INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DO NEGRO

Documentos relacionados
HISTÓRIAS E CULTURAS DO NEGRO. Palavras-chave: História. Cultura. Projeto. Afrobrasileira. Negra.

Relações Étnico-Raciais no Brasil. Professor Guilherme Paiva

Cidadania e Educação das Relações étnico-raciais.

EFETIVAÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

EDUCAÇÃO PARA VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA: EXPERIÊNCIA DA ESCOLA DO SESI DE BAYEUX/PB

Palavras-chave: educação, Lei /03, religião de matriz africana.

FÁBIO BAQUEIRO FIGUEIREDO. Módulo 1 História da África

ÉTICA E IDENTIDADE. (28/10/2016 às 15h )

PROGRAMA DE TÓPICOS TRANSVERSAIS NA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

A LEI /2003 E SUAS TENTATIVAS DE APLICABILIDADE NO ENSINO ATRAVÉS DA LITERATURA 1. INTRODUÇÃO

Estudos das Relações Organização da Disciplina Étnico-raciais para o Ensino Aula 3 de História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Indígena

Projetos de estudos da cultura afro-brasileira

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL COM PERSONAGENS NEGROS: CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DAS CRIANÇAS NEGRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1

SOBRE A TEMÁTICA DA EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

Projeto de pesquisa: África, afro descendentes e o Ensino de História.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Senhores Ouvintes e Telespectadores,

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: UMA ANÁLISE DA LEI /03 EM UMA ESCOLA DE APODI/RN

INTERDISCIPLINARIDADE E O ENSINO DE HISTÓRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O PROJETO: DIÁLOGOS ÉTNICOS CULTURAIS: OS POVOS FORMADORES NO CONTEXTO LOCAL

Palavras-chave: Religiões de matriz africana. População negra no Ceará. Negro e Educação.

Secretaria Municipal de Educação. Diretrizes Curriculares para Educação das Relações Étnico Raciais

Representações sociais de Portugal e dos portugueses nos livros didáticos da disciplina de História no ensino fundamental brasileiro

A LEI /2003 E A SUA INSERÇÃO NO 8º ANO DO CURRÍCULO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO ACRE

Diferença ou Deficiência? - Um projeto de leitura e produção textual em Língua Portuguesa

ENTRE O SER E VIVER: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ÉTNICO- RACIAL DO DISCENTE

Eixo: Fundamentos teórico-metodológica da História.

FORMAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, GENERO, CLASSE, RAÇA E ETNIA

ATIVIDADE. Independência para quem? Relações políticas e sociais durante o período escravista brasileiro

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

PROGRAMA DE PROMOÇÃO TEMÁTICA HISTÓRIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS DAS CULTURAS AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

EMENTAS GRUPOS DE TRABALHO (GTs)

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NO CURSO DE PEDAGOGIA: FORMAÇÃO INICIAL E INTERVENÇÃO NA ESCOLA BÁSICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

PALAVRAS-CHAVE: texto argumentativo; tese; coesão; conectivo; produção. textual.

Estereótipos raciais a partir da escravidão no Brasil: o processo de marginalização do negro UNIDADE 3

PROPOSTAS DE PRODUÇÃO DE TEXTO PARA 2ª FASE

ABORDAGENS DA HISTÓRIA DA ÁFRICA NO CURRÍCULO REFERÊNCIA DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS

EMENTÁRIO HISTÓRIA LICENCIATURA EAD

Racismo e produção do conhecimento

DOENÇA FALCIFORME RACISMO

DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL: PERCEPÇÕES DE PROFESSORES E ALUNOS DO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA: DEZ ANOS DEPOIS COMO FICAMOS? PPGE-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO ALUNO NEGRO NO ÂMBITO ESCOLAR

Palavras chaves: Afrodescendente. Consciência Negra. PIBID. Escola. Introdução

Atividades Acadêmico-Científico- -Culturais: Diversidade Cultural. O Brasil é um País Multirracial. Contextualização. Teleaula 1.

