Yann Arthus-Bertrand / Altitude. O Parlamento Europeu está empenhado no desenvolvimento

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Transcrição:

Yann Arthus-Bertrand / Altitude O Parlamento Europeu está empenhado no desenvolvimento

O Ano Europeu do Desenvolvimento 2015 (AED 2015) tem por objetivo dar a conhecer as relações da União Europeia (UE) com os países em desenvolvimento. Dará igualmente lugar a um debate sobre as conquistas da UE e sobre a forma como poderá contribuir, no futuro, para reduzir a pobreza e apoiar as pessoas dos países em desenvolvimento, que merecem uma vida digna. O lema do ano é POR QUE RAZÃO É 2015 O ANO EUROPEU DO DESENVOLVIMENTO? A União Europeia desempenha um papel importante na ajuda ao desenvolvimento internacional e na conceção das futuras políticas e objetivos de desenvolvimento sustentável. Em conjunto, a UE e os Estados-Membros contribuem com mais de metade da ajuda mundial (56,6 mil milhões de euros em 2013). As sondagens revelam que os cidadãos europeus apoiam a ajuda ao desenvolvimento da União Europeia. No entanto, não se consideram bem informados e sabem muito pouco sobre o destino dessa ajuda. Esta é uma das razões que levaram algumas organizações não-governamentais de ajuda ao desenvolvimento e o Parlamento Europeu a solicitar, em conjunto, que 2015 fosse o Ano Europeu para o Desenvolvimento. É a primeira vez que um Ano Europeu é dedicado ao trabalho que a UE realiza além-fronteiras. O ano de 2015 deverá ser um ponto de viragem para o desenvolvimento global. É o ano previsto para os objetivos de desenvolvimento do milénio (ODM): os oito objetivos acordados nas Nações Unidas em 2000. Os líderes mundiais assumiram o compromisso de melhorar a vida de milhões de pessoas que, nos países em desenvolvimento, vivem o flagelo da doença e da fome mulheres e crianças em particular. Em setembro de 2015 assistiremos a uma cimeira especial da Organização das Nações Unidas (ONU) que visará acordar novos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) universais, que deverão substituir os ODM. Em seguida, no final de 2015, uma importante cimeira da ONU em Paris procurará obter um acordo mundial sobre o clima para assegurar um futuro sustentável para o nosso planeta. Os valores fundamentais da União Europeia, a dignidade humana, a liberdade, a democracia e a igualdade, representam valores universais para todas as pessoas, onde quer que vivam. Com o aumento da interdependência global, apoiar os países mais pobres beneficia todos os habitantes do nosso mundo em mutação. OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO VISAM ERRADICAR A POBREZA EXTREMA E A FOME ALCANÇAR O ENSINO PRIMÁRIO UNIVERSAL PROMOVER A IGUALDADE DE GÉNERO E A AUTONOMIA DAS MULHERES REDUZIR A MORTALIDADE INFANTIL MELHORAR A SAÚDE MATERNA COMBATER O VIH/SIDA, A MALÁRIA E OUTRAS DOENÇAS GARANTIR A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL CRIAR UMA PARCERIA GLOBAL PARA O DESENVOLVIMENTO OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO E AJUDA AO DESENVOLVIMENTO: SALVAR VIDAS E MUDAR O FUTURO DE MILHÕES DE PESSOAS Os objetivos de desenvolvimento do milénio (ODM) constituem a base e uma fonte de inspiração para a ajuda ao desenvolvimento da União Europeia e a sua cooperação com países parceiros em todo o mundo. Desde a erradicação da pobreza extrema à luta contra a propagação da sida e ao ensino primário para todas as crianças, os ODM ajudaram a demolir barreiras e a combater a pobreza e os seus efeitos, convertendo-os em objetivos viáveis. O objetivo de reduzir para metade a pobreza extrema foi já alcançado: contra os anteriores 46%, hoje apenas 22% da população mundial vive em situação de pobreza extrema. As taxas de mortalidade infantil e materna registaram também progressos muito positivos. A percentagem de crianças que morrem antes dos 5 anos de idade foi reduzida para cerca de metade, passando de 90 em 1 000 para 48 em 1 000, o que significa que agora morrem menos 17 000 crianças por dia. O acesso ao ensino primário também melhorou. Atualmente, mais de 90% das crianças nos países em desenvolvimento