- Governo estuda acordo para quitar 'pedaladas' - Exportação de siderúrgicas já supera vendas internas

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Transcrição Teleconferência Resultados 3T07 Trisul 14 de Novembro de 2007

Ano I Boletim II Outubro/2015. Primeira quinzena. são específicos aos segmentos industriais de Sertãozinho e região.

Transcrição:

20/10/2015 - Governo estuda acordo para quitar 'pedaladas' O Ministério da Fazenda trabalha numa proposta de acerto de contas entre a União e o BNDES para quitar o estoque de R$ 24,5 bilhões das "pedaladas fiscais"... - Exportação de siderúrgicas já supera vendas internas Setembro foi o mês em que, pela primeira vez, os embarques de aços do Brasil ao exterior superaram as vendas no mercado interno... - Defesa de Dilma contesta crime em contas de 2014 A defesa da presidente Dilma Rousseff obteve um parecer para reforçar a tese contra o impeachment... - Transnordestina oficializa novo atraso O prazo para a entrega da estrada de ferro, originalmente estimado para dezembro de 2010, ficou para meados de 2018. - Para especialistas, Petrobras deve deixar papel de operadora única para o pré-sal A avaliação é de especialistas ouvidos pelo Valor sobre o assunto... - Gasolina e energia puxam IPCA15, dizem analistas Uma nova rodada de aumentos de preços administrados em outubro, com destaque para gasolina e energia elétrica, deve adicionar pressão sobre a inflação no mês... - PT está brincando com fogo ao defender a saída de Levy... O governo não consegue se entender com seus aliados e essa tem sido uma fonte inesgotável de problemas, mais do que a ação da oposição...

- Bancos estimam prejuízo médio de US$ 4,8 bi para Vale no 3º trimestre Apesar do recorde histórico de produção de minério de ferro registrado pela Vale no terceiro trimestre do ano, o mercado prevê resultados mais fracos para a companhia no período... - Acordo evita bloqueio de Belo Monte O rio Xingu foi liberado ontem, nas proximidades da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA), depois de acordo entre o governo federal e pescadores... - Queda da atividade econômica adia expansão da Embraport em Santos A Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) não vai expandir tão cedo seu terminal para contêineres no porto de Santos (SP)... - Eletrobras pede 28,3% de reajuste para Angra 1 e 2 A Eletronuclear solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um aumento de 28,3% para as tarifas de energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2, a partir de janeiro de 2016... - Ação judicial questiona venda de 49% da Gaspetro para Mitsui As negociações entre a Petrobras e a Mitsui em torno de uma participação de 49% na Gaspetro, que reúne os ativos de distribuição de gás da brasileira, estão na mira de uma ação judicial... - Advocacia pede fixação de um teto para custas O Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou ontem o envio de uma proposta sobre custas judiciais da Justiça Estadual ao Conselho Nacional de Justiça... - OAB aprova novo Código de Ética e Disciplina O novo Código de Ética e Disciplina da Advocacia foi aprovado ontem pelo Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)... - Inconstitucionalidades da desoneração da folha A partir de 1º de dezembro, a Lei nº 13.161, de 31 de agosto, que constitui medida do ajuste fiscal do governo federal, produzirá efeitos para, dentre outros, majorar as alíquotas da Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta... - Previsão de analistas para PIB deste ano chega a -3%

Perspectiva para a inflação também piora e sobe para 9,75%, segundo pesquisa do BC... - Dilma diz que Mercosul está pronto para apresentar oferta à UE Segundo presidente, condições seriam extremamente vantajosas para ambas as partes... - Cofres abertos: Remuneração em ministério vai até R$ 152 mil Lula criou 18,3 mil cargos de confiança em oito anos; Dilma instituiu 16,3 mil em quatro... - Infraestrutura: cai investimento dos fundos de pensão Com juro alto, fundações priorizam títulos públicos e não devem entrar nas concessões... - NORUEGUESA SEVAN MARINE VÊ INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES EM CONTRATOS COM A PETROBRAS Para realizar a investigação, o Conselho de Administração da empresa contratou a companhia independente Selmer... - DESEMBOLSO DO BNDES PARA INFRAESTRUTURA CAI 23% ATÉ AGOSTO O desembolso para infraestrutura deve crescer em torno de 5%, apesar da queda que vamos observar nos desembolsos totais... - PETROLEIRAS CORTAM INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO NO BRASIL Dentro do esforço de reduzir seu plano de negócios, a Petrobras decidiu apertar de vez o cinto na exploração... - PETROBRÁS ROMPE CONTRATO DE DUAS PLATAFORMAS DO CONSÓRCIO QGI E PODE LEVAR OBRAS PARA A CHINA

A política de conteúdo local é o centro de uma política maior de recuperação da capacidade de investimento do nosso país... - SIEMENS APRESENTA NOVAS TECNOLOGIAS DE TRANSMISSÃO EM EVENTO DO SETOR ELÉTRICO É com esse foco que diversas empresas do setor se reúnem nesta semana em Foz do Iguaçu, no Paraná... - Na Folha de São Paulo: "Brasil é um dos países com mais acúmulo de benefícios e outras rendas" O Brasil é um dos poucos países do mundo a não restringir o acúmulo de benefícios previdenciários... - No Estadão: "Brasil deixou passar o 'bônus demográfico', dizem FMI e Banco Mundial" Estudo aponta que o País precisa aumentar a produtividade e corrigir desequilíbrios nas finanças públicas... - No Estado de São Paulo: "A crise no mercado de trabalho" A crise não poupa nem quem está conseguindo manter o emprego. Ela já cortou centenas de milhares de postos de trabalho... - No Conjur: "Liminar que derrubou decisão do TST é comemorada por advogados" Foi com certo clima de comemoração que os advogados que assessoram empresas receberam a liminar concedida... - Vale bate recorde na produção trimestral de minério de ferro O aumento de produção foi de 2,9% na comparação ao mesmo período do ano passado, informou a mineradora em seu relatório de produção... - Governo faz acordo com pescadores e encerra mobilização em Belo Monte Desde a última terça-feira, um grupo de aproximadamente 50 pescadores bloqueava a balsa no rio Xingu, no Pará; governo se comprometeu a conversar com o Ibama...

