FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

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Transcrição:

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA FERNANDA OLIVEIRA DE ALMEIDA JOSÉ EDUARDO BONINI PAMELA CRISTINA CAZAROTO PRISCILA GASPAR ROMUALDO Comentado [A1]: NOTAS: INTRODUÇÃO: 1,0 DESENVOLVIMENTO: 7,0 CONSIDERAÇOES E BIBLIOGRAFIA: 0,5 FIGURAS E MAPAS: 1,0 NOTA FINAL: 9,5 O texto está bem escrito e elaborado. Com uma estrutura boa do trabalho. Apresenta ótimo referencial bibliográfico e citado de forma correta conforme as normas e padrões da ABNT RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO - VALE DO PARAÍBA: Municípios de Jacareí, São José dos Campos e Tremembé - SP RELATÓRIO MUITO BOM! SÃO PAULO 2016 FERNANDA OLIVEIRA DE ALMEIDA JOSÉ EDUARDO BONINI PAMELA CRISTINA CAZAROTO

PRISCILA GASPAR ROMUALDO RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO - VALE DO PARAÍBA: Municípios de Jacareí, São José dos Campos e Tremembé - SP Trabalho acadêmico apresentado como exigência parcial para aprovação na disciplina Geomorfologia II da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Orientadora: Profª Drª. Bianca Carvalho Vieira. SÃO PAULO 2016

INTRODUÇÃO Como atividade de campo proposta para a disciplina Geomorfologia II, em 19 de maio de 2016, saímos da Universidade de São Paulo em direção ao Vale do Paraíba. Realizamos 3 paradas: A 1ª no município de Jacareí, no Médio Vale do Parateí, próximo ao Km 8 da Rodovia Dom Pedro I, a 2ª no município de São José dos Campos em estrada vicinal à Rodovia Presidente Dutra e a 3ª na Mineração Santa Fé, no município de Tremembé. Comentado [A2]: Mas quais foram os objetivos? Motivos para o roteiro proposto? etc Nos pontos de parada supracitados, pudemos observaroservamos as formas de relevo que compõem a paisagem e relacioná-las às informações obtidas em aula sobre os processos geomorfológicos dos quais essas formas são resultantes. 1. Primeira Parada: Município de Jacareí. Nossa primeira parada (Figura 1) é o município de Jacareí - SP, na região do Médio Vale do Rio Parateí 1. Uma primeira visão da paisagem já mostra as diferenciações mais locais, reflexos de diferenciações em escalas regionais e ao longo do tempo geológico. Moldadas em diferentes paleoclimas, podemos classificar três unidades de relevo 2 distintas, que apresentam diferentes modelados 3, sendo elas: O Platô de Santa Isabel, o Gráben Marginal do Parateí e as Colinas Sedimentares. Trataremos de cada unidade de relevo desta parada mais adiante neste tópico. Comentado [A3]: Todas as figuras, fotos, mapas etc devem ser indicados no texto. A função das figuras é tentar melhorar a explicação do texto por meio de uma imagem. Comentado [A4]: As informações do rodapé são muito importantes. Assim não cabem em formato de rodapé e sim dentro do texto. O rodapé serve apenas para indicações mesmo importantes 1 Coordenadas UTM (x: 389900; y: 7423900). 2 Entende-se por relevo o conjunto das grandes unidades que se distinguem na paisagem (serras, maciços, planaltos, escarpas), cuja origem deve-se a deformações da crosta terrestre provocadas por forças internas. Elas são responsáveis, tanto pelo arranjo dos grandes conjuntos estruturais, criado pela tectônica, quanto pelos tipos de rocha que os sustentam (litologia). (COLTRINARI, 1980, p.55). 3 O modelado é o conjunto de formas devidas à atuação direta ou indireta do clima sobre o relevo (vales, terraços, anfiteatros). Essas formas variam de acordo com o tipo e a intensidade dos processos que as originaram. Por esse motivo, pode-se dize que a cada grande zona climática (tropical, fria, árida), corresponde um modelado característico. (p.55).

