were evaluated on their own bike. For a candidate reviews the literature protocol was used. The data were submitted to descriptive statistics,

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DO POSICIONAMENTO CORPORAL NO CICLISMO COMPETITIVO E RECREACIONAL EVALUATION OF BODY POSITION OF COMPETITIVE AND RECREATIONAL CYCLISTS

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA DETERMINAÇÃO DA POSIÇÃO DO SELIM APLICADA AO CICLISMO INDOOR: ESTUDO DE CASO

ALTERAÇÕES POSTURAIS DE CICLISTAS DURANTE EXERCÍCIO PROLONGADO 1

DEPARTAMENTO DE ESPORTE - EEFEUSP - ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DE APTIDÃO FÍSICA DE ATLETAS DE FUTSAL FEMININO DA CIDADE DE MANAUS

ALTERAÇÕES POSTURAIS DE CICLISTAS DURANTE EXERCÍCIO PROLONGADO

INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DO TRONCO SOBRE A PRESSÃO NO SELIM EM HOMENS E MULHERES

TÍTULO: EFEITO DA REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA SEMANAL NO TREINAMENTO DE FORÇA NO DESEMPENHO DA POTÊNCIA

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM CORREDORES DOS 10 KM TRIBUNA FM-UNILUS

A REGULAGEM DO SELIM NO CICLISMO

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DO CONDICIONAMENTO FÍSICO E TREINAMENTO ORIENTADO À COMPETIÇÃO: PERFIL DO TIPO DE PÉ E PISADA EM CORREDORES DE RUA

Prof. Me. Alexandre Correia Rocha

SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ANEXO III

LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS NO ATLETISMO. Cristiano Frota de Souza de Laurino

Ginástica aeróbica no contexto da ginástica Geral. Prof. Dra. Bruna Oneda

PERFIL DOS PRATICANTES DE CICLISMO: FOCO PREVENTIVO

Prof. Me Alexandre Rocha

O corpo em repouso somente entra em movimento sob ação de forças Caminhada em bipedia = pêndulo alternado A força propulsiva na caminhada é a força

Prevalência de Dor Lombar em Ciclistas Praticantes em Goiás, Amadores das Modalidades: Mountain Bike, Time Trial e Road.

ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO

11º Congreso Argentino y 6º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias CAPACIDADE DE SPRINTS DE FUTEBOLISTAS NA PRÉ-TEMPORADA

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE TRABALHADORES EM ATIVIDADES DE IMPLANTAÇÃO FLORESTAL

Análise cinemática comparativa do salto estendido para trás

ESTRUTURA E PREPARAÇÃO DO TREINAMENTO RICARDO LUIZ PACE JR.

A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA ENTRE IDOSO DO DISTRITO DE MORORÓ

COMPARAÇÃO DA FORÇA DE PREENSÃO MANUAL ENTRE A MÃO DOMINANTE E A MÃO NÃO DOMINANTE EM SEDENTÁRIOS RESUMO

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG

Biomecânica aplicada ao esporte. Biomecânica aplicada ao esporte SÍNDROME PATELOFEMORAL

Resistência Muscular. Prof. Dr. Carlos Ovalle

UTILIZAÇÃO DA VISÃO PARA A MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO EM JOVENS

Teste do SALTO HORIZONTAL

RELAÇÕES ENTRE O PROGRAMA FEDERAL BOLSA-ATLETA E A NATAÇÃO: UMA ANÁLISE DE 2005 A 2015

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA INSTRUTOR E PROFESSOR DE TAEKWONDO GRÃO MESTRE ANTONIO JUSSERI DIRETOR TÉCNICO DA FEBRAT

CONTRIBUIÇÃO PARA UMA CONSCIÊNCIA CORPORAL. Distribuição Interna

1.1. O tema O problema

FISIOTERAPIA NA ESCOLA: ALTERAÇÃO POSTURAL DA COLUNA VERTEBRAL EM ESCOLARES

PRINCIPAIS LESÕES OSTEOMIOARTICULARES NO HANDEBOL

ERGONOMIA NORMA REGULAMENTADORA 17

Plano de Mobilidade Urbana de Cáceres

TÍTULO: ANÁLISE DO PERFIL POSTURAL DOS PRATICANTES DE JUDÔ CONSIDERANDO A PREFERÊNCIA LATERAL

Indústria de Bicicletas. Catálogo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA NATANAEL VINICIUS SENA SANTOS

NUTRIÇÃO NO DESPORTO Como calcular as necessidades energéticas para cada indíduo?

