CONVERSANDO SOBRE A SEXUALIDADE ADOLESCENTE CURSO ON-LINE - PARA COMUNIDADE DE EDUCADORES E EDUCADORAS DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP 1 RESUMO

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Transcrição:

CONVERSANDO SOBRE A SEXUALIDADE ADOLESCENTE CURSO ON-LINE - PARA COMUNIDADE DE EDUCADORES E EDUCADORAS DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP 1 RESUMO Patrícia de O. e S. Pereira Mendes 2 Compreender a adolescência em seus aspectos sócio-culturais, bem como dialogar a respeito da temática sexualidade e a forma como ela passa a ser encarada nesta etapa de desenvolvimento humano, é de fundamental importância na formação de educadores e educadoras. O presente Projeto de Extensão faz parte da caminhada do Grupo de Pesquisa Formação de Educadores e Educação Sexual da UDESC, que há mais de vinte anos desenvolve suas atividades aliando ensino, pesquisa e extensão, com a preocupação atual de estudar o uso das novas tecnologias. Esse curso on-line, direcionado aos educadores e educadoras do município de Presidente Prudente e demais educadores público interno da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, objetivou sensibilizar esses profissionais para a urgência de realizarem reflexões diante da adolescência e da sexualidade adolescente, com vistas à construção de ações comprometidas com uma educação sexual emancipatória. A metodologia on-line foi desenvolvida na plataforma MOODLE, que se caracteriza como um ambiente virtual de aprendizagem livre e envolveu a leitura de conteúdos distribuídos em módulos específicos, na realização de exercícios reflexivos a respeito do adolescente que o educador foi e do adolescente que esse educador educa. Os resultados apontados pelos docentes a partir das reflexões realizadas no curso revelaram uma maior sensibilização para temática, um interesse em aprofundamentos teórico metodológicos a respeito da adolescência e da sexualidade, assim como o planejamento de ações direcionadas para a implementação de propostas intencionais de educação sexual emancipatória nos espaços educativos onde atuam esses profissionais. Palavras-chave: Adolescência, sexualidade, educação sexual emancipatória, educação a distância, formação de educadores O conceito de adolescência é considerado pelos pesquisadores como um conceito recente, na medida em que a adolescência só passou a ser assim denominada a partir das mudanças na estrutura social ao final do século XVIII, momento em que a infância e o conceito de infância também passam a ser pensados (ARIES, 1985). Porém, a adolescência, embora um conceito recente, acaba sendo uma etapa do desenvolvimento muito discursada no senso comum, onde escutamos, muitas vezes, educadores e educadoras, pais e mães, 1 Projeto de Extensão do Centro de Educação a Distância CEAD/UDESC, Coordenado pela Professora Doutora Sonia Maria Martins de Melo (e-mail: smelo@newsite.com.br ). 2 Mestre e Docente neste Projeto de Extensão (Departamento Pedagógico, Centro de Educação a Distância CEAD, Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, 88035-001, Florianópolis, SC, Brasil, e-mail: patpereiramendes@gmail.com) juntamente com a Mestranda e Docente Carla Sofia Dias Brasil (e-mail: pcarla@virtual.udesc.br). 1

