TributAção. Dezembro de 2014 - Edição nº 98. TIT/SP reconhece a imunidade tributária de livros eletrônicos (pag. 09)



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Transcrição:

TributAção Dezembro de 2014 - Edição nº 98 LEGISLAÇÃO São Paulo institui novo controle de qualidade de Autos de Infração (pag. 02) Receita Federal do Brasil cria o Novo Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado (pag. 02) Receita Federal do Brasil edita novo Regulamento do IRPJ e da CSL (pag. 03) Nova regulamentação sobre a tributação de lucros no exterior (pag. 04) Mudanças nas regras do arrolamento de bens (pag. 04) Nova definição de paraísos fiscais e de regimes fiscais privilegiados (pag. 05) TRIBUNAIS TIT/SP reconhece a imunidade tributária de livros eletrônicos (pag. 09) Novas Súmulas consolidam entendimento do CARF (pag. 10) TRF da 4ª Região mantém decisão do CARF em caso de planejamento tributário (pag. 10) Solução COSIT trata da responsabilidade dos agentes de carga quanto aos registros no SISCOSERV (pag. 11) STJ define critérios para questão da indisponibilidade de bens do devedor (pag. 12) STJ julga questão de imunidade de entidades de assistência social (pag. 13) A instituição do novo E-Social (pag. 06) Manifestação da Receita Federal do Brasil a respeito do crédito sobre o adicional de 1% de COFINS (pag. 06) DIREITO COMENTADO As novidades na tributação dos créditos concedidos no Reintegra (pg. 13) Parcelamento especial para empresas em recuperação judicial (pag. 06) ANISTIAS ESTADUAIS Confira as anistias e programas de parcelamento de débitos abertos e os respectivos prazos (pag. 07) Este Boletim foi redigido meramente para fins de informação e debate, não devendo ser considerado opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. 2014. Direitos autorais reservados a Pinheiro Neto Advogados. TRIBUTAÇÃO é elaborado mensalmente pela Área Tributária de PINHEIRO NETO ADVOGADOS, composta por 111 integrantes, sendo 15 sócios, 4 consultores, 73 associados e 19 estagiários.

ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS RELEVANTES São Paulo institui novo controle de qualidade de Autos de Infração A Secretaria da Fazenda de São Paulo ( SEFAZ/SP ) publicou em 8.11.2014 a Portaria CAT 115/2014, que disciplina o controle de qualidade previamente à lavratura de Auto de Infração. estruturação, suficiência e clareza das provas; (v) a clareza e adequação da redação das peças que fazem parte do Auto de Infração; e (vi) as hipóteses em que o Auto de Infração não deve ser lavrado. Em síntese, todos os trabalhos fiscais dos Auditores serão submetidos à revisão das chamadas Comissões de Controle de Qualidade, que verificarão se os requisitos de validade para a constituição do crédito tributário se encontram presentes. Apenas após validação dos trabalhos fiscais, o Auto de Infração poderá ser lavrado. Cabe mencionar que os requisitos a serem avaliados pelas mencionadas Comissões de Controle de Qualidade abrangem: (i) a correta identificação do sujeito passivo e eventuais responsáveis; (ii) a adequação da acusação e das infrações atribuídas ao contribuinte, bem como das penalidades impostas; (iii) a correção dos cálculos, da matéria tributável e do montante do imposto devido; (iv) a Dentre as inovações introduzidas, destacamos a discriminação expressa de hipóteses de não lavratura de Auto de Infração: a Portaria elenca em Anexo Único as infrações cometidas que não deverão ensejar a lavratura de Auto de Infração, desde que observadas determinadas condições. Em geral, as infrações estão relacionadas ao descumprimento ou erro no cumprimento de obrigações acessórias. Como alternativa às autuações, a Portaria ainda estabelece que o contribuinte que se enquadrar nas hipóteses descritas deverá ser notificado para adotar as providências necessárias à regularização da infração, caso seja possível, e a cumprir as respectivas obrigações tributárias. Receita Federal do Brasil cria o Novo Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado Em 10.12.2014, a Receita Federal do Brasil ( RFB ) lançou a primeira fase do Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado ( OEA ), com o objetivo de garantir maior agilidade aos procedimentos aduaneiros e adequá-los aos padrões internacionais. O programa, regulamentado pela Instrução Normativa RFB nº 1.521/2014 ( IN nº 1.521/2014 ), é de adesão voluntária e consiste na certificação de empresas que apresentem baixo grau de risco em suas operações de comércio exterior, tanto no cumprimento das normas aduaneiras quanto no cumprimento dos critérios de segurança definidos pela referida IN. É importante mencionar que a sua implementação será realizada em três fases. A primeira, OEA Segurança, tem como foco as exportações e certificará os operadores que cumpram os critérios de segurança. A segunda, OEA Conformidade, tem seu início previsto para dezembro de 2015 e será direcionada às importações, por meio da -2-

