CIRE Código de Insolvência e Recuperação de Empresas Decreto-Lei n.º 53/2004 de 18 de Março Processo n.º 3682/11.4TBVNF Tribunal Judicial de Famalicão 1º Juízo Cível Relatório do (Artigo 155º do CIRE) de Scalea Combustíveis, S.A. Av. Descobrimentos, 63 1º Andar Apartado 1050 4760-011 V.N.Famalicão João Fernandes de Sousa Guimarães, 1 de Fevereiro de 2012 Rua de Mataduços, 121 Fermentões Ap.461 4800-090 Guimarães Tel. e Fax: 253 511 344 Tlm: 917 570 632 E-mail: JoaoFernandesSousa@mail.telepac.pt
I N D I C E 1. Identificação da insolvente... 2 2. Competência... 4 3. Comissão de Credores:... 4 4.... 4 5. Datas do Processo... 4 6. Relatório... 4 6.1. Nota Prévia... 4 6.2. Considerações... 5 6.3. Actividade desenvolvida... 5 6.4. Contabilidade... 6 6.5. Perspectivas de manutenção da empresa insolvente... 7 6.6. Proposta do... 8 6.7. Remuneração do... 8 7. Anexos... 8 7.1. Inventário... 8 7.2. Lista Provisória de Credores... 8 1
1. Identificação da insolvente A sociedade Scalea Combustíveis, S.A., constituiu-se por contrato de sociedade apresentado a registo em 17/03/1999 e encontra-se registada na Conservatória do Registo Comercial de Vila Nova de Famalicão sob o número de matrícula 504 336 070. Tem o número de contribuinte fiscal: 504 336 070 Tem o nº de Identificação da Segurança Social: 20003937845 Actualmente possui 3 trabalhadores ao seu serviço. O objecto social consiste na actividade de Compra e venda de combustíveis, carburantes e lubrificantes, seu transporte, armazenagem e distribuição, gestão de postos de abastecimento de combustíveis próprios e alheios. Inicialmente, o capital social de 150.000,00 estava distribuído da seguinte forma: Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira 35.000,00 23,33 % Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira 45.000,00 26,67 % Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira 15.000,00 10,00 % Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira 60.000,00 40,00 % A sociedade obrigava-se com a assinatura de um gerente, tendo sido designados para o cargo ambos os sócios. A sede social era na Avenida Marechal Humberto Delgado, nº 20, 1º Dto Frente, freguesia e concelho de Vila Nova de Famalicão Em 29/12/2006 foi registado aumento de capital no montante de 100.000,00, subscrito pela seguinte forma: Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira com a quantia de 50.000,00, que acresce à quota de 40.000,00; e Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira com a quantia de 50.000,00 que acresce à quota de 60.000,00. Posteriormente, em 10/12/2008, foi registado novo aumento de capital no montante de 125.000,00, subscrito por Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira para reforço da sua quota de 90.000,00. Na mesma data foram registadas transmissões de quotas, resultantes da divisão da quota de 215.000,00 de Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira, para Maria Manuela Barbosa Miranda, do montante de 3.000,00; para José Reis Serra, do montante de 1.000,00; e para Ana da Conceição Bernardo, co montante de 1.000,00, passando o capital social de 375.000,00 a ser distribuído da seguinte forma: Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira 35.000,00 9,33 % 2
Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira 210.000,00 56,00 % Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira 15.000,00 4,00 % Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira 110.000,00 29,33 % Maria Manuela Barbosa Miranda 3.000,00 0,80 % José Reis Serra 1.000,00 0,27 % Ana da Conceição Bernardo 1.000,00 0,27 % Ainda em 10/12/2008 ocorreu o registo da transformação em sociedade anónima, designação de membros de órgãos sociais e mudança de sede, passando o capital de 375.000,00 a ser representado por 75.000 acções ao portador com valor nominal de 5,00, apresentando os órgãos sociais