1ª PARTE NOTICIAS DO DIA 20/10 Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Governo estuda acordo para quitar 'pedaladas' Por Leandra Peres De Brasília O Ministério da Fazenda trabalha numa proposta de acerto de contas entre a União e o BNDES para quitar o estoque de R$ 24,5 bilhões das "pedaladas fiscais" e cumprir a exigência feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de que as contas sejam regularizadas. A decisão dependerá da estratégia fiscal do governo para este ano e 2016. Apesar de já estar claro que a União não cumprirá a meta, já reduzida, de superávit primário de 0,15% do PIB para este ano, o governo ainda discute a magnitude do que pode ser considerado um déficit aceitável que não piore ainda mais as avaliações da nota de crédito do país. O Valor apurou que há grande resistência na equipe econômica em fazer simplesmente o pagamento dos subsídios atrasados. A avaliação é que isso significaria na prática uma transferência de recursos para o BNDES, elevando a capacidade de empréstimo da instituição. O governo também quer garantir que não haja impacto na dívida bruta da União, principal indicador da solvência do país, que já atingia 65,3% do PIB em agosto. Em qualquer cenário a quitação das pedaladas ou o acerto de contas haverá déficit primário para a União. Atualmente, o crédito das pedaladas está contabilizado no patrimônio de longo prazo do BNDES. Se o Tesouro Nacional emite títulos para pagar a dívida, esse crédito melhora de qualidade e passa a ser equivalente a dinheiro no caixa. Com isso, o banco passa a ter mais liquidez para conceder financiamentos. O resultado acaba sendo praticamente o mesmo das transferências de mais de R$ 300 bilhões que a União fez ao BNDES e que foram suspensas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Da mesma forma que o BNDES é credor do Tesouro, o Tesouro também tem créditos com o banco oficial. A proposta em estudo é que, ao mesmo tempo em que o Tesouro faça o pagamento ao BNDES, o banco faça um adiantamento no mesmo valor do pagamento de juros que deve à União sobre os empréstimos feitos para financiar o Programa de Sustentação ao Investimento (PSI), além da política anticíclica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

O BNDES renegociou a dívida com o Tesouro Nacional em março de 2014, quando o desembolso dos juros sobre os empréstimos da União aumentaria. Além de reduzir os juros cobrados, o banco ganhou seis anos de carência para começar a pagar juros (2020) e 26 anos para o pagamento do principal (2040). Os juros pagos entre o sétimo e o 21º ano serão equivalentes a um terço da TJLP e sempre limitados a 6% ao ano. A discussão no momento é se o governo precisa de uma lei para autorizar o encontro de contas com o banco. A Fazenda estuda se a operação não pode ser vista apenas como um adiantamento do BNDES a seu controlador. O argumento contrário é que será preciso de autorização legal para mudar as condições contratuais acordadas com o banco de fomento. Outra dificuldade é o impacto que o pagamento pode ter sobre a capacidade de o BNDES honrar os empréstimos que já foram feitos, assim como a capacidade do banco fazer novos financiamentos nos próximos anos. Essas contas, que estão sendo feitas pelos técnicos do governo podem definir, inclusive, o valor que o governo considera possível pagar nesse ano. A decisão já tomada pelo TCU, da qual o governo recorre e ainda não tem resultado, exige que o Banco Central contabilize a dívida do BNDES, além das demais "pedaladas", na dívida pública. Quando isso for feito, haverá impacto imediato sobre a dívida bruta. O efeito do acerto de contas sobre o primário será integral, mas é diferente nas dívidas líquidas e bruta. Na contabilidade da dívida líquida, um crédito da União contra o BNDES, que são os contratos de empréstimo, será substituído por um fluxo de caixa, na forma do adiantamento de juros. O resultado final sobre a dívida líquida, porém, será negativo. A dívida sobe nesse conceito contábil, porque haverá déficit primário quando o Tesouro pagar ao BNDES. No caso da dívida bruta, o efeito será neutro. O endividamento bruto aumenta quando o governo reconhece e paga a dívida junto ao BNDES, devido ao mesmo resultado primário negativo. Mas cai em valor equivalente ao dinheiro que receber do banco.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Exportação de siderúrgicas já supera vendas internas Por Renato Rostás De São Paulo Setembro foi o mês em que, pela primeira vez, os embarques de aços do Brasil ao exterior superaram as vendas no mercado interno. Essa tendência de inversão do destino do aço nacional, que apareceu ao longo do ano, se concretizou no mês passado. Já os volumes que foram vendidos no exterior chegaram a 1,59 milhão de toneladas, avanço de 31,6% e 22,4% na mesma base de comparação, respectivamente. Os embarques efetivados, conforme a Secex, totalizaram 1,55 milhão de toneladas, 34% e 19,8% a mais, respectivamente. Por outro lado, a competição com os produtos de estrangeiros arrefeceu novamente. As importações de aço caíram 40,3% em comparação anual durante setembro, para 224,3 mil toneladas. Ainda assim, frente a agosto foi observada alta de 9,7%. Com esse desempenho, o consumo aparente nacional que agrega tanto as vendas internas das siderúrgicas como as importações terminou o mês passado em 1,7 milhão de toneladas. A diminuição em bases anuais foi de 24,1% e de um mês para o outro, de 6%. Influenciados por esse cenário e pelo impacto do dólar sobre a dívida, os balanços das siderúrgicas provavelmente fecharam o terceiro trimestre no vermelho, segundo prévia de resultados da maioria dos bancos consultados pelo Valor. A média de estimativas de Bank of America Merrill Lynch (BofA), BTG Pactual, Citi e J.P. Morgan aponta para prejuízo líquido de R$ 1,18 bilhão para a CSN. Durante o terceiro trimestre do ano passado, a CSN já teve prejuízo, de R$ 250 milhões. No caso da Gerdau, BofA e Citi preveem lucro de R$ 200 milhões e R$ 189 milhões, respectivamente, e BTG e J.P. Morgan, prejuízo de R$ 203 milhões e R$ 365 milhões, na mesma ordem. No mesmo período de 2014, a Gerdau teve lucro de R$ 261,9 milhões. A situação mais crítica é a de Usiminas. Os bancos preveem, em média, nas prévias, perda de R$ 744 milhões, ante prejuízo de R$ 26,1 milhões em 2014. O BTG chega a apontar Ebitda (resultado operacional) negativo no resultado da empresa no trimestre. Os analistas afirmam que uma melhor rentabilidade na área de mineração da CSN pode ajudar a elevar a receita em 23%, para R$ 3,8 bilhões. "A área deve ser a surpresa positiva", diz o BofA. O Ebitda subiria 21%, para R$ 806 milhões.