ampliação e revisão do Programa Linha Azul (despacho aduaneiro expresso), alcançando inclusive micro e pequenas empresas. Por fim, a terceira etapa, OEA Integrado, entrará em vigor em dezembro de 2016 e integrará o OEA a outros órgãos do Estado, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( ANVISA ) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ( MAPA ). As empresas certificadas receberão tratamento diferenciado em suas operações de importação e exportação, em razão da confiabilidade e previsibilidade de suas movimentações. Entre os benefícios, cabe citar: (i) a redução no percentual de cargas selecionadas para canais de conferência e prioridade no processo de conferência; (ii) a dispensa de exigências na habilitação ou aplicação de regimes aduaneiros especiais que já tenham sido cumpridas no procedimento de certificação do OEA; e (iii) o reconhecimento das empresas certificadas como OEA em outros países através dos Acordos de Reconhecimento Mútuo ( ARM ). A meta da RFB é que, até 2019, 50% do volume de exportação e importação no Brasil seja de empresas certificadas pelo OEA, facilitando a entrada de produtos nacionais nos 26 outros países que já adotaram o programa. Receita Federal do Brasil edita novo Regulamento do IRPJ e da CSL A legislação tributária que trata da apuração e recolhimento do IRPJ/CSL sofreu profundas modificações ao longo de 2014. Com o objetivo de adequar a apuração destes tributos aos parâmetros contábeis instituídos com base nas normas internacionais (International Financial Reporting Standards IFRS), a Receita Federal do Brasil ( RFB ) editou a Instrução Normativa nº 1.515/2014, publicada em 24.11.2014 ( IN nº 1.515/2014 ), compilando as regras gerais para apuração da base de cálculo do IRPJ/CSL. Em razão da abrangência das normas editadas pela RFB, entendemos que a IN nº 1.515/2014 pode ser considerada um novo Regulamento do IRPJ e da CSL. Apesar de a iniciativa das Autoridades Fiscais em compilar as regras ser positiva, a RFB extrapolou sua competência ao formalizar em instrução normativa conceitos e interpretações não previstos em Lei, como a possibilidade de cobrança de multa isolada concomitante com multa de ofício e a impossibilidade de deduzir despesa de juros sobre o capital próprio ( JCP ) de períodos anteriores. -3-

Nova regulamentação sobre a tributação de lucros no exterior Ainda em razão do novo regime fiscal trazido pela Lei nº 12.973/2014, as Autoridades Fiscais editaram a Instrução Normativa nº 1.520/2014 ( IN nº 1.520/214 ) para regulamentar a sistemática de apuração do IRPJ/CSL devidos em razão de lucros auferidos no exterior. A nova norma detalha: (i) a forma de controle, evidenciação e tributação dos lucros apurados por filiais, sucursais, controladas, direta ou indireta, ou coligadas, no exterior; (ii) a sistemática, requisitos e controles para consolidação dos lucros auferidos no exterior por pessoa jurídica brasileira; e (iii) a sistemática de dedução do imposto pago no exterior e do imposto retido sobre rendimentos recebidos. Além disso, a IN nº 1.520/2014 prevê que o contribuinte deverá informar os seguintes demonstrativos na Escrituração Contábil Fiscal ( ECF ): (i) demonstrativo de resultados no exterior; (ii) demonstrativo de consolidação; (iii) demonstrativo de prejuízos acumulados no exterior; (iv) demonstrativo de rendas ativas e passivas; (v) demonstrativo do imposto pago no exterior; e (vi) demonstrativo de estrutura societária. Mudanças nas regras de arrolamento de bens A Lei nº 12.973, de 13.5.2014 ( 12.973/2014 ), e mais recentemente a Lei nº 13.043, de 13.11.2014 ( Lei nº 13.043/2014 ), introduziram alterações ao texto da Lei nº 9.532/1997 (artigos 64 e 64- A), no que diz respeito ao arrolamento de bens e direitos de contribuinte que possui débitos tributários com a Receita Federal do Brasil ( RFB ) em montante superior a 30% do seu patrimônio. Em decorrência dessas alterações: (i) os órgãos de registro público, no qual estejam registrados os bens arrolados, passaram a ter o prazo de 30 dias para liberar a indicação de arrolamento (a partir da data do protocolo de petição comunicando à RFB a alienação de bem ou direito arrolado); e (ii) foi facultada ao contribuinte a requisição anual de avaliação do bem arrolado ao órgão de registro público em que está registrado (cabendo ao contribuinte arcar com as despesas periciais). Tais alterações foram importantes, pois na prática a inexistência de prazo específico resultava na permanência da indicação do arrolamento no registro dos bens por tempo indeterminado, mesmo que outros bens fossem oferecidos em substituição. Já a possibilidade de requisição de avaliação trouxe maior transparência ao arrolamento, permitindo a identificação do bem a valor justo e evitando o excesso de arrolamento. Como complemento a tais alterações, a Lei nº 13.043/2014 condicionou a substituição de bens arrolados: (i) à ordem de prioridade definida pela RFB, bem como (ii) à avaliação do bem arrolado e do bem a ser substituído (conforme introduzido pela Lei nº 12.973/2014). Com base na lei, a avaliação dos bens seria necessária apenas nas hipóteses de substituição de arrolamento, inexistindo previsão para as hipóteses de alienação. -4-