nomeados a seguinte composição: Conselho de Administração Presidente: Abel Jorge Martins Gonçalves Teixeira Administrador: Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira Fiscal Único: Cruz, Cunha, Campos e Associados, SROC, representada por Carlos Alberto da Silva e Cunha A sociedade passou a obrigar-se pela assinatura de qualquer dos Administradores, pela assinatura de um ou mais mandatários agindo nos termos e limites do respectivo mandato, podendo os documentos de mero expediente ser assinados por qualquer administrador. O objecto social passou a: compra e venda de combustíveis, carburantes e lubrificantes, seu transporte, armazenagem e distribuição, gestão de postos de abastecimento de combustíveis próprios e alheios A sede foi alterada para: Avenida dos Descobrimentos, nº 63 1º, freguesia de Antas do concelho de Vila Nova de Famalicão. Miguel Paulo Martins Gonçalves Teixeira renunciou à função de Administrador em 30/01/2009. Foi em 31/01/2009 nomeado Administrador António Manuel Barbosa Miranda, passando a sociedade a obrigar-se pela assinatura do Presidente do Conselho de Administração, pela assinatura de um ou mais mandatários agindo nos termos e limites do respectivo mandato, podendo os documentos de mero expediente ser assinados por qualquer administrador. António Manuel Barbosa Miranda cessou funções em 30/12/2010, por renúncia do cargo. A sociedade alterou ainda em 12/09/2011 a sua sede para a Praça das Flores, nº 3, Sala 52, freguesia de Bonfim do concelho do Porto, tendo em 08/11/2011 sido registada nova alteração 3
de sede para a anterior, na Avenida dos Descobrimentos, nº 63 1º, freguesia de Antas do concelho de Vila Nova de Famalicão. 2. Competência Tribunal do Judicial de Vila Nova de Famalicão 1º Juízo Cível Processo nº 3682/11.4TBVNF Insolvência de Pessoa Colectiva (Apresentação) 3. Comissão de Credores: Não nomeada 4. João Fernandes de Sousa Rua de Mataduços, 121 Fermentões - Apartado 461-4800-091 Guimarães Telefone e Fax: 253 511 344 - Telemóvel: 917 570 632 E-mail: JoaoFernandesSousa@mail.telepac.pt 5. Datas do Processo Declaração de Insolvência: 17 de Novembro de 2011 Publicação no D.R. II Série nº 233 de 6 de Dezembro de 2011 Assembleia de credores de apreciação do relatório: 1 de Fevereiro de 2012 6. Relatório 6.1. Nota Prévia Scalea Combustíveis, S.A. veio apresentar-se à insolvência alegando, em suma, ter assistido a um decréscimo no volume de vendas e atrasos nos pagamentos de clientes, a que não são alheios os factores conjunturais de ordem externa, com impacto nos preços, e a nível interno, com o acréscimo de encargos e diminuição dos níveis de actividade, e com um cada vez mais dificultado acesso ao crédito, a que acresce um montante muito considerável de créditos incobráveis, que colocaram a empresa em dificuldades de tesouraria e incapaz de cumprir as suas obrigações vencidas. Pugnou no entanto pela viabilidade da actividade, requerendo a manutenção da administração pelo devedor, comprometendo-se a apresentar plano de insolvência, que consta já dos autos. Verificada nos autos a situação e por conseguinte, sem necessidade de mais considerações, face ao evidenciado, foi declarada a insolvência da apresentante no dia 17 de Novembro de 4
2011, pelo que nos termos do artigo 37º e 38º do CIRE, a juiz mandou citar os credores da insolvente, nomeou o, fixou o prazo de reclamação de créditos, que fosse cumprido o disposto no artigo 24º do CIRE declarando aberto o incidente de qualificação de insolvência com carácter pleno, determinando a administração da massa insolvente pela devedora. Os credores tiveram 30 dias para reclamar os seus créditos e foi marcada a assembleia de credores para apreciação do relatório do administrador de insolvência nos termos do artigo 155º do CIRE, para o dia 1 de Fevereiro de 2012 pelas 14,30 horas no Tribunal Judicial