Apocalipse, capítulo 7 1

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Transcrição:

Apocalipse, capítulo 7 1 O capítulo 7 de Apocalipse é um interlúdio entre o sexto e o sétimo selo e ressalta o contraste entre os cristãos e os não cristãos. Outros interlúdios ocorrem no livro e têm vários propósitos diferentes: a. ligam-se a juízos precedentes, ampliando a narrativa; b. dão informações sobre a situação dos cristãos; c. ressaltam o controle divino sobre os fatos. Uma das grandes discussões no estudo deste capítulo é se os acontecimentos aqui narrados não seriam uma espécie de fashback, ou seja, ocorrem antes da abertura dos selos. Aqueles que assim entendem dividem os acontecimentos dos capítulos 6 e 7 em três cenas: 7.1-8: os santos são selados antes da grande tribulação; 6.9-11: os mártires clamam por vindicação; 7.9-17: os crentes aparecem vitoriosos no céu, depois que a batalha foi vencida. O motivo dessa interpretação é o fato de o capítulo 7 tratar de um momento certamente posterior aos juízos preliminares (os sete selos), referindo-se, por exemplo, à grande tribulação, acontecimento que precede a volta de Jesus, que somente ocorrerá após o conteúdo das trombetas e das taças, que, na narrativa, só aparecerá mais adiante. Ao que tudo indica, o livro de Apocalipse não é uma narrativa cronológica, e alguns fatos apresentados de forma linear, como linear é a linguagem, podem, na verdade, ser concomitantes, como os selos, as trombetas e as taças, como já mencionado na análise do capítulo 6. Essa versão que defende a existência de um fashback faz sentido, mas é preciso caminhar no estudo do livro para melhor firmar posições. Adiante, então! 1 Este estudo não é autoral. Consiste, em sua quase totalidade, na compilação de ideias dos autores citados nas referências, ao final do capítulo.

Versículo 1: Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. Para alguns estudiosos, os quatro ventos são os quatro cavaleiros do capítulo 6. Em decorrência disso, essa cena teria acontecido antes do juízo anunciado por meio deles, como dito na introdução ao capítulo 7 acima. Para outros exegetas, trata-se de anjos, sob as ordens de Deus e do Cordeiro, que estão retendo juízos que ainda virão. O texto não dá indicações de que sejam os cavaleiros e nem o capítulo 6 faz referência ao fato de os cavaleiros serem seres angelicais. O que podemos afirmar com certeza é que o texto fala de anjos esperando as ordens divinas para execução do juízo representado pelos quatro ventos dos quatro cantos da terra. Esse juízo que os anjos estão impedindo atingirá a terra, o mar e as árvores. Em pé nos quatro cantos da terra é uma expressão idiomática e significa todas as partes do Mundo, o que nos permite afirmar que: a. aos quatro anjos foi dado exercer juízo sobre a terra, o mar e as árvores; b. o juízo está sendo contido até que venha a ordem divina; c. o juízo virá de todos os lados; d. todos os juízos descritos em Apocalipse estão sob o controle de Deus e só ocorrem quando e como ele quer. Versículo 2: E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, tendo o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado que danificassem a terra e o mar, Versículo 3 dizendo: Não danifiques a terra, nem o mar, nem as árvores, até que selemos na sua fronte os servos do nosso Deus.