Nova definição de paraísos fiscais e de regimes fiscais privilegiados Em 28.11.2014, foi publicada a Portaria nº 488, por meio da qual o Ministro da Fazenda, valendo-se do disposto no artigo 24-B da Lei nº 9.430/1996, alterou um dos critérios adotados pela legislação brasileira para definir as jurisdições consideradas como paraísos fiscais ou como regimes fiscais privilegiados. Segundo os artigos 24 e 24-A da Lei nº 9.430/1996, referidas jurisdições são caracterizadas como aquelas em que: (a) a renda não é tributada ou o é em alíquota inferior a 20%; (b) há vedação à divulgação de informações quanto à composição societária de pessoas jurídicas, à sua titularidade ou à identificação do beneficiário efetivo de rendimentos atribuídos a não residentes; (c) concede-se vantagens fiscais sem necessidade de realização de atividade econômica substantiva; e/ou (d) se tribute rendimentos auferidos fora de seu território a alíquota inferior a 20% (sendo os requisitos c e d aplicáveis apenas para regimes fiscais privilegiados). de combate à evasão fiscal de que o Brasil faça parte. Considerando que são ainda poucos os países com os quais o Brasil celebrou esse tipo de acordo, é pouco provável, a nosso ver, que haja alteração significativa da Instrução Normativa nº 1.037/2010, que lista os paraísos fiscais e os regimes fiscais privilegiados. Ainda assim, vale notar, a Receita Federal trouxe ainda na mesma IN nº 1.530/2014 alguns requisitos para que os países ou dependências listados como paraísos fiscais e como regimes fiscais privilegiados possam apresentar pedido de reconsideração ao Governo Brasileiro, desde que comprovado o preenchimento do requisito de alinhamento aos padrões internacionais de transparência fiscal. Esse pedido será analisado pelo Governo Brasileiro e, se procedente, implicará na revisão da lista de países ou dependências com tributação favorecida ou detentores de regimes fiscais privilegiados com efeitos nãoretroativos (ex nunc). Com a publicação da Portaria nº 488/2014, o percentual de 20% fica reduzido para 17% para os países, dependências e regimes que estejam alinhados com os padrões internacionais de transparência fiscal, nos termos definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nesse sentido, a fim de esclarecer o que seriam os países, dependências e regimes que estejam alinhados com os padrões internacionais de transparência fiscal, a Receita Federal do Brasil publicou em 22.12.2014 a Instrução Normativa nº 1.530, definindo que essas jurisdições seriam aquelas com os quais o Brasil tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais para trocas de informação em matéria fiscal e estejam comprometidos com os critérios definidos em fóruns internacionais Em termos práticos, a retirada de jurisdições da lista contida na IN nº 1.037/2010 pode implicar nos seguintes efeitos para os contribuintes: (i) redução da alíquota de IRF de 25% para 15% quando das remessas a beneficiários localizados em paraísos fiscais; (ii) não-aplicação automática de regras de preços de transferência e de subcapitalização para partes não-relacionadas estabelecidas nestas jurisdições; (iii) possibilidade de dedução de despesas pagas a beneficiários localizados nestas jurisdições sem que seja necessária a comprovação dos requisitos previstos no artigo 26 da Lei nº 12.249/2010; e (iv) possibilidade de mudança de domicílio por pessoas físicas sem que seja necessária a comprovação dos requisitos mencionados pelo artigo 27 da Lei nº 12.249/2010. -5-