de Famalicão 1º Juízo Cível. Foram preenchidos todos os requisitos do artigo 36º do CIRE, nomeadamente o relacionado com as alíneas f) e g), no que tange à satisfação pelo devedor da entrega imediata ao administrador de insolvência dos documentos referidos no nº 1 artigo 24º. O administrador da insolvente, assim como seus colaboradores, responderam à chamada para assistirem o administrador da insolvência para o bom exercício das suas funções, com vista à apresentação na assembleia de credores do relatório elaborado nos termos do referido artigo 155º do CIRE. É pois sua convicção de que o trabalho desenvolvido permitirá transmitir a todos os credores as informações necessárias e suficientes para poderem decidir em consciência a proposta que vai ser apresentada. 6.2. Considerações O deixa aqui o seu relatório de forma a permitir que seja apreciado e dele extraído o que as partes envolventes entenderem ser o melhor para a solução do processo. 6.3. Actividade desenvolvida A empresa insolvente dedica-se à actividade de comércio por grosso de combustíveis, actividade essa desenvolvida desde 1999. CAE 46711. Pela análise dos registos contabilísticos foi dado a constatar que: 2008 2009 2010 Vendas 31.941.421,19 20.128.398,79 16.378.613,41 CMVMC 30.722.211,86 18.663.966,01 15.419.589,57 Margem Bruta 1.219.209,33 1.464.432,78 959.023,84 FSE 327.661,50 341.297,08 421.741,05 Custos Pessoal 308.184,55 254.459,77 269.589,82 5
2008 2009 2010 Result Oper. 390.150,02 586.118,27-638.179,51 Result Liquido 95.940,39 104.650,24-853.172,71 No ano de 2011 foram registadas vendas e prestações de serviços do montante global de 10.332.405,96, continuando a tendência descendente verificada nos últimos anos. Porém, nos últimos meses, a actividade da empresa encontra-se praticamente paralisada, estando o número de trabalhadores reduzido ao essencial, com funções reduzidas, uma vez que fruto do corte ao acesso bancário não tem sido possível obter fornecimentos que permitam o bom desenrolar da actividade. Ressalve-se que a empresa tem um historial de resultados bastante positivos e de montante considerável, tanto operacionais como líquidos, com excepção do ano de 2010 onde os resultados apurados foram significativamente negativos, fruto essencialmente do reconhecimento de imparidades de dívidas a receber. De facto, o montante de créditos incobráveis teve um papel essencial na situação actual da empresa. Destaca-se a situação de insolvência do cliente Comercn, Lda., cujo débito excede os 1.500.000,00; bem como de Cunha Duarte, S.A. e Albino & Inácio, Lda., cujos débitos são, respectivamente, de cerca de 700.000,00 e 360.000,00. O impacto na situação de tesouraria foi evidente, colocando a empresa numa delicada situação económica e financeira, em virtude de se ter tornado cada vez mais difícil cumprir as suas obrigações vencidas. Em termos de equilíbrio funcional do balanço no encerramento das contas em 2010 obtivemos os seguintes montantes: Total do Activo 6.256.641,72 Total do Passivo 6.434.572,93 Total dos Capitais Próprios - 177.931,21 A situação líquida da empresa no final de 2010 era de - 177.931,21, estando evidenciada a situação de insolvência técnica da sociedade. Encontrando-se perdida metade do capital social, a Administração decidiu recorrer ao presente processo com vista à revitalização da actividade, através de um plano de insolvência que permita reestruturar o seu passivo de acordo com as receitas previsíveis. 6.4. Contabilidade Ao foi apresentada e facilitada a consulta em tempo útil dos dados necessários ao desempenho da sua análise contabilística, económica, financeira e fiscal da empresa. 6