A queda do real ante o dólar pode ajudar os balanços das empresas. Entre julho e setembro, as vendas externas somaram US$ 1,59 bilhão, ou R$ 5,63 bilhões segundo a cotação média Ptax, do Banco Central. No segundo trimestre, o valor havia atingido US$ 1,36 bilhão, ou R$ 4,16 bilhões a alta é de 35% em reais. O problema é que as margens dos produtos enviados ao exterior são menores do que o demandado no Brasil. As usinas vendem mais semi-acabados a outros países, que têm maior custo de produção frente aos preços praticados. A desvalorização do câmbio ainda pode aumentar os resultados da divisão da América do Norte para a Gerdau. A média de estimativas para a receita é de R$ 11,87 bilhões, aumento de 10,9%, e para o Ebitda, de R$ 1,19 bilhão, recuo de 2,5%. As margens, porém, devem cair, diz o J.P. Morgan, devido a maior volume exportado de produtos com baixo valor agregado. No caso de Usiminas, o crescimento dos custos em dólar e das despesas com os "layoffs", que são suspensões temporárias de contratos de funcionários, pode até representar Ebitda negativo. O BTG aguarda R$ 4 milhões no vermelho para o indicador durante o terceiro trimestre. Os outros bancos projetam, em média, R$ 105 milhões positivos, baixa de 70,5%. A receita é estimada em R$ 2,43 bilhões, 16,4% a menos em comparação anual. A apresentação dos balanços de Gerdau e Usiminas está marcada para o dia 29, antes da abertura da BM&FBovespa. As teleconferências estão previstas para 14h e 12h, respectivamente. A CSN ainda não informou a data de divulgação de suas demonstrações financeiras. A produção de aço bruto no Brasil, conforme o Aço Brasil, caiu 13% no mês passado ante igual mês do ano passado, e terminou em 2,5 milhões de toneladas. Em relação a agosto, a queda foi de 10,6%. A capacidade nominal por mês do parque fabril no país é de 4,2 milhões de toneladas ou seja, em setembro as siderúrgicas operaram com uma ociosidade acima de 40%. A entidade divulgou ainda que em nove meses o recuo da produção foi de 1,2%, para 25,3 milhões de toneladas. As vendas internas caíram 14,3% até setembro, para 14,2 milhões de toneladas, e as importações totalizaram 2,8 milhões de toneladas, menos 11,9%. O consumo aparente no país, até setembro, foi de 16,9 milhões de toneladas recuo de 14%. As vendas das usinas ao exterior, contudo, cresceram 48,3%, para 9,8 milhões de toneladas. Os embarques efetivados atingiram 10 milhões de toneladas, alta de 48,6%, com valor de US$ 5,16 bilhões.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Defesa de Dilma contesta crime em contas de 2014 Por Juliano Basile De Brasília A defesa da presidente Dilma Rousseff obteve um parecer para reforçar a tese contra o impeachment. Assinado por Gilberto Bercovici, professor titular de Direito na Universidade de São Paulo, o documento de 11 páginas diz que o fato de Dilma ter as suas contas reprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) não significa que ela cometeu crime de responsabilidade e que pode ser retirada do cargo por isso. Para ele, nem a rejeição das contas pelo Congresso levaria ao impeachment. "A eventual rejeição das contas presidenciais pelo Congresso Nacional não configura crime de responsabilidade", afirma o professor no parecer que foi pedido por Flávio Caetano, advogado que deixou o Ministério da Justiça para se dedicar à defesa de Dilma. "São decisões distintas", continua Bercovici. "A aprovação ou rejeição das contas da presidente da República ocorre por maioria simples de votos. Se a rejeição de contas implicasse necessariamente em crime de responsabilidade haveria a necessidade de ser decidida por quórum de dois terços." Bercovici argumenta que a eventual decisão do Congresso não está vinculada ao parecer do TCU que rejeitou as contas da presidente. O Congresso pode acatar ou rejeitar o parecer. "Um parecer do TCU rejeitando ou aprovando as contas anuais da Presidência da República nada mais é que um documento elaborado por uma assessoria, em princípio, técnica. Ele só tem efeitos jurídicos se for aprovado pelo Congresso." Para o professor, o TCU deve apreciar as contas, mas não é órgão "constitucionalmente competente para julgar essas contas". Essa tarefa cabe ao Congresso. Ele também adverte que a prática de crime responsabilidade tem que ser verificada no mandato atual da presidente. O professor diferencia o primeiro do segundo mandato, ressaltando que não há um mandato de oito anos, mas dois mandatos de quatro anos cada um e, por isso, o crime deve ser verificado no mandato corrente. Outra tese de Bercovici é a de que o impeachment não é um voto de desconfiança. "Não se trata de um instrumento passível de ser utilizado em virtude de baixa popularidade de um governo ou da sua falta de apoio parlamentar", defende. "Portanto, não se pode confundir o impeachment com o voto de desconfiança, existente nos países de sistema parlamentarista, ou com outros institutos como o recall de cargos eletivos", disse, referindo-se ao mecanismo que existe em alguns estados americanos, como a Califórnia.

Segundo Bercovici, a função do impeachment não é punir indivíduos, "mas proteger o país de danos ou ameaças por parte de um governante que abusa do seu poder ou subverte a Constituição". Para ele, a presidente não pode ser punida por omissão. Bercovici sustenta que o impeachment só pode ser aplicado para "ação deliberada" da chefe do Executivo. Seria um crime que ela cometeu, e não algo que deixou de fazer. "Qualquer tentativa de deslegitimação da consagração eleitoral nas urnas deve ser vista com extrema cautela, sob risco de instrumentalizarmos as instituições republicanas às paixões partidárias do momento", diz o professor. "O respeito à vontade das urnas é essencial em qualquer Estado democrático de direito. O processo de impeachment deve ser o último recurso", conclui. Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Transnordestina oficializa novo atraso Por Murillo Camarotto De Brasília Quase dois anos após uma grande repactuação do projeto da ferrovia Transnordestina, governo e concessionária devem formalizar nas próximas semanas um novo cronograma para as obras. O prazo para a entrega da estrada de ferro, originalmente estimado para dezembro de 2010, ficou para meados de 2018. O valor da obra também explodiu: passou de R$ 4,5 bilhões para R$ 11,2 bilhões, um crescimento de quase 150%. A expectativa era de que a oficialização dos prazos ocorresse na semana passada, quando representantes da Transnordestina Logística SA (TLSA) empresa controlada pela CSN se reuniram em Brasília com a técnicos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para discutir o assunto. Apesar de as obras terem começado em 2006, a ferrovia só passou a ter um contrato de concessão em janeiro de 2014, quando houve a primeira grande repactuação das bases do projeto entre governo e TLSA. Na ocasião, o valor da obra foi elevado para R$ 7,5 bilhões e o prazo para a entrega da Transnordestina foi fixado em janeiro de 2017. O novo contrato estipulou punições para novos atrasos, mas eles não deixaram de acontecer. Desde que o instrumento foi assinado, a TLSA já deveria ter concluído