A instituição do novo E-Social Em 12.12.2014, foi publicado o Decreto nº 8.373, que instituiu o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, o chamado E-Social. Em síntese, o E-Social unifica todas as informações relativas às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas. Assim, a finalidade do novo sistema é centralizar todos os dados relativos aos empregados, cruzando as informações para possibilitar maior fiscalização em termos de cumprimento e observância aos direitos sociais. Vale mencionar que a implantação do E-Social deverá substituir a entrega de uma série de declarações e formulários que hoje são apresentados pelo empregador, inclusive a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social ( GFIP ). Frise-se que o Decreto nº 8.373 criou vários órgãos (Comitê Diretivo, Comitê Gestor etc.) que serão responsáveis por regulamentar a adoção do novo sistema. Assim, apesar de o mencionado Decreto já estar em vigor, será necessário aguardar novas regras que definirão as obrigações relativas ao E-Social. Manifestação da Receita Federal do Brasil a respeito do crédito sobre o adicional de 1% de COFINS Em 21.11.2014, a Receita Federal publicou o Parecer Normativo nº 10/14, por meio do qual explicita e consolida a interpretação a ser seguida pelos Fiscais na aplicação do adicional de 1% da COFINS-Importação, previsto no 21 do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004, que é devida pelo importador de bens estrangeiros ou serviços do exterior. Para saber mais, confira artigo publicado em nosso Anexo BI 2.331 clicando aqui. Parcelamento especial para empresas em recuperação judicial Nos termos do artigo 10-A da Lei nº 10.522/2002, inserido pela Lei nº 13.043/2014, foi criada uma nova espécie de parcelamento especial para empresas que pleitearem ou tiverem deferido o processamento de recuperação judicial ( Parcelamento Especial ). Por meio do referido Parcelamento Especial, as empresas em questão poderão parcelar seus débitos em 84 parcelas mensais e consecutivas que serão calculadas em função de percentuais mínimos aplicados sobre o valor da dívida consolidada. Para saber mais, confira artigo publicado em nosso Anexo BI 2.333 clicando aqui. -6-

ANISTIAS ESTADUAIS Em dezembro de 2014, foram instituídos novos programas de anistias e também foram prorrogados prazos do programa de parcelamento já instituídos. Confira-se abaixo o resumo dos principais pontos. Estado do Amazonas No Amazonas, a Secretaria da Fazenda do Amazonas ( SEFAZ/AM ) anunciou o Programa de Anistia Fiscal 2014 instituído pela Lei Estadual nº 4.101/2014 para débitos de ICMS, de IPVA e de ITCMD. Em síntese, os benefícios do programa são: Redução de 100% das multas (punitiva e de mora) e dos juros em caso de pagamento à vista; Redução de 90% das multas (punitiva e de mora) e dos juros em caso de parcelamento em até 6 parcelas; Redução de 80% das multas (punitiva e de mora) e dos juros em caso de parcelamento em até 12 parcelas; Redução de 70% das multas (punitiva e de mora) e dos juros em caso de parcelamento em até 18 parcelas; e Redução de 60% das multas (punitiva e de mora) e dos juros em caso de parcelamento em até 24 parcelas. Especificamente para o ICMS, o programa de anistia engloba os fatos geradores ocorridos até junho de 2014, inscritos ou não em dívida ativa. Porém, não alcança os créditos tributários decorrentes exclusivamente de penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Além disso, podem ser incluídos também: Os débitos de ICMS já parcelados, que não gozaram de anistias anteriores, de forma proporcional às parcelas vincendas; e O ICMS apurado pelas indústrias incentivadas (em se tratando de pagamento à vista, as contribuições financeiras relativas ao período devem ser recolhidas previamente, e, no caso de parcelamento, poderão ser parceladas juntamente com o imposto). A adesão ao programa pode ser feita até 30.12.2014. Caso a opção seja pelo pagamento à vista, o contribuinte deverá entrar no site da SEFAZ/AM e imprimir o Documento de Arrecadação de ICMS, de IPVA ou de ITCMD, e efetuar até 30.12.2014 o pagamento apenas do valor principal (tendo em vista a dispensa de 100% das multas e dos juros), sem a necessidade de qualquer pedido de adesão ao programa. Estado do Espírito Santo No Estado do Espírito Santo, o Convênio ICMS 131/2014 autorizou a instituição de programa de parcelamento de débitos de ICMS, bem como das multas e dos demais acréscimos legais, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31.8.2014, constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, inclusive ajuizados. Diferentemente de outros programas de anistia fiscal, o débito será consolidado, individualmente, na data do pedido de ingresso no programa, com todos os acréscimos legais vencidos previstos na legislação vigente na data dos respectivos fatos geradores da obrigação tributária. O débito consolidado poderá ser pago: em parcela única, com redução de até 90% das multas punitivas e moratórias e de até 80% dos demais acréscimos e encargos; em até 60 parcelas mensais, iguais e sucessivas, com redução de 65% das multas punitivas e moratórias e até 60% dos demais acréscimos e encargos; ou em até 120 parcelas mensais, iguais e sucessivas, com redução de até 50% das -7-