Formação Continuada de Professores/as Discutindo as Relações Raciais na Prática e Lei n /2003

Antônia Pereira da Silva Graduanda em Letras-Português pelo PARFOR da Universidade Federal do Piauí

Seminário de Avaliação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência UFGD/UEMS/PIBID

AS LÓGICAS DO RACISMO EM PORTUGAL E NO BRASIL

PIBID, UM CONHECIMENTO ESSENCIAL DA REALIDADE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Plano de Aula: Consciência Negra

TÍTULO: O ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS REPRESENTAÇÕES DO DISCENTE DE EJA: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA ORAL

JOGOS AFRICANOS INTRODUÇÃO

A MUSICALIDADE PRESENTE NA CAPOEIRA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE BASE AFRICANA NO FORTALECIMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI Nº 10.

Proposta de redação: Somos todos iguais : expressão falaciosa da democracia moderna. O racismo ainda bate às portas.

LEI /03, COTIDIANO ESCOLAR E FORMAÇÃO DOCENTE: uma visão a partir da experiência com o PIBIC Jr.

Atividades consciência negra colorir

RACISMO E EDUCAÇÃO: O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE ANTIRRACISTA

Prfª. Drª. Eugenia Portela de Siqueira Marques

DESMITIFICANDO ESTERIÓTIPOS SOBRE POPULAÇÕES INDÍGENAS ATRAVÉS DO TRABALHO DE CAMPO.

História e Geografia na BNCC 2ª versão

destaques da programação: 16/fev a 22/fev A Arte da Persuasão duração: 58 exibição: 16/fev, às 22h

Cidadania e Profissionalidade. O Filme Gandhi. Trabalho elaborado por: Alexandra Valério Página 1

PLANO DE AULA 12. Comércio de escravos e escravidão: quem eram os africanos trazidos para o Brasil; relações sociais e resistência.

Publico alvo: alunos do 1º ao 9º ano E.E. Otávio Gonçalves Gomes

A INVISIBILIDADE DAS MULHERES NEGRAS NA LITERATURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DO CONTO A ESCRAVA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA CENTRO DE CARTOGRAFIA APLICADA E INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

O Candomblé como abordagem intercultural no ensino das Artes Visuais.

TÍTULO DO PROGRAMA. Impactos Fatais Série: Racismo Uma História SINOPSE DO PROGRAMA

FRIDAS: UMA PROPOSTA DE GRUPO DE ESTUDOS SOBRE GÊNERO E DIVERSIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR.

O ESTUDO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E A VALORIZAÇÃO DAS RELIGIÕES DE RAÍZES AFRICANAS *

ABORDAGEM POSITIVA DA BIOLOGIA COM UMA PERSPECTIVA NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

CIRCULAR Vitória, 14 de maio de Edital de Inscrições de Grupos de Trabalhos

NUREGS NÚCLEO DE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE

RELAÇÕES RACIAIS NA PERSPECITIVA CURRICULAR E EDUCACIONAL

A UTILIZAÇÃO DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS NAS ESCOLAS BRASILEIRAS: UMA ALTERNATIVA PARA A VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA 1

CONGRESSO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO 2016 Educação e Diversidade ISSN X

Estudos das Relações Étnico-raciais para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Indígena. Organização da Disciplina.

Movimento. O que é. Negro?

Projeto de Prática como Componente Curricular PCC 2018 Formação leitora em literaturas africanas de língua portuguesa: proposta e realização

Brasil e a luta do negro

FRACASSO/QUEIXA ESCOLAR: UM ESTUDO ACERCA DAS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS RELACIONADAS COM O TEMA PUBLICADAS EM PERIÓDICOS

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ESTUDO DA VISÃO DOS PROFESSORES DA REDE BÁSICA DE ENSINO DE SOBRAL SOBRE A DIVERSIDADE DENTRO DE SUAS ESCOLAS.