nove lotes de obras, mas não conseguiu comprovar a entrega de nenhum. A ANTT alega que os trechos em questão estão sendo inspecionados, mas desde o ano passado já vem aplicando multas à concessionária. Nas cidades por onde passam os lotes que deveriam ter sido entregues, o testemunho é que ainda há muito por ser feito. Segundo apurou o Valor, com a redefinição dos prazos novas multas podem ser aplicadas, mas a ANTT vai ter de identificar antes quais atrasos ocorrem por exclusiva responsabilidade da concessionária. Uma das principais queixas da TLSA refere-se à demora nos repasses do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), que responde por uma parte significativa da estrutura de capital do projeto. Em todo o seu histórico, a obra da Transnordestina teve poucos períodos de efervescência, mas desandou de vez a partir de setembro de 2013, quando um desentendimento entre a TLSA e a Odebrecht paralisou completamente os trabalhos. A empreiteira se queixou de diversos calotes e o caso foi parar na Justiça. A concessionária, então, decidiu dividir a obra entre construtoras de menor porte, mas esse processo custou mais de um ano de paralisação no projeto. A TLSA preferiu não se manifestar, mas seu novo diretor-presidente, o ex-ministro Ciro Gomes, tem dito que 6.400 homens e 2.300 máquinas pesadas trabalham atualmente na construção da ferrovia. O avanço das obras, que entre 2013 e 2015 foi de apenas 5%, está agora em 1% ao mês, de acordo com Ciro. Projetada para ligar o município de Eliseu Martins (PI) aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), a Transnordestina tem pouco mais de 1.700 km de extensão e poderá transportar até 16 milhões de toneladas anuais quando estiver operando em capacidade máxima. As principais cargas devem ser minério de ferro, gesso, combustíveis e frutas. O primeiro contrato de transporte foi firmado ainda em 2011 pela mineradora Bemisa, controlada pelo grupo Opportunity, do ex-banqueiro Daniel Dantas.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Para especialistas, Petrobras deve deixar papel de operadora única para o pré-sal Por Rodrigo Polito Do Rio A surpreendente ausência da Petrobras na 13ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no início do mês, vai servir de ingrediente político para a tentativa de derrubar o papel de operadora única da estatal nas áreas do pré-sal que forem licitadas sob o modelo de partilha da produção. A avaliação é de especialistas ouvidos pelo Valor sobre o assunto. Maurício Canêdo, da FGV: "Amarrar a exploração de determinada área é ruim " "O resultado do leilão foi excelente para uma reflexão sobre o papel do operador único, o fôlego e os interesses da Petrobras. Essa obrigatoriedade é mais uma punição do que um prêmio", afirmou o advogado especializado no setor Luiz Cesar Quintans, do escritório Quintans e Sesana. "Nesse leilão, que foi um desastre, a Petrobras não teve comprometimento. Se não participou agora, como vai ter condições de participar do leilão do pré-sal? Se formos esperar a Petrobras se recuperar, só vamos ter leilão do pré-sal daqui a dez anos", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Para uma fonte do setor, porém, o resultado da 13ªª rodada terá pouco efeito sobre a discussão no Congresso. Segundo ela, o debate sobre o papel da Petrobras como operadora única do pré-sal, com participação mínima de 30% no consórcio dono das áreas, é muito mais ideológico, do que político ou técnico. Dois projetos em trâmite no Congresso podem derrubar o papel de operador único do présal. O primeiro, mais conhecido, é o projeto de lei de autoria do senador José Serra (PSDBSP), que prevê justamente a retirada da obrigatoriedade do papel de operador único e da participação mínima de 30% da Petrobras nos projetos do pré-- sal, sob o modelo de partilha. O outro, mais radical, é o projeto 6.726, de 2013, de autoria do deputado Mendonça Filho (DEMPE), que propõe que a exploração na área do polígono do pré-sal seja feita sob o regime tradicional de concessão, e não sob o regime de partilha da produção. No início do mês, a Câmara dos Deputados rejeitou o requerimento de votação com urgência para o projeto.