multas punitivas e moratórias e até 50% dos demais acréscimos e encargos. O ingresso no programa deverá ser formalizado pelo contribuinte no período de 1.3.2015 a 31.5.2014 e será homologado no momento do pagamento da parcela única (em caso de pagamento à vista) ou da primeira parcela devida (na hipótese de parcelamento). Ainda segundo o Convênio ICMS n 131/2014, a formalização do pedido de ingresso no programa implica o reconhecimento dos débitos tributários nele incluídos, ficando condicionada à desistência de eventuais ações ou embargos à execução fiscal, com renúncia ao direito sobre o qual se fundam, nos respectivos autos judiciais, e da desistência de eventuais impugnações, defesas e recursos apresentados no âmbito administrativo. Distrito Federal No Distrito Federal, o Convênio ICMS nº 124/2014 autorizou a suspensão da exigibilidade e a concessão de remissão do ICMS relativo aos créditos tributários decorrentes do Programa de Estímulo à Implantação e ao Desenvolvimento do Setor Logístico do Distrito Federal PRÓ DF/Logístico, previsto na Lei nº 3.152/2003. Os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos até 30.6.2010 terão a exigibilidade suspensa até 31.12.2015 e serão objeto de remissão ao final de sua suspensão. Esses benefícios também se estendem aos créditos tributários apropriados pelos contribuintes destinatários das mercadorias decorrentes das operações que foram alcançadas pela suspensão da exigibilidade e pela remissão. Ainda, o Convênio ICMS nº 124/2014 prevê que não serão concedidos ou prorrogados incentivos ou benefícios fiscais vinculados ao ICMS com base nessa mesma regra, ressalvada a concessão ou prorrogação na forma prevista na Lei Complementar nº 24/1975. Por fim, a nova regra estabelece que a autorização da suspensão da exigibilidade e da remissão não implica reconhecimento do direito à glosa de créditos decorrentes de benefícios ficais concedidos por outros Estados. Estado do Rio Grande do Norte Por fim, em relação ao Estado do Rio Grande do Norte, o Convênio ICMS nº 119/2014 alterou a redação do Convênio ICMS nº 11/2009, que instituiu programa de parcelamento incentivado naquele Estado. Em linhas gerais, as alterações promovidas pelo Convênio ICMS nº 119/2014 são as seguintes: extensão até 30.9.2014 do prazo para inclusão de débitos de ICMS cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31.12.2008, constituídos ou não, inclusive os espontaneamente denunciados pelo contribuinte, inscritos ou não em dívida ativa, ainda que ajuizados; autorização ao Estado do Rio Grande do Norte para convalidar os procedimentos adotados nos termos do Convênio ICMS nº 11/2009, no período de 18.9.2014 até a data da ratificação do Convênio ICMS 119/2014 (10.12.2014); e prorrogação até 22.12.2014 do prazo para o contribuinte requerer o pagamento dos débitos consolidados. Os demais termos do programa de parcelamento incentivado no Rio Grande do Norte continuam a ser regidos pelas disposições do Convênio ICMS nº 11/2009. Goiás Em 11.12.2014 foi publicada a Lei nº 18.701/2014, que prorrogou para 29.12.2014 o prazo de adesão ao programa REGULARIZA, -8-

criado pela Lei nº 18.459/2014, para inclusão de débitos de ICMS devidos ao Estado de Goiás e ainda autorizou a possibilidade de inclusão no programa de débitos de IPVA e ITCD. Na anistia podem ser incluídos débitos cujos fatos geradores tenham ocorrido até o dia 31.12.2013 e, no caso do ICMS, cuja inscrição em dívida ativa tenha ocorrido até o dia 31.12.2007. Os débitos podem ser pagos à vista ou em até 60 parcelas. O valor da multa, dos juros e da correção monetária serão reduzidos de acordo com a data de adesão ao REGULARIZA e com o número de parcelas, podendo variar da seguinte forma: Débitos de ICMS em parcela única, com redução de até 91% da multa e dos juros de mora e de até 41% dos da atualização monetária; em 30 parcelas, iguais e sucessivas, com redução de 46,98% da multa e dos juros de mora; e em até 60 parcelas mensais, iguais e sucessivas, com redução de até 31% da multa e dos juros de mora. Débitos de IPVA e ITCD em parcela única, com redução de até 100% da multa e dos juros de mora e de até 50% dos da atualização monetária; em 30 parcelas, iguais e sucessivas, com redução de 55,98% da multa e dos juros de mora; e em até 60 parcelas mensais, iguais e sucessivas, com redução de até 40% da multa e dos juros de mora. Sobre o crédito tributário incluído na anistia incidem juros e atualização monetária que variam em função do tributo devido e do número de parcelas. A adesão ao programa deverá formalizada com o pagamento do crédito tributário, se o pagamento for feito à vista ou da primeira parcela do crédito tributário, se parcelado. Ainda segundo a Lei nº 18.701/2014, a adesão ao REGULARIZA implica o reconhecimento dos débitos tributários nele incluídos e a expressa renúncia a qualquer defesa ou recurso, assim como a desistência em relação aos já interpostos. DIREITO TRIBUTÁRIO NOS TRIBUNAIS TIT/SP reconhece a imunidade tributária de livros eletrônicos Em 4.11.2014, a Câmara Superior do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo ( TIT/SP ) reconheceu a aplicação da imunidade tributária prevista no artigo 150, inciso VI, d da Constituição Federal aos chamados livros eletrônicos. No caso concreto, o Tribunal analisou a incidência do ICMS sobre fitas cassete de áudio e vídeo e CD-ROM vendidos em conjunto com livros de papel tradicionais. A Câmara Superior reconheceu, por maioria de votos, que a imunidade dos livros, jornais e periódicos deve ser interpretada de forma extensiva para proteger a criação e propagação de ideias e difundir o livre acesso à cultura e à informação. Vale destacar que o tema da imunidade -9-