referindo-se à adolescência a partir de termos pejorativos, salientando apenas aspectos ditos negativos desse período de desenvolvimento. Compreender a adolescência em seus aspectos históricos e culturais, bem como entender os adolescentes em suas vivências com todo o arcabouço das transformações presentes nesta fase de desenvolvimento, é tarefa de todo e qualquer educador e educadora, sujeito sexuado em um mundo sexualizado. Ousamos dizer que, se a sexualidade segue sendo negada ao longo da infância, a partir das mudanças físicas que ocorrem na puberdade, não há mais como negar que estamos diante de corpos sexuados. O que muitas vezes, fazem com que as transformações físicas da puberdade sejam encaradas como o despertar da sexualidade, como se não fossemos sexuados desde o nosso nascimento. O presente Projeto de Extensão Conversando Sobre a Sexualidade Adolescente Curso on-line - para Comunidade de Educadores e Educadoras do Município de Presidente Prudente SP, veio propor aos educadores e educadoras reflexões sobre a sexualidade adolescente, bem como sobre as conceituações e compreensões sobre esta etapa de desenvolvimento. Isso, por meio de subsídios teóricos e com uma metodologia que convidou esses profissionais a reverem sua educação sexual na adolescência e a educação sexual que realizam com os adolescentes que convivem nos espaços educativos formais e não formais. Esse projeto faz parte da caminhada do Grupo de Pesquisa Formação de Educadores e Educação Sexual CNPq/UDESC, caminhada esta iniciada pela professora Maria da Graça Soares, lotada no Centro de Ciências da Educação FAED/UDESC e continuada pela professora Sonia Maria Martins de Melo, também docente do referido Centro, hoje em atividades no Centro de Educação a Distância CEAD/UDESC, ambas comprometidas com a temática educação e sexualidade. Este Grupo de Pesquisa vem atuando com bastante ênfase nas aproximações possíveis entre a temática da educação sexual e o uso das novas tecnologias de informação e comunicação, sempre procurando aliar ensino, pesquisa e extensão. Com relação a temática sexualidade adolescente, a idéia de realizar um curso com essa temática surgiu após a disciplina de Educação e Sexualidade (EDUSEX), lecionada no Curso de Pedagogia na Modalidade a Distância CEAD/UDESC, onde os alunos ao avaliarem o material didático, ou seja, o Caderno Pedagógico da referida disciplina (material elaborado a partir de pesquisa) apontaram o interesse em aprofundar estudos sobre sexualidade adolescente. Dessa maneira, a equipe EDUSEX escreveu um novo Caderno Pedagógico denominado Conversando sobre a sexualidade adolescente. Esse caderno, a 2

princípio, veio contribuir no cumprimento da carga horária de estudos complementares, necessária aos alunos e alunas do curso de Pedagogia na Modalidade a Distância, momento em que os estudantes entraram em contato com o conteúdo elaborado e realizaram um trabalho para ser validado como horas de estudos independentes. Na continuidade dos trabalhos de ensino, pesquisa e extensão deste grupo, outras possibilidades e novos estudos foram sendo realizados, aprimorando-se assim a possibilidade de discussão da temática sexualidade adolescente e nesse processo de estudos, o Caderno Pedagógico Conversando Sobre a Sexualidade Adolescente, foi transformado em um caderno na versão hipermídia e disponibilizado para realização de um curso on-line, em um módulo experimental, na plataforma denominada polvo, plataforma esta desenvolvida por um profissional da UDESC. Atualmente, estamos trabalhando com este caderno sobre sexualidade adolescente fazendo uso do ambiente virtual de aprendizagem MOODLE. O MOODLE é uma plataforma de aprendizagem a distância em um software livre e que foi projetado usando princípios pedagógicos que auxiliam na criação de ambientes virtuais de aprendizagem. Sendo um software de fonte aberta, ele pode ser utilizado sem modificações em Linux, Windows e outros sistemas que suportem PHP. Esse ambiente de aprendizagem possibilita aos professores e professoras disporem o conteúdo de seus cursos, e oferece ferramentas como FORUM, CHAT, DIÁRIO, TAREFAS, TEXTOS COLABORATVOS (WIKI) entre outras, que permitem trocas significativas entre docentes e discentes, entre os próprios discentes, sem que se perca a qualidade na relação ensinoaprendizagem. A avaliação é um outro aspecto que pode ser bem administrada neste ambiente de aprendizagem, já que são registradas todas as participações e colaborações dos discentes e as interações com os/as professores/as responsáveis pelo curso. Foi nesta plataforma MOODLE que os conteúdos do já mencionado Caderno Pedagógico Conversando sobre a sexualidade adolescente foram organizados e trabalhados, neste curso, em módulos. No módulo 1: Alguns olhares sobre o adolescente (conceitos de adolescência); módulo 2 (a puberdade e a adolescência); módulo 3 (refletindo um pouco sobre as questões de gênero); módulo 4: Reflexões sobre a construção da identidade adolescente (construção da identidade x manifestações da sexualidade adolescente); módulo 5 (procurando responder ao adolescente); módulo 6: Construindo com o adolescente uma educação sexual compreensiva numa perspectiva emancipatória (esclarecendo conceitos); módulo 6 (dividindo vivências pedagógicas) e módulo 7, destinado à avaliação do curso. Esses módulos foram sendo disponibilizados para os participantes, gradualmente, onde após 3

