O TEMIDO MOSQUITO Aedes aegypti. Fabiana Inês Bertani - Multiplicadora Aline Verardo Corrêa - Orientadora Resumo Este artigo refere-se a uma pesquisa de opinião realizada através do Projeto NEPSO (Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião) desenvolvida na E.M.E.F. Senador Teotônio Vilela localizado no Bairro Industrial, na cidade de Farroupilha. Os jovens pesquisadores foram vinte e um alunos de 4ª série, da turma 403 juntamente com a professora Fabiana de Ciências, onde o trabalho se desenvolveu no momento da Hora Atividade através da disciplina de Educação Ambiental. Sentido a necessidade de informar os moradores do Bairro Industrial sobre a presença do mosquito Aedes aegypti no município, das conseqüências maléficas que ele pode causar para a população em geral e de orientá-los para que realizem ações eficientes e contínuas que impeçam a proliferação desse terrível mosquito e a manifestação da doença DENGUE em Farroupilha, foi realizado este projeto de pesquisa. Através de observações realizadas com os educandos, percebeu-se que muitos dos moradores do Bairro não estão preocupados com o acúmulo de resíduos que tem em suas residências e nem aos seus arredores, alguns demonstram desinteresse e outros a falta de informação. Sendo necessário um trabalho de conscientização desta comunidade sobre a problemática dos resíduos, bem como fazer uma reflexão sobre a prevenção de doenças. Sendo necessário estimular os alunos a serem multiplicadores de informações sobre hábitos e atitudes corretas em casa, na escola e na comunidade em que vivem. Para termos uma sociedade melhor é necessária uma educação voltada para a formação de um cidadão consciente, responsável e transformador, preocupado com a sua saúde e da coletividade. Durante o processo os moradores foram orientados com material informativo produzido pelos alunos e professores envolvidos neste projeto de pesquisa. Entregando a cem famílias entrevistadas, uma armadilha para capturar as larvas de qualquer mosquito, inclusive o temido Aedes aegypti, construído com material reciclável. Oferecendo até o final do ano letivo, muitas armadilhas atendendo várias outras famílias do Bairro Industrial, demonstrando assim a preocupação com esta comunidade. Os alunos ficaram felizes e satisfeitos em ter informado e ajudado seus familiares, vizinhos, amigos e a comunidade sobre esta doença. Percebendo, na maioria dos alunos, uma maior preocupação com a sua saúde, com o seu bem-estar e na conscientização daqueles com quem convive para prevenção de doenças. Acredita-se que este projeto de pesquisa foi muito significativo para a melhoria da qualidade de vida e da saúde desta comunidade escolar e farroupilhense. Palavras - chave: População. Informação. Ações. Saúde. Prevenção. Introdução Este artigo contempla um trabalho de pesquisa de opinião centrada na comunidade do Bairro Industrial que abriga a Escola Municipal de Ensino Fundamental Senador Teotônio Vilela em Farroupilha buscando interpretar as respostas dos moradores para questões como falta de informação sobre a doença Dengue e o descuido sobre a presença do mosquito Aedes aegypti no município. Como os moradores estão cuidando dos resíduos gerados em seus lares? Qual a preocupação da comunidade com o meio ambiente local? Os moradores estão conscientes sobre o seu papel na luta contra esta doença? Que medidas os moradores estão tendo em relação aos focos de criação dos mosquitos causadores da Dengue? Este projeto de pesquisa foi desenvolvido pela professora Fabiana Inês Bertani e vinte e um alunos de 4ª série, da turma 403, dentro da hora atividade, com
apoio da professora Jaqueline Tem-Pahs, regente de classe - 4ª série 403 e da professora de informática Lucíola Chassot Flach, juntamente com os demais professores de outras áreas de conhecimento e com o constante apoio da equipe diretiva. O método aplicado para o levantamento de dados foi a Pesquisa de Opinião, ocorrendo a elaboração de um questionário com participação dos alunos envolvidos no projeto. Este questionário conteve dez perguntas. Sete foram perguntas fechadas, permitindo uma única alternativa de resposta, duas foram de múltipla escolha e uma pergunta aberta, permitindo uma resposta espontânea e livre. As entrevistas foram feitas durante o período de quinze dias com moradores efetivos do Bairro Industrial, segmento Jovens e Adultos, totalizando 100 entrevistas. Trabalhou-se coletivamente todas as etapas de desenvolvimento do programa NEPSO, a escolha e a exploração do tema, a elaboração do questionário, a construção do Projeto de Pesquisa, o Pré-Teste, o trabalho de campo, a tabulação, os gráficos, a análise e a interpretação dos resultados, incluindo a preparação dos educandos para participação nos seminários internos - Escola e Comunidade, Seminário Municipal e Seminário Estadual, sendo muito enriquecedor para os educandos e educadores envolvidos neste projeto de pesquisa. POPULAÇÃO A pesquisa de opinião ocorreu com 100 entrevistados. No segmento Jovem foram 23 entrevistados, 13 do sexo masculino e 10 do sexo feminino; no Segmento Adulto foram 77 entrevistados, 37 do sexo masculino e 40 do sexo feminino. Ocorreu nos dois segmentos a mesma porcentagem de entrevistados do sexo masculino e feminino. A maioria dos entrevistados possuía como grau de instrução o Ensino Fundamental Completo. Das 100 pessoas entrevistadas, 72 estão conscientes da presença do mosquito Aedes aegypti em Farroupilha, 28 acreditam que não existe o mosquito no município. Destas 72 pessoas, 66 responderam que a dengue é transmitida através da picada de mosquito.
Através deste trabalho de pesquisa levou-se a população identificar o agente causador da doença dengue, o mosquito Aedes aegypti, o modo de transmissão, os sintomas da dengue clássica e hemorrágica, o combate e as medidas de prevenção. INFORMAÇÃO Das 72 pessoas entrevistadas, 70 receberam alguma informação sobre a dengue, apenas 2 entrevistados responderam que não receberam nenhuma informação sobre a doença, 41 ficaram sabendo sobre a doença através do rádio, 33 pela televisão, 28 pelas agentes de saúde, 21 pelos jornais, 16 conversando com pessoas sobre o assunto, 13 por panfletos e apenas 7 pela internet. Percebemos que o meio de comunicação mais utilizado pelo segmento Adulto foi o rádio e pelo segmento Jovens foi a televisão.
Reconhece-se que a população recebeu alguma informação sobre a Dengue, através do rádio, da televisão, pelas agentes de saúde, pelos jornais, conversando com pessoas sobre o assunto, por panfletos e pela internet. Para que haja uma melhoria das condições de vida e saúde da população se faz necessário, pessoas informadas e conscientes de seus direitos e deveres aliada ao comprometimento do poder público. Assim teremos um ambiente favorável à qualidade de vida e a saúde, garantido pela Constituição Federal. Educação e saúde estão interligadas, sendo evidente a melhoria dos níveis de saúde e de bem-estar nas populações com acesso a educação e as escolas podem e devem fazer a diferença contribuindo para a promoção da saúde, proporcionando a autonomia, a responsabilidade, a solidariedade, o diálogo para a formação de cidadãos justos e éticos. A solidariedade diante das necessidades das pessoas e da comunidade é um ato de humanização e um elemento essencial para o exercício da cidadania (Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, 1998, p. 283). AÇÕES Das 72 pessoas entrevistadas, 36 consideraram mais importante a ação integrada entre o poder público e a população para conter o avanço da dengue. Ressalta-se que esta opção foi a mais escolhida