Figura 1: Localização da Primeira Parada. Fonte? : O Platô de Santa Isabel é o ponto mais elevado da área (780-800m), tendo se desenvolvido sobre rochas pré-cambrianas densamente diaclasadas e fraturadas, o que tem reflexo na organização da rede de drenagem local. As formas atuais têm topos e interflúvios com perfil convexo, encostas com altas declividades, de perfil reto a convexo. Os interflúvios estão cobertos por colúvios espessos que serviram para formar os horizontes B latossólicos. Os solos da região são argilo-arenosos a argilosos avermelhados. A areia é predominante no horizonte A, reduzindo sua participação nos Horizontes B1 e B2. Comentado [A5]: FONTE? Também ocorrem nesta superfície vales colmatados, que aparentemente correspondem a uma fase pretérita de evolução fluvial, durante a qual a rede de drenagem era tributária de um nível de base mais elevado que o atual. Nesses vales secundários é frequente encontrar colúvios correspondentes a diversas etapas de agradação, separadas por fases de pedogênese, testemunhadas por horizontes orgânicos enterrados. (COLTRINARI et. al., 1982, p.11). Existe certa controvérsia quanto à formação precisa do Platô de Santa Isabel. Coltrinari e Coutard (1978) apontam que o platô seria uma superfície de

erosão oligocênica, deformada pela tectônica que fez o gráben subsidir. Titarelli (1975) discorda, dizendo que tal formação seria contemporânea dos aplainamentos pliocênicos. Observações mais recentes levam a pensar que a evolução do platô de Santa Isabel parece ter sido contemporânea, pelo menos pró-parte, do preenchimento do gráben pelos sedimentos da Formação Caçapava. Com efeito, do Oligoceno ao Plioceno teriam ocorrido condições favoráveis à ocorrência de processos de intensa erosão sob clima seco, em todo o Brasil de Sudeste, culminando em uma fase de pediplanação mais acentuada no Plioceno (Stanowski, Herz, Dias Ferreira e Queiroz Neto, 1982) (COLTRINARI et al, 1982, p.16). As Colinas do espigão Parateí-Paraíba, separadas do platô de Santa Isabel pela várzea, possuem uma rede de drenagem menos densa, com vales largos de fundo chato. O divisor de águas se encontra a SE, separando os rios afluentes do Parateí e do Paraíba. Tais colinas são formadas a partir do entalhe da Formação Caçapava 4, com as direções dos interflúvios e dos vales afluentes indicando condicionamento estrutural do entalhe fluvial, com um mergulho geral das camadas para NW e um sistema de fraturas que acompanha a direção tectônica regional. Nos interflúvios podem ser encontrados diversos tipos de materiais: fragmentos e blocos de couraças, cascalheiras e formações argilo-arenosas nas partes mais superiores, além de stone-lines e formações areno-argilosas nas encostas. As colinas da bacia do Parateí foram modeladas a partir do entalhe dos materiais sedimentares da Formação Caçapava. Na porção sul da área os divisores atingem 650-670m, diminuindo progressivamente para N até alcançarem 630-640m de altitude na parte terminal, próxima ao vale principal. Os interflúvios mais elevados, próximos às cabeceiras dos afluentes do Parateí, são estreitos e alongados; sua configuração muda em direção ao coletor principal, cujos tributários ocupam vales assimétricos de fundo chato, separados por divisores de topos largos. Neste vales, as vertentes mostram patamares restritos, relacionados à ocorrência de argilito e 4 A Formação Caçapava constitui a totalidade dos afloramentos da Bacia do Parateí. Apresenta sequência faciológica bem diferenciada e com numerosas variações verticais e horizontais, representadas por sedimentos imaturos de todas as classes granulométricas. Para Hasuii et alii (1978), as estruturas sedimentares reconhecidas identificariam um ambiente de acumulação fluvial, não excluindo localmente condições lacustrinas. Segundo Tricart e Silva (1958) e Ab Sáber (1969), os materiais teriam sido depositados numa série de lagos rasos, de contornos variáveis, sujeitos a uma dinâmica sub-árida e a um espessamento estimulado por subsidência tectônica persistente e moderada. (COLTRINARI et al, 1982, p.8).

