VILÕES DA INADIMPLÊNCIA Setembro/15
Empréstimo e cartão de loja são os principais instrumentos financeiros que levam à inadimplência O estudo conduzido pelo SPC Brasil e Meu Bolso Feliz, tem como objetivo analisar o comportamento dos inadimplentes em relação aos seus compromissos financeiros e investigar os principais vilões da inadimplência. Em primeiro lugar, elenca os compromissos financeiros mensais existentes, sendo essas contas em dia ou em atraso. Em seguida, a pesquisa mostra quais as dívidas que os inadimplentes mais pagam em dia. Por fim, temos quais os instrumentos financeiros que os levaram a ficar com o nome sujo. Além de apresentar os dados para 2015, o estudo mostra também uma comparação com 2014, capturando o reflexo da piora da atividade econômica sobre as dívidas que mais levam ao nome sujo Pesquisa mostrou queda no número de contas assumidas em geral A primeira constatação importante da pesquisa foi a redução do percentual de inadimplentes que admitiram ter contas assumidas na maior parte dos compromissos pesquisados, estivessem elas em dia ou em atraso. Dentre as dívidas bancárias, o maior recuo aconteceu entre os que admitiram ter contas assumidas em atraso ou não, no cartão de crédito. Em 2014, 70% dos inadimplentes entrevistados tinham contas neste instrumento financeiro, percentual que recuou para 57% em 2015. Também houve recuo do cartão de loja: de 60% em 2014 para 55% em 2015. A única dívida bancária que aumentou a sua incidência entre os inadimplentes foi o empréstimo em bancos ou financeiras. A sua participação aumentou de 22% para 33%. Dentre os serviços não bancários, a mesma tendência de recuo do número de contas assumidas foi observada. O destaque aqui foi a queda de contas de água e luz (74% para 65%). Também houve recuo de 57% para 51% na conta de telefone.
% de inadimplentes que admitiram ter esta pendência (esteja ela em dia ou não) 2015 2014 Dívidas bancárias e afins Parcelas a pagar no cartão de crédito de credenciadora 57% 70% Parcelas a pagar do cartão de loja 55% 60% Empréstimo em banco ou financeira 33% 22% Parcelas a pagar em cheques/notas promissórias/carnês 17% 26% Cheque Especial 15% 23% Crédito Consignado 12% 10% Financiamento de automóvel (carro, moto) 11% 22% Financiamento de casa própria 8% 9% Demais serviços Conta de água / Luz 65% 74% Conta de telefone (fixo ou celular) 51% 57% Aluguel 25% 30% Plano de saúde 18% 21% Compra de vendedoras/sacoleiras 18% 27% Escola ou faculdade 16% 12% Condomínio 14% 9% Plano de saúde e aluguel têm maior incidência de pagamento em dia Quando investigamos, dentre os inadimplentes que têm contas assumidas, aquelas que estão sendo pagas em dia, o maior destaque são as dívidas não bancárias, e em especial aquelas ligadas a plano de saúde e aluguel. No primeiro caso, 94% dos inadimplentes que têm esta pendência, estão com os pagamentos em dia; no caso do aluguel, a participação dos que tem esta conta em dia chega a 92%. Também é destaque o fato de que as porcentagens são muito similares às verificadas em 2014: 95% e 90%, respectivamente. No caso das dívidas bancárias, os percentuais de inadimplentes que pagam suas dívidas em dia diminuíram. As mais citadas foram o financiamento da casa própria (63%); seguidas de crédito consignado (42%) e financiamento de automóvel (36%). Neste caso, houve uma significativa redução em relação aos percentuais registrados em 2015, respectivamente de 67%, 60% e 59%. Vários compromissos em dia também apresentaram queda de 2014 para 2015, como conta de telefone, sacoleiras e parcelas do cartão de crédito.
% de inadimplentes que estão com as contas em dia, dentre os que admitiram ter essa pendência 2015 2014 Dívidas bancárias e afins Financiamento de casa própria 63% 67% Crédito Consignado 42% 60% Financiamento de automóvel (carro, moto) 36% 59% Parcelas a pagar em cheques/notas promissórias/carnês 29% 38% Cheque Especial 20% 26% Parcelas a pagar no cartão de crédito de credenciadora 16% 19% Empréstimo em banco ou financeira 15% 18% Parcelas a pagar do cartão de loja 13% 20% Demais serviços Plano de saúde 94% 95% Aluguel 92% 90% Conta de água / Luz 85% 85% Condomínio 79% 78% Conta de telefone (fixo ou celular) 71% 79% Compra de vendedoras/sacoleiras 67% 78% Escola ou faculdade 63% 75% Dívidas bancárias são as mais citadas pelos inadimplentes O estudo investigou, entre os inadimplentes que tinham uma determinada conta assumida, a porcentagem dos que ficaram com o nome sujo por causa do não pagamento da conta. A maior incidência de negativações foi entre as contas em atraso de empréstimos em bancos ou financeiras. 76% dos consumidores inadimplentes que disseram ter esta pendência, admitiram estar com o nome sujo por conta dela. O percentual é inclusive maior do que os 68% apurados em 2014. No caso de cartão de loja e cartão de crédito, as porcentagens são muito similares: 75% e 74%, respectivamente. Também neste caso, o que se verifica é um avanço em relação aos percentuais verificados em 2014, de 65% para o primeiro e 66% para o segundo. O cheque especial também é destaque entre os inadimplentes: dos que tem esta dívida, 67% disseram que foi ela que os levou ao nome sujo. Assim como nos demais itens, houve importante aceleração em relação ao percentual verificado no ano passado (43%), sendo este o maior avanço entre as dívidas bancárias.