as leituras realizadas, as atividades e os chats de cada módulo, liberávamos para o acesso dos alunos o módulo seguinte, e assim sucessivamente. Elaboramos esse curso para um grupo específico, grupo este que entrou em contato com o Grupo de Pesquisa Formação de Educadores e Educação Sexual - CNPq/UDESC, no II Simpósio Paraná, São Paulo, Santa Catarina de Educação Sexual, em setembro de 2006, na Universidade Estadual de Londrina UEL/PR e nas trocas realizadas, solicitou a abertura de um curso conversando sobre a sexualidade adolescente voltado para os educadores e educadoras desse município. Dessa forma, procurando atender a solicitação desse grupo de profissionais, elaboramos esse projeto de extensão com vagas para o grupo de Presidente Prudente e outras vagas para público interno, conforme previsto na legislação dos projetos de extensão da UDESC. Cabe explicitar que a extensão, na função de estreitar o diálogo entre comunidade acadêmica e a comunidade em geral, e na efetivação de uma das muitas missões de uma universidade pública e estadual como a UDESC, deve abrir seus cursos para a comunidade como um todo, para que o conhecimento e o entendimento da temática sexualidade possa ser transmitido para além das reflexões no âmbito acadêmico. Foram inscritos no curso ao todo 20 profissionais, entre Psicólogos, Assistentes Sociais, Pedagogos e Técnicos em Educação, profissionais envolvidos com educação. Uma característica que nos chamou a atenção ao longo do curso foi o fato desses/as profissionais, em sua maioria, trabalharem com formação de educadores em equipe multidisciplinar. Desses 20 profissionais, uma educadora não iniciou o curso, um educador esteve com o grupo ao longo do curso, porém sem realizar as atividades para certificação e uma outra educadora desistiu ao longo da caminhada de estudos. Esta última justificou seu desligamento, lamentando não poder acompanhar as atividades, em função da qualificação de sua dissertação no mestrado da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita UNESP (Presidente Prudente). Precisamos salientar que, em cada módulo, o discente deveria desempenhar as atividades relacionando o conteúdo abordado com sua prática profissional, além de participar de discussões utilizando a ferramenta fórum e ainda a realização de um chat semanal. Com relação aos chats, como uma alternativa para a otimização dessa ferramenta, decidimos oferecer três horários, dividindo assim os participantes em subgrupos. Destacamos que essa subdivisão funcionou e facilitou as trocas e o envolvimento dos/as educadoras durante os chats. Não podemos deixar de mencionar que exigimos dos participantes 75% de participação em todas as atividades propostas, isso objetivando a certificação. 4

