A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E SUA RELAÇÃO COM A CARTOGRAFIA SOCIAL

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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E SUA RELAÇÃO COM A CARTOGRAFIA SOCIAL Debora Dantas Nunes; graduanda de Geografia, UNEB- campus VI Fabrício Santana Pessoa; graduando de Geografia, UNEB- campus VI Rosicleia Jesus da Silva; graduanda de Geografia, UNEB- campus VI RESUMO: Ocorreram grandes mudanças nas últimas décadas do século XX no campo socioeconômico, político, científico, cultural e tecnológico, de modo a afetar significativamente o campo educacional. Assim, a educação vem assumindo um papel diferente da qual assumia no passado. Atualmente, ela é uma ferramenta para o processo de desenvolvimento da sociedade, de maneira a ser considerado um importante instrumento de transformação social e de melhoria das condições de vida. É fundamental um processo educacional que vise à qualidade para todos, que inclua alunos com necessidades especiais nas turmas regulares de ensino. De maneira que é preciso entender que como qualquer outro cidadão, as pessoas portadoras de necessidades especiais precisam da educação escolar para construir sua cidadania, conhecer o espaço e se posicionar de modo mais reflexivo e crítico diante desse mundo globalizado. Nesse sentido, o presente artigo é um ensaio teórico e tem como objetivo discutir o papel da educação inclusiva e de como a Cartografia Tátil pode ser usada em sala de aula, uma vez que a Cartografia Tátil pode desenvolver meios de representações na forma tátil do espaço geográfico, proporcionando aos portadores de deficiência visual uma leitura adequada do seu espaço. Palavras- Chave: Educação inclusiva, ensino de geografia, cartografia. Introdução Ocorreram grandes mudanças nas últimas décadas do século XX no campo socioeconômico, político, científico, cultural e tecnológico, de modo a afetar significativamente o campo educacional. Assim, a educação no século XXI vem assumindo um papel diferente da qual assumia no passado. Atualmente, ela é vista como uma ferramenta essencial no processo de desenvolvimento da sociedade, de maneira a ser considerado um importante instrumento de transformação social e de melhoria das condições de vida. Nesse contexto, a escola como um dos espaços principais de aprendizagem e de participação, deve estar comprometida com a formação de indivíduos capazes de agir de modo reflexivo e crítico diante da sociedade. A escola constitui-se assim como um ambiente de socialização, em que os saberes socialmente construídos pela sociedade ao longo dos anos são amplamente compartilhados, tornando-se um espaço de troca de ideias e de construção de conhecimentos.

No entanto, foi apenas com o modo de produção capitalista que a universalização da alfabetização foi definida como direito fundamental de todo cidadão. Aos poucos, muitos governos passaram a ofertar educação pública, tornando obrigatória uma escolarização mínima. No século XX, esta escolarização foi ampliada em todos os países, ocupando funções centrais nas políticas públicas. Dessa maneira a escola desde sua origem, esteve relacionada aos processos de urbanização e industrialização, características do sistema capitalista. Sobre esta questão Cordiolli (2011, p. 24-25) destaca que: Na era capitalista, a escola foi alçada a uma dimensão nunca antes vista. A universalização da alfabetização foi definida como tarefa básica de todos os governos e direito fundamental de todo cidadão. Gradativamente, muitos países passaram a ofertar educação pública e tornar obrigatória uma escolarização mínima. Já no século XX, tanto a oferta da escolarização quanto a obrigatoriedade da educação foram ampliadas sistematicamente em todos os países. Falando mais especificamente da educação brasileira, é valido ressaltar que sua configuração atual é como afirma Suhr (2011, p.11) consequência de todo um processo histórico e reflete diversas concepções (teorias) de educação que se misturam no modo de agir e pensar dos educadores. De modo que, o Brasil atualmente define e regulariza o seu sistema de educação por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n 9.394/1996, que dita às diretrizes e as bases da organização do sistema educacional. Foi elaborada em consonância com os princípios da Constituição Federal, de maneira a trazer grandes mudanças ao consagrar como princípios a liberdade, a autonomia, a flexibilidade e a democracia. A Constituição Federal (CF) de 1988 fixou que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art.205). Mas, apesar da educação atualmente ser considerada direito de todos os que se discutir como essa educação está sendo oferecida, ou seja, se ela está sendo de qualidade. Assim, o que se observa é que as instituições escolares encontram-se em grande parte sucateadas, com material didático muitas vezes descontextualizados. Principalmente quando se trata de pessoas portadoras de necessidades especiais o que se observa é que ainda há muito o quer ser feito, tendo em vista que a falta de material didático é uma constante, sem falar na falta de preparação de grande parte dos professores para lidar com as necessidades dessas pessoas.