A contabilidade encontra-se actualizada e é convicção do que esta reflecte em termos de substância e materialidade os saldos das operações e que nela está reflectida a real situação económica e financeira da insolvente No que diz respeito às obrigações declarativas, foram entregues as IES referentes aos anos de 2006 a 2010, bem como as restantes obrigações declarativas fiscais. 6.5. Perspectivas de manutenção da empresa insolvente Apesar de dificuldades de ordem económico-financeira, a administração manifestou interesse em manter a actividade, tendo proposto logo na Petição Inicial a apresentação de um Plano de Insolvência, que veio posteriormente a concretizar. As prerrogativas ali propostas prevêem, grosso modo, o pagamento da totalidade dos créditos que vierem a ser reconhecidos no processo, com perdão de juros vencidos. Pugna pela viabilização e minimização do prejuízo dos credores, considerando a sua proposta vantajosa relativamente ao cenário de liquidação. O administrador de insolvência é de opinião que o plano de insolvência apresentado se afigura exequível e que os mapas previsionais são credíveis, assentando nos dados históricos da empresa, configurando uma situação mais vantajosa para os credores relativamente à liquidação do activo. Efectivamente o activo da empresa compreende bens cujo valor contabilístico é notoriamente inferior ao passivo, e também dívidas de terceiros cuja cobrança se pode prolongar por horizonte temporal de impossível determinação, não sendo também possível afiançar a efectividade das cobranças. Ademais, os resultados apurados pela empresa, com excepção dos últimos dois anos, foram bastante positivos, tendo esta crescido de forma notória de tal modo que a sua imagem no mercado é ainda boa, possuindo uma marca reconhecida no sector, tendo inclusivamente sido eleita pela revista EXAME a 3ª melhor PME do sector em 2007. Será sempre de considerar as contingências que motivaram a situação. Sem dúvida que o cenário macro económico dos últimos anos teve um elevado contributo para o deteriorar da situação global da empresa, sendo também de considerar o facto de a empresa ter sido arrastada por circunstâncias externas, com o acumular de créditos incobráveis de elevado montante e que foram, entende-se, a origem da situação de total ruptura de tesouraria verificada actualmente. Dever-se-á ainda referir que para o bom andamento do plano de insolvência, se este vier a ser aprovado, é necessário o comprometimento de alguns credores para o financiamento da actividade através de meios financeiros adequados, sem os quais esta não poderá ser relançada. 7
Entretanto terá de ser a Assembleia de credores a deliberar, depois de apreciado este relatório, sobre a aprovação do plano de insolvência apresentado pelo devedor ou qualquer outro destino que se pretenda para a insolvente. 6.6. Proposta do Face ao descrito nos pontos anteriores o propõe: Nos termos do artigo 156º do CIRE, se delibere a manutenção em actividade do estabelecimento que seja admitido para discussão e votação o Plano de Insolvência apresentado pelo devedor; 6.7. Remuneração do O fiscalizará a gestão da empresa e para tal propõe uma remuneração mensal de 1.000,00 (mil euros) a pagar pela empresa insolvente até à homologação do mesmo, com efeitos a partir da data da sua nomeação, e também o mesmo montante mensal pelo período de três anos, nos termos do nº 6 do artigo 220º do CIRE, para a fiscalização do plano de insolvência após a sua homologação, para além da retribuição do valor da remuneração fixa legalmente estipulada e constante do nº 1 do artigo 1º da portaria nº 51/2005 de 20 de Janeiro. 7. Anexos 7.1. Inventário Junta-se a este relatório o inventário elaborado nos termos do artigo 153º do CIRE. 7.2. Lista Provisória de Credores Em virtude de se encontrar findo o prazo para reclamação de créditos junta-se, em requerimento separado, a lista definitiva de créditos reconhecidos e não reconhecidos, nos termos do artigo 129º do CIRE. Guimarães, 1 de Fevereiro de 2012 O João Fernandes de Sousa 8