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Projeto Final Coordenadora Marilia Mello Pisani Autores Clara Guimarães Érica Jorge Lilian Menezes Marilia Mello Pisani Ronaldo Tedesco Taís Vargas 1 Programa Anual de Capacitação Continuada Coordenadora: Sílvia Dotta Curso: Produção de vídeo em EAD, Pisani, M. (Coord.), Guimarães, C., Jorge, E., Menezes, L., Tedesco, R., Vargas, T., é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição NãoComercial 3.0. Não Adaptada. Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponíveis em http://uab.ufabc.edu.br.

Direção e Produção Devido aos diversos conhecimentos e processos envolvidos, a produção audiovisual costuma ser um trabalho desenvolvido por uma equipe. Cada membro desta equipe realiza suas atividades em três momentos: a pré-produção, a produção e a pós-produção. Nesta dinâmica coletiva ninguém manda e ninguém obedece: cada um cuida de sua parte, mas todos ouvem e compõem uma obra audiovisual. Aprender a ouvir as sugestões e as críticas e a trabalhar coletivamente é uma das características positivas deste trabalho, que permite a democratização do processo criativo. Porém, isto não implica que cada um deva se restringir a conhecer apenas uma parte, alienando-se dos outros processos. É 2 importante que você conheça um pouco sobre cada etapa e nesta aula você a terá a oportunidade de desempenhar esses diversos papéis. Comecemos, então, conhecendo a equipe em uma produção de vídeo. Roteirista: é ele que inicia o trabalho, desenvolvendo a ideia e transformando-a em um roteiro. Diretor: é aquele que apresenta a concepção de imagem e transforma o roteiro em cenas de movimentos de câmera e planos; é ele quem estabelece o tempo das cenas. Produtor: participa das etapas de pré-produção, produção e pós-produção e organiza todo equipamento e recurso necessário, garantindo que o diretor possa acontecer. Fotógrafo: ele cuida da imagem, trabalhando diretamente com o diretor. Ele está sempre de olho nos elementos que compõem a forma das imagens, como luz e cores.

Cinegrafista: é aquele que cuida da câmera. Trabalha diretamente com o diretor e o fotógrafo. Quando ele não está presente, é o diretor ou fotógrafo que cuidam da câmera. Editor: ele é o artista da linguagem técnica, é ele que transforma as imagens gravadas em imagens com efeitos e cortes, dando ritmo a sequência de imagens. Seu trabalho cobre praticamente 50% da produção de um vídeo, segundo Alex Moletta, e pode salvar ou afundar de vez um projeto audiovisual. Vamos conhecer agora, com mais cuidado, as principais funções de um Diretor e, na sequência, as de um Produtor. Direção 3 O diretor é um autor que escreve com a lente da câmera (Moletta, 2009, p. 43) A direção é uma das partes mais delicadas de uma produção audiovisual, segundo Moletta (idem, p. 41): a direção tem a função de pensar em imagens que possam ser captadas pela câmera. Ela direciona a realização de um roteiro. É ele que cria o olhar da câmera, por meio do qual se contará a história. Para começar a dirigir um filme o primeiro passo é conhecer bem o roteiro que vai dirigir e conversar com o roteirista (caso não seja ele mesmo que o escreveu), de modo a conseguir transformar as ações do roteiro em imagens que possam ver vistas. O diretor é aquele que cria a concepção do filme, ou seja, a sua forma pessoal de expressar-se por meio das imagens e dos sons; mais do que isso, é ele que confere o olhar artístico que encanta ou que inquieta o público. Para construir esse olhar cinematográfico, o diretor fala por meio da lente da câmera. Por isso, a linguagem de direção é aquela