Na sequência, João vê outro anjo que diz aos quatro anteriores que não atinjam a terra, o mar ou as árvores até que os servos de Deus sejam selados. Esse anjo deve estar investido de autoridade especial, pois dá ordem aos outros e traz o selo do Deus vivo, símbolo de autenticidade e autoridade. O anjo vem do lado do sol nascente (Oriente), o que pode significar várias coisas: a. bênção divina, pois o Éden (paraíso) ficava no Oriente; b. Deus entra no templo vindo do Oriente, conforme relata Ez 43.2,4, o que também simbolizaria bênção; c. o Oriente é a direção da Palestina; d. a expressão é uma paródia, pois, em Apocalipse, os poderes do mal vêm do Oriente ou do Eufrates para o Oriente. O juízo é retido porque ainda há o que fazer antes que ele sobrevenha. Aqueles que são de Deus, antes do juízo, serão selados. O selo significa posse, proteção, privilégio. Serão separados para Deus, em contraste com aqueles que não lhe pertencem. Deus não permitirá que o juízo venha até que seu povo seja selado. O anjo possui o selo do Deus vivo, o único Deus verdadeiro, o que estabelece contraste entre Deus e os ídolos. O livro de Apocalipse fala de Deus como aquele que vive pelos séculos dos séculos e aquele que se assenta no trono. Deus selará os que lhe pertencem, vindo depois disso o juízo. Quando do advento das trombetas e das taças, terra e mar serão afetados pelo julgamento divino. A frase até que selemos na sua fronte os servos do nosso Deus, mostra a pessoalidade e a lealdade no relacionamento dos anjos com Deus. Eles selarão os santos em oposição ao sinal que a besta aporá em seus seguidores. As pessoas terão de tomar partido, pois sustentarão o sinal de Deus ou o da besta.

Versículo 4: E ouvi o número dos que foram assinalados com o selo, cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos dos filhos de Israel: Versículo 5: da tribo de Judá havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; Versículo 6: da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; Versículo 7: da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; Versículo 8: da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil assinalados. Os versos 4 a 8 falam dos 144.000 que serão selados. Quem são esses? Esse número é literal ou simbólico? Para alguns intérpretes, os 144.000 podem ser: os primeiros convertidos de uma grande multidão que será alcançada para Deus entre todas as nações, tribos, povos e línguas, durante o período da tribulação; cristãos especialmente enviados por Deus para pregar o evangelho durante os dias da tribulação; mártires dos últimos tempos. Ser selado por Deus não significa que não passarão pelo martírio resultante da perseguição dos últimos dias. Estão protegidos do juízo divino direto e das forças do mal, mas não dos atos de homens maus. judeus convertidos no final dos tempos. O versículo 4 fala que os 144.000 serão formados por 12.000 pessoas de cada uma das tribos de Israel, por isso há quem entenda que a referência seja a judeus convertidos nos últimos tempos. Os que assim acreditam alegam que, no Novo e no Antigo Testamento, quando há referência a Israel, essa referência é literal, pois o Novo Testamento, ao falar da igreja, trata-a como o novo Israel, e não como Israel simplesmente (Gl 6.16).

Para outros estudiosos, esse número não é literal. Doze mil ao quadrado vezes mil seria um número representativo da completude da igreja. Nas Escrituras, é recorrente a simbologia dos números. Afirmam que, em Apocalipse, fora essa passagem, não há alusão a judeus convertidos à parte da totalidade da igreja, logo esse número é referência a convertidos na grande tribulação independentemente do fato de serem judeus ou não. Na lista das tribos, Judá aparece em primeiro lugar, embora Rúben seja o primogênito. A primazia de Judá pode ser explicada pelo fato de o Cristo vir dessa tribo. Dã é omitido na lista. Em seu lugar, vem Manassés ou José. Dã caiu em idolatria, talvez por isso tenha sido excluído. Para alguns intérpretes, os 144.000 são todos mártires; para outros, santos de todos os tempos, não só da grande tribulação, mártires ou não. O que podemos afirmar com certeza é que haverá um grupo de pessoas separadas para Deus e por ele preservadas de algumas coisas antes que venha o juízo que os anjos retêm. Mais que isso seria ir além do texto. A seu tempo, Deus nos revelará todo o sentido dessa passagem. Versículo 9: Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos; João vê, então, uma multidão inumerável, que contrasta com o número limitado de mártires do capítulo 6 e dos 144.000, caso seja um número literal. A multidão está vestida de branco, como símbolo de redenção, pureza e santidade. As palmas que traz nas mãos representam a vitória e a alegria pela salvação e sua celebração, como ocorreu com a multidão que acompanhou a entrada de Jesus em Jerusalém. É uma multidão que vem de todos os cantos da terra, não conhecendo o evangelho barreiras para converter pessoas a Cristo.

