DIREITO ALTERNATIVO E PLURALISMO JURÍDICO, EM BUSCA DA ISONOMIA MATERIAL

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Transcrição:

DIREITO ALTERNATIVO E PLURALISMO JURÍDICO, EM BUSCA DA ISONOMIA MATERIAL Ana Luísa do Couto Andrade1 Mariana Dantas Ribeiro 2 RESUMO O sistema ético e o sistema jurídico não são sistemas autônomos, mesmo que distintos. O Direito recebe grande influência dos valores consagrados no âmbito ético e moral, devendo sempre procurar alcançar dentre as várias possibilidades normativas a que melhor atenda aos reclamos sociais e ideais de justiça. Em decorrência da insatisfação gerada pela insuficiência do Monismo estatal, surge o Pluralismo Jurídico, também manifestado através do uso do Direito Alternativo. Dentro de um monismo estatal com prevalência positivista, a importância dessa fonte inovadora cresce como instrumento de emancipação e inserção social. Porém, ocorre que os conceitos e as armas desse movimento ainda estão em transformação. Entende-se que a legislação estatal positiva não é a única nem a principal fonte jurídica do ordenamento e o movimento alerta o caráter instrumental do direito positivo. Palavras-chave: Direito Alternativo. Pluralismo Jurídico. Monismo. ABSTRACT The Ethical and juridical systems are not autonomous systems. Even though, ethical and moral values have a high influence over the laws, since they always try to reach the requests of individuals and their ideals of justice. The juridical pluralism occurs due to the lack of satisfaction with state monism, and this is shown by the use of Alternative Rights. In a state monism with prevalence of positivist, the importance of this new source grows up as an instrument of emancipation and concepts in change. This is clear, since the state positive legislation is nor the only one, neither the principal juridical source of ordination and this calls attention to the instrumental character of positive laws. Keywords: Alternative Rights. Juridical Pluralism. Monis. 1 Acadêmica do Curso de Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) 2 Acadêmica do Curso de Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

1. INTRODUÇÃO Através da cultura é que a história revela as formas e/ou valores encontrados como fonte para penetrar no que existe de mais essencial no espírito humano. Da cultura extraem-se os juízos de valor capazes de classificar fins sociais dignos, normas justas ou capazes de apontar normas injustas e, assim, interromper o objetivo da segurança e validez, que deve ocorrer com as normas jurídicas. A segurança social e jurídica não faz parte de uma certeza imóvel e definitiva. Assim como há mudança e instabilidade na sociedade e nas relações sociais, há nas relações jurídicas e conseqüentemente na segurança jurídica. O direito deve estar sempre procurando alcançar dentre as várias possibilidades normativas a que melhor venha atender aos múltiplos reclamos dos indivíduos, para que o sistema jurídico seja válido e eficaz. Admitir o Direito pela fundamentação positivista de Hans Kelsen torna o sistema jurídico distante da sociedade. A produção das leis deve ser feita em vínculo bilateral indissociável com os destinatários da mesma, para sair apenas da eficácia formal e normatizar uma realidade tácita. Exige-se, para eficácia social, uma relação de reciprocidade entre fato e norma. No positivismo jurídico-legalista a lei é a premissa maior e o fato, a menor, e tais premissas apresentam-se dogmaticamente como verdades absolutas, inquestionáveis, expressando uma falsa idéia de neutralidade. Isto conferiu ao direito, desde sua gênese, uma característica de instrumento de manutenção do status quo. Como prova da ineficácia das normas que deriva, dentre outros fatores, da crise de qualquer sistema jurídico, temos o esgotamento do Monismo estatal, mostrando que a força não atinge a eficácia e a vontade da lei garantida pela sanção. A validade social da norma deve estar relacionada à razão superior de um sistema de valores. A coerção pode fundar uma necessidade, mas nunca um dever e uma validez (pois não se trata de uma coação puramente material, mas de uma coação socialmente aceita). O julgador deve alcançar a lei conservando os valores sociais vigentes, fazendo-a presente, adequando-a ao caso concreto para dar eficácia e tornar justa a aplicação do direito. Em virtude da crise do mundo jurídico e da insuficiência do sistema, surge na Itália, no final da década de 60, o movimento uso alternativo do direito como mais uma forma plural da prática jurídica. O movimento do Direito Alternativo se inscreve no âmbito de uma crítica do direito