A retirada da obrigação da Petrobras como operadora única do pré-sal faz parte da "Agenda Mínima para o Setor Petróleo Brasileiro", documento assinado por 23 associações e federações de indústrias estaduais. "Essas exigências podem vir a ter impacto na definição de quando irão ocorrer ofertas de novas áreas exploratórias do pré-sal, principalmente se a Petrobras não demonstrar interesse ou capacidade de assumir novos compromissos", diz o texto, entregue na semana passada ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. A opinião é compartilhada por Maurício Canêdo, pesquisador da FGV. "Amarrar a exploração de determinada área é ruim para a empresa e para o país." Estudo realizado por ele concluiu que a existência do operador único, independentemente de qual a companhia escolhida, poderia gerar atrasos no ritmo de produção de petróleo e arrecadação para o governo e aumento nos custos de operação e desenvolvimento na área do pré-sal. Para Paulo Valois, advogado especializado no setor petróleo do escritório L.O. Baptista, a retirada do papel de operador único é bom para o país. "O Brasil precisa de novos players", afirma. Ele defende que, se for derrubado o operador único, já seja programada uma licitação do pré-sal. Para o presidente do Comitê de Energia da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), Manuel Fernandes, o fato de a Petrobras ser a operadora única pode dificultar o desenvolvimento da cadeia de óleo e gás no país, devido à situação financeira da empresa. "Por ser uma operadora dominante, toda a cadeia sofre queda", diz. Dois anos após o leilão de Libra e um depois do início da crise do petróleo, o que parecia ser uma receita perfeita para o governo, pode ser um tiro pela culatra. Sobre a crise do preço do petróleo, porém, Fernandes destaca que o setor, naturalmente, passa por ciclos econômicos e de commodities.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Gasolina e energia puxam IPCA15, dizem analistas Por Tainara Machado De São Paulo Uma nova rodada de aumentos de preços administrados em outubro, com destaque para gasolina e energia elétrica, deve adicionar pressão sobre a inflação no mês, o que levará a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA15) a se aproximar de 10% no acumulado em 12 meses, segundo economistas. De acordo com a média das estimativas de 17 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o IPCA15 subiu 0,67% em outubro, após alta de 0,39% em setembro. As projeções para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de aumento de 0,58% a 0,71%. No acumulado em 12 meses, o índice vai continuar a acelerar, estimam os economistas. Após alta de 9,57% até setembro, o IPCA15 deve subir 9,78% nos 12 meses encerrados em outubro. Fabio Romão, economista da LCA Consultores, estima alta de 0,68% do índice entre setembro e outubro e avalia que o grupo transportes deve explicar boa parte dessa aceleração. No mês passado, comenta, esse grupo subiu 0,78%, variação que deve acelerar para 1,29% nesta leitura. Além do reajuste de 6% da gasolina nas refinarias anunciado no fim de setembro, diz Romão, os preços do etanol também estão bastante pressionados. Grande parte da frota de veículos hoje é flex e os produtores de etanol estão aproveitando para recuperar margem. Além disso, a sazonalidade favorece aumentos", comenta. Para o etanol, Romão estima alta de 6% no IPCA15, avanço até maior do que o esperado para a gasolina, para o qual o economista projeta elevação de 2,5%. Até o fim do mês, essas variações devem se acentuar, com a captura completa do reajuste anunciado pela Petrobras, diz. As passagens aéreas, afirma, devem ter alta mais branda do que os 23% registrados no mês anterior, mas vão continuar a subir em outubro.

Outro reajuste de itens monitorados, dessa vez da energia elétrica, terá peso sobre o grupo habitação, observa Romão. A conta de luz deve ficar 0,69% mais cara nesta leitura, após deflação de 0,37% em setembro. "Não são aumentos expressivos como vimos no início do ano, mas dado o peso da energia elétrica no índice, essa mudança é importante", ressalta. O Itaú calcula que a alta de preços administrados deve ser de 1,17% em outubro, diante dos reajustes de transportes e habitação. O IPCA15 deve subir menos 0,68% nas projeções do banco por causa do comportamento dos preços livres, para o qual os economistas estimam avanço de 0,53%. Nesse caso, a principal fonte de pressão vem de alimentos e bebidas, que devem adicionar 0,13 ponto ao índice deste mês. Romão, da LCA, nota que, dentro desse grupo, são vários os produtos com alta. "Arroz, feijão e frutas, por exemplo, que estavam em campo negativo, voltaram a subir. Carnes, aves e ovos devem ter aumentos maiores do que há um mês, assim como bebidas", diz. Ele projeta alta de 0,41% para alimentos e bebidas este mês. Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 Editorial - PT está brincando com fogo ao defender a saída de Levy O governo não consegue se entender com seus aliados e essa tem sido uma fonte inesgotável de problemas, mais do que a ação da oposição. Depois de obter uma vitória relativa contra o impeachment com decisões liminares do Supremo Tribunal Federal e ver seu principal adversário na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ), afundar sob o peso de provas contundentes de que possui dinheiro não declarado em contas na Suíça, tinha tudo para aproveitar a trégua e colocar ordem em casa. Engano: partiu do PT uma nova onda de pressões para desalojar do governo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. À insatisfação crônica do PT com a política de Levy acrescentamse agora reclamações públicas do ex-presidente Lula. Mais enfática do que em situações semelhantes no passado, a presidente Dilma

Rousseff aparou as estocadas contra Levy, dizendo em Estocolmo que ele permanece no cargo e lá ficará porque concorda com a política econômica traçada. E fez uma distinção clara: a opinião do PT sobre o destino do ministro é do partido, "não a opinião do governo". Como já ocorreu durante a votação das medidas de ajuste fiscal, nem mesmo no PT o governo encontrou apoio total e chegou a ver a legenda aderir a pautas-bomba, ao sufragar o fim do fator previdenciário. Agora, em que uma desabusada oferta de cargos busca recompor a aliança governista, o PT deveria fazer menos marolas para que um governo seu, que mal para em pé e corre riscos de todos os lados, ganhe algum fôlego e possa recobrar a iniciativa. Grande parte do PT vê Levy como o tucano "infiltrado" no governo e critica suas posições ortodoxas, que seriam as da oposição derrotada nas urnas. Os petistas que o atacam querem mudar a política econômica e têm como política alternativa a mesma que levou o país ao atual desastre econômico. O presidente do partido, Rui Falcão, por exemplo, acha que é hora de liberar mais crédito para o consumo e investimentos e baixar as taxas de juros (Folha de S. Paulo, 18 de outubro). Foi o que a presidente Dilma, até certo ponto, fez com gosto em seu primeiro mandato, com os resultados que se vê. O PT acredita que o aperto fiscal e monetário só agravam os problemas de uma economia em desaceleração. Isto é, não o recomendam em nenhuma situação, pois quando o ciclo é de expansão ele é desnecessário. Após 10 anos ininterruptos de crescimento do emprego e dos salários, enxergam na falta de demanda a fonte dos males presentes, que não seria combatida apropriadamente com juros altos e contenção dos gastos públicos. E parecem crer que bastará repetir à exaustão a fórmula anticíclica que deu certo em 2008 que as coisas se resolverão. Mais ainda, atribuem ao ajuste a recessão, quando ela começou bem antes, no início de 2014, exatamente pelos efeitos cada vez menores de doses exageradas de estímulos, que frearam o crescimento, jogaram a inflação para cima e aumentaram brutalmente o endividamento público. O ajuste fiscal é o ponto de partida para a recuperação da economia em bases sólidas. A agenda óbvia de Levy contempla o crescimento. A insistência monocórdica no corte de gastos, que irrita os petistas, ocorre porque os ajustes não foram realizados a contento e há muita gente que não compreende sua necessidade ou duvide de sua eficácia, no Congresso e no próprio governo. Com a descoordenação política e a baixa popularidade da presidente, não é possível ao ministro atacar vários problemas e distintas agendas ao mesmo tempo, porque um dos resultados da perda de força política do governo é que sem base sólida no Congresso só se é possível vencer (ou perder) uma batalha de cada vez. O ex-presidente Lula toca um estranho acorde ao bombardear Levy e propor substitutos como Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Meirelles não teria uma política substantivamente diferente da atual. Em sua gestão no BC dirigiu