arenito silicificado, presentes na coluna estratigráfica da Formação Caçapava. (COLTRINARI et al, 1982, p.11). As couraças tendem a ter maior diâmetro quanto mais próximo do vale. Constituem camadas cascalhentas de alguns centímetros, com textura arenosa, que repousam quase sempre sobre camadas alteradas da Formação Caçapava. Na altitude de 650-660m, nos interflúvios, é possível encontrar horizontes latossólicos areno-argilosos, muito alterados, sem minerais primários e com sua fração argila composta de caulinita e óxidos e hidróxidos de ferro. Encontram-se em diferentes pontos da Formação Caçapava, em contatos irregulares, com linhas de seixos ou diferenças texturais nítidas e abruptas. É observável no modelado desta unidade de relevo a presença de estratificação cruzada, visível nos perfis de solo. Tal forma sedimentar é característica de climas semiáridos, já que ela traduz os ângulos de repouso das faces de avalanche das dunas de material arenoso, ficando preservada devido ao soterramento da sequência sedimentar (PRESS et al, 2008). Portanto, é durante o Pleistoceno Inferior, que o clima semiárido permite a elaboração da superfície do Parateí, com um pediplano embutido a NW, cortando as camadas sedimentares da Formação Caçapava. Posteriormente, ainda no Pleistoceno Inferior, o clima torna-se mais úmido. Iniciase o entalhe fluvial da Superfície do Parateí, a alteração das formações superficiais que originaram os latossolos, e o desmantelamento das couraças. Ao contrário do que ocorria nas partes mais continentais, as alternâncias climáticas para maior aridez que se sucederam ao longo do Quaternário nesta área parecem ter sido pouco expressivas, fato atestado pela pequena importância dos depósitos de cascalho ao longo do vale do Parateí. (COLTRINARI et al, 1982, p.17). Ainda de acordo com os autores acima, a ausência dos testemunhos de climas mais secos no Vale do rio Parateí pode ter sido consequência da posição deste em relação às áreas-refúgio de maior umidade, representadas pela Serra do Mar e a da Mantiqueira (COLTRINARI et al, 1982 apud AB SÁBER, 1977). Deste modo, os autores continuam a respeito do vale: Desta fase [mais árida] seriam testemunhos os depósitos grosseiros do fundo de várzea do Parateí, a partir do início do preenchimento da planície aluvial durante o Holoceno. [...] De acordo com as interpretações propostas por diferentes autores, correspondem a recorrências de climas mais secos durante o Holoceno. [...] Na base dos depósitos, a estrutura maciça associada aos troncos parece relacionarse a contribuições laterais em períodos de fortes enchentes. As estratificações

cruzadas e os nódulos de argila do pacote superior estariam indicando depósitos de corrente em canais fluviais meandrantes da planície aluvial, com zonas laterais de fluxo de baixa energia. Nestas áreas teria ocorrido sedimentação de materiais finos e de detritos orgânicos de menor dimensão. (COLTRINARI et al, 1982, p.18). Finalmente, é possível afirmar o seguinte: São reconhecíveis na área testemunhos de duas fases de clima seco, uma que se estendeu durante grande parte do Plioceno e outra, no começo do Pleistoceno. Esses testemunhos estão representados por duas superfícies de aplainamento: a Superfície de Santa Isabel e a Superfície do Parateí, a primeira desenvolvida nas rochas pré-cambrianas do platô de Santa Isabel, e a mais recente, preservada nos topos dos interflúvios das colinas sedimentares da bacia do Parateí. (COLTRINARI et al, 1982, p.18). A reexumação da falha do Parateí se inicia a partir da subsidência moderada da bacia que permiti o reentalhe da superfície pliocênica pela rede de drenagem, com o curso principal se instalando encostado na falha do Parateí, no contato da bacia sedimentar com as rochas Pré-Cambrianas. A Formação Resende, constitui um sistema de leques aluviais proximais e distais, sendo que no primeiro ocorre uma deposição de materiais em suspensão que são mais finos em comparação ao que se depositam no setor distal. Esta diferença diz respeito à perda da capacidade de descarga, que ocasiona a deposição dos sedimentos em suspensão ou que antes eram transportadas como carga de fundo. Tal sistema de leques aluviais, com formação de canais entrelaçados, parte de um sistema de deposição deltaico, que ocorre no Eoceno - Oligoceno Superior Por fim, o Gráben Marginal do Parateí desenvolve-se ao longo de uma escarpa de falha exumada, que separa dois compartimentos distintos tanto do ponto geológico quanto geomorfológico: o Platô de Santa Isabel a NW, que constitui o conjunto de maior altitude, sustentado por rochas do Pré-Cambriano, e os relevos colinosos modelados nas formações sedimentares do Terciário Superior, que se estendem até as faldas da Serra do Itapeti a SE. (COLTRINARI, 1982, p.8). Sua evolução está ligada aos processos tectônicos da porção Atlântica da Plataforma Brasileira, com o soerguimento da Serra do Mar, fortes vulcanismos e abundância de falhamentos. Num momento posterior, um sistema de rifts dá