Termo ergonomia. Ergonomia 25/04/2012. Palavra de origem grega. Ergo Trabalho. Nomos - Regra INTERFACE HOMEM AMBIENTE ERGONOMIA

Lesão por esforço repetitivo

RELAÇÃO ENTRE TÉCNICA DE PEDALADA E OS MOMENTOS MUSCULARES DO QUADRIL, JOELHO E TORNOZELO

MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS PARA PROJETAR CONJUNTO MESA - CADEIRA ESCOLAR

Melhorando o Desempenho na Pedalada por Claudia Franco 07/06/2016

A INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NA GORDURA CORPORAL DOS PARTICIPANTES DO PIBEX INTERVALO ATIVO 1

ESTILO DE VIDA DE PRATICANTES DE MOUNTAIN BIKE

cadeiras interstuhl goal goal-air cadeiras interstuhl

Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos. Prof. Dr. André L.F. Rodacki

Norma Regulamentadora nº 17 - A famosa NR 17

ANTROPOMETRIA, FLEXIBILIDADE E DESEMPENHO MOTOR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE FUTSAL.

Esporte paralímpico: tecnológico e inclusivo

Protocolo de Avaliações

LERIANE BRAGANHOLO DA SILVA

EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DOS JOGADORES DE FUTEBOL DE ACORDO COM O ESTATUTO POSICIONAL.

Exoesqueleto. Tecnologia de auxílio muscular

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

TREINAMENTO FÍSICO: LESÕES E PREVENÇÃO. UM ESTUDO COMPARATIVO DA ROTINA DE JUDOCAS E BAILARINOS

1 BOLETIM TÉCNICO N.01 ERGONOMIA NO ESCRITÓRIO

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

Bem vindos! Bienvenido! Welcome!

Maria Tereza Silveira Böhme

Laudo ergonômico de um setor industrial

Esportes de Interação com a Natureza

Explicação dos Testes & Cronograma das Avaliações para a Equipe de Voleibol Master. Street Volei / Barra Music

AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DOS MÚSCULOS EXTENSORES E FLEXORES DE JOELHO EM PRATICANTES DE CICLISMO INDOOR

PROGRAMA FEDERAL BOLSA-ATLETA E O VOLEIBOL DE QUADRA E PRAIA NO PERÍODO

Tendinopatia Patelar

DEZ ANOS DO PROGRAMA FEDERAL BOLSA-ATLETA: MAPEAMENTO DAS MODALIDADES DE INVERNO ( )

NORMA REGULAMENTADORA 17

Medidas e Avaliação da Atividade Motora

Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos

Esteira Kikos Pro KX9000

FUTSAL E AS POSSÍVEIS LESÕES DESTE ESPORTE

Por que devemos avaliar a força muscular?

Joelhos saudáveis Lesões mais comuns

CEUNSP_ Curso: ARQUITETURA E URBANISMO

ESPECIFICIDADE TÉCNICA NO BASQUETEBOL: CLUBES X SELEÇÕES

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº, DE 2015 (Do Sr. Andres Sanchez)

EFEITO DO TREINAMENTO DE EXERCÍCIOS DE FLEXIBILIDADE SOBRE A MARCHA DE IDOSAS

INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 04, DE 02 DE JUNHO DE 2004.

Relato de atendimentos realizados no projeto de extensão NH no Bairro pelos acadêmicos do Curso de fisioterapia

MÉTODOS EM AVALIAÇÃO POSTURAL

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL DE ALUNOS DO PROJETO ESCOLA DA BOLA COM BASE NOS TESTES DA PROESP-BR

1Manipulação. manual de cargas. Uma carga com um peso superior a 3 kg pode constituir um risco para as costas. Quanto peso posso levantar?

EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO: HÁBITO OU NEGLIGÊNCIA ENTRE PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA NO MUNICÍPIO DE INHUMAS?

PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ATLETAS AMADORES DE TRIATHLON E PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO DE PALMAS-TO

Projeto de placas de aquisição e condicionamento de sinais integradas a microcontroladores para sistemas não invasivos aplicados ao esporte

SINTOMAS DE ESTRESSE EM ATLETAS DE VÔLEI DE PRAIA DE ALTO RENDIMENTO

Causas, incidência e fatores de risco:

Características cinemáticas da pedalada em ciclistas competitivos de diferentes modalidades

Translação vertical. Dobra lateral. Extensão flexão. Translação. lateral. Translação. Rotação axial. anterior posterior

TIPOS DE LESÕES. Adaptado de CHAFFIN e ANDERSON (1991) TIPO DE TRAUMA

Treinamento Esportivo

ÁREA: Ciências Contábeis FORMAÇÃO DO PREÇO DO SERVIÇO DE RETÍFICA DE VIRABREQUIM EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE

equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho Para avaliar a adaptação das condições de

SAÚDE DO TRABALHADOR - LER. Nome: Silvia Kelly Leão Silva de Freitas Gilvan Carvalho Barbosa

Transcrição:

AUTORES: Vinicius Cavalcanti 1 Mateus Rossato 1 Lucas Tavares Sampaio 1 Márcio D. Souza de Brito 1 Fernando Diefenthaeler 2 Caracterização do posicionamento de ciclistas recreacionais de bicicletas aerodinâmicas: Dados preliminares do Projeto Bike Fit 1 Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas, Brasil 2 Universidade Federal de Santa Catarin, Brasil PALAVRAS CHAVE: Avaliação. Posicionamento. Ciclismo. RESUMO Este estudo teve como objetivo caracterizar o posicionamento de ciclistas recreacionais de bicicletas aerodinâmicas da cidade de Manaus avaliados pelo Projeto Bike Fit. Foram avaliados 36 ciclistas em sua própria bicicleta. Para as avaliações foi utilizado um protocolo proposto pela literatura. Os dados obtidos foram submetidos à estatística descritiva, onde ocorreram desajustes no posicionamento em 86% dos ciclistas de bicicletas aerodinâmicas. Os erros mais encontrados foram no posicionamento vertical e horizontal do selim. Os resultados apresentados neste estudo indicam que ciclistas recreacionais avaliados pelo Projeto Bike Fit apresentam grandes percentuais de erros em seu posicionamento na bicicleta, sendo evidenciada que a falta de informação sobre posicionamento leva a desajustes nos ciclistas. Correspondência: Vinicius Cavalcanti. Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas, Brasil. (vinicius_caval@hotmail.com). Description of the positioning of recreational cyclists of aerodynamic bicycles: Preliminary data about the Project Bike Fit. ABSTRACT This study aimed to characterize the positioning of recreational cyclists aerodynamic bikes in Manaus evaluated by Project Bike Fit. 36 cyclists were evaluated on their own bike. For a candidate reviews the literature protocol was used. The data were submitted to descriptive statistics, where mismatches occurred in the positioning in 86% of cyclists aerodynamic bicycles. More errors were found in the vertical and horizontal positioning of the saddle. The results presented in this study indicate that recreational cyclists assessed by Project Bike Fit feature large percentage of errors on your positioning on the bike, which highlighted the lack of information on positioning leads to mismatches in cyclists. KEY WORDS: Review. Positioning. Cycling. 461 RPCD 14 (S1.A) 5415