uma equipe de "falcões" e achar que ele hoje julgaria adequado baixar juros chega a ser engraçado. O PT está subestimando os efeitos de uma saída de Levy. Se ela vier acompanhada de mudança de política na direção que o partido gostaria, uma nova onda de instabilidade tomará a economia, aprofundando uma recessão que já é maior em 25 anos. Quando chegou à presidência, Lula não brincou em serviço e obteve superávits primários de fazer inveja a qualquer tucano. Sua experiência bemsucedida deveria lhe dizer alguma coisa. Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Bancos estimam prejuízo médio de US$ 4,8 bi para Vale no 3º trimestre Por Francisco Góes, Rafael Rosas e Alessandra Saraiva Do Rio Apesar do recorde histórico de produção de minério de ferro registrado pela Vale no terceiro trimestre do ano, o mercado prevê resultados mais fracos para a companhia no período. Os números serão conhecidos na quinta-feira. A projeção se apóia nos preços mais fracos para as commodities. Cinco bancos e corretoras ouvidos pelo Valor projetam receita média de vendas US$ 6,7 bilhões para a companhia, entre julho e setembro deste ano, 25,5% abaixo de igual período de 2014. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da mineradora ficou, também na média das projeções, em US$ 1,87 bilhão, quase 38% abaixo dos US$ 3 bilhões do terceiro trimestre do ano passado. De acordo com os bancos, a Vale fechou o trimestre com prejuízo de US$ 4,8 bilhões, consequência direta do efeito da desvalorização do real frente ao dólar na dívida denominada em reais da empresa. O prejuízo é contábil, sem efeito no caixa da Vale.

A desvalorização do real em relação ao dólar produz efeitos contábeis, em sua maioria não caixa, no lucro antes do imposto de renda do trimestre, dizem analistas. Um dos efeitos se dá na dívida líquida denominada em dólares. A desvalorização do real também gera efeitos positivos no fluxo de caixa da companhia uma vez que as receitas da Vale são em dólares. A corretora Itaú BBA é uma das instituições que previram resultados mais fracos para a Vale. A corretora estimou Ebitda de US$ 1,9 bilhão para a mineradora de julho a setembro, 36,8% abaixo do mesmo período do ano passado. A queda foi motivada por preços menores para as commodities. Os preços mais fracos tendem a anular o maior volume de vendas esperado tanto para o minério de ferro quanto para o cobre e o níquel. A Itaú BBA prevê vendas de 85 milhões de toneladas de minério de ferro no terceiro trimestre, alta de 9,1% sobre igual período de 2014. Estima ainda vendas de 73 mil e 104 mil toneladas de níquel e de cobre, alta de 2,9% e 7%, respectivamente, em relação ao terceiro trimestre do ano passado. A corretora projetou uma receita líquida de vendas da Vale no terceiro trimestre de US$ 6,48 bilhões, 28,5% abaixo do resultado do ano passado. A estimativa inclui prejuízo de US$ 4,7 bilhões para a empresa no trimestre. O Bank of America Merrill Lynch (Bofa) também previu resultados mais fracos para a Vale no terceiro trimestre. Estimou receita de US$ 6,58 bilhões, Ebitda de US$ 2 bilhões e prejuízo de US$ 7,5 bilhões. O banco projetou que a Vale deve ter fechado o terceiro trimestre com um preço realizado de minério de ferro, excluindo o produto não beneficiado, de US$ 46,2 por tonelada, US$ 4,5 por tonelada abaixo do segundo trimestre. O Bofa estimou volume de vendas de 83 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas no terceiro trimestre, alta de 6,3% na comparação com igual período de 2014. O banco projetou um custo FOB, base porto, no minério de ferro da Vale de US$ 13,8 por tonelada, 16% abaixo do trimestre anterior como resultado da desvalorização de 15% do real no trimestre e da continuidade do corte de custos em reais.

O BTG Pactual previu receita de US$ 7,7 bilhões, Ebitda de US$ 1,7 bilhão e prejuízo de US$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre. O Citi estimou prejuízo de US$ 6,5 bilhões, receita de US$ 6,7 bilhões e Ebitda de US$ 1,9 bilhão. Já o HSBC previu prejuízo de US$ 3,3 bilhões, receita de US$ 6,2 bilhões e Ebitda de US$ 1,8 bilhão. Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Acordo evita bloqueio de Belo Monte Por Daniel Rittner De Brasília O rio Xingu foi liberado ontem, nas proximidades da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA), depois de acordo entre o governo federal e pescadores que faziam uma manifestação desde terça-feira da semana passada. Os pescadores vinham bloqueando o acesso de embarcações, como balsas-tanque, na altura do município de Vitória do Xingu. A continuidade do protesto, que já durava seis dias, ameaçava os estoques de combustíveis nos canteiros da usina. O acordo foi costurado pela Casa de Governo de Altamira, órgão diretamente vinculado à Presidência da República, que se comprometeu a organizar e encaminhar a pauta de reivindicações dos pescadores, até sexta-feira, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os pescadores alegam prejuízos à atividade desde o início da construção. Eles querem ser indenizados ou compensados pelas perdas. O coordenador da Casa de Governo, Márcio Hirata, disse que não há garantia de que os pleitos serão aceitos. A promessa de análise das reclamações foi suficiente para iniciar o processo de desmobilização do bloqueio. A Norte Energia, concessionária responsável pela hidrelétrica, garantiu que as obras não foram afetadas. Segundo a empresa, os estoques pesqueiros do rio "permanecem adequados às demandas" e não houve impactos sobre a cadeia produtiva do pescado.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Queda da atividade econômica adia expansão da Embraport em Santos Por Fernanda Pires De Santos A Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) não vai expandir tão cedo seu terminal para contêineres no porto de Santos (SP), devido às dificuldades da economia. A companhia, que tem como maior acionista a Odebrecht TransPort, disse que o terminal "está concluído e não demanda mais investimentos e, consequentemente, recursos dos acionistas". A empresa está negociando com os credores "um alongamento do seu financiamento de longo prazo", processo que deve ser concluído até novembro deste ano. Questionada pelo Valor, a Embraport não respondeu se está nos planos a venda do terminal. A Embraport é uma sociedade entre a Odebrecht TransPort (com 66,7%) e a Dubai Port World (33,3%), operadora mundial de terminais de contêineres. O empreendimento consumiu R$ 1,8 bilhão e por conta da variação do dólar a dívida real hoje é de R$ 2,2 bilhões. Mas não há inadimplência junto aos credores, garantiu a empresa. A Embraport afirmou também que não há vínculo direto da empresa com a construtora Norberto Odebrecht, uma das empreiteiras envolvidas na Lava-Jato. A outorga de autorização concedida à Embraport para operar um terminal de uso privado (TUP) em Santos foi dada em 2001 pelo Ministério dos Transportes e já previa a configuração final do empreendimento. Seria uma instalação maior que a atual, com, por exemplo, um cais de quase um quilômetro ante os 653 metros atuais, e instalações para outros tipos de carga. Mas a empresa decidiu tocar a obra por fases conforme a demanda. As autorizações para a operação de TUPs dadas antes da criação da agência reguladora do setor, a Antaq, não previam um cronograma poro fases, algo que deve ser revisto, apurou o Valor. O terminal foi inaugurado em 2013 com capacidade para 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) por ano; com a expansão física, a meta era chegar a 2 milhões de Teus a mesma oferta do maior terminal do Brasil, o Tecon Santos, seu vizinho.

