Fique alerta: Sinais que podem apontar o Câncer infantojuvenil.
Introdução O câncer infantojuvenil ainda é a doença que mais mata crianças no Brasil, você sabia? A boa notícia é que, sim, é possível mudar este quadro, e o caminho também passa por você; mãe, pai, família. Por quê? Uma das armas mais poderosas nesse combate é diagnóstico precoce. Ao cuidar da sua criança ou do seu adolescente bem de perto, observando-o com atenção diariamente, é possível suspeitar de sinais que podem indicar sintomas que devem ser verificados pelos médicos especialistas. E isso pode ser feito ainda que em uma rotina atarefada. Para ajudar você nesse desafio, preparamos este guia, com dicas que vão deixá-lo(a) alerta. A primeira delas é a mais importante: aproxime-se da sua família, ouça o que seus filhos e sobrinhos têm a dizer e seja sensível aos sinais que emitem. Neles, pode estar a possibilidade real de cura.
O que é o câncer Para cuidar bem das pessoas que amamos, é essencial ter a informação certa, na hora certa. Nesse sentido, sabemos que a palavra câncer assusta, mas o que está por trás dela? Câncer é um grupo de doenças diversas unidas por uma característica em comum: trata-se sempre de uma multiplicação celular atípica, que acontece de forma desordenada no organismo, sem que sejam respeitados os limites do próprio corpo. Essa reprodução pode se desencadear em locais distintos, por motivos diferentes, a exemplo, decorrente de uma exposição contínua a fatores externos e a hábitos prejudiciais, o que é mais comum em adultos. A predisposição genética, porém, é o que justifica a maioria dos casos de câncer, principalmente em crianças e adolescentes. Nos pequenos, a doença costuma ser mais agressiva e sistêmica. Contudo, o que compensa esse cabo de guerra é a maior capacidade de reação aos tratamentos, por conta da fisiologia diferenciada: o câncer infantojuvenil é biologicamente constituído de células mais primitivas, em formação, o que permite que as crianças e os jovens sejam mais sensíveis aos procedimentos, ou seja, respondam melhor em relação aos adultos.
Tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes Quando falamos de câncer, sem dúvida, cada caso é um caso. Em cada pessoa, a tal multiplicação desordenada pode vir a ocorrer em células de diferentes tecidos do corpo; ou seja, dependendo do organismo em questão, o câncer pode assumir múltiplos formatos, composições, tamanhos e sintomas.
Tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes Seja qual for o tipo, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, que, atualmente, já pode chegar a 80% dos casos. Conheça, a seguir, os tipos mais comuns de câncer infantojuvenil: Linfoma Tumor de Wilms Atinge a linfa, componente do sangue que atua na nutrição celular (maior incidência entre 15-19 anos) Ataca os rins (maior incidência entre 1-4 anos) Retinoblastoma Ataca os glóbulos brancos - leucócitos -, encarregados pela defesa do organismo (maior incidência entre 1-4 anos) Ataca a retina (olhos) (maior incidência entre 0-1 anos) Tumor do Sistema Nervoso Central (SNC) Acomete o encéfalo e medula espinhal, obstruindo o fluxo de líquidos cerebrais (maior incidência entre 5-9 anos) Neuroblastoma Impacta o Sistema Nervoso Periférico, ocasionando a formação de caroços (maior incidência entre 0-1 anos) Leucemia Osteossarcoma Agride os ossos, principalmente a área ao redor dos joelhos, e se propaga para os pulmões (maior incidência entre 10-14 anos) Sarcomas de partes moles Atinge os músculos (maior incidência entre 15-19 anos)
A que devemos ficar atentos? Ao perceber a queixa de uma criança ou adolescente, mantenha-se atento(a) a quanto tempo o incômodo persiste. Mais de 7 ou 10 dias? Cuidado! Essa é a principal diferença entre os sinais de uma doença comum e os sinais de um câncer. Abaixo, apontamos os indícios da doença.