frequentam um estabelecimento de ensino primário, em comparação com 83% em 2000. Segundo as estimativas das Nações Unidas, desde o ano de 2000, 3,3 milhões de pessoas foram salvas da malária; 90% são crianças da África Subsariana com menos de 5 anos de idade. Desde 1990, 2,3 mil milhões de pessoas adquiriram acesso a água potável reduzindo em 50% a percentagem de pessoas que não dispõem de água potável e reduzindo drasticamente o número de crianças que morrem de diarreia e doenças contagiosas, como a cólera. Três mil milhões de euros de ajuda da União Europeia permitiram que 13,7 milhões de crianças frequentassem a escola primária e proporcionaram formação a 1,2 milhões de professores do ensino primário entre 2007 e 2013. Mais de metade dos 75 milhões de crianças que não frequentam a escola vive em regiões afetadas por conflitos armados. Por conseguinte, em 2012, a UE lançou a iniciativa «Crianças da paz», atribuindo-lhe 4 milhões de euros em 2013. Durante os primeiros dois anos, 108 000 rapazes e raparigas tiveram acesso ao ensino básico, apesar de viverem em plena crise humanitária. GRAÇAS AO APOIO DA UE DE 2004 A 2012 18,3 MILHÕES DE CRIANÇAS com menos de um ano de idade foram vacinadas contra o sarampo 13,7 MILHÕES DE RAPAZES E RAPARIGAS tiveram a oportunidade de frequentar o ensino primário 24,5 MILHÕES DE PESSOAS tiveram acesso a instalações de saneamento básico 46,5 MILHÕES DE PESSOAS beneficiaram de transferências sociais, para as ajudar a combater a fome e a malnutrição DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS Os desafios em matéria de desenvolvimento global sustentável e equitativo e de erradicação da pobreza continuam a ser multifacetados. Incluem desigualdades crescentes a nível mundial; violações dos direitos humanos; discriminação e desigualdade de género; conflitos armados e terrorismo; alterações climáticas; insegurança alimentar; migração; desemprego; crescimento da população e evolução demográfica; corrupção; escassez de recursos naturais; crescimento instável; e crises financeiras e económicas. Tudo questões pendentes. Desde o lançamento dos ODM, ocorreu uma mudança fundamental nos debates sobre o desenvolvimento global e na governação mundial. A paisagem económica e política também mudou radicalmente, com a ascensão meteórica de antigos países em desenvolvimento, como a China e o Brasil. As alterações climáticas desempenham um papel central no desenvolvimento; a importância da sustentabilidade ambiental e da resiliência como pedras angulares da futura redução e prevenção da pobreza é agora amplamente reconhecida. A segurança alimentar, estreitamente ligada às condições ambientais, voltou a ser uma das principais preocupações das políticas. A população mundial deverá ultrapassar os 9 mil milhões até 2050. Embora a percentagem de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema tenha sido reduzida para metade, o número de pessoas vítimas da fome continua a ser alarmante, e estima-se que se situe entre os 800 e os 900 milhões. A malnutrição contribui para agravar o problema: um mau regime alimentar pode ocasionar nas crianças um desenvolvimento intelectual e físico incompleto para o resto da vida. Se o mundo decidir fazê-lo, a erradicação total da pobreza extrema poderá ser possível até 2030. As desigualdades a nível mundial devem ser abordadas e os recursos devem ser mobilizados. Os países da União Europeia comprometeram-se a atribuir à ajuda ao desenvolvimento 0,7% do rendimento nacional combinado. Até à data, apenas quatro países da UE cumpriram o prometido. Os ODS serão provavelmente mais abrangentes, visto que abarcam as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a económica, a social e a ambiental. A União Europeia está convicta de que o anseio generalizado de direitos humanos, justiça, governação democrática e reativa e Estado de direito deve também refletir-se nestes objetivos. Ao contrário dos ODM, que foram exclusivamente concebidos para os desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento, os ODS serão universais, aplicando-se tanto aos países ricos como aos países pobres.