A fórmula mágica da assimilação e/ou diluição do racismo nas periferias: Depoimento de uma periférica

6 Considerações Finais

CRESS-MG pela Consciência Negra - Leia a entrevista com militante do movimento negro

HISTÓRIA ORAL E O ENSINO DE HISTÓRIA

GT2 Africanidades e Brasilidades em Educação CONEXÕES ENTRE A LEI Nº /2003 E OS CONTEÚDOS DO CURRÍCULO BÁSICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIVERSIDADE E CURRÍCULO: CAMINHOS E PERSPECTIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO ANTI RACISTA Lygia de Oliveira Fernandes UFRRJ

Estudos das Relações Étnico-raciais para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Indígena. Ementa. Aula 1

PALAVRAS-CHAVE Inglês como Língua Franca. World English. Ensino/Aprendizagem.

UNIVERSIDADE FEDERAL DAPARAÍBA CENTRO DE EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARA CAMPUS ABAETETUBA PROJETO DE ENSINO NEGRITUDE EM FOCO PROF. MESTRE DOUGLAS DE OLIVEIRA

O REFLEXO DA LEI /03 NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL

ESCOLA ESTADUAL DONA ROSA FRIGGER PIOVEZAN PROJETO CONSCIÊNCIA NEGRA: SÓ SE VALORIZA O QUE CONHECE EM SUA PLENITUDE

Prof. Clésio Farrapo

ATIVIDADES SOBRE DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE PEDAGOGIA

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E AS IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS CURSOS DE PEDAGOGIA DE MS

Transcrição:

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DO NEGRO Eder Jordan Paz Matias 1, Larissa Oliveira e Gabarra 2 Resumo: O curso de introdução aos estudos do negro tem como objetivo desconstruir os estigmas e estereótipos existentes sobre a história do negro, uma vez que muitos jovens não conhecem a importância do negro na construção da nação brasileira. É de suma importância a execução desse curso, tendo em vista o déficit existente nas instituições de ensino sobre o estudo do negro. Em muitas instituições de ensino a história do negro é pouco trabalhada e quando o tema é tratado em sala de aula é feito com os estigmas e estereótipos. O conhecimento da história do negro proporciona aos jovens ferramentas para o combate ao racismo e além disso passam a reconhecer suas matrizes africanas. Percebe-se a necessidade de descontruir a visão eurocêntrica que há sobre o estudo da história no ensino médio, mostrando como cientistas conhecidos tiveram e até hoje tem um papel importante na construção dessa visão racista, estereotipada e estigmatizada da história e cultura do negro. Dessa forma o conhecimento das lutas de resistência do negro é importante para que os jovens entendam que ainda hoje o racismo se mantém estruturado em nossa sociedade e perceber que a invisibilidade feita dessa história é uma das formas de manter uma sociedade desigual e racista. Palavras-chave: Negro. Estereótipo. Estigma. História. 1 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Humanidades e Letras, bolsista PIBEAC do projeto Histórias e Culturas do Negro, discente BHU. 2 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Humanidades e Letras, professora adjunta, Coordenadora do Programa Áfricas do Joá e do projeto Histórias e Culturas do Negro. E-mail: larissa.gabarra@unilab.edu.br