que, no plano teórico, identifica o esgotamento do paradigma positivo-normativista da ciência jurídica, buscando um outro referencial teórico e prático para o direito, mais flexível e pluralista, comprometido com a transformação e não com a mera conservação da realidade social, especialmente quando esta última apresenta níveis insustentáveis de exclusão e injustiça, como é o caso dos países da América Latina e de todo o mundo não desenvolvido. (MACHADO, 2009). Como todas as formas de questionamento da ordem vigente, o movimento do Direito Alternativo (embora com crescimento significativo) ainda é muito criticado por outras correntes antagônicas. Uns afirmam que nega a norma, gera instabilidade, que se trata de uma prática ilícita, etc. As características do movimento alternativo ainda não são pacíficas nem dentro do próprio movimento, a exemplo do pluralismo stricto sensu. A obrigação da evolução normativa concomitante à evolução social torna necessário o debate sobre as possíveis evoluções do direito e suas diferentes manifestações para derrubar mitos e garantir a prevalência da eqüidade. Assim, nesta produção, abordar-se-á, a partir dessas e outras argüições, que, por ventura venham a surgir, a importância da coexistência de mais de uma fonte para o ordenamento jurídico, em uma mesma sociedade, como meio de suprir o esgotamento do monismo estatal e alcançar os ideais de justiça. 2. VALOR E DIREITO Sob o ponto de vista sociológico, o valor exprime uma relação entre as necessidades do indivíduo (respirar, comer, viver, posse, reproduzir, prazer, domínio, relacionar, comparar) e a capacidade das coisas e de seus derivados, objetos ou serviços, em satisfazê-las. É na apreciação desta relação que se explica a existência de uma hierarquia de valores, segundo a urgência/prioridade das necessidades e a capacidade dos mesmos objetos para as satisfazerem, diferenciadas no espaço e no tempo. Verificamos que entre valor e realidade não existe um precipício; pois, encontramos um vínculo de polaridade e de implicação, que não teria a história nenhum sentido, sem o valor, pois, o valor não se reduz ao real nem pode equiparar-se totalmente com ele; do contrário o mesmo perderia a sua importância, que é suplantar a realidade, em função da qual nada se exaure. (PADOAN, 2001, p. 01) O valor tembém é identificado, fundamentalmente, com a noção do bem. A palavra bem gera grande dissídio, que teve início desde a Grécia Antiga, entre os estóicos e os seguidores do epicurismo. Para o estoicismo o bem consistia no desprendimento, na resignação, em saber suportar serenamente o sofrimento. Já o epicurismo relacionou a idéia de bem com o prazer, não um prazer desordenado, mas concebido dentro de uma