tributária sobre o livro eletrônico ainda será objeto de análise pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, mas a decisão proferida pelo TIT/SP já demonstra a positiva evolução do tema na esfera administrativa. Novas Súmulas consolidam entendimento do CARF Em sessão realizada em 8.12.2014, o Pleno e as Turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ( CARF ) aprovaram 7 novas Súmulas. Transcrevemos abaixo o teor das novas Súmulas aprovadas pelo CARF: 1ª Proposta: Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. 13ª Proposta: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. 14ª Proposta: Caracterizada a ocorrência de apropriação indébita de contribuições previdenciárias descontadas de segurados empregados e/ou contribuintes individuais, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN. 7ª Proposta: É válida a decisão proferida por Delegacia da Receita Federal de Julgamento - DRJ de localidade diversa do domicílio fiscal do sujeito passivo. 8ª Proposta: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. 9ª Proposta: Lançamento de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de IRPJ ou de CSLL submete-se ao prazo decadencial previsto no art. 173, inciso I, do CTN. 20ª Proposta: A receita da atividade própria, objeto da isenção da COFINS prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.158-35, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. Vale lembrar que as Súmulas refletem o entendimento uniforme e pacificado no CARF e deverão ser obrigatoriamente observadas por todos os membros do Conselho. TRF da 4ª Região mantém decisão do CARF em caso de planejamento tributário O Tribunal Regional Federal da 4ª Região ( TRF 4ª Região ), reformando sentença da Justiça Federal em Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul), negou provimento à Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal que objetivava a anulação de decisão do CARF favorável ao contribuinte. Em síntese, o Ministério Público Federal alegou que a decisão do CARF não era suficientemente fundamentada, razão pela -10-

qual seria necessário seu cancelamento e a condenação do contribuinte ao recolhimento dos tributos federais. O TRF 4ª Região rejeitou tal pedido, reconhecendo a autonomia do CARF e declarando não ser possível suprimir o poder legalmente exercitado pela Administração, sob pena de tornar inútil o tornar o procedimento administrativo tributário. A decisão do TRF 4ª Região encontra-se em linha com as recentes decisões que rejeitaram o ajuizamento de ações populares contra decisões do CARF também favoráveis aos contribuintes, demonstrando a tendência do Poder Judiciário em garantir a autonomia e autoridade das decisões de tribunais administrativos tributários. Solução COSIT trata da responsabilidade dos agentes de carga quanto aos registros no SISCOSERV Em 2.10.2014, foi publicada a Solução de Consulta COSIT nº 257/2014, que trata da responsabilidade pelos registros no Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio ( SISCOSERV ) no caso da contratação de serviços de transporte internacional através de agentes de carga, bem como de outros detalhes sobre o registro dos fretes internacionais no referido sistema. A Solução de Consulta esclarece que a responsabilidade pela prestação de informações no SISCOSERV será determinada de acordo com a natureza da relação contratual estabelecida entre os envolvidos no serviço de transporte. Nesse sentido, vale diferenciar o prestador do serviço de transporte de carga daquele que o representa. O prestador de serviço de transporte de cargas é aquele que se obriga com quem quer enviar ou precisa receber mercadorias (tomador do serviço), comprometendo-se a transportá-las de um lugar para outro e entregá-las a quem foi indicado a recebê-las. Como bem esclarecido na Solução de Consulta, essa obrigação evidencia-se pela emissão do conhecimento de carga. Portanto, o transportador (ou seja, o prestador do serviço de transporte internacional) é aquele que emite conhecimento de carga, responsabilizando-se pela operação de transporte perante o cliente. Nada impede, porém, que o transportador estrangeiro contrate um terceiro, no Brasil, para representá-lo perante o cliente, perante as Autoridades, e perante tantos outros atores que participam da cadeia de transporte (armadores, consolidadores, desconsolidadores). Esse papel, normalmente, é exercido pelo agente de cargas. O agente de cargas pode, assim, atuar como simples intermediário na contratação entre o transportador estrangeiro e o cliente brasileiro, ou ainda realizar serviços em nome próprio. Quando atuar como mero representante do transportador estrangeiro, a responsabilidade pelo registro do frete no Módulo Aquisição do SISCOSERV será do cliente brasileiro que ordenou o transporte das mercadorias. O agente, contudo, estará obrigado a registrar no Módulo Venda do SISCOSERV os honorários recebidos do transportador estrangeiro pelos serviços de representação e intermediação. O agente de cargas apenas estará obrigado a efetuar o registro do frete no SISCOSERV caso venha a prestar serviço de transporte internacional em nome próprio (emitindo assim conhecimento de carga), e subcontrate uma empresa estrangeira para a execução do -11-