Versículo 10: e clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro. A multidão clama em alta voz, como os mártires do capítulo 6 (verso 10), mas seu clamor não é um pedido de justiça, mas adoração, pois a justiça já foi realizada: proclamam que a salvação vem de Deus, que se assenta no trono, e do Cordeiro. Podem estar diante de Deus porque dele e do Cordeiro obtiveram a salvação. A obra redentora de Cristo é central na narrativa apocalíptica. Versículo 11: E todos os anjos estavam em pé ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Diferentemente de Ap 5.11, que fala em muitos anjos, este versículo diz que todos os anjos estavam de pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes. Eles se prostram sobre seus rostos e adoram a Deus. O ambiente descrito por João é de pura adoração, momento de glória, em que todos estão diante do trono divino. Aqui há alegria e celebração. A narrativa recria o ambiente da sala do trono: os anjos, os quatro seres viventes, os vinte e quatro anciãos, o trono de Deus e o Cordeiro. Em Ap 4.10, os anciãos se prostram diante de Deus; em 5.8, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos se curvam diante do Cordeiro; em 5.14, os anciãos novamente se prostram diante de Deus e, aqui, são os anjos que estão sobre seus rostos, diante do trono do Altíssimo. A adoração a Deus é a tônica do ambiente da sala do trono. Versículo 12: dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém. O amém, sinal de concordância, inicia e fecha a sequência de louvor. Eles tributam a Deus o louvor em gratidão a tudo que fez por sua criação, ao garantir-lhe a vitória final. Reconhecem a glória que lhe é devida por sua

majestade revelada na vitória sobre o mal e na salvação dos seus filhos. Celebram a sabedoria divina, pois criou todas as coisas e lhes deu um destino, a redenção final. A ele devem ser dirigidas as ações de graças como tributo aos seus atos de amor. Os anjos, interessados na salvação dos homens, irrompem em louvor quando veem isso concretizado. A Deus é dada a honra por sua divindade, por seu poder, por suas obras, pelo que é e pelo que faz. O poder e a força vêm dele e sua onipotência garante o controle sobre tudo e resulta na aplicação do seu poder na história da salvação. Todo esse louvor lhe é devido eternamente, pois Deus deve ser adorado para sempre. Essa adoração tem o mesmo padrão séptuplo do hino do capítulo 5, verso 12, com a diferença de que o capítulo 7 traz ações de graça no lugar de riqueza, que aparece no capítulo 5. Também no capítulo 4, há louvor, o qual celebra a glória, a honra e as ações de graça que são devidas a Deus. Versículo 13: E um dos anciãos me perguntou: Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde vieram? Versículo 14: Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Um dos anciãos faz a João uma pergunta de retórica, pois o apóstolo não sabe a resposta. João chama o ancião de senhor, demonstração de respeito e reconhecimento de que está diante de um ser celestial investido de autoridade. Em outra situação, o apóstolo do amor exagerará nessa reverência a um anjo, que o admoestará dizendo que é servo como ele, não lhe cabendo, portanto, nenhuma adoração. Os anjos não são seres superiores aos homens, antes, estão lado a lado na ordem estabelecida por Deus. A resposta vem do próprio ancião, que revela ao apóstolo que a multidão é oriunda da grande tribulação, tendo sido redimida pela obra do Cordeiro. O sangue de Jesus garante à multidão o perdão dos pecados e a realidade de estar diante do trono divino.