escala de importância. Modernamente, o conceito de bem ainda se divide, com variações, de acordo com o velho antagonismo grego. Assim, do mesmo modo que a definição de bem não é fechada e imutável, nem as nessecidades e capacidades humanas, os valores, que estão arraigados a esses elementos, sofrem mudanças. A partir da idéia de valor e bem, organizam-se os sistemas éticos, são deduzidos princípios e chegam-se às normas morais, que permeiam a consciência humana e determinam suas atitudes como homem que vive em permanente relação com outros e a partir dessas relações subordinam-se e formulam valores e imperativos de conduta. O homem é responsável pela sua existência e a cada instante de sua vida cabe a ele próprio construí-la. O homem tem por natureza o livre arbítrio e assim sendo, uma sucessão de livres decisões. Diante dos problemas que a circunstância lhe apresenta, o homem está livre para decidir, consciente de que pode subordinar-se ao dever ser moral, mas também pode fugir ao seu imperativo. Assim como não pode haver valores sem sujeito, é inconcebível sujeito sem valores. A vida humana só terá sentido e será justificada enquanto houver liberdade orientada para a realização dos valores. (PADOAN, 2001, p. 01) Baseando-se nesta posição, é feita uma análise comparativa entre a ordem moral e a ordem jurídica. Direito e moral não são sistemas absolutamente autônomos, sem qualquer comunicação. Embora distintos, o direito é grandemente influenciado por esta, da qual recebe valioso fundamento. Dessa forma, o Direito procura avaliar no âmbito das múltiplas opções normativas, aquelas que sejam mais adequadas às necessidades apresentadas pelos indivíduos, procurando assistí-las com eficácia absoluta. De igual modo, busca-se também aquelas que atendam à justiça, abarcando, assim, os valores consagrados no meio social. 3. ESGOTAMENTO DO MONISMO ESTATAL: FATOS E VALORES EM TRANSFORMAÇÃO A transição de um período histórico para outro sempre foi marcada por conflitos de interesses: na Antiguidade, o Império Romano atuando com o Direito Romano em conflito ao Direito dos povos conquistados; na Idade Média a concorrência entre absolutismo real e regimentos da Igreja Católica, direito dos Senhores Feudais em contraposição ao direito dos comerciantes e da burguesia emergente; etc. Esses conflitos são determinantes no surgimento e intensificação de novos valores, revolucionando a cultura social ininterruptamente. Assim, os valores na Idade Antiga estavam vinculados aos interesses existentes na polis, na Idade média os valores vinculavam-se à proteção e serviço do clero e da

nobreza, e assim sucessivamente, em todos os períodos históricos. A tentativa de cristalizar valores e formá-los como normas universais é ineficaz, posto que as relações entre indivíduos sempre estiveram e estão em permanente mutação devido a transformação dos valores arraigados ao homem em cada coletividade, em cada período específico. Reale (2000, p. 14) diz que existe, indiscutivelmente, ao longo do tempo, um fenômeno jurídico que vem se desenrolando, através de mil vicissitudes e conflitos, apresentando aspectos diferentes de ano para ano, de século para século. As novas necessidades e a insuficiência do Monismo Estatal na sociedade Contemporânea abriram espaço às novas formas de regular e oferecer resoluções (antagônicas ou paralelas) que nascem fora do Estado, entendendo que a legislação estatal positivada não é a única nem a principal fonte jurídica do ordenamento. No entanto, o direito alternativo não descarta nem inutiliza as normas emanadas pelo Estado, apenas entende que há outras regulamentações jurídicas paralelas ao Direito Estatal. O Monismo é um modelo técnico, formal, preocupado com a legalidade e o reducionismo normativista para garantir a hegemonia do Estado juiz e frear as manifestações concomitantes com a imposição estatal. Surge com o esgotamento do feudalismo e emergência burguesa, sendo um instrumento de desenvolvimento socioeconômico no qual o capital é o instrumento principal, e posteriormente vai servir de arma para a manutenção do poder burguês que ascende e deseja a supremacia de seus valores. Corresponde à sistematização dogmática do monismo jurídico, tornando-se perceptível a gradativa postulação do Direito Estatal ao Direito positivo; consagrase a exegese de que todo o direito não só é Direito enquanto produção do estado, mas, sobretudo, de que somente o Direito positivo é verdadeiramente direito. (SILVA, 2006, p.5) Centrado no interesse individual, através de um estado soberano, o monismo entrou em crise com o não acompanhamento das necessidades coletivas, transformações econômicas, políticas e sociais e com a intensificação do capitalismo globalizado. Para negá-lo, e como conseqüência do esgotamento dele, surgem manifestações do pluralismo jurídico, que convive e co-existe com o Direito do Estado. Nos marcos da crise dos valores e do desajuste institucional das sociedades periféricas de massa, da estruturação das novas formas racionais de legitimação da produção capitalista globalizada e de saturamento do modelo liberal de representação política e do esgotamento do instrumental jurídico estatal, nada mais correto do que empreender o esforço para alcançar outro paradigma de fundamentação para a cultura política e jurídica. (WOLKMER, 2001, p. 169). O pluralismo jurídico surge sob várias formas, intra estado positivo e extra estado positivo; aquele através de juristas, legisladores que interpretam extensivamente e criam