serviço. Neste caso, a subcontratação de um transportador estrangeiro obrigaria o agente de cargas a realizar o registro do frete no Módulo Aquisição do SISCOSERV. A Solução de Consulta também é relevante porque contraria o entendimento expresso anteriormente pelas autoridades fiscais na polêmica Solução de Consulta nº 106/2013 que, segundo a qual cabia ao agente de cargas a responsabilidade pelo registro do frete internacional no SISCOSERV. Note-se que a Solução de Consulta nº 106/2013 não analisava em profundidade a natureza das relações contratuais estabelecidas entre as partes, partindo do pressuposto de que havia, naquele caso concreto, efetiva subcontratação de transporte internacional pelo agente de cargas. A Solução de Consulta nº 257/14 veio corrigir esse aspecto. Por fim, ao contrário da Solução de Consulta nº 106/2013 (que produzia efeitos apenas para a consulente), a Solução de Consulta COSIT nº 257/2014 foi emitida com caráter vinculante, podendo ser aplicada aos demais contribuintes. STJ define critérios para questão da indisponibilidade de bens do devedor Segundo as regras do Código Tributário Nacional ( CTN ), o Juiz pode determinar a indisponibilidade de bens e direitos do devedor, preferencialmente por meio eletrônico, caso este seja citado para pagar a dívida tributária e não apresente bens à penhora, nem sejam encontrados bens penhoráveis em seu nome. Apesar disso, o Fisco, em muitos casos, busca decisão judicial que determine essa indisponibilidade sem antes tentar localizar os bens do devedor. Para encerrar a controvérsia, o Superior Tribunal de Justiça ( STJ ) analisou o Recurso Especial nº 1.377.507, tratado como caso paradigma, e decidiu que a indisponibilidade somente pode ser determinada se (i) houver a citação do executado; (ii) não ocorrer pagamento ou oferecimento de bens à penhora no prazo legal; e (iii) não forem encontrados bens penhoráveis. Quanto a esse último ponto, o Fisco deve comprovar que esgotou todas as providências necessárias à localização de bens do devedor, por meio do acionamento do BacenJud, da expedição de ofícios aos registros públicos de bens no cartório do domicílio do executado e da expedição de ofício ao DENATRAN ou DETRAN. Portanto, caso os requisitos acima não tenham sido observados, é possível questionar eventual indisponibilidade de bens. -12-

STJ julga questão de imunidade de entidades de assistência social Em decisão publicada recentemente, o Superior Tribunal de Justiça ( STJ ) entendeu que a imunidade das entidades de assistência social sem fins lucrativos não alcançaria os rendimentos obtidos em razão do desenvolvimento de atividade econômica, ainda que a renda seja integralmente revertida para os fins institucionais da entidade (Recurso em Mandado de Segurança nº 46.170-MS). No caso, uma instituição de educação e assistência social tornou-se franqueada dos Correios, com a destinação integral da renda decorrente desta atividade para a manutenção de suas atividades institucionais. No entendimento do Tribunal, a imunidade do ICMS abrangeria apenas as atividades diretamente relacionadas com os objetivos institucionais da entidade, previstas nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Desse modo, a imunidade em relação ao ICMS não poderia ser admitida no caso, tendo em vista que a atividade econômica fraqueada dos Correios não possuiria relação com seus trabalhos na área de assistência social, ainda que o resultado das vendas fosse integralmente revertido em prol das suas atividades essenciais. DIREITO TRIBUTÁRIO COMENTADO As novidades na tributação dos créditos concedidos no REINTEGRA William Roberto Crestani Associado das Áreas Tributária e Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados Uma das novidades trazidas pela Lei nº 13.043/2014 foi a retomada do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras ( REINTEGRA ). Para aqueles que não se recordam, o REINTEGRA foi criado em 2011 pela Medida Provisória nº 540/2011 e tinha um período de vida limitado, valendo apenas para o ano de 2012. O objetivo do REINTEGRA foi garantir às empresas exportadoras um direito de crédito correspondente a 3% da sua receita de exportação, o qual poderia ser ressarcido ou compensado com outros tributos federais. Assim, com o REINTEGRA criou-se por um período limitado de tempo um mecanismo que permitia a recuperação mais rápida dos créditos acumulados na cadeia de exportação. Recentemente, porém, a Medida Provisória nº 651/2014 (convertida na Lei nº 13.043/2014) deu nova vida ao REINTEGRA, mas com algumas alterações importantes. O regime passou a ser definitivo, não tendo prazo para acabar, o percentual de cálculo do crédito subiu de 3% para 5% e foi expressamente previsto em lei que o valor dos créditos apurados no âmbito do regime não seriam incluídos na base de cálculo do IRPJ/CSL e PIS/COFINS, não estando sujeito ao recolhimento desses tributos. -13-