Hoje o cenário é outro. Os volumes de comércio exterior estão mais fracos e o porto de Santos, especificamente, vive uma sobreoferta para contêineres, com seis terminais do tipo, o que vem derrubando os preços e colocando em risco a sobrevivência das empresas menores. A expansão da Embraport não tinha uma data definida para começar, mas sempre esteve no projeto. Agora a empresa deve esperar a volta do crescimento mais robusto de cargas para decidir se faz a ampliação. Em entrevista ao Valor no fim de 2014, quando os volumes já estavam mais fracos, o presidente da Embraport, Ernst Schulze, afirmou que a ampliação não estava no radar no curto prazo. Àquela altura, o terminal tinha uma ocupação de 50% da capacidade, pelo menos 10 pontos abaixo do que o próprio executivo estimara um ano antes. Especialistas do setor afirmam que qualquer patamar de ocupação menor do que 50% em terminais de contêineres é um risco para a rentabilidade do negócio. A Embraport é hoje o terceiro terminal em movimentação de contêineres no cais santista, com 15% do mercado. Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Eletrobras pede 28,3% de reajuste para Angra 1 e 2 Por Rodrigo Polito Do Rio A Eletronuclear solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um aumento de 28,3% para as tarifas de energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2, a partir de janeiro de 2016. A diretoria da autarquia deve decidir hoje sobre a abertura de uma audiência pública para colher contribuições sobre a proposta da subsidiária da Eletrobras. De acordo com documento entregue à Aneel, em que a empresa estima um custo de geração da ordem de R$ 203, 99 por megawatthora (MWh), a estatal explica que o pedido de aumento decorre principalmente "da forte redução de 17,1% ocorrida em 2013 e que, até a presente data, vem causando perdas insustentáveis para a Eletronuclear, inviabilizando a realização de investimentos cruciais para o futuro da empresa, dentre essas a construção de Angra 3".

Conforme publicado ontem pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, internamente, a Eletronuclear considera o pleito fundamental para que a empresa tenha as contrapartidas necessárias para o complemento do financiamento em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com o valor da tarifa atual, a empresa não tem índice de cobertura da dívida para conseguir outro empréstimo do banco estatal. Com uma aprovação da Aneel para as novas tarifas de Angra 1 e 2, a companhia acredita conseguir acesso a novos recursos do BNDES para pagar fornecedores nacionais das obras de Angra 3. Hoje, os serviços de construção civil e de montagem eletromecânica da terceira usina nuclear brasileira estão praticamente paralisados, por falta de pagamentos devidos pela estatal. A outra alternativa com que a companhia trabalha é assinar um aditivo ao financiamento da ordem de R$ 3,5 bilhões já aprovado com a Caixa Econômica Federal para utilizar parte dessa quantia para o pagamento de fornecedores e prestadores de serviço nacionais. O empréstimo com a Caixa prevê, originalmente, o uso dos recursos apenas para a remuneração de fornecedores internacionais. No início de outubro, a Eletronuclear sofreu dois reveses em Angra 3. O primeiro foi a suspensão das obras civis por falta de pagamento. A segunda foi a manifestação feita pela construtora UTC de interesse em deixar o consórcio Angramon, responsável pela montagem eletromecânica da usina. Com a decisão, seis das sete integrantes do consórcio já se posicionaram a favor do cancelamento do contrato. Além dela, Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Techint já haviam manifestado interesse em abandonar o projeto. Apenas a EBE ainda não se decidiu sobre o assunto. Uma fonte ligada ao setor especula que, caso o imbróglio não chegue a uma solução positiva, a saída para a Eletronuclear seria fechar com alguma fornecedora e prestadora de serviços chinesa. Segundo a fonte, algumas empresas daquele país já manifestaram ter condições de realizar o serviço e financiar a obra. Devido à série de contratempos com relação ao empreendimento, o governo adiou oficialmente a previsão de início de operação de Angra 3, de meados de 2018 para janeiro de 2019. Não está descartado, porém, novo adiamento no cronograma. Com 1,4 mil megawatts (MW) de capacidade instalada, Angra 3 ficará localizada em Angra dos Reis, no litoral Sul do Rio de Janeiro, e tem investimento previsto de R$ 14 bilhões.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Ação judicial questiona venda de 49% da Gaspetro para Mitsui Por Cláudia Schüffner Do Rio As negociações entre a Petrobras e a Mitsui em torno de uma participação de 49% na Gaspetro, que reúne os ativos de distribuição de gás da brasileira, estão na mira de uma ação judicial que pode atrapalhar um negócio próximo de R$ 2 bilhões. A Termogás, empresa de participações do empresário Carlos Suarez, obteve, na semana passada, liminar na 14ª Vara Cível de Brasília que obriga a Petrobras a informar detalhes das negociações com a Mitsui envolvendo a Gaspetro. A liminar obriga a Gaspetro a fornecer para a Termogás "todos os eventuais documentos existentes relativos à negociação de venda" das ações da Petrobras para a Mitsui. Não foi atendido pedido de aplicação de multa diária não inferior a R$ 50 mil até que a Petrobras forneça os documentos. A estatal tem cinco dias para contestar, contados a partir do dia 15 de outubro. Procurada, a estatal não se manifestou até o momento. A Termogás reúne participações acionárias de Suarez, que foi sócio fundador da OAS, em oito distribuidoras estaduais de gás. Em seis delas Gasmar (MA), Gaspap (AP), CEBGAS (DF), Rongás (RO), Gaspisa (PI) e Agência Goiana de Gás Canalizado (Goiagás) a empresa de Suarez é sócia da estatal. Na ação cautelar com pedido de documentos, a Termogás informa que tem direito de preferência para comprar a participação da subsidiária da Petrobras na CEBGAS, concessionária do Distrito Federal. E afirma que esse direito não está sendo respeitado, já que a Termogás não dispõe de informações para avaliar o negócio. A liminar foi obtida pouco tempo após o governo da Bahia ter notificado a estatal sobre a existência de acordo de acionistas que concede ao Estado poder de veto e de indicação para cargos de gestão na Bahiagás, da qual a Gaspetro tem 41,5%. A Mitsui já é sócia de oito distribuidoras de gás no Brasil e negocia a compra de 49% das ações da holding que reunirá as participações da Petrobras em 20 distribuidoras estaduais de gás, negócio que ampliará a presença japonesa no setor de distribuição. No pedido de liminar ao qual o Valor teve acesso, a Termogás informa à Justiça que notificou a Gaspetro no dia 16 de junho para "assegurar o direito de preferência em qualquer negociação que afetasse, direta ou indiretamente, a sua participação