INTRODUÇÃO O ciclismo é um dos esportes mais tradicionais no mundo, principalmente na Europa, onde se concentram os melhores ciclistas e as maiores equipes. Esse esporte data do século XIX, quando surgiram as primeiras bicicletas de competição e as primeiras provas. Atualmente essa modalidade é um esporte olímpico dividido em provas de pista (velódromo), provas de rua (estrada) e provas de montanha ou fora de estrada (mountain bike) 3. Ao longo do tempo, as bicicletas e os equipamentos vêm sofrendo mudanças, da mesma forma que os treinamentos físicos e táticos na busca da superação dos atletas em provas como o Tour de France, o Giro di Italia e a Vuelta de España, que tem em média, 20 dias de duração entre os mais variados tipos de terrenos. Esses dados mostram a importância do conhecimento e do domínio e variáveis biomecânicas e fisiológicas a fim de aperfeiçoar o desempenho dos ciclistas, visto que o ciclismo é afetado pela interação de um grande número de variáveis, incluindo o meio ambiente e fatores mecânicos e biológicos. Muitos engenheiros têm focado seus estudos na busca de designs para a construção de bicicletas mais rápidas e eficientes, minimizando o arrasto aerodinâmico do complexo ciclista-bicicleta, bem como o posicionamento correto do ciclista na bicicleta 2. Entretanto, nos dias atuais a bicicleta é não apenas vista como objeto desenvolvido para a competição. Assim, o ciclismo como meio de transporte desponta como uma alternativa democrática (baixo custo de aquisição e manutenção); ecologicamente correta (não contribui diretamente para as mudanças climáticas); e saudável (para os que a utilizam e praticam atividades físicas regulares e para os que desfrutam de uma cidade menos congestionada e poluída sonora e atmosfericamente). Estas características estão motivando grupos de ciclistas em todos os estados brasileiros a se unirem para formar a Massa Crítica rumo à Rio+20 que pretende chamar atenção para os benefícios desta forma de transporte alternativo. Por outro lado não se pode negligenciar o revés dessa situação, os riscos de lesões, as incapacidades e os óbitos a que os ciclistas estão submetidos diariamente no trânsito. O chamado Transporte Ativo (TA), meios de transporte à propulsão humana (pedestres, bicicletas, triciclos, patins, skates e até cadeiras de rodas), vem ganhando a cada dia mais adeptos. Além de não gerar poluição atmosférica e sonora, o TA ocupa menos espaço físico que os automóveis, menor custo econômico, aproxima as pessoas ao invés de segregar e oferece a oportunidade de praticar atividade física sem que o indivíduo tenha que dispor um tempo extra do seu dia para isto. Em virtude destas mudanças, a utilização da bicicleta tem crescido nos últimos tempos, seja para o lazer, trabalho ou ainda para prática esportiva 5. No Brasil, estima-se que haja no país mais de 65 milhões de unidades, sendo que a produção anual cresceu de 2,2 milhões em 1991 para 5,5 milhões em 20071. Em Manaus isso não é diferente, pois o Grupo Pedala Manaus, por exemplo, possui mais de 3.600 seguidores nas redes sociais e normalmente se reúne duas vezes por semana para a prática do ciclismo recreativo. Apesar do crescente número de adeptos do uso da bicicleta, poucos ciclistas possuem orientação quanto à carga de treinamento do ciclismo, seja ela de intensidade ou de volume. A justificativa deste estudo reside na hipótese de que ciclistas recreacionais apresentam desajustes maiores no posicionamento devido ao fato de utilizarem a bicicleta por intervalos de tempo mais curtos e por não terem a devida orientação quanto ao posicionamento na bicicleta. O objetivo deste estudo foi o de avaliar características do posicionamento corporal de ciclistas com base em parâmetros biomecânicos descritos na literatura e relacionados ao ajuste corporal sobre a bicicleta, com especial atenção ao posicionamento do membro inferior em resposta a ajustes incorretos na configuração da bicicleta. MATERIAL E MÉTODOS Esta é uma pesquisa caracterizada como uma abordagem qualitativa do tipo estudo de caso avaliativo, segundo Thomas, Nelson e Silverman 21, cujo objetivo principal é utilizar os dados para avaliar o mérito de alguma prática, programa, movimento ou evento. A escolha dessa forma de pesquisa justifica-se por se caracterizar um estudo qualitativo o qual se desenvolve numa situação natural, rico em dados descritivos, num plano aberto e flexível, focalizando a realidade de forma contextualizada. De acordo com Gil 12, a pesquisa descritiva tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Participaram deste estudo 36 sujeitos, somando um total de 29 ciclistas do sexo masculino e 7 ciclistas do sexo feminino praticantes do ciclismo recreacional, selecionados de maneira aleatória e constituídos por indivíduos que tomaram conhecimento do estudo por meio de divulgação por panfletagem, websites e em emissoras de rádio e televisão. Os ciclistas foram determinados como recreacionais através do questionário realizado no qual o mesmo devia informar se treinava para participar de competições ou não. As características dos participantes estão apresentadas na tabela 1. 463 RPCD 14 (S1.A)

