DE TESTEMUNHAS: JOÃO BATISTA GOMES FILHO 1. Fulano de tal 2. Beltrano de tal 8