normas para independência de classes marginalizadas, surgimento do movimento do direito alternativo, entre outras manifestações; este através de movimentos sociais, associações profissionais, grupos populares, etc. 4. PLURALISMO JURÍDICO E GÊNESE DO USO ALTERNATIVO DO DIREITO Tinha-se, como mencionado anteriormente, na Antiguidade,o Império Romano atuando com o Direito Romano em conflito ao Direito dos povos conquistados, na Idade Média, a concorrência entre absolutismo real e regimentos da Igreja Católica e o direito dos Senhores Feudais em contraposição ao direito dos comerciantes com a burguesia emergente. Nota-se que sempre esteve presente, em todas as sociedades, a concorrência de interesses e procedimentos de regulamentação social. A insuficiência do Monismo Estatal na sociedade Contemporânea abriu espaço às novas formas de regular e oferecer resoluções (antagônicas ou paralelas) que nascem fora do Estado, entendendo que a legislação estatal positivada não é a única nem a principal fonte jurídica do ordenamento. Para negar o monismo, o pluralismo é revestido de autonomia, descentralização, participação, localismo, diversidade e tolerância e dá origem ao uso do direito alternativo (latu sensu), que convive e co-existe com o Direito do Estado, revestindo-se de legalidade. O primeiro momento será reconhecer a desigualdade dos desiguais, e a partir daí possibilitar o reconhecimento pleno já não do desigual senão do distinto portador da justiça enquanto outro. Ora, o espaço do pluralismo jurídico é onde nasce a juridicidade alternativa. O Estado não é o lugar único do poder político, tampouco a fonte exclusiva da produção do Direito. O pluralismo jurídico expressa um choque de normatividades, cabendo aos pobres, como novos sujeitos históricos, lutar para fazer prevalecer seu Direito. (WOLKMER, 2001, p.203) O movimento do Direito Alternativo surgiu, no Brasil, nas décadas de 60 e 70, sistematizando-se a partir de 1990. Emergiu como uma crítica ao saturado sistema vigente, para colocar o jurista ao lado dos oprimidos, dos que não detém o poder. De forma explícita, sem neutralidade, ele está em busca de criações que beneficiem as classes dominadas e uma interpretação progressista da lei. O estopim dado ao movimento do Direito Alternativo e à afirmação dos Direitos Humanos no Brasil não foi impulsionado na década de 70 por acaso. O regime ditatorial juntamente com as atrocidades vividas pelo mundo com Segunda Guerra Mundial aumentou a popularidade dos estudos sobre os Direitos Humanos, através de uma política libertadora das classes populares e oprimidas pelas fases históricas em