Falando mais especificamente das pessoas cegas ou com baixa visão o estudo da Geografia ainda se apresenta como um grande desafio, visto que ainda se tem muito pouco material tátil, como mapas e maquetes geográficas, de modo que o conhecimento sobre o espaço geográfico, tão importante para a localização e consequentemente para proporcionar maior autonomia para essas pessoas, ainda é uma barreira a ser superada. Desse modo, a nova realidade educacional requer que se pense em novas formas de ações que melhorem a qualidade do ensino para todos, nesse cenário tem que chamar a atenção para que se repense a escola pública como uma instituição que pode ser sim de qualidade, contrapondo a atual visão de que escola de qualidade é a pertencente à rede privada de ensino. Para tanto, é necessário dentre outros aspectos, mais investimentos nas instituições escolares, além de se valorizar a carreira docente com vista a uma melhoria da qualidade do ensino, para que todos tenham acesso ao saber mais sistematizado, fundamental na sociedade em que vivemos. Neste sentido afirma Justino (2011, p. 85) a nova realidade educacional solicita que o processo educativo seja repensado e que se busquem novos caminhos para construção de conhecimentos que poderão inovar a prática pedagógica. E ainda como salienta Farfus (2011, p. 21) na sociedade do conhecimento, há a necessidade da compreensão de que um processo educacional de qualidade, consolidado, permitirá o desenvolvimento de competências fundamentais para se enfrentar as novas demandas do mundo globalizado. Assim, é fundamental um processo educacional de qualidade para todos, ressaltando a importância da Educação inclusiva, que vai buscar dentre outros aspectos incluir alunos com necessidades especiais nas turmas regulares de ensino. De maneira que é preciso entender que como qualquer outro cidadão, as pessoas portadoras de necessidades especiais precisam da educação escolar para construir sua cidadania, conhecer o espaço e se posicionar de modo mais reflexivo e crítico diante desse mundo globalizado. Educação Inclusiva O termo Educação Inclusiva, criado para caracterizar um modelo educacional que atendesse a todos, independente de suas particularidades físicas ou mentais, teve sua grande eclosão a partir conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada Salamanca no ano de 1994, onde representantes de noventa e dois países e vinte e cinco organizações internacionais reconheceram a importância de oferecer o ensino na escola