origem às bacias sedimentares do Planalto Atlântico, como a Bacia de Taubaté, que tem como um prolongamento a Bacia do Rio Parateí. A várzea do Parateí divide-se em três segmentos, separados por passagens epigênicas sobre gnaisses. Existem depósitos de cascalho descontínuos e de pequena extensão nas encostas. As várzeas estão preenchidas por 8-10m de sedimentos. Há uma sucessão de camadas de seixos, areias, argilas e matéria orgânica. A grande variação lateral e vertical destes depósitos indica a existência de diversas fases de sedimentação, com modificações muito frequentes da posição do leito do rio na planície aluvial. (COLTRINARI et al, 1982, p.15). O segmento restante é descrito no trecho, transcrito do artigo dos mesmo autores citados: Nas bases, apresentam geralmente uma camada de seixos não alterados, de quartzo e quartzito, em matriz arenosa grosseira, com espessura aproximada de 1m. A partir desta camada, a deposição foi predominantemente arenosa, com intercalações pouco espessas de argilas e siltes, contendo restos orgânicos. De modo geral, é possível distinguir duas fases maiores de deposição contendo restos orgânicos (COLTRINARI, COUTARD e NAKASHIMAet al, 1978): a primeira, situada em torno de 5 a 6m de profundidade, está constituída por areia grossa, sem estratificação aparente, contendo na base grande quantidade de troncos de árvores de até 60cm de diâmetro. Passa progressivamente a areias mais finas, contendo folhas e outros detritos orgânicos de menor dimensão; a segunda, situada a cerca de 2m de profundidade, corresponde a areias, geralmente com estratificação cruzada, contendo nódulos de argila e também troncos similares aos anteriores. Na parte mais superficial, é comum a presença de areias, siltes e argilas, estas últimas muitas vezes associadas a presença de folhas. (COLTRINARI et al, 1982, p.16). No vale do Parateí são observáveis soleiras rochosas compartimentando a planície de inundação, o que mostra as variações de espessura dos sedimentos cenozoicos que preenchem o gráben. Tais soleiras são sustentadas por rochas pré-cambrianas.

Figura 2: Vista do Vale na primeira parada. Figura 3: croqui do perfil geológico da primeira parada 2. Segunda Parada: Município de São José dos Campos/SP

Figura 4: Localização da segunda parada A segunda parada foi no município de São José dos Campos, com as tais coordenadas UTM: X - 416.905 e Y - 7.438.012. O local corresponde ao depocentro - parte central - da Bacia de Taubaté, assim, está entre o Alto Estrutural de Caçapava e o Alto Estrutural de Pindamonhangaba, no compartimento Taubaté. O relevo mostra-se mais rebaixado devido a processos geoquímicos que atuam sobre a área, sendo que estes são favorecidos pelas descontinuidades geológicas presentes. A Bacia Sedimentar de Taubaté está presente sobre as rochas ígneas e metamórficas do Embasamento Cristalino e dentro de sua formação possui discordâncias provindas de paleoclimas. A primeira deposição de sedimentos - Grupo Taubaté - origina-se a partir do reativamento de falhas. Neste grupo estão presentes três formações: Formação Resende, Formação Tremembé e Formação São Paulo, do qual colocaremos aqui apenas a primeira por tratar o embate entre formações em questão. Assim, na Formação Resende, correspondente ao período do Eoceno ao