dos movimentos da câmera, dos planos e enquadramento e das lentes e é com ela que você deve se acostumar a pensar agora. Assim, façamos um breve retrospecto dos elementos que você aprendeu no Módulo 2 e que necessitará relembrar nesta fase. Para obter boas imagens você precisa tomar uma série de cuidados com a iluminação, os movimentos de câmera, o enquadramento do objeto de filmagem e os recursos da lente. Esse trabalho do diretor pode contar de forma muito positiva com a ajuda do fotógrafo, que é aquele que cuida da imagem propriamente dita em todos os seus aspectos; já o diretor está mais atento ao modo como esta imagem pode contar a história, ou seja, ao modo como o movimento e o enquadramento conseguem transmitir uma mensagem. Essa combinação de movimento e enquadramento faz que a imagem ganhe vida na tela, deixe de ser apenas o registro de 4 uma situação e adquira características criativas e artísticas (Lucena, 2012, p. 71). Como aspecto da linguagem do cinema, os movimentos e o plano são seus elementos fundamentais. O movimento transmite as emoções, comunicam as ideias e, em sintonia com a música, forma uma narrativa expressiva, que evoca emoções e reações (idem, p. 72). Há 4 relações possíveis entre os objetos e o movimento da câmera (Lucena, 2012): A câmera e o objeto estão imóveis; A câmera está imóvel e o objeto em movimento; A câmera e o objeto se movem; O objeto não se move, mas a câmera sim. Dentro destas quatro possibilidade de relação objeto-câmera, existem outras inúmeras variações:

5 A câmera pode girar em torno do próprio eixo, tanto horizontal quanto vertical (panorâmica); Pode deslizar sobre um trilho ou carrinho (dolly) (você pode utilizar uma cadeira de rodinhas); Pode ser movimentar para frente, para trás, lateralmente, para cima, para baixo (travelling). Neste caso, você pode usar o zoom para realizar um movimento frontal, porém não se esqueça de que enquanto no travelling a câmera se movimenta, no zoom a câmera está parada e é o conjunto de lentes que se move, fazendo com que o objeto fique mais afastado ou mais próximo. Pode ser montada numa GRUA, permitindo diversos tipos de movimentos acompanhando objetos e personagens. (A grua é um equipamento que permite suspender a câmera a uma altura normalmente inalcançável. Pesquise na internet que você encontrará uma série de modelos). Já o plano é a unidade básica da linguagem da imagem em movimento. Ao registrar o movimento é preciso definir a relação espaço-tempo: o que vai ser mostrado e quanto vai durar esta exposição. Os planos gerais tem caráter informativo e servem para descrever a ação ou localizar o contexto geral de uma situação. Os planos médios são bons para cenas com diálogos. Os planos mais fechados acentuam as emoções do personagem. Vale a pena, neste momento, você rememorar as siglas de cada plano, que você aprendeu na aula 5 Câmera no módulo 2, e que será usada na atividade desta aula, pois é a partir desta linguagem que o diretor se comunica e escreve. Segue um breve quadro dos Planos, para ajudálo(a) a lembrar:

PG: plano geral (abrange a totalidade dos objetos) Plongê: filma o objeto de cima para baixo, dando a sensação de diminuição ou rebaixamento. PA: plano aberto (mostra apenas o objeto principal da filmagem) Contraplongê: filma o objeto de baixo para cima, dando a impressão de fazer crescer um personagem. PAm: plano americano (mostra as pessoas do joelho para cima) Plano Inclinado: inclinação do eixo vertical da câmera. 6 PM: plano médio (personagem aparece da cintura para cima) Plano sequência: tomada acompanhada integralmente os objetos ou personagens, como um grande travelling. PP: plano próximo (registra imagens frontais como em um telejornal; close; big-close) Câmera subjetiva: mostra o objeto a partir da perspectiva do olhar do personagem. Agora, chegou a hora de você começar a pensar como o diretor de seu filme. Você precisará definir a linguagem fotográfica de seu projeto. Para isso você aprenderá a realizar a decupagem do roteiro, que é um modo de desmembrar o roteiro transformando-o em cenas e tomadas. Siga com a leitura e faça a atividade proposta. 1. Minuta de decupagem: A decupagem é uma espécie de roteiro escrito para ser filmado. A sua linguagem é a dos movimentos de câmera e planos. Por isso,