regular para todas as crianças, jovens e adultos com algum tipo de deficiência, enfatizando ainda o caráter de urgência dessa oferta. A partir das discussões travadas no meio acadêmico e escolar, e dos debates acerca da Educação Inclusiva, enfatizados em Salamanca, estabeleceram-se princípios calcados em acolher nas escolas regulares todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e outras. Cabe a escola desenvolver maneiras especiais de aprendizagem para que aquelas crianças com algum tipo de deficiência pudessem também ter seu processo de aprendizagem regular, não ficando mais trancados numa escola exclusiva para crianças com deficiência. Um dos maiores empecilhos para que essa inclusão de crianças com algum tipo de deficiência aconteça de fato é a dificuldade de adaptação das escolas da rede regular de ensino para receber essas crianças, e também o despreparo dos professores em lidar com situações tão diversas dentro da sala de aula, Quanto a isso Silva (2009, p. 22) afirma que deve-se lembrar de que esta inclusão implica muito mais que prática pedagógica implica na atitude do educador, que acima de tudo deve ter em mente o respeito e a aceitação com o próximo, quanto as suas limitações. O professor deve estar devidamente formado para que possa desenvolver sua prática pedagógica de maneira que se sinta a vontade e capaz de trabalhar com aqueles que precisam de alguma especialidade. Uma vez que o sentimento de despreparo do professor pode fazer com que ele desenvolva um sentimento negativo quanto àquele aluno com deficiência. Silva (2009, p. 12) deixa claro que a formação dos professores dá condições necessárias para que as práticas integradoras sejam positivas, pois o professor ao se sentir pouco competente pode vir a desenvolver além de expectativas negativas, menor interação e atenção dos alunos. Sobre o exposto, é importante destacar que o professor do ensino regular deve, também, estar apto a desenvolver uma boa relação com os especialistas na deficiência que seu aluno venha a ter, uma vez que tem se tornado cada vez frequentes a presença de interpretes na sala de aula onde há alunos com deficiência auditiva, por exemplo. Retondo e Silva (2008) reconhecem essa relação com um problema que deve ser urgentemente resolvido, porque não só o professor do ensino regular às vezes não consegue lidar com a presença de outro profissional na sala de aula, como também o interprete na grande maioria das vezes não consegue se adequar as práticas pedagógicas; [...] de um lado, os professores do ensino regular não possuem preparo mínimo para trabalhar com crianças que apresentem deficiências evidentes e,

por outro, grande parte dos professores do ensino especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico desenvolvido no ensino regular, na medida em que têm calcado e construído sua competência nas dificuldades específicas do alunado que atendem. (SILVA, 2008, p. 28). É preciso, portanto, para que essa escola inclusiva deixe de ser apenas um anseio, e passe a ser uma realidade vivida por todos, que haja maior investimento na formação dos professores. Uma vez que estando o professor na base da estrutura educacional, partirá dele também uma grande contribuição para a reorganização da escola, possibilitando a todos o acesso e permanência na escola da rede regular de ensino. Ao professor, cabe tomar posse de seu real papel frente à necessidade de ser posta em prática a verdadeira educação de qualidade, justa e igualitária a todos. Independente de ser portador de necessidades especiais ou não. A cartografia como forma de inclusão A discussão sobre a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola é visto como um assunto de extrema importância e de grande relevância social, por proporcionar aos portadores especiais uma perspectiva de vida normal por meio da acessibilidade social. A visão que se tem, ou melhor, que deveria ter é que a educação para as pessoas que possui deficiências deve ser inclusiva e não mais uma segregação do aluno com um atendimento diferenciado, sendo que no novo contexto é a escola que se adapta a necessidade do aluno e não mais o aluno que se adequa a ela, sobre isso Carmo e Sena (2010, p. 2) argumenta que, [... ] a politica de inclusão de alunos que apresentam necessidades especiais na rede regular de ensino visa garantir, não apenas a permanência física desses alunos na escola, mas tem como proposito rever concepções e paradigmas, respeitando e valorizando a diversidade, exigindo assim, mudanças na escola, com a criação de espaços inclusivos. Segundo os princípios de inclusão não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas é a escola, consciente de sua função, que se coloca a disposição do aluno. É importante ressaltar que a escola não se adequa apenas quanto à estrutura física para proporcionar a permanência deste aluno, faz se necessário que os demais componentes da comunidade escolar faça parte dessa adequação, assim este processo inicia se do portão de acesso até os currículos, estratégias de ensino, recursos didáticos entre outras coisas não apenas para atender uma clientela especificar neste caso o deficiente visual, mas também aos