INTRODUÇÃO O projeto Histórias e Culturas do Negro é de grande importância para perceber a necessidade de desvincular os estereótipos dos negros e negras brasileiros e também do continente africano. Esses estereótipos foram construídos ao longo da história inferiorizando as populações que não europeias como inferiores e não civilizadas. Tendo em vista que ainda hoje há uma enorme distorção sobre ensino da história do negro nas instituições de ensino no Brasil é necessário que haja ações diretivas sobre o tema do racismo nas escolas. A partir da abordagem das lutas do negro o curso proporciona aos participantes o entendimento do que é realmente ser negro. As atividades do curso Introdução aos Estudos do Negro têm também como objetivo fazer uma introdução de como foi construída essa subjugação da história africana em relação aos estudos desenvolvidos por intelectuais como Hegel, que acredita que a África não tinha história por não ter Estado, nem escrita (OLIVEIRA, 2006, p.31). Inverdades que são repetidas indiscriminadamente pelo censo comum. O desenvolvimento da ciência no fim do século XVIII e século XIX na Europa criaram uma barreira que descrevia aquilo que não era europeu como inferior. Acreditavam que a diferença cultural dos povos africanos fossem um atraso, justificando assim os feitos civilizatórios. A população, majoritariamente descendente de africanos, é incapaz de reconhecer uma de suas matrizes formadoras a não ser através de estereótipos um continente exótico, primitivo, miserável, ignorante, violento os três Ts (Tarzan, tribo e tambor), como ensina o professor Maria Nunes Pereira, do CEAA-Centro de Estudos Afro-asiáticos (PEREIRA, 2012, p.19). Assim, o curso Introdução aos estudos do Negro pretende trazer para os alunos uma explicação para a falta de conhecimento que eles têm sobre suas próprias raízes. Portanto, esse curso funciona como um momento prévio aos outros cinco encontros em que serão tratadas temáticas específicas sobre regiões e povos do continente, como também produção literária e cultura desses povos em África e no Brasil. METODOLOGIA

A partir do curso de Introdução aos estudos do Negro, mostrar que há e como foi construído e fundamentado o preconceito com o negro e o silencio sobre o seu agenciamento na história. Foi elaborado durante as formações do eixo Cá entre nós do programa Áfricas do Joá, planos de curso para cada um dos encontros do projeto Histórias e Culturas do Negro. Assim, nesse primeiro curso introdutório, seguindo a metodologia proposta pela professora Azoilda Trindade Loretto, começamos perguntando o que os alunos conhecem e sentem quando falamos do continente africano. A proposta desse exercício é identificar qual a ideia que eles têm de antemão sobre o continente (LORETTO, 2005). Em outro momento, são utilizadas as músicas: A carne composta por Seu Jorge e cantada na voz de Elza Soares e Negro Drama do grupo Racionais MC s. Essas músicas são usadas para que os jovens sintam e interpretem o que as músicas querem passar, pois fazem uma crítica social e denunciam todos aqueles que estruturam a sociedade desigual, vinculada ao racismo. Dessa forma, a intenção de continuar subjugando e ignorando a importância que o povo negro tem na construção da nação brasileira é recorrente até os dias atuais. Após a análise da música começamos a dar explicação sobre a ciência no século XIX foi estruturante para a construção do racismo e da manutenção de estereótipos sobre o continente africano por meio de obras, tais como: Seminários de Filosofia da História de Hegel (1883) e A desigualdade entre as raças humanas de Goubineau (1855). A partir das independências africanas houve um movimento historiográfico que desconstruiu esses estereótipos, mostrando que a história do continente africano é extremamente rica e cheia de curiosidades. Segundo Amauri Mendes Pereira A história da África é parte indiscutível da história do mundo (PEREIRA, 2012, p.17). Depois, utilizamos o prefácio do livro O menino Fula de Amadou Hampâté Bâ para mostrar que a história oral africana deve sim ser valorizada e respeitada, porque essa história muito importante para a manutenção da riqueza histórica e cultural da humanidade. Desse modo, o debate e a vivencia das Histórias e Culturas do Negro são os principais métodos usados na execução dos cursos para que possamos possibilitar a desconstrução dos preconceitos e estigmas sobre as histórias e culturas africanas. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O plano de trabalho levou os alunos conhecerem um pouco mais sobre a história do negro e perceberem que de fato há um silenciamento da história desse povo como sujeitos, seja do negro africano, brasileiro ou de qualquer lugar da diáspora. Com o curso Introdução aos Estudos do Negro, percebe-se a inquietação dos jovens quando entendem que há realmente uma sociedade estruturada e mantida socialmente desigual com base no racismo, a partir disso passam a perguntar como poderíamos conseguir uma reviravolta desse quadro tão preocupante. Percebem que é necessário a valorização e o conhecimento das lutas do povo Negro como um movimento contra hegemônico. Percebe-se que muitos dos jovens que participaram do curso passam a se reconhecer de fato como negro, identificando suas raízes africanas. Os alunos do curso puderam entender como as culturas e as histórias do negro são ricas e fazem parte da formação da identidade nacional. Os alunos conseguiram identificar como o preconceito racial influência fortemente o estudo da História na escola e, assim, ganharam instrumentos para combater a marginalização que sofrem ou que veem sofrer o negro. Foram pertinentes discussões sobre como ainda hoje existe uma sociedade racista, muitas vezes os jovens relatam casos de racismos nas redes sociais. Nas falas dos jovens fica perceptível o empoderamento que passam a ter por conhecerem a história de um povo que ajudou na criação de uma nação. Os jovens passam a fazer uma discussão sobre qual motivo das escolas públicas continuarem tratando tão pouco a história do continente africano e dos afrodescendentes no Brasil. Alguns jovens relatam que antes do curso não sabiam nem que África era um continente. Dessa forma, as discussões nos mostram que o curso proporciona o entendimento do quanto é importante estudar a história do Negro. CONCLUSÕES O curso nos permite concluir que de fato existem diversas escolas de ensino médio que colocam o ensino da história do negro em último plano. O esquecimento que se tem da história africana e do Negro em geral é alimentado também por professores que muitas vezes não dominam o conteúdo e quando tratam da história do Negro trazem-na com todos os estigmas e preconceitos sociais, acabando por restringir o estudo do Negro à escravidão. Verificamos também que os jovens passam a ter um senso crítico maior sobre o lugar do Negro na sociedade, depois do nosso curso. Juntamente com os jovens conseguimos concluir que o conhecimento das histórias e culturas do negro é um importante instrumento de combate ao