Grande parte das atividades propostas aos participantes os convidou a um olhar atento: primeiro para sua própria história de sexualidade, posteriormente para pensar a sexualidade do outro (o adolescente) e a realidade social. Concordamos com Silva (1999) quando aponta que Conhecer liberta para a escolha, para o entendimento da própria caminhada e para a percepção da presença do outro para o pensar reflexivo que faz do homem sujeito da sua história. O processo de humanização inclui a tomada de consciência de si, do outro, da realidade. Tem uma conotação política porque aproxima o homem do seu pensar/agir/transformar, da possibilidade de assumir posições e da autoria de uma prática social consciente e crítica (p. 106) Para realizarmos as transformações que sentimos serem necessárias no campo da sexualidade e da educação sexual, Cabral (1995) vem reforçar as colocações de Silva: Educar o outro é fundar a ação pedagógica na reflexão acerca da própria educação. Ou seja, o educador ao se apropriar de um conhecimento passa por um processo de autotransformação, o que possibilita a produção e transmissão de novos conhecimentos. Assim, a transformação mais global se iniciará com o gesto, a palavra, a alegria, o afeto, a solidariedade e com o conhecimento científico, como um processo contínuo e questionador das relações amorosas, afetivas, conjugais e sexuais do passado e do presente. (p.113) Cabe salientar também as colocações de Nunes (1997) nessa reflexão: Importa-nos demonstrar que a sexualidade, como dimensão humana, não pode ser reduzida a um objeto estranho, fora de nós, sobre o qual se faz um discurso técnico, frio, dogmático ou permissivo. Como dimensão privilegiada do subjetivo, do existencial, e ainda mais se considerarmos as rotulações e os controles religioso-morais históricos sobrepostos, a sexualidade só pode ser tratada de maneira profundamente próxima, densa de dignidade e humanismo, para ser eficaz e significativa. Isso requer conhecimento dos discursos teóricos cabais, dos dogmatismos de qualquer espécie e da suspeita, e equilíbrio, de nossas próprias contradições pessoais e culturais. Só é possível uma educação sexual nesta perspectiva dupla: de um lado, crítica de todas as construções, significações e modelos históricos e sociais, que envolvem as proibições, os interditos e as permissões; e de outro, o pessoal, o afetivo, o existencial, que a educação tecnicista tende a sufocar num discurso objetivo e distante. Ao educador que se ocupar dessa questão está o desafio de encontrar o justo meio de transmitir essa contradição de maneira honesta e significativa. (p.19) Podemos afirmar que, ao entrarmos em contato com as respostas dos participantes às atividades propostas no ambiente virtual de aprendizagem, fomos identificando a 5

profundidade das reflexões realizadas a respeito da sua própria adolescência e educação sexual, além de pensarem sobre a sexualidade no universo em que atuam profissionalmente. Percebemos que o convite para a construção de um novo olhar sobre a sexualidade foi aceito por todos, que de certa forma conseguiram expressar suas facilidades e dificuldades diante de uma temática tão complexa e que precisa ser entendida em todos os seus aspectos científicos, históricos e pessoais. Cabe-nos ressaltar que muitos dos participantes já se encontravam envolvidos com o estudo e com ações no campo da temática sexualidade e educação sexual. Compreendemos também que a educação sexual, pautada em um paradigma emancipatório, na qual nos comprometemos é algo a ser construído nos espaços educativos. Isto porque como Nunes (1996) bem apontou em suas investigações, encontramos na educação sexual brasileira três vertentes pedagógicas (normativo-institucional, terapêuticodescompressiva e médico-biologista), todas essas vertentes encontram-se atreladas ao paradigma repressor da sexualidade. É na intenção de construir esse paradigma emancipatório, que para nós significa a construção de um novo olhar da sexualidade, uma nova maneira de lidar com essa dimensão que envolve valores mais humanos, uma nova ética e uma nova estética das relações sexuais e sexuadas, é que investimos na formação de educadores e educadoras para que conscientes de sua dimensão sexuada tenham a clareza de que são sempre educadores sexuais uns dos outros. Referendando mais alguns dos aspectos presentes na metodologia adotada neste curso, salientamos que, ao final dos módulos, os educadores avaliaram os conteúdos abordados, preenchendo um instrumento de avaliação previamente elaborado. Esse instrumento de avaliação apresentou questões que envolveram desde o conteúdo abordado e seus objetivos, a metodologia utilizada, os recursos tecnológicos, a atuação dos tutores/docentes, o ambiente virtual, a modalidade do curso e ainda, uma auto-avaliação. No tocante ao conteúdo e aos objetivos, as avaliações apontaram para efetivação desses objetivos, com alegações de que os conteúdos foram atuais, apresentados com uma linguagem clara, com qualidade e riqueza, além de pertinentes e importantes para uma maior sensibilização sobre a temática e na relação com os adolescentes. Os participantes foram unânimes nas opiniões a respeito da metodologia utilizada, revelaram que gostaram muito da condução do curso, do fato de terem sido convidados/as a olharem para sua própria adolescência. Quanto aos recursos tecnológicos e o ambiente virtual, embora a grande maioria tenha mencionado uma certa dificuldade no início, todos/as manifestaram satisfação na superação dos obstáculos iniciais. 6