você deverá mobilizar o vocabulário técnico aprendido na aula 5 de Câmera, e resumido no quadro acima, e criar a direção de seu filme montando a sua própria Minuta de decupagem. A Minuta de decupagem ajuda você a construir a concepção de imagem de seu Projeto. Ela pode ser alterada durante as gravações, mas começar a fazê-la desde já só irá ajudar a direcionar o seu olhar na hora e facilitar nas gravações, que costumam ser um momento muito tumultuado. Assim, é muito importante que você realize a atividade para conseguir pensar sobre a imagem e esta reflexão irá auxiliar na construção de sua narrativa audiovisual. A Minuta de decupagem estará com o diretor durante as gravações. Ela é dividida em: cabeçalho (que reproduz o modelo do roteiro, com o numero da cena, o espaço e o tempo), seguida do numero da tomada (TOM), a sigla do plano e movimento e uma breve 7 descrição do objeto que será enquadrado. Vejamos com mais cuidado. Uma cena é composta por várias tomadas ou uma só (no caso de uma sequência única). Uma Tomada (TOM) é a menor unidade de uma cena, gravada sem corte: se uma sequência é dividida por várias cenas, várias cenas são divididas por diversas tomadas (Moletta, 2009, p. 47). Você pode gravar uma cena com diversas tomadas e é para organizar essas tomadas que você precisa definir a decupagem. E atenção para não confundir plano e tomada! Se uma tomada é a divisão da cena em partes, o plano é aquilo que a câmera vê naquela tomada. Se nossa tomada fosse a janela aberta, o plano seria a paisagem que vemos através dela (ibidem). Agora, leia e estude o modelo que se segue, discuta com seu tutor em caso de dúvidas e prepare-se para desenvolver a primeira atividade prática desta aula.

MINUTA DE DECUPAGEM CENA 1. ET. CALÇADÃO CENTRO DA CIDADE DIA TOM 1 PLANO GERAL (PG) PAN Vertical. A CAMERA DESCE do sol ardente até aparecer até aparecer o centro da cidade. Manhã de calor intenso. TOM 2 PLANO FECHADO (PF) no rosto da mulher. Surge, invadindo a tela, o rosto de uma mulher de 40 anos, olhos arregalados. A mulher está morta. TOM 3 PLONGÊ mostra o corpo da mulher inerte no chão. O plano mostra também vários calcanhares de pessoas ao lado do corpo, 8 o que indica que estão indiferentes a ela. CENA 2. ET. RUA CENTRO DA CIDADE - DIA TOM 1 PLANO MÉDIO (PM) nos dois homens se socando. CAMERA NA MÃO tenta acompanhar os movimentos dos dois de forma frenética em toda a cena. TOM 2 PLANO CONJUNTO (PC) nas pessoas da calçada gritando em segundo plano e tomando a tela. Os dois brigam a pontapés. TOM 3 CLOSE em PLANO MÉDIO.

2. Storyboard: Agora você vai aprender a importância de desenhar as tomadas de suas cenas, quadro a quadro. Essa técnica auxilia a visualizar todos os planos e a escolher o melhor para sua cena. Um bom diretor deve, segundo Moletta, conhecer todos os planos que escolheu para fazer o seu vídeo ou curta, da primeira à ultima tomada. Quando estamos começando a desenvolver um projeto audiovisual, muitas são as chances de nos perdermos nos planos, errar os enquadramentos e esquecer o que se pretendia filmar em uma tomada. Por isso, é importante organizar-se e desenvolver técnicas que auxiliem nessas diversas etapas. Uma dessas técnicas é conhecida como Storyboard. O Storyboard é uma referência visual esquemática (como se fosse uma história em quadrinhos), que contém os planos, os ângulos 9 de câmera, as dimensões e as proporções do objeto da imagem. Ele é um rascunho da cena, podendo trazer apenas os contornos de pessoas e objetos (Moletta, idem. p. 55). Seguindo as indicações de Moletta, podemos dizer que ele é composto de: À esquerda fica o quadro branco para que o plano de cada tomada seja rascunhado. À direita fica o espaço para comentários sobre cada plano e observações sobre o movimento de câmera, etc. No cabeçalho de cada tomada há um lugar para anotar o número da cena, a tomada e a locação à qual o desenho corresponde. Não é necessário desenhar todas as tomadas do roteiro, apenas as principais para cada cena. Com o plano da minuta de decupagem em mãos, você vai rascunhar os desenhos referentes a cada plano e vai criar o seu