outros tipos de deficiências e a adversidade de aprendizagem existente na sala de aula, sobre isto Carmo e Sena (2010, p. 2) explicam que, [...] as escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas dificuldades de seus alunos, respeitando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, estratégias de ensino, recursos didáticos, modificações estruturais na organização das escolas e parceiras com a comunidade. Com base no pressuposto apresentado por Carmo e Sena (2010) é preciso que todos envolvidos queiram e trabalhem para que a educação seja de todos e para todos, desse modo, os autores ainda argumenta que quando a sociedade der as mãos em torno dessa causa será possível construir uma escola inclusiva. Assim, cabe à escola se preocupar em se adequar para receber estes alunos e proporciona a eles uma educação digna e de qualidade, visto que o seu acesso é garantido pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), no capitulo V artigo 58; 3º ao definir que a escola tem que adequar os currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às necessidades desses alunos. No entanto, um dos desafios da escola inclusiva está no fazer pedagógico, visto que muitas das vezes não se tem material adequado para trabalhar com alunos cegos e de baixa visão. No ensino de geografia, alguns pesquisadores tem encontrado na cartografia uma alternativa para trabalhar com os portadores de deficiência visual. Sobre a necessidade de elaborar um material adequado aos portadores de deficiência visual, Arruda e Silva (2009, p. 3) ainda afirma que, [...] a Cartografia Tátil tem a sua importância constituída, por desenvolver meios de representações na forma tátil não só visando o acesso aos portadores de deficiência visual, como a elaboração de novas formas de codificação que possam ser adicionadas às tradicionais e, com, isso ampliar os meios de representação oferecendo ao profissional responsável pela produção dos mapas uma maior gama de possibilidades para que o processo de comunicação cartográfica seja realizado sem interferências e o entendimento se tome mais simplificado e direto ao usuário. Enfim observa se que tanto o aluno comum quanto aquele que apresenta uma necessidade especial no caso em questão o deficiente visual podem conviver juntos a partir do momento em que professores, escolas e comunidade não vejam neles diferenças, pois, estas diferenças são criação da cabeça das pessoas. Assim como uma pessoa comum ao compreender os

princípios da cartografia tradicional tem liberdade e acesso ao mundo em sua volta o deficiente também tem. Arruda e Silva (2009, p. 6) ponderam acerca que: A Cartografia Tátil que se trata de um segmento específico dentro da cartografia que trabalha com a elaboração e produção de material didático tátil como mapas e maquetes, que são utilizados no setor de educação, ou funcionam como instrumento facilitador da mobilidade do portador de deficiência visual no centro das grandes cidades, como shopping centers e no movimento de pessoas e mercadorias entre localidades utilizando os transportes, onde desta forma auxilie na aquisição de independência pessoal e social, além de desenvolver e intensificar a competência intelectual dos deficientes visuais, facilitando assim o processo de inclusão social. Contudo os obstáculos existentes podem ser superados quando todos querem que eles sejam, e o deficiente visual tem igual direito dos demais cidadãos haja vista que e algo garantido por lei, no entanto nos deparamos com uma realidade a qual na maioria das vezes a lei não é comprida uma vez que, tanto a sociedade, quanto a escola não oferece uma infraestrutura capaz de atender a necessidade desses alunos, além de não ter em muitos casos estrutura física adequada é grande a falta de professores capacitados para lhe dar com essa situação, dificultando assim a inclusão de pessoas deficientes na sociedade como um todo e no campo da educação. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Luciana Maria Santos de; SILVA, Renan Ramos da. A cartografia tátil na educação escolar. In, 10º Encontro Nacional de Pratica de Ensino em Geografia. 2009. Porto Alegre. Disponível em: http://www.unifalmg.edu.br/geografia/sites/default/files/file/cartog.pdf Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. 32ª ed. Brasília: Câmara dos Deputados, edições câmara, 2010. CARMO, Waldirene R.; Sena Carla C. R. Gimenes de. A Cartografia e a Inclusão de Pessoas com Deficiência Visual na Sala de Aula: construção e uso de mapas táteis no LEMADI DG USP. 2010. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/file/2010/artigos_teses/2010/geografia/car tografia/cartografia_inclusao.pdf CORDIOLII, Marcos Antonio. Sistemas de ensino e políticas educacionais no Brasil. Curitiba: Ibpex, 2011.

FARFUS, Daniele. Espaços educativos: um olhar pedagógico. Curitiba: Ibpex, 2011. JUSTINO, Marinice Natal. Pesquisa e recursos didáticos na formação e prática docentes. Curitiba: Ibpex, 2011. SUHR, Inge Renate Frose. Teorias do conhecimento pedagógico. Curitiba: Ibpex, 2011.