A atuação das tutoras foi sentida como acolhedora, participativa, atenta e com pontuações pertinentes, pontuações essas que convidavam o grupo a reflexões. Com relação a modalidade, muitos educadores e educadoras registraram que este curso estava sendo a primeira experiência de educação a distância, alguns apontaram que iriam desistir, que tiveram que aprender a participar, mas todos no final gostaram da experiência. Pudemos verificar, nas falas dos participantes, que o fato de terem realizado um curso on-line possibilitou-lhes um outro olhar a respeito da modalidade a distância, Anteriormente à realização deste curso, tinha algumas reservas com relação ao ensino à distância. Acreditava que esta modalidade de curso era um meio fácil e rápido de conseguir um certificado e que tinha uma qualidade um tanto baixa. Mas, depois de participar deste, que foi o meu primeiro curso à distância, passei a pensar um pouco diferente. Hoje penso que se o curso for bem elaborado, por profissionais que conhecem o assunto e sabem o que estão fazendo, pode vir a ser uma possibilidade ótima de formação e de integração com outras instituições, com pessoas de outros lugares, propiciando assim uma maior troca de pontos de vistas 3. Nas auto-avaliações os participantes elucidaram seu empenho ao longo do curso, porém relataram que gostariam de uma maior dedicação, haja vista que o curso foi feito em meio a todas as atribulações cotidianas. Além das atividades e das avaliações já mencionadas, os educadores elaboraram um trabalho final, escrito com base na seguinte questão: quais as contribuições deste curso para sua atuação profissional? Os trabalhos finais apontaram para a importância e pertinência do diálogo realizado, bem como trouxeram inúmeras reflexões dos profissionais a respeito da educação sexual que realizam nos espaços educativos onde atuam. Consideramos que o nível de participação e aproveitamento dos/as educadores/as neste curso, foi beneficiado pelo fato de trabalharem juntos e por isso mesmo, ampliaram o espaço do curso, dando continuidade aos debates no cotidino. A experiência de um curso on-line com um grupo de educadores e educadoras interessados/as no estudo da temática educação sexual veio fortalecer ainda mais a nossa certeza de que é possível, tanto como necessário, aliar o uso das novas tecnologias na formação de educadores e educação sexual com vistas à emancipação. 3 Observação realizada por uma participante em sua avaliação final. 7

Referências: CABRAL, Juçara T. A sexualidade no mundo ocidental. Campinas: Papirus, 1995. NUNES, César A. Filosofia, sexualidade e educação: as relações entre os pressupostos ético-sociais presentes nas abordagens institucionais sobre a educação sexual escolar. Campinas. 1996. Tese (doutorado em Educação), Universidade Estadual de Campinas, Campinas. NUNES, César A. Desvendando a sexualidade. Campinas, SP: Papirus, 1997. SILVA, Maria Denise N. Tecnologia e cidadania: aprendizagem e capacitação de professores através da modalidade de ensino a distância. Florianópolis. 1999. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. 8