Storyboard. Veja o modelo abaixo e faço a atividade em Aula 10 Atividade Storyboard. E bom trabalho! Cena: xxxx Tomada: xxxx Locação: xxxx 10 Cena: xxxx Tomada: xxxx Locação: xxxx 3. Planilha de gravação: Depois de prontas as primeiras etapas de criação, direção e decupagem, depois que está pronto o Storyboard, cabe ao diretor se preparar para as ultimas ações antes das filmagens.

Por exemplo, ele pode pensar na escolha do elenco, como a idade, o tipo físico, etc. Porém, vamos sugerir que esta atividade seja executada pela Produção. O diretor vai opinar e lançar suas sugestões sobre o elenco, com objetivo de construir sua concepção visual, mas não será ele que vai trabalhar com a equipe de elenco. Essa é uma sugestão que fazemos, para que você passe diretamente para a última etapa da direção, antes das gravações propriamente ditas. Essa ultima etapa será desenvolver uma PLANILHA DE GRAVAÇÃO com o objetivo organizar as filmagens e facilitar o trabalho final de edição e montagem do vídeo. A planilha é montada com base nas datas e horários de uso de locação e serve de referencia de cronograma de trabalho para o diretor no dia da gravação. Observe a planilha abaixo e veja que ela contém: um cabeçalho com data, locação, cenas e tomadas 11 numeradas, na sequencia em que serão gravadas. Ao lado de cada tomada consta um curto espaço para descrição da ação. À direita há o espaço para indicar quantas vezes a tomada gravada foi repetida e qual das gravações que valeu. Essa planilha serve de guia para a escolha das cenas que serão editadas posteriormente. (Moletta, idem, p. 61-2) A planilha é um elemento útil na ultima etapa de pré-produção do diretor e serve para ele não se perder na etapa que vem a seguir, a captação das imagens. Mas, antes disso, veja o modelo abaixo, estude-o, tire suas duvidas com o tutor e faça a sua planilha de gravação na atividade Aula 10 Atividade Planilha de Gravação.

PLANILHA DE GRAVAÇÃO DATA: 00/00/00 LOCAÇÃO: rua INT./ET: Externa CENA 1 DESCRIÇÃO REPETIU Valeu a tomada: 12 TOM. 1 PAN - do sol até 5 4 mostrar o centro TOM. 2 PF rosto da 4 6 mulher TOM. 3 PLONGÊ Corpo 6 4 da mulher no chão. TOM. 4 TOM. 5 TOM. 6 CENA 2 DESCRIÇÃO REPETIU Valeu a tomada: TOM. 1 PM dois 5 3 homens se socando. TOM. 2 PC multidão 3 3 gritando e os dois brigando TOM. 3 CLOSE homem 3 2 de paletó. TOM. 4 CP MÉDIO 3 3 Homem de camisa levanta TOM. 5 PM pessoas 4 4

gritando TOM. 6 CENA 3 DESCRIÇÃO REPETIU Valeu a tomada: TOM. 1 TOM. 2 TOM. 3 TOM. 4 TOM. 5 Produção A Produção de um audiovisual participa de todas aquelas atividades de suporte à sua realização e que podem ser dividias em três fases: 13 Pré-produção: nessa etapa são definidas as locações, são adquiridos os elementos de cena, os figurinos, escolha e preparação do elenco, bem como os materiais necessários à gravação como equipamentos, tripé, cartão de memória, etc. Também conta nesta fase o orçamento de materiais e serviços. Produção: nesta fase ocorrem as atividades que estarão diretamente envolvidas no processo de gravação como: organização da locação, o transporte da equipe e dos equipamentos e acessórios. Pós-produção: atividades relacionadas à contratação de serviço de edição e montagem, sonorização e trilha, designer gráfico, material de imprensa, divulgação e preparação de cópias do material pronto para exibição. As fases do trabalho de produção são organizadas em um cronograma de realização, tal como se segue no modelo abaixo.