acionária na CEBGAS". E acrescenta que a Gaspetro "negou expressamente" que estivesse em negociações e "reconheceu a validade e abrangência do acordo de acionistas". Com o avanço das negociações e com a oferta da Mitsui sendo maior que a da chinesa Beijing Gas, a Petrobras divulgou um fato relevante confirmando que estava em fase final de conversas com os japoneses. O fato é lembrado na petição. Os advogados da Termogás afirmam que o acordo de acionistas da CEBGAS tem regras rígidas para transferência de ações, que impedem a venda, cessão, transferência ou qualquer forma de alienação de ações "sem oferecer a preferência, em igualdade de condições, aos demais acionistas", na proporção das ações de cada um. A petição diz ainda que o acordo "prevê que quaisquer terceiros que, eventualmente, venham a se tornar titulares de ações da CEBGAS, independentemente do título por meio do qual se tornaram acionistas, deverão firmar termo de adesão ao acordo de acionistas, previamente à transferência de ações". Outra cláusula abrange inclusive alienações indiretas. Ao responder a um pedido de esclarecimento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na semana passada, sobre a notícia do Valor informando sobre a reclamação da Bahiagás, a Petrobras afirmou que, se concluída, a venda não afetará o controle efetivo exercido pelo Estado da Bahia, que tem 51% das ações ordinárias da distribuidora, e nem os direitos garantidos ao Estado no acordo de acionistas. A existência de acordos que dão o direito de preferência para os sócios em outras distribuidoras estaduais pode abrir espaço para que a Gaspetro receba mais questionamentos que resultem em atraso na conclusão da venda para a Mitsui. Fontes ouvidas pelo Valor não descartam que Carlos Suarez possa entrar inclusive com novas ações. Um atraso na venda da Gaspetro, se acontecer, será mais um revés para a Petrobras, que já adiou duas operações importantes previstas para este ano. A primeira foi a abertura do capital da BR Distribuidora, que agora procura um sócio estratégico, e na semana passada foi suspensa a captação de R$ 3 bilhões em debêntures, que pode ocorrer somente no primeiro trimestre de 2016.

Fonte: Valor Econômico 20/10/2015 - Advocacia pede fixação de um teto para custas Por Beatriz Olivon De Brasília O Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou ontem o envio de uma proposta sobre custas judiciais da Justiça Estadual ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que está discutindo o assunto. Os pontos principais da proposta são a fixação de um teto para as custas em R$ 2 mil e o fim da sobreposição de taxas. Na Justiça Estadual, as custas começam a ser cobradas no momento em que é proposta a ação. A taxa é paga pela prestação do serviço judicial. A conselheira federal Valéria Lauande Carvalho, presidente da Comissão Nacional de Acesso à Justiça, que apresentou o tema ontem no Conselho Pleno da OAB, afirma que, por causa de uma lacuna legislativa, a partir de 1999 os Estados passaram a estabelecer os valores das custas. A variação das quantias e tetos estabelecidos pelos Estados é grande, segundo a conselheira. A entidade defende a cobrança de valores que não ultrapassem 3% do valor da causa, com teto limitado a R$ 2 mil. O teto tem como base o valor máximo aplicado pela Justiça Federal, cerca de R$ 1,9 mil, segundo Valéria. A OAB defendeu também a exclusão de custas do processo eletrônico e a eliminação de taxas sobre certidões, protocolo, intimações, cartas precatórias, inventários, arquivamento processual e porte de remessa e retorno. O CNJ começou a discutir o assunto em 2013, com o objetivo de enviar uma proposta ao Congresso Nacional para unificar as custas processuais no país, segundo o conselheiro Norberto Campelo. "Em alguns Estados, as alíquotas são fora da realidade do país", afirma. De acordo com ele, há Estados do Nordeste que cobram custas acima de R$ 40 mil, a depender do valor da causa. O conselheiro foi indicado para o CNJ pelo Conselho Federal da OAB e, atualmente, é o relator do processo que discute o tema. Por enquanto, a discussão está suspensa no Conselho Nacional de Justiça por um pedido de vista. Mas o voto do antigo relator foi considerado desfavorável pela OAB. O texto sugere um escalonamento e libera os tribunais a aprovarem custas entre R$ 112 e R$ 72,2 mil.