contraposição ao regime militar. A ditadura militar inspirou a proposta de uma luta educativa participativa e transformadora. Paz (2006, p.115) afirma que o entendimento do direito a partir de uma perspectiva culturalista prioriza os conflitos e as forças sociais. Essa influência se faz presente tanto pela pressão de determinadas coletividades de terem reconhecidos suas necessidades e seus espaços no cenário social quanto pela atuação do Estado. O marco do movimento no país foi no dia 25 de outubro de 1990 quando o Jornal da Tarde de São Paulo publicou uma manchete JUÍZES GAÚCHOS COLOCAM DIREITO ACIMA DA LEI para desmoralizar juristas e agregar falsamente - ao movimento um caráter ilegal. A repercussão do artigo publicado deu início ao I Encontro Internacional de Direito Alternativo em Florianópolis, Santa Catarina. No que concerne à denominação dessa corrente, põe-se desde logo um problema terminológico que tem causado certa polêmica, sobretudo entre aqueles que têm uma quase insuperável dificuldade de admitir qualquer alternativa ao direito liberal burguês. A locução direito alternativo parece designar adequadamente o movimento porque, além de abranger a prática do uso alternativo do direito posto e da positividade de combate, abrange as manifestações do pluralismo jurídico, verdadeiro ordenamento jurídico alternativo, surgido no seio de grupos marginalizados, portanto, à margem da ordem instituída. Além disso, designa a luta por uma outra (alter) forma de sociedade, a sociedade não burguesa, cuja construção está condicionada a uma espécie de ética da alteridade, com a necessária inclusão dos sujeitos marginalizados, ou seja, do alter ou dos outros sujeitos. (MACHADO, 2009). Diferente do que falam os críticos que divergem da corrente alternativa, o uso do direito alternativo não vem negar o direito estatal, e sim relatar a insuficiência do Estado em tutelar de forma justa o direito da maioria marginalizada diante das diversas convulsões sociais. Dentre os vários reclamos sociais, o direito alternativo abrangerá normas justas de emancipação e reduzirá a aplicação/interpretação das normas que contenham ideologias classistas em suas entrelinhas. O movimento é utilizado na tentativa de diminuir a convulsão social diante do esgotamento do direito puramente monista e positivo, aproximando as relações sociais do ideal de equidade. Em outras palavras, os alternativos não combatem o fato de existirem leis aprovadas pelo parlamento e uma estrutura judicial para interpretá-las e aplicá-las. Estas formas são importantes para regular uma sociedade. Entretanto, ao concordarem com a forma, ou método, não estarão automaticamente ou em desdobramento, de acordo com a ideologia e a teoria embutida neste sistema como ocorre com os juristas tradicionais. De fato, o pensamento jurídico conservados quer fazer crer inexistirem ideologias e valores no Direito, tudo se cingindo à própria estrutura jurídica, em estado puro, desvinculada de quaisquer interesses de poder. E, com isto, não concordam, em absoluto, os alternativos. (ANDRADE, 2008, p. 9-10) 5. FINALIDADES E ESTRATÉGIAS DO MOVIMENTO ALTERNATIVO DO DIREITO

Produto do temor da diferença entre os homens, desencadeado pelo nazismo, a primeira fase de proteção dos Direitos Humanos se formou com base na igualdade, numa proteção geral à diferença, formalizada pela Declaração Universal de 1948. Igualar os indivíduos formalmente foi insuficiente. Concomitante a uma proteção genérica, estava a necessidade de particularizar determinados grupos e minorias para que, utilizando da diferença não fosse permitida lesão à direitos essenciais. A sociedade contemporânea, notadamente nos seus momentos de crise e grave instabilidade social, reflete a crise deste modelo de monismo jurídico. É que justamente esta concepção de Direito não consegue mais regular ou oferecer parâmetros de resolução dos conflitos nesta nova realidade atual. Estas instabilidades ou crises sociais provocam também crises no Direito ou, nos termos de Wolkmer (1997; 62), "o esgotamento do modelo jurídico tradicional". É preciso perceber que o Estado, notadamente o seu modelo atual centralizador e burocrático, não consegue mais produzir normatividades capazes de corresponder à nova organização social (OLIVEIRA, 2003, p. 6) Temos que, a promoção de minorias desprivilegiadas parte de uma tentativa de chegar à igualdade. Essa promoção pode ser vista através do uso do movimento alternativo do direito, das aplicações jurisprudenciais, das ações afirmativas, etc. Proibir a exclusão social não implicaria manter a inclusão, daí a importância das ações afirmativas para reduzir a desigualdade, enfatizando as diferenças. Ou seja, aplicar uma justiça baseada apenas na isonomia formal, distributiva, legaliza os abismos entre os grupos e legitima a desigualdade. A isonomia material consiste na famosa proposição anunciada pelo filósofo Aristóteles, segundo a qual a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Para efetivar o princípio, é necessário considerar as peculiaridades e desigualdades individuais em sua medida. O movimento do Direito Alternativo assume, assim, sua não-neutralidade e seu comprometimento com os pobres, buscando ser um instrumento para emancipação da classe trabalhadora. O jurista assume o dever de proximidade aos conflitos sociais, dando novas soluções, tendo o fato como premissa maior do caso concreto. Deve utilizar as lacunas e incoerência da lei em benefício dos que não têm poder, de modo a garantir a dignidade da vida humana e a qualidade exemplar de vida para todos. A atuação interpretativo-alternativa ultrapassa os limites da reprodução de práticas consagradas, tornando-se: (a) mais próxima do real conflito humano; (b) permissiva de discussão axiológica desmascadora da idéia de neutralidade; (c) politicamente participativa; (d) questionadora da ordem estabelecida e das leis que a mantêm; (e) inserida no contexto sócio-econômico; (f) possibilitadora de novas soluções aos conflitos. (CARVALHO, 2005, p. 35-36) Basicamente, o movimento do direito alternativo atua através de três estratégias, em um modo mais brando de atuação - o positivismo de combate - o direito alternativo