CRONOGRAMA DE REALIZAÇÃO Nome do projeto: Produtor responsável: OBJETIVOS GERAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PERÍODO DE REALIZAÇÃO Dia/mês Dia/mês Dia/mês Pré-produção/ Preparação Fechar locações e elenco Levantar material de produção Preparar elenco e 14 locações Produção/ Execução Iniciar gravações Produzir locações/ continuar gravações Encerrar gravações e entregar locações em perfeito estado. Pós produção/ Assistir ao

Finalização material bruto e selecionar imagens para edição. Editar primeiro corte. Inserir trilha sonora. Preparar material gráfico. Editar corte final, finalizar trilha e som e divulgar a exibição. 15 Porém, ao contrário do que pode parecer, o Produtor não é um mero operacionalizador de atividades, mas ele é também um criador. Cada peça de um cenário ou figurino participa da linguagem audiovisual e compõe, junto com o diretor e o fotógrafo, a estética visual de um vídeo ou filme. Assim, junto com esses dois outros personagens, se forma a tríade que cria a visão artística de um projeto, sendo o produtor aquele que faz a ponte entre as diversas áreas, não se limitando apenas à realização da obra audiovisual (Moletta, idem, p.91). Assim, podemos listar quais seriam as atividades principais de um Produtor, que são apresentadas em um checklist ou planilha de produção. Em termos gerais, esta lista pode ser dividida em (idem, p.93-4).

16 Equipe: seleciona as pessoas que serão necessárias ao desenvolvimento do projeto, como assistentes, etc. Elenco e figuração: todos os personagens e possíveis atores, assim como a quantidade de figurantes que serão necessários. Locações: seleciona e organiza os locais de gravação. Elementos de cena: listagem de tudo que será preciso para as gravações: como flor, caneta, automóvel, clips de papel, talheres, etc. Sugere-se que esta listagem seja dividida por cena, para facilitar sua organização. Figurinos: tudo que os atores vestirão para as gravações. Também sugere-se que seja dividido por cena. Materiais diversos: ferramentas, tintas, fita adesiva, pequenos materiais de decoração e cenografia, fitas para filmadora, mídias de CD e DVD, alimentação de equipe e elenco. Serviços: tarefas executadas por pessoas especializadas como serralheiros, carpinteiros, mecânico, chaveiro, ou ainda arte gráfica, edição, impressão, cópias, divulgação, etc. Agora, você deverá entregar a seu tutor a atividade Aula 10 Atividade Checklist com a lista de materiais que serão necessários para produzir o seu vídeo. Sigo o modelo abaixo: Equipe: CHECKLIST Elenco/ Figuração: Locações: Elementos de cena:

Figurinos: Materiais diversos: Serviços: Depois de fazer o entregar o Checklist, você irá realizar a segunda atividade de Produção: transcrever, para uma Planilha de Produção, os principais recursos de produção divididos por cenas, de modo a que você possa se organizar durante as gravações identificando os itens que deverão constar nas cenas. Veja o modelo abaixo oferecido por Moletta (idem, p. 105). Tire suas duvidas com seu tutor e faça a última atividade em Aula 10 17 Atividade Planilha de Produção. Com esta última atividade você já terá em suas mãos todos elementos necessários para começar as suas filmagens. PLANILHA DE PRODUÇÃO Nome do projeto: Nome do produtor: Data: 00/00/00 CENA 8 Luana atende ao telefone Locação: casa da Luana Personagem: Luana Atriz: Fulana Objetos de cena: telefone residencial Figurinos: blusa branca e calça jeans