Ari Vitikainen Ari Vitikainen União Europeia, 1995-2015/Reporters «2015 é uma oportunidade para dialogar com a política de desenvolvimento da União Europeia, partilhar histórias sobre o que já se conseguiu, sobre os progressos efetuados em matéria de objetivos de desenvolvimento do milénio e a verdadeira diferença que estas realizações fizeram no terreno, nos países mais pobres do mundo. Não deve, porém, limitar-se a realizações passadas e discursos empolgados. 2015 deve ser igualmente um ano de ação ao nível do desenvolvimento, para que deixe um legado real para o desenvolvimento.» Foto ONU/Evan Schneider Bioversity International/S. Padulosi Linda McAvan, presidente da Comissão do Desenvolvimento

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AJUDA AO DESENVOLVIMENTO DA UNIÃO EUROPEIA Direitos humanos e democracia A União Europeia considera que os direitos humanos são, simultaneamente, um meio e um fim na cooperação para o desenvolvimento. O respeito dos direitos humanos é visto como uma condição essencial e um fator indispensável para o desenvolvimento humano sustentável e inclusivo. Os direitos das mulheres, das crianças e das minorias são elementos chave dos projetos de cooperação para o desenvolvimento da UE. A democracia, a boa governação e o Estado de direito são considerados imprescindíveis para o desenvolvimento, constituindo o ponto fulcral, internacionalmente reconhecido, da cooperação para o desenvolvimento da União Europeia, com base na experiência da própria União Europeia e na sua história recente. Dar prioridade aos mais pobres dos pobres Ao longo dos próximos anos, 70% das ajudas da União Europeia serão atribuídas aos países mais pobres, ao passo que a ajuda aos países cuja riqueza e recursos têm aumentado está a ser reduzida ou progressivamente eliminada. Adaptar a ajuda aos contextos e necessidades Os auxílios podem assumir várias formas, incluindo o financiamento de programas globais de mais longo prazo, acordados com os governos de países parceiros e outras agências de ajuda. Além disso, estão previstos projetos executados por parceiros locais ou organizações internacionais não-governamentais de ajuda ao desenvolvimento, microcréditos e empréstimos «combinados» com subvenções. Os programas de apoio orçamental são diretamente canalizados para os orçamentos nacionais dos países em desenvolvimento para financiar políticas específicas (centradas na educação ou no emprego, por exemplo) ou necessidades em termos de infraestruturas. Propriedade Os países em desenvolvimento têm uma palavra importante a dizer sobre a forma como a ajuda da União Europeia é atribuída e sobre o destino da mesma. O Parlamento procura assegurar que a sociedade civil e os parlamentos nacionais sejam igualmente envolvidos no estabelecimento de prioridades. A ajuda da UE está cada vez mais harmonizada com as estratégias e prioridades dos países parceiros. Porém, quando não existam estruturas democráticas, a ajuda da União Europeia pode ser canalizada diretamente para a sociedade civil e as comunidades locais. Controlo e responsabilidade A ajuda da União Europeia está submetida a um controlo rigoroso por parte do Parlamento Europeu, dos 28 Estados-Membros e do Tribunal de Contas Europeu, bem como do Organismo Europeu de Luta Antifraude. A Comissão e as delegações da UE presentes nos países beneficiários procedem a controlos e verificações, tanto antes como depois da atribuição dos fundos. Os sistemas dos países em desenvolvimento nem sempre são tão eficientes como os dos países ricos com instituições sólidas; por conseguinte, continuam a existir riscos, mas a União Europeia está a envidar sérios esforços para limitar esses riscos, assegurando que os auxílios cheguem às pessoas que visa ajudar. REPARTIÇÃO REGIONAL DA AJUDA EXTERNA DA UE EM 2014 (PROVISÓRIA) Norte de África (Magrebe, Maxereque) 5,09% África Subsariana 44,35% América Central e Caraíbas 5,06% América do Sul 2,88% Médio Oriente 9,87% Ásia Central, Cáucaso e Subcontinente 8,46% Alargamento e Vizinhança Oriental 20,51% Ásia Oriental 2,92% Pacífico 0,86% Total 100,00% A AJUDA PÚBLICA AO DESENVOLVIMENTO DA UNIÃO EUROPEIA: 1 717 16,15% 4,97% 528 PAGAMENTOS 1 0,01% (2014) POR SETOR 1 054 EM MILHÕES DE EUROS: 889 8,36% 4 251 39,99% 1 055 9,92% 1 135 10,68% INFRAESTRUTURAS E SERVIÇOS SOCIAIS: educação, saúde, água, governo e sociedade civil, outros INFRAESTRUTURAS E SERVIÇOS ECONÓMICOS: transportes, comunicações, energia, outros serviços PRODUÇÃO: agricultura, silvicultura e pesca, indústria, exploração mineira e construção, comércio e turismo AJUDAS MULTISSETORIAIS/TRANSVERSAIS: ambiente, outras AJUDA ALIMENTAR/APOIO GERAL AOS PROGRAMAS AÇÕES RELACIONADAS COM A DÍVIDA AJUDA HUMANITÁRIA: resposta de emergência, reconstrução, assistência e reabilitação, prevenção e preparação para catástrofes OUTROS PAGAMENTOS/AJUDAS NÃO ATRIBUÍDAS: custos administrativos, não especificados O PAPEL DO PARLAMENTO EUROPEU NA AJUDA DA UNIÃO EUROPEIA O principal objetivo do Parlamento Europeu no âmbito da cooperação para o desenvolvimento é assegurar que a ajuda da União Europeia chegue às pessoas que mais necessitam do nosso apoio, a fim de as ajudar a atingir o seu potencial para que possam viver a sua vida com dignidade. Isto significa dar especial ênfase aos direitos humanos e assegurar cuidados básicos de saúde, educação e governação democrática como condições prévias essenciais para o desenvolvimento económico e social sustentável em benefício de todos os grupos da sociedade. O Parlamento Europeu acompanha a cooperação para o desenvolvimento através da sua Comissão do Desenvolvimento. É nesta comissão permanente que os deputados do Parlamento Europeu se reúnem para debater questões como as prioridades para a afetação de quase 5 mil milhões de euros de ajuda a partir do orçamento da União Europeia. Além disso, debatem a coordenação entre os países doadores e as agências, bem como a execução dos programas de ajuda. A Comissão do Desenvolvimento coopera com outras comissões do Parlamento Europeu para tornar as políticas da UE relacionadas com este tema, como no domínio do comércio ou da agricultura, mais compatíveis com os objetivos do desenvolvimento. Este requisito da «coerência das políticas para o desenvolvimento» é imposto pelo Tratado de Lisboa. Ao supervisionar as leis que enquadram a ajuda ao desenvolvimento da União Europeia, a Comissão do Desenvolvimento convida os agentes, as partes interessadas e os peritos de todo o mundo a descobrir o que é realmente necessário no terreno e a debater soluções para os problemas. Os seus membros estão regularmente em contacto com profissionais da ajuda ao desenvolvimento e cidadãos ativos em organizações da sociedade civil, contribuindo para uma tomada de decisão informada e representativa em termos democráticos. Uma esmagadora maioria dos deputados do Parlamento Europeu (PE) apoia uma política de desenvolvimento forte a nível da União Europeia, centrada na erradicação da pobreza e baseada nos direitos humanos inalienáveis de todos os cidadãos. Os membros da Comissão do Desenvolvimento sabem que 85% dos cidadãos europeus consideram importante ajudar as pessoas nos países em desenvolvimento. Mais do que isso, quase dois terços dos cidadãos da UE pensam que a ajuda aos países pobres deve ser uma prioridade para a União Europeia e que a União deve cumprir os seus compromissos de ajuda anteriores e mesmo revê-los em alta. União Europeia, 1995-2015 Bioversity International/Y. Wachira Foto ONU/Mark Garten Banco Mundial/Tom Perry

PAM/Sam Phelps União Europeia, 1995-2015/Enrique Castro Mendívil

AED 2015 EVENTOS E ATIVIDADES Na sequência do evento oficial de lançamento do Ano Europeu do Desenvolvimento em Riga (Letónia), ao longo do ano têm sido organizados eventos de sensibilização por ministérios e agências de desenvolvimento nacionais, organizações não-governamentais de ajuda ao desenvolvimento, autoridades locais e regionais e delegações da União Europeia em países fora da União Europeia. Os gabinetes de informação do Parlamento Europeu e as representações da Comissão nas capitais europeias também estão a organizar eventos, e muitos deputados do Parlamento Europeu e funcionários da UE irão participar. Foto ONU/Eskinder Debebe Os eventos incluem seminários e debates, conferências e painéis, mas também atividades culturais, concertos e manifestações desportivas, entre outros. A melhor forma de estar a par das atividades será visitando o sítio web do AED 2015 ou acompanhando o #AED 2015 através dos meios de comunicação social. A página do Parlamento Europeu no Facebook lançou um concurso de fotografia com base nos temas mensais do AED. AED 2015 TEMAS MENSAIS Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro A Europa no mundo Educação Mulheres e raparigas Saúde Paz e segurança Crescimento sustentável, emprego digno e empresas Infância e juventude Ajuda humanitária Demografia e migração Segurança alimentar Desenvolvimento sustentável e alterações climáticas Direitos humanos e governação Um dos pontos altos do AED 2015 serão as jornadas europeias do desenvolvimento em Bruxelas, de 3 a 4 de junho, onde se reunirão milhares de ativistas da ajuda ao desenvolvimento e convidados de alto nível dos países em desenvolvimento. O Parlamento Europeu organizará um painel de alto nível. Serão convidados jornalistas de toda a UE. Imediatamente antes das jornadas europeias do desenvolvimento, o Comité das Regiões irá reunir cerca de um milhar de representantes das autarquias locais e regionais da União Europeia e suas homólogas nos países em desenvolvimento. Tendo em vista a preparação da cimeira das Nações Unidas sobre os objetivos de desenvolvimento pós-2015, à qual irá assistir uma delegação de eurodeputados, a Comissão do Desenvolvimento do Parlamento Europeu organizará uma audição pública sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). A Comissão tenciona igualmente debater com os deputados dos parlamentos nacionais a forma como os novos objetivos poderão ser postos em pática. O AED 2015 terminará com uma conferência de encerramento oficial organizada pelo Luxemburgo. MAIS INFORMAÇÕES EM europa.eu/eyd2015 europarl.europa.eu/eyd2015 #EYD2015 QA-04-15-293-PT-N ISBN 978-92-823-70 doi:10.2861/

Banco Mundial/Aisha Faquir União Europeia, 1995-2015, foto: Ollivier Girard/CIFOR