busca leis que beneficiam a classe popular, evitando que estas tenham caráter apenas encantatório no texto formal. Tem a finalidade de fazer com que o Estado atue como um real Estado Democrático de Direito e não se baseie em normas puramente dogmáticas que fantasiam uma realidade de igualdade e procura dar efetividade às normas que contemplem interesse genuinamente popular. Como segundo instrumento há o uso alternativo do direito: diferente do positivismo de combate (que busca leis dentro do ordenamento), o uso alternativo do direito tem como instrumento de justiça social a atividade hermenêutica. Está comprometido com a inclusão social, interpretando extensivamente leis que privilegiam as classes subordinadas e restritivamente o interesse da minoria. Trata-se da exploração do caráter polissêmico do texto legal comprometido com a equidade e obtenção da forma mais democrática do direito positivo. Por fim, o Pluralismo Jurídico, o ponto mais polêmico (há divergências dentro do próprio movimento). Como uma das manifestações desse pluralismo, o Direito Alternativo (stricto sensu), direito oriundo das ruas, emergente da população, admite como direito as normas não-estatais e reconhece como legítimas relações jurídicas criadas por grupos marginalizados em movimentos e lutas sociais no combate às leis injustas. 6. O DIREITO ALTERNATIVO COMO AÇÃO AFIRMATIVA Como dito anteriormente, a primeira fase de proteção dos Direitos Humanos se formou com base na igualdade, numa proteção geral à diferença, formalizada pela Declaração Universal de 1948. Atualmente, rezam as constituições que todos são iguais perante a lei. Entende-se que o alcance do principio não se restringe a nivelar os cidadãos diante da norma legal posta, mas que a própria lei também não pode ser editada em desconformidade com esta isonomia. Desse modo, o preceito magno da igualdade, como já tem sido assinalado, é norma voltada quer para o aplicador da lei quer para o próprio legislador. No entanto, não só perante a norma posta se nivelam os indivíduos, mas, a própria edição dela se sujeita ao dever de dispensar tratamento equânime às pessoas. Assim não poderá subsistir qualquer dúvida quanto ao destinatário da cláusula constitucional da igualdade perante a lei. O seu destinatário é, precisamente, o legislador e, em conseqüência, a legislação, por mais discricionários que possam ser os critérios da política legislativa, encontra no princípio da igualdade a primeira e mais fundamental se duas limitações. (CAMPOS, 1956, p. 30) A lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador

da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos. Este é o conteúdo político, ideológico absorvido pelo principio da isonomia e juridicizado pelos textos constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas normativos vigentes. Ao se cumprir uma lei todos os abrangidos por ela hão de receber tratamento paritário, sendo certo, ainda, que ao próprio ditame legal é interdito deferir disciplinas diversas para situações equivalentes. Atendo-se ao pensamento de Aristóteles para se alcançar a concretude do princípio da isonomia, entende-se que a diferença não mais seria utilizada para a aniquilação de direitos, mas, ao revés, para sua promoção. Por essas razões a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial prevê, no artigo 1º, parágrafo 4º, a possibilidade de discriminação positiva (a chamada ação afirmativa ) mediante a adoção de medidas especiais de proteção ou incentivo a grupos ou indivíduos, visando a promover sua ascensão na sociedade até um nível de equiparação com os demais. (PIOVESAN, 2005, p. 49). O Direito alternativo é um dos modos de ação afirmativa, instrumento que acelera a igualdade material e afasta a falsa idéia de neutralidade e justiça serem equivalentes, entendendo que o neutro é instrumento de manutenção, aumento da injustiça e exclusão social. A democracia pode ser palpável através de medidas compensatórias de parcialidade, tais medidas cessarão quando alcançado o escopo da igualdade concreta das minorias, quando atingidos seus objetivos. A partir deste momento poder-se-á aplicar uma justiça apenas distributiva, nos mesmos níveis, sem ferir direitos humanos e a essência da própria justiça. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Direito repousa nas bases da natureza, na vida humana, nas relações sociais e nos valores cristalizados pela interação social, na tentativa de satisfazer interesses comuns da coletividade. É necessário que a ciência não desconsidere os sentimentos de justiça e injustiça, pois estes exercem fortes sinais da existência dos valores e, assim como os demais, não são abstraídos do existir histórico. De tal modo, devem-se ultrapassar as realidades que envolvem o ser humano para compreender o direito e alcançar a intencionalidade que marca suas ações em cada estágio-histórico, com fim de atuar em compromisso com a equidade e a justiça social. Com base nisso, surgiu com grande respaldo doutrinário e científico a nova visão do uso alternativo do direito e do pluralismo jurídico, sob forma progressista e