TABELA 1 Características dos ciclistas avaliados (expressas em média) VARIÁVEL CICLISTAS MASCULINO FEMININO Idade (anos) 30 a 40 25 a 35 Massa corporal (kg) 80,35 70,24 Estatura (m) 1,71 1,61 Os ciclistas foram avaliados em suas próprias bicicletas garantindo a confiabilidade e validade do estudo, permitindo assim a intervenção com sugestões de modificações na bicicleta para ajustar adequadamente o equipamento ao ciclista. Antes do procedimento de avaliação, era solicitado que os participantes respondessem a um breve questionário, que abordou perguntas referentes ao uso da bicicleta, freqüência semanal de prática, características do treinamento, participação em avaliações anteriores, histórico de lesões, características do posicionamento, conforto, prática de outras modalidades esportivas e locais preferenciais para a prática de ciclismo, e quais os fatores que os incentivaram a escolher o ciclismo para desenvolver atividades e o tempo de prática da modalidade esportiva. Orientações necessárias foram feitas quanto à posição e inclinação do selim, ângulo relativo do joelho, face anterior da patela e o eixo do pedal. A maioria dos estudos que envolvem a analise da cinemática no ciclismo é realizada no plano sagital 9, o que corrobora com as técnicas e parâmetros utilizados por Burke e Pruitt 4. Antes dos ciclistas serem posicionados na bicicleta, era mensurada a altura do selim, com o intuito de verificar a distância entre a face superior do selim e o centro do eixo do pedal, com o pé-de-vela alinhado com o tubo do selim. Esta medida era necessária para, posteriormente, caso fosse necessário um ajuste na posição do ciclista, determinar o quanto em centímetros a altura do selim poderá aumentar ou diminuir. Após a medida, o ciclista avaliado era posicionado sobre a bicicleta e solicitado que permanecesse em uma posição característica a sua pedalada. Com o ciclista posicionado na bicicleta, foi mensurado o ângulo relativo do joelho (ângulo interno formado entre a coxa e a perna) que deveria estar entre 150 e 155. Esta medida foi obtida através do alinhamento do pé-de-vela com o tubo do selim, onde foi possível verificar o ângulo. FIGURA 1 Mensuração do ângulo relativo do joelho Além disso, com o pé-de-vela posicionado na horizontal verifica-se o alinhamento vertical entre a patela com o eixo do pedal. Este alinhamento entre o joelho e eixo do pedal corrobora a menor compressão patelar por uma menor flexão do joelho durante a pedalada. Da mesma forma, esse cuidado auxilia no aproveitamento da relação força-comprimento. FIGURA 2 Alinhamento vertical da patela em relação ao eixo central do pedal 465 RPCD 14 (S1.A)