Com relação a esse último ponto, a alteração criada pela medida provisória e mantida na Lei nº 13.043/2014 foi importante para os exportadores, na medida em que, para o período de 2012, a falta de previsão expressa na legislação fez com que a Receita Federal do Brasil se manifestasse em diversas Soluções de Consulta determinando o pagamento do IRPJ/CSLL e PIS/COFINS sobre os créditos então apurados, reduzindo sensivelmente o tamanho do beneficio concedido. presumido do IPI, que também foi criado visando incentivar as exportações. O Superior Tribunal de Justiça ( STJ ) já teve a oportunidade de analisar o crédito presumido do IPI e já decidiu em várias ocasiões que esses créditos corresponderiam a uma mera recuperação de custo e não a uma receita que pudesse ser tributada (vide Agravo Regimental no Recurso Especial nº 2009/0210890-6; Recurso Especial nº 807130/SC e Recurso Especial nº 332768/RS). Ainda que esse problema não mais exista para os créditos do REINTEGRA apurados a partir de 2014, o risco de tributação dos créditos apurados na versão anterior do Reintegra em 2012 ainda é uma realidade. No entanto, é importante observar que os créditos concedidos no âmbito do REINTEGRA se assemelham juridicamente ao crédito O alerta é importante, pois o mesmo raciocínio pode ser utilizado pelos exportadores que fizeram uso da primeira versão do REINTEGRA no ano de 2012, caso venham a ser cobrados pelas Autoridades Fiscais, evitando assim que se reduza sensivelmente um incentivo criado pelo Governo Federal com a clara intenção de desonerar, ainda que parcialmente, os produtos exportados. O Informativo TributAção é desenvolvido mensalmente pelos profissionais que integram a Área Tributária de Pinheiro Neto Advogados. Sócios da Área Tributária: São Paulo: Sérgio Farina Filho, Marcelo Mazon Malaquias, Ricardo Luiz Becker, Luciana Rosanova Galhardo, Mauro Berenholc, Eduardo Carvalho Caiuby, Luiz Roberto Peroba Barbosa, Tércio Chiavassa, Marcelo Marques Roncaglia, Giancarlo Chamma Matarazzo, Flávio Veitzman e Jorge Lopes. Rio de Janeiro: Carlos Henrique T. Bechara, Marcos de Vicq de Cumptich e Emir Nunes de Oliveira Neto. Colaboraram com esta edição: Giancarlo Chamma Matarazzo, Rodrigo de Sá Giarola, Priscila Stela Mariano da Silva, Ana Carpinetti, Renato Caumo, Felipe Cerrutti Balsimelli, William Roberto Crestani, Diego Filipe Casseb, Tiago Moreira Vieira Rocha, Luiz Fernando Dalle Luche Machado, Bruno Toledo Checchia, Mariana Monte Alegre de Paiva, José Márcio Rego, Vinicius Pimenta Seixas, Pedro Augusto A. A. Asseis, Mariana Monfrinatti de André, Marco Betoni, Fernando Watanabe, Caroline Pin Tin Zing e Camila Macedo Simão RUA HUNGRIA, 1.100, 01455-906 SÃO PAULO, SP T.: +55 (11) 3247-8400 F.: +55 (11) 3247-8600 BRASIL RUA HUMAITÁ, 275, 16º ANDAR 22261-005 RIO DE JANEIRO, RJ T.: +55 (21) 2506-1600 F.: +55 (21) 2506-1660 BRASIL SAFS QUADRA 2, BLOCO B, 3º ANDAR, ED. VIA OFFICE, 70070-600, BRASÍLIA, DF T.: +55 (61) 3312-9400 F.: +55 (61) 3312-9444 BRASIL PNA@PN.COM.BR WWW.PINHEIRONETO.COM.BR -14-