Febre Prolongada, insistente, persistente, que não venha acompanhada de sintomas como os da gripe. Perda de peso Inexplicada, súbita, sem que haja alteração na dieta da criança ou do adolescente; contínua. Dores de cabeça Aumento de intensidade; pioram com o tempo. Por conta da dor, a criança fica irritada, o que atrapalha suas atividades. Geralmente acompanhadas de vômito, principalmente pela manhã. Mais de 7 ou 10 dias? Cuidado! Essa é a principal diferença entre os sintomas de uma doença comum e os sinais de um câncer. Abaixo, apontamos os indícios da doença. Cansaço constante Manchas roxas na pele Aparecimento de hematomas sem pancada local. Dores nos ossos e nas articulações A criança ou adolescente sente dificuldade ao andar, o que prejudica as brincadeiras e atividades. Sangramento Manifestam-se como manchas avermelhadas que indicam sangramento dos vasos sanguíneos, chamadas petéquias. Reflexo esbranquiçado nos olhos Sem que a criança ou adolescente tenha feito esforço físico significativo. Alteração ocular durante exposição à luz Inchaço Costumam aparecer no pescoço, axilas, virilhas, abdome ou nas saboneteiras. Para não confundí-los com ínguas, é válido observar se continuam aumentando de tamanho com o passar do tempo. Geralmente, não são associados a dores de garganta. Aumento do volume da barriga ou de outras partes do corpo. Palidez Anemia inexplicada. Caroços pelo corpo
Quem buscar? Diante de uma suspeita, o próximo passo é procurar um médico. Dica: Nesse primeiro momento, não é necessário ir direto a um oncologista, o especialista na doença. Os médicos que atendem em pronto-socorro, se bem preparados, podem fazer o encaminhamento para um centro de referência, caso também acredite se tratar de câncer. O ideal é buscar o pediatra que já acompanha a criança ou adolescente. Ele pode fazer uma avaliação mais criteriosa, uma vez que conhece o histórico do paciente. Infelizmente, os sintomas podem gerar confusão, ainda mais se o profissional não estiver devidamente instruído. Portanto, em algumas circunstâncias, é prudente continuar desconfiado(a). A alternativa é não ter receio de ser chato(a) e buscar a boa e velha segunda opinião.
Diagnóstico Precoce Para além da preocupação em conscientizar as famílias quanto aos sinais e sintomas do câncer infantojuvenil, é necessário preparar todos os agentes de saúde para que possam suspeitar da doença desde o primeiro atendimento, e fazer o encaminhamento correto para os centros especializados. Isso vai permitir que, em caso de confirmação no diagnóstico, a criança ou adolescente dê início ao tratamento o mais rápido possível, aumentando as chances de cura. Nesse sentido, já existem projetos que buscam sensibilizar toda uma cadeia de profissionais quanto à ocorrência da doença, facilitando e otimizando a tomada de decisão. O Programa Diagnóstico Precoce, criado em 2008 pelo Instituto Ronald McDonald, por exemplo, aproxima diversas instituições para que, em parceria, médicos e não médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Estratégia Saúde da Família (ESF) sejam capacitados para a luta contra o câncer infantojuvenil. Segundo dados do próprio Instituto, a implantação do programa gerou um aumento de 23% dos encaminhamentos de crianças e adolescentes com suspeita da doença para um serviço especializado nos bairros de atuação, em 14 estados do País.
Conclusão Descobrir a doença quando ela ainda está no início representa a possibilidade de qualidade de vida após a cura. Por isso, vale a pena envolver toda a família e a sociedade nesse movimento pela divulgação das informações, afinal, todos podem observar com cuidado o desenvolvimento das nossas crianças e adolescentes, seja na hora de dar um banho, ou quando estão brincando, comendo, estudando. A informação e a atenção são nossos maiores aliados na luta contra o câncer. Com uma atitude cuidadosa dia a dia, podemos salvar vidas. Portanto, se desconfiar de algo, não poupe energia para investigar. Vai dar tudo certo.