Cena 8 DESCRIÇÃO LOCAÇÃO GRAVAÇÃO TOM. 1 Luana abrindo a Sala Ok porta TOM. 2 Luana Sala Ok atendendo ao telefone TOM. 3 Imagem fora da Fachada Ok casa CENA 9 Mãe descobre a foto na caixa 18 Personagem: mãe de Luana Atriz: Beltrana Objetos de cena: caixa preta de foto antiga Figurino: blusa vermelha e bermuda cinza Cena 9 DESCRIÇÃO LOCAÇÃO GRAVAÇÃO TOM. 1 Mãe de Luana Quarto Ok no quarto TOM. 2 Mãos da mãe Quarto Ok abrindo a caixa. TOM. 3 Detalhe da foto. Quarto Ok Você sabia? Há alguns itens de fundamental importância para você conhecer agora que está começando o seu projeto audiovisual. Vejamos. 1. Direitos autorais e uso de imagem: O produtor deve tomar muito cuidado ao utilizar a IMAGEM, SOM ou TETOS de terceiros, pois existem leis específicas que servem para impedir que uma obra seja indevidamente utilizada. Toda vez

que for utilizar em desses elementos, é preciso ter autorização e para isso entre em contato com os autores ou detentores dos direitos; se não, não use e evite problemas futuros. O Ato que regulariza o uso de direito autoral é a Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, disponível em diversos sites da internet. Portanto, adaptar ou reproduzir um trecho de livro, sem a devida autorização, é ilegal mesmo que a exibição não tenha fins lucrativos. Segundo o Ecad [Escritório geral de arrecadações e distribuição de direitos autorais] exibições desta natureza só ficam isentas de pagar direitos se houver autorização do autor ou detentor de direitos. (Moletta, 2009, p. 102) Não se esqueça: cada pessoa que se dispôs a participar de seu 19 vídeo ou cedeu espaço para gravar, nem que seja uma simples tomada, tem que preencher um Termo de Cessão de Uso de Imagens. Caso seja menor de idade, precisa da autorização dos pais ou responsáveis. A sugestão é que você já leve o termo pronto para ser assinado no ato da gravação, para evitar problemas futuros. A cessão é permanente e a imagem pode ser usada para fins de promoção do filme. Esse documento é bem simples e precisa ter: nome do projeto, do produtor e da pessoa que vai ceder os direitos de imagem e/ou uso de sua locação. Deve ser datada e assinada em duas vias, uma fica para o produtor e outro para o cessionário. 2. Locações e gravações em locais públicos: A escolha das locações também é uma atividade do produtor que requer muita atenção. Para isso é importante visitar com antecedência o local e identificar os horários de movimentação, ruídos. Deve conhecer as condições técnicas, quadros de energia

elétrica, pontos de luz e tomadas de cada local, se não 110V ou 220V. É preciso conversar com os responsáveis e explicar o que se pretende fazer. Para se gravar em local público é necessário pedir autorização de uso de imagem para a Prefeitura ou órgão público responsável pelo local (no caso da Universidade, você deve falar com a Prefeitura Universitária PU). Quem não tiver esse cuidado corre o risco de ser impedido de gravar. Fique atento(a) a isso. (Moletta, idem, p. 109) 3. Registro de produção Um dos recursos interessantes que podem complementar seu vídeo é utilizar registros de fotos e imagens feitas nos bastidores. Você pode fotografar todo o processo e arquivar essa documentação, de modo a preservar a memória e a historia da produção. Esses bastidores complementam a ficha técnica e informações de produção 20 e podem ser de grande interesse para o público. O produtor costuma ser o responsável por essa atividade. (Moletta, idem, p. 110) Referências bibliográficas: LUCENA, Luiz Carlos, Como fazer documentários: conceito, linguagem e prática de produção. São Paulo: Summus editorial, 2012. MOLETTA, Alex, Criação de curta metragem em vídeo digital: uma proposta de produção de baixo custo. São Paulo: Summus, 2009.