racismo. Concluímos também que os jovens passam a ter uma ideia real sobre o continente africano. No termino do curso, quando perguntamos novamente qual a primeira ideia que vem na cabeça deles quando falamos de África, percebemos que as falas não estão mais carregadas dos estigmas e preconceitos que antes haviam. Quando vemos que jovens, que já estão terminado o ensino médio, sabem pouquíssimo ou nada sobre o continente africano, percebemos o quão é necessário a execução desse curso, tendo em vista que nele se dá o reconhecimento de si mesmos, como Negro e da importância de suas raízes africanas na formação da identidade nacional. Portanto, concluímos que é de suma importância que os jovens possam conhecer a história do negro para que conheçam como é forte a presença do negro nos momentos históricos. Dessa forma os jovens poderão usar todo esse conhecimento e essa vivencia como forma de resistência contra essa marginalização que é feita do negro. Assim os jovens têm a possibilidade de perceber a necessidade de se proteger contra o racismo e assim luta contra a exclusão social, que cria guetos de segregação racial e social. AGRADECIMENTOS Agradeço a professora Dr Larissa Oliveira e Gabarra e ao professor Dr Fabio Baqueiro Figueiredo. As escolas Liceu de Messejana, Liceu Domingos Brasileiro, Professor Milton Abreu Façanha e a Almir Pinto agradeço por acreditar em nosso projeto e disponibilizar o espaço para que os encontros fossem realizados. E agradeço também a Iara Conceição Mulato Monteiro. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, Anderson José Machado. Histórias da África, Diáspora e Identidades Culturais no Brasil Escravista. In: Revista do Departamento de História do Colégio D. Pedro II. N 06 Março, 2006.PEREIRA, Amauri Mendes. África: para abandonar estereótipos e distorções. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. TRINDADE, Azoilda Loretto. Fragmentos de um discurso sobre afetividade. Saberes e fazeres, v.1: modos de ver / coordenação do projeto Ana Paula Brandão. - Rio de Janeiro, Fundação Roberto Marinho, 2006.. Saberes e fazeres, v.3: modos de interagir / coordenação do projeto Ana Paula Brandão. - Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2006.