Para que o ciclista se enquadre dentro dos ângulos propostos, muitas vezes era necessário reajustar o selim quanto à sua altura e/ou seu recuo/avanço, ou seja, colocá-lo mais para frente ou mais para trás, assim como ajustar altura e posição do guidão. A posição e o tamanho do guidão também, quando necessário, foram ajustados considerando aspectos ergonômicos do ciclista sobre a bicicleta, como a largura entre os ombros e o posicionamento da coluna a fim de manter suas curvaturas fisiológicas naturais. A determinação dos ângulos do joelho e alinhamentos entre a patela e o pedal foi feita por meio de fotografias realizadas no plano sagital e posteriormente analisado em um software livre (Kinovea ). Foram emitidos os laudos com a situação de pré e pós análise para cada ciclista. RESULTADOS Com base nos dados analisados foi encontrado um quadro em que 86% (N=31) dos ciclistas apresentaram um posicionamento inadequado na bicicleta. 14% (N=5) foram encontrados dentro do ajuste considerado ideal. FIGURA 3 Quadro antes da modificação O percentual de erros abaixo do ideal foi de 75% (N=27), enquanto 11% (N=4) se encontravam acima. FIGURA 4 Quadro antes da modificação O percentual de ciclistas ajustados subiu para 30,5% (N=11) após as modificações realizadas enquanto índice de desajustados caiu para 69,5% (N=25). A figura 7 ilustra o percentual de ajustados e desajustados após a modificação. FIGURA 5 Quadro de modificações Além de erros de posicionamentos relacionados à altura do selim, foram identificados desajustes no avanço/recuo, onde 30,5% (N=11) dos ciclistas necessitaram avançar o selim e em 3% foram necessário o recuo (N=1). Apenas 66,5% (N=24) estavam posicionados corretamente. Os dados são apresentados na figura 6. 467 RPCD 14 (S1.A)

FIGURA 6 Quadro de avanço/recuo DISCUSSÃO Na maioria das vezes, o ajuste da bicicleta é feito com base em tentativa e erro, ocorrendo maus ajustes na posição do selim, guidão ou tacos das sapatilhas. Estes ajustes têm sido relacionados com a ocorrência de lesões, além disso, acarretam maior gasto energético, afetando o desempenho 20. Os resultados apontados na Figura 4 demonstram uma grande demanda de erros no posicionamento dos ciclistas de acordo com os parâmetros estabelecidos por Burke e Pruitt 4. O alto índice de desajustes corrobora o estudo apresentado por Martins et al 16, onde os ciclistas recreacionais apresentam muitos erros de posicionamento nas bicicletas, por utilizá-las para diversos fins sem ter um cuidado especial para a prática. As bicicletas e equipamentos desajustados podem causar sérios problemas tanto em ciclistas recreacionais quanto em ciclistas competitivos 16, demonstrando a necessidade de maiores informações sobre os ajustes da bicicleta. Foi observado que no quadro de desajustes (figura 5), o maior percentual de erros foi relacionado à altura do selim, apenas quatro sujeitos estavam posicionados acima, enquanto a maior parte destes encontrava-se abaixo do ideal, uma posição na qual a compressão patelar é maior, devido ao maior grau de flexão dos joelhos 10. O selim desajustado abaixo ou acima do ótimo pode alterar o padrão de atividade muscular, a aplicação de forças no pedal