Oligoceno, é possível encontrar a sedimentação de diversos tipos de rochas e minerais concordantes com a planície fluvial de rios entrelaçados com a presença de arenitos e lamitos intercalados em seus leques aluviais medianos e distais. Na Formação Pindamonhangaba, do Neógeno, a deposição de sedimentos deu-se provavelmente em condições de clima mais úmido do que a Formação Resende e de maior calmaria tectônica. Esses depósitos são correlacionados à sistema fluvial meandrante (linhas de seixos observadas no perfil desta parada podem estar associadas a paleocanais meândricos) e não possuem lamitos e arenitos intercalados, mas possuem lamitos arenosos, conglomerados, arenitos argilosos mal selecionados, além de siltitos maciços, estratificados ou laminados, entre outras deposições que como exposto no Boletim do IG-USP (1991) caracteriza sistema fluvial meandrante. A presença generalizada de caulinita detrítica nos sedimentos da Formação Pindamonhangaba sugere condições climáticas úmidas, em concordância com o ambiente de sedimentação postulado (RICCOMINI, 1989). Ainda no mesmo artigo: A Formação Pindamonhangaba assenta-se em discordância sobre sedimentos oligocênicos (Grupo Taubaté). Por outro lado, a formação é recoberta por sedimentos coluviais e aluviais de idade pleistocênica (RICCOMINI et al., 1989). A última regressão marinha da região, anterior ao Pleistoceno Superior, foi a responsável pela deposição da Formação Cananéia, de idade Sangamoniana, há cerca de 120.000 anos A.P. (SUGUIO & MARTIN, 1978). Esta regressão testemunharia rebaixamento global do nível do mar e esfriamento, sendo precedida por transgressão cujo máximo ocorreu há 0,8-1,3 Ma (HAQ et al., 1987), esta provavelmente em condições mais úmidas, compatíveis com a deposição do sistema em questão. Dessa forma, esse intervalo pleistocênico poderia representar a idade mínima da Formação Pindamonhangaba. Evidencia com isso a discordância geológica supracitada e a confirmação de diferentes paleoclimas que atuaram sobre a região e modificaram a paisagem como um todo.

A partir dessas diferenças litológicas - geológicas há o confinamento de água nas discordâncias estratigráficas, tanto entre o Embasamento Cristalino e a Bacia Sedimentar, como dentro das formações da própria bacia. Doravante a essa situação, processos geoquímicos passam a atuar com maior intensidade, transformando minerais a partir da lixiviação das bases mais solúveis, permanecendo apenas os que possuem maior resistência. Com isso, os materiais que sustentam o relevo perdem volume e este é rebaixado, deste modo, há a dissecação maior em uma parte do relevo e seu rebaixamento progressivo, como pôde ser visto nesta segunda parada. Figura 5: perfil do corte na estrada 3. Terceira Parada: Mineração de argila Santa Fé, Município de Tremembé/SP Nossa terceira parada foi no município de Tremembé, na Mineradora da Sociedade Extrativa Santa Fé LTDA. Lá ocorre a extração a céu aberto da bentonita - mineral do tipo Ilita-Montmorilonita, do grupo das argilas esmectíticas. As bentonitas apresentam partículas muito finas, elevada carga superficial e alta capacidade de troca catiônica. Por conta de suas características estruturais, a

bentonita é extremamente interessante para o mercado industrial, especialmente o de fundição e aciaria. Figura 6: coordenadas da terceira parada Coordenadas UTM: Y: 7.461.981 X: 444.732 Estrutura da bentonita:

Figura 7: esquema estrutural da bentonita fonte? A bentonita extraída na Mineração Santa Fé é produto da decomposição de rochas em contato com água de lixiviação, rica em cálcio, ferro, magnésio e potássio. Rochas nessas condições, com presença também de matéria orgânica, transformaram sedimentos cauliníticos em argila Ilita-Montmorilonita. Esses materiais são provenientes da Bacia de Taubaté, encravada entre as serras do Mar e da Mantiqueira e preenchida por sedimentos originários da erosão dessas serras. No local, pudemos observar a principal vertente de extração da mineradora sendo preenchida por sedimentos finos como calcário e marva (calcita com argila), e sendo possível detecção de folhelhos - lama que sofreu diagênese. Em relação ao passado, é possível inferir, pela presença de manchas esbranquiçadas nas rochas, a presença de animais fossilizados que datam do oligoceno superior. Pudemos observar também características de morfologia fluvial no local, apontando para uma atual disposição de solo e relevo resultante de um paleoambiente fluviolacustre mais úmido. Nessa reconstituição é possível ver inflexão meândrica na margem sentido Paraíba do Sul. Observamos também indícios de influência humana, que gerou alterações: o feno alterando a forma dos meandros e atividade agrícola alterando foz do rio Paraíba do Sul. A mineração e o garimpo são atividades que também exercem forte interferência no ambiente natural e contribuem para a sua deterioração. Trata-se da extração de recursos naturais do solo e do subsolo, dos mais variados tipos e usos. Jurandyr Ross em Geografia do Brasil (pág 231). Ross (ano)

No caso da mineração Santa Fé, a extração que hoje se faz pode e irá afetar o ambiente que acima descrevemos, podendo ele ser modificado e se, daqui algumas décadas voltássemos lá, encontraríamos uma paisagem diferente da que vimos no ano de 2016, devido as lentas mudanças estruturais, mas sobretudo pela ação antrópica no meio. base do perfil: argila esmectita face distal da área fonte: preenchida principalmente por sedimentos finos formação de dolomito (calcita com magnésio) formação de marga (argila e calcita) folhelho - lama que sofreu diagênese: escamação muito fina/laminação ambiente mais úmido canais meândricos e lagos animais fossilizados: oligoceno superior manchas esbranquiçadas na rocha fósseis preenchimento de canais com seixos migração lateral dos meandros para a esquerda morfologia fluvial: influenciado pelas falhas geológicas convergência para a fossa do Paraíba Figura 8: perfil geológico da terceira parada

Figura 9: foto retirada do perfil da terceira parada Figura 10: perfil do corte na mina, terceira parada.

CONCLUSOES??????????????????? Referências bibliográficas COIMBRA, A. M.; MATURAMA, E. C.; MIHÁLY, P.; SUGUIO, K.; RICCOMINI, C., Boletim IG-USP, Nova unidade litoestratigráfica cenozóica da bacia de Taubaté, SP: formação Pindamonhangaba. São Paulo: Instituto de Geociências da USP, publicação especial, n.º 9, nov. 1991. COLTRINARI, L. Um exemplo de carta geomorfológica de detalhe: A carta do Médio Vale do Parateí, SP (1:25.000). Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, n.1, Separata, p.56-61, 1961. COLTRINARI, Lylian; NAKASHIMA, Paulo; QUEIROZ NETO, José Pereira de. EVOLUÇÃO QUATERNÁRIA DO VALE MÉDIO DO RIO PARATEI, ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL - DOI: 10.7154/RDG.1984.0003.0001. Revista do Departamento de Geografia, [S.l.], v. 3, p. 7-19, nov. 2011. ISSN 2236-2878. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rdg/article/view/47083>. Acesso em: 13 june 2016. doi:http://dx.doi.org/10.7154/rdg.1984.0003.0001. VIDAL, A. C.; FERNANDES, F. L.; CHANG, H. K., Geociências, Distribuição dos arenitos na Bacia de Taubaté. São Paulo, UNESP, v. 23, n. 1/2, p. 55-66, 2004 PRESS, F.; SIEVER R.; GROTZINGER J. & JORDAN T.H. Para Entender a Terra. 4ª edição. Bookman, 2008 ROSS, JURANDYR L. SANCHEZ. Geografia do Brasil. São Paulo:Edusp. 2001 TITARELLI, A. H. V. O Vale do Parateí. Estudo Geomorfológico. Série teses e Monografias, IGEOGUSP, São Paulo, n.13, 186p.,1975.