A centralidade do sacrifício de Cristo perpassa todo o livro de Apocalipse. Como exemplo, podemos ver que, em Ap 1.5b, fala que Cristo nos libertou de nossos pecados pelo seu sangue; em 5.6, o Cordeiro que foi morto aparece no meio do trono de Deus; em 5.9, o Cordeiro comprou um povo para Deus e, em 12.1, os crentes venceram pelo sangue do Cordeiro. A presença, no original, do artigo definido antes da palavra tribulação evidencia que se trata de uma tribulação específica, e não apenas grandes dificuldades por que tem passado o povo de Deus ao longo de sua história. Essa grande tribulação é a guerra final contra os santos empreendida pelo dragão e seus seguidores, os habitantes da terra. À medida que Deus envia seu juízo contra os ímpios, eles se voltarão contra os seguidores de Cristo. Deus permitirá que o dragão vença os santos por um tempo. Ao fim, essa perseguição resultará na vitória da igreja (Ap 12.11) e de Deus (Ap 7.10). Versículo 15: Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles. Versículo 16: Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem cairá sobre eles o sol, nem calor algum; Esses dois versículos falam da posição dos santos: estão diante de Deus; servem-no de dia e de noite no seu santuário; gozarão de comunhão constante com Deus. Como resultado dessa vitória, Deus afastará deles todo sofrimento e suprirá todas as suas necessidades. Os atos redentores de Ap 7.14 são a base das benesses e promessas de 7.15-17. Porque as vestes dos santos foram lavadas no sangue do Cordeiro, eles podem estar diante do trono de Deus, em sua presença, para servi-lo, adorá-lo e ter comunhão com ele. Esta cena comunica poder e glória desfrutados pelos santos. Os salvos servirão a Deus como sacerdotes e adoradores, em contínua ação na nova Jerusalém.

A referência a templo é metafórica, pois Ap 21.22 afirma que não haverá lugar de adoração na nova Jerusalém; todo o céu será nosso lugar de adoração, pois a presença de Deus encherá tudo e todos. Este verso fala ainda que não haverá mais fome nem sede, alusão às necessidades básicas do ser humano. Fome e sede já sentiram muitos servos de Deus que o serviram até as últimas consequências, mas eles serão saciados (Lc 6.21). Toda provação física será removida. A necessidade de alimento e de água fala do corpo, mas também de todas as necessidades da vida (Is 1.3). Os salvos também não enfrentarão oposição ou abstáculos, simbolizada aqui pelo sol e pelo calor. O sol, nas Escrituras, muitas vezes, é símbolo de deserto, obstáculos, juízo divino, aflição, o que nos fala da libertação de todo sofrimento na nova Jerusalém; nunca mais temerão nada (Ez 37.26-28; Ap 21.1-4). Versículo 17: porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida; e Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. O último verso do capítulo traz a imagem eterna do Cordeiro como pastor, que guia e cuida das necessidades de suas ovelhas, imagem presente abundantemente no Antigo e no Novo Testamento. Cristo é Deus-homem que pastoreia seu rebanho na eternidade. Toda dor e toda tristeza será removida por Deus para sempre da vida dos seus filhos. Toda lágrima ele enxugará, e não haverá mais sofrimento, nem lembranças tristes, nem tribulações, nem provações, nem coisa alguma que perturbe os santos. Para sempre estaremos com Deus, desfrutando das delícias de sua presença e da comunhão com os demais santos. O grande chamado de Apocalipse é à perseverança e à fidelidade em meio à oposição do mundo. Busquemos as recompensas eternas, esforcemo-

nos por aquilo que é eterno, semeemos para colher na eternidade, pois todas as coisas deste mundo passarão. REFERÊNCIAS DUCK, Daymond R. Guia fácil para entender Apocalipse. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2014. MIRANDA, Neemias Carvalho. Apocalipse comentário versículo por versículo. Curitiba/PR: A. D. Santos Editora, 2013. OSBORNE, Grant R. Apocalipse. São Paulo: Vida Nova, 2014.