e a efetividade da pedalada 9, ou seja, há uma perda de eficiência no momento da pedalada, tanto o consumo de oxigênio quanto o trabalho exercido se tornam relativamente mais altos 8. A altura correta do selim permite uma pedalada mais eficiente além de prevenir futuras lesões nos joelhos 19. Os erros no ajuste do selim também podem acarretar desajustes em outras partes da bicicleta, como, por exemplo, o guidão 16. Ao comparar as modificações realizadas nos selins quanto ao avanço e recuo, notou-se que os ciclistas antes das alterações apresentavam selins mais recuados do que avançados e grande parte deles não precisaram deste tipo de ajuste (figura 6). Uma flexão ou uma movimentação médio-lateral excessiva dos joelhos pode ocorrer ao utilizar um selim muito baixo e/ou recuado. A ocorrência de lesões nesta articulação está ligada ao fato da grande magnitude de força muscular gerada pelo quadríceps durante o ciclismo 5, a qual é transmitida ao movimento principalmente por esta articulação. Isso faz com que uma flexão excessiva da articulação do joelho leve a uma maior carga de compressão na articulação patelofemoral, à medida que a flexão aumenta. Enquanto um selim muito alto e/ ou recuado pode acarretar lesões como, por exemplos, tendinites e lombalgias 11. Após as modificações das bicicletas o percentual de ajustados foi aumentado em 16,5%, conseqüentemente reduzindo o numero de desajustados. Os casos em que não foi possível ocorrer as correções de posicionamento em relação à altura do selim, se deram em função da geometria da bicicleta não permitir que a mesma fosse ajustada ao ciclista, ou até mesmo restringir qualquer tipo de modificações 7. As principais situações encontradas foram bicicletas com o quadro menor para a estatura do ciclista, limitando assim as modificações, permitindo apenas que fossem aproximadas do ajuste ideal. A utilização de bicicletas cujas dimensões se ajustem ao ciclista são de grande importância para proporcionar conforto e ajudar a prevenir lesões musculotendíneas 14, 22, ao contrário das bicicletas com componentes de dimensões inadequadas ou mal ajustadas, que aumentam as chances dos ciclistas desenvolverem lesões por esforços repetitivos 16. Alguns autores discordam da utilização de avaliações em posições estáticas de bike fit18. Porém avaliações estáticas apresentam respaldo na literatura e representam uma forma simples e barata de corrigir o posicionamento da bicicleta 8. No ciclismo, a ergonomia tem como objetivo principal aumentar a segurança, a satisfação e o bem-estar dos ciclistas, isto é, procura adaptar a bicicleta à estrutura humana para que se alcance o melhor rendimento na pedalada 18. Os resultados apresentados neste estudo indicam que ciclistas recreacionais de bicicletas aerodinâmicas na cidade de Manaus apresentam grandes percentuais de erros em seu posicionamento na bicicleta, onde corrobora com a hipótese citada anteriormente que a falta de informação por parte dos ciclistas leva a desajustes nos mesmos. AGRADECIMENTOS Universidade Federal do Amazonas UFAM, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia FEFF, Projeto Bike Fit: sua bicicleta na medida certa. 469 RPCD 14 (S1.A)