democrática, eleita por muitos como a via de acesso a um novo paradigma de teorização jurídica, na medida em que mune a sociedade politicamente organizada de mecanismos mais eficazes e descentralizados para a solução de seus conflitos tão distintos e atuando como corolário de igualdade e justiça. Ou seja, o Direito Alternativo nasce como manifestação legítima da realidade histórico-cultural devido à insuficiência do sistema jurídico positivista. Tendo a legitimidade como forma de autenticidade, comprometimento com o direito e a razão e não confundido-a com legalidade conjunto de formalidades prescritas por lei - a aplicação plural do direito no seu uso alternativo sempre atuou acreditando que o direito positivo tutelado pelo Estado é de fundamental importância e deve reger as relações sociais até o seu esgotamento. A maior preocupação com a equidade e o fato dá ao uso alternativo do direito eficácia social e poder de freio à hegemonia. O estudo deste movimento é indispensável e revela críticas às ideologias obscuras das classes dominantes e do positivismo que, levam o Poder Judiciário a atuar em manutenção do estático sistema, institucionalizando a repressão, o privilégio de classes e a limitação humana. Sociedade e Estado ganham com a efetivação dos pluralismos e das ações afirmativas. A primeira desenvolve processos emancipatórios e o segundo verifica os novos direitos que devem ser tutelados devido às oscilações das relações sociais, minimizando a crise do direito estatal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Lédio Rosa de. O que é o Direito Alternativo?. 3 ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008. 96 p. CAMPOS, Francisco Luiz da Silva. Direito constitucional. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1956. 2 v. CARVALHO, Amilton Bueno de. Direito alternativo em movimento. 6 ed. Rio de Janeiro. Lumen Juris, 2005. MACHADO, Antônio Alberto. O direito alternativo. Disponível em <http://blogs.lemos.net/ machado/> Acesso em: 28 de set. 2009. OLIVEIRA, Murilo Carvalho Sampaio. Pluralismo jurídico: uma análise de prática em

Nova Misericórdia. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7502> Acesso em: 25 de set. 2009. PADOAN, Adayl de Carvalho. O valor, o direito, a justiça e sua aplicação na norma jurídica. Disponível em: <http://www.neofito.com.br> Acesso em: 02 de mar. 2009. PAZ, Márcia Magalhães A vila. et all. Reflexões acerca da educação em Direitos Humanos. A formação em direitos humanos na Universidade: ensino, pesquisa e extensão. Maria de Nazaré T. Zenaide, Lúcia Lemos Dias, Giuseppe Tosi e Paulo V. de Moraus (Orgs.). João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2006. PIOVESAN, Flávia. Ações afirmativas da perspectiva dos direitos humanos. Cad. Pesquisa. vol.35 nº. 124. São Paulo. Jan./Abr. 2005 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000. SILVA, Cissa Maria de Almeida. Do monismo estatal ao pluralismo jurídico. Boletim Jurídico, Uberaba/MG a.4, nº164. 2006. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=1057> Acesso em: 25 fev. 2009. WOLKMER, Antônio Carlos. Pluralismo Jurídico. Fundamentos de uma nova cultura no Direito. 3 ed. São Paulo. Alfa-omega, 2001.