% de inadimplentes que ficaram com o nome sujo, dentre os que admitiram ter essa pendência 2015 2014 Dívidas bancárias e afins Empréstimo em banco ou financeira 76% 68% Parcelas a pagar do cartão de loja 75% 65% Parcelas a pagar no cartão de crédito de credenciadora 74% 66% Cheque Especial 67% 43% Parcelas a pagar em cheques/notas promissórias/carnês 59% 46% Crédito Consignado 50% 30% Financiamento de automóvel (carro, moto) 45% 23% Financiamento de casa própria 13% 11% Demais serviços Conta de telefone (fixo ou celular) 22% 9% Escola ou faculdade 19% 8% Compra de vendedoras/sacoleiras 11% 4% Conta de água / Luz 9% 3% Condomínio 7% 0% Plano de saúde 6% 0% Aluguel 0% 0% Contas de serviços também geram inadimplência Há um grande percentual de inadimplentes que alegam ter sido registrado em cadastro de devedores pela pendência de pagamento de contas de serviços. As contas de telefone e celular foram citadas por 22% dos inadimplentes que tem esta conta. Aqui chama atenção o avanço de mais de 10 pontos percentuais em relação aos 9% verificados no ano passado. Por fim, vale ressaltar também a porcentagem dos inadimplentes que tem dívidas de educação (escola ou faculdade) e que admitiram ser esta a dívida que os levou ao nome sujo: 19%, acima dos 8% de 2014. Conclusão A pesquisa do SPC Brasil, realizada com consumidores inadimplentes, mostra que na passagem de 2014 para 2015, além de haver uma menor incidência de consumidores que
admitem ter compromissos financeiros, há também um aumento importante da porcentagem de dívidas em atraso. Tal tendência é um reflexo da economia bem mais fraca em 2015 em relação ao ano anterior. A piora na confiança no futuro da economia faz com que haja retração na demanda por crédito e por compromissos financeiros. Mas ainda que haja menos contas a pagar, o recuo na renda real do brasileiro, principalmente por conta da alta da inflação e piora do emprego, fazem com que seja cada vez mais difícil manter os compromissos financeiros em dia. Vale lembrar que neste momento de crise, além da diminuição do número de pendência, via preferência de pagamento a vista é importante ter alguns cuidados quando a tomada de dívidas é inevitável. Em especial, as dívidas em instrumentos mais caros como cartão de crédito e cheque especial, são muito temerárias, já que fazem com o total devido aumente para muito mais do que o dobro da dívida inicial. Os indicadores de inadimplência apurados pelo SPC Brasil refletem esta tendência. Em julho de 2015, houve um avanço de 4,47% no número de devedores com pendências em atraso na comparação com o mesmo mês do ano passado. Estima-se que o total de brasileiros com o nome registrado em cadastros de devedores some 57 milhões. Este número, que reflete dívidas atrasadas com bancos, mas também com outros segmentos como comércio, contas básicas e comunicação, representa quase 4 em cada 10 brasileiros adultos (entre 18 e 95 anos). Metodologia Público alvo: consumidores das 27 capitais brasileiras, com mais de 18 anos, de ambos os sexos, pertencentes a todas as classes sociais e Inadimplentes. Método de coleta: Pessoal - nas proximidades das instituições de proteção ao crédito, como SPC Brasil, Boa Vista e Serasa. De forma aleatória (sem cota para sexo, idade ou classe social). Tamanho amostral da pesquisa: 600 casos, gerando margem de erro geral de 4 p.p para um intervalo de confiança de 95%.
Data de coleta dos dados: 15 a 26 de junho de 2015. Aleatoriedade: A aleatoriedade na coleta de dados foi fundamental para traçar o perfil sócio-demográfico dos inadimplentes. Comparação: Nesta apresentação, o estudo de 2015 é comparado ao estudo realizado em 2014.