REFERÊNCIAS 1. ABRACICLO. Disponível: http://www.abraci- clo.com.br/images/stories/dados_setor/bicicle- tas/9.2%20produo%202006-2011%20agosto.pdf. Acesso em: 17 jun. 2013. 2. BURKE, E. R. High tech cycling. Colorado Springs. Human Kinetics, 1996. 3. BURKE, E. R. Physiology of cycling. In: GARRET, W. R.; KIRKENDALL, D.T. Exercise and sports science. Lipincott Williams e Wilkins. Philadelphia, p. 759-770. 2000. 4. BURKE, E.R, PRUITT, A.L. Body positioning for cycling. In: Burke ER, organizadores. High-Tech Cycling. 2 ed. Champaign: Ed. Human Kinetics;p. 69-92, 2003. 5. CALLAGHAN, M.J.; PHIL, M. Lower body problems and injury in cycling. J BodyWork Mov Ther 2005; 9(3):226 236. 6. CARMO, J.C.; NASCIMENTO, F.A.O.; COSTA, J.C.; ROCHA, A.F. Instrumentação para aquisição e avaliação das forças exercidas nos pedais por ciclistas. Braz J Biomech:2(3):31-39, 2002. 7. CAVALCANTI, V.; ROSSATO, M ; SAMPAIO, L. T. ; BRITO, M. D. S. ; MENDONÇA, V. R. O. ; BOMFIM, L. S.. Caracterização do posicionamento de ciclistas recreacionais da cidade de Manaus/AM: dados preliminares do projeto bike fit In: IV Simpósio de Neuromecânica Aplicada, 2013, Florianopólis. Anais do IV Simpósio em Neuromecânica Aplicada,, 2013. v. 1. p. 63-64. 8. DI ALENCAR, T.A.M.; MATIAS, K.F.S.. Bike fit e sua importância no ciclismo. Revista movimenta; Vol 2, N 2; 2009. 9. DIEFENTHAELER, F.; BINI, R.R.; NABINGER, E.; GUIMARÃES, A.C.S.; CARPES, F.P.; MOTA, C.B. Assessment of the effects of saddle position on cyclists pedaling technique. Med Sci Sports Exerc 2006; 38(5):S181. 10. GREGOR, RJ. Biomecanica do ciclismo. In: Garret WE, Kirkendall DT, organizadores. A ciência do exercício e dos esportes. 1 ed. Porto Alegre: Ed. Artmed; p. 547-571,2003. 11. GARRICK, J.G.; WEBB, D.R. Lesões esportivas: diagnóstico e administração. 1 ed. São Paulo: Editora Roca; 2001. 12. GIL, A. C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2007. 13. HINAULT, B; GENZLING, C. Ciclismo de estrada. Lisboa: Ed. Editorial Presença; 1988. 14. KRONISCH, RL. How to fit a mountain bike. The Physician and Sportsmedicine, v. 26, n. 3, p. 1-4, 1998. 15. LOWE, B.D.; SCHARADER, S.M.; BREINTENSTEN, M.J. Effect of bicycle saddle designs on the pressure to the perineum of the bicyclist. Med Sci Sports Exerc 2004;36(6):1055-1062 16. MARTINS EA, DAGNESE F, KLEINPAUL JF, CAR- PES FP,MOTA CB. AVALIAÇÃO DO POSICIONA- MENTO CORPORAL NO CICLISMO COMPETITIVO E RECREACIONAL. Rev. Bras. Cineantropometria e Desempenho Humano. 2007;9(2):183-188. 17. PEQUINI, S. M. Ergonomia aplicada ao design de produtos: um estudo de caso sobre o design de bicicletas. [Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2005. 18. PEVELER, W.W., et al., A kinematic comparison of alterations to knee and ankle angles from resting measures to active pedaling during a graded exercise protocol. Journal of Strength and Conditioning Research, 2012. 26(11): p. 3004-3009. 19. RAMOS, F.N.; SANTOS, M.W.L; PRADA, F.J.A.. A regulagem do selim no ciclismo. Educação física em revista ISSN: 1983-6643. Vol. 5 N 2 Mai/Jun/Jul/ go 2011. 20. SWAIN, D.P. Body size and cycling performance. In: Burke ER, organizadores. High-Tech Cycling. 2 ed. Champaign: Ed. Human Kinetics; 1996. p. 65-78. 21. THOMAS, J. R; NELSON, J. K; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física / Jerry R. Thomas, Jack K. Nelson, Stephen Silverman; tradução Denise Regina de Sales, Márcia dos Santos Dornelles. 5. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 22. TROMBLEY, A. Serious mountain biking. 1st ed. Champaign, IL: Human Kinetics, 2005. AUTORES: Laís Stroesser Figueirôa 1 Leandro C. Mazzei 1 Flávia Cunha Bastos 1 Gestão da Confederação Brasileira de Ginástica Estética de Grupo: Um estudo de caso 1 Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, Brasil PALAVRAS CHAVE: Gestão do esporte. Entidade de administração do desporto. Ginástica Estética. Confederação. RESUMO A análise da gestão de organizações de administração do esporte é tema recente de estudos no país e restrita a modalidades com relativo sucesso internacional, como o Judô e o Voleibol. O objetivo do presente trabalho é descrever e analisar a gestão da Confederação Brasileira de Ginástica Estética de Grupo (CBGEG). Foi realizado estudo de caso, através do levantamento e análise das ações e medidas realizadas, segundo o modelo SPLISS (Sports Policy factors Leading to International Sporting Success); do perfil dos gestores e da caracterização da gestão. Os dados foram obtidos em relatórios anuais da CBGEG e através de entrevistas estruturadas com os gestores. A análise demonstrou que a entidade é recente (fundada em 2008), apresenta características de gestão amadora, não realiza planejamento de longo prazo, e os gestores tem experiência e formação voltadas para a prática. Quanto às atividades e ações realizadas, destaca-se a capacitação de técnicos e a realização de competições, enquanto o principal ponto negativo é a falta de planejamento, resultando em atividades isoladas e descontínuas. Conclui-se que a gestão da Confederação tem dificuldade em manter um suporte financeiro suficiente, que seria crucial para a elaboração de planos de desenvolvimento a médio e longo prazo. Correspondência: Laís Stroesser Figueirôa. Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, Brasil. 471 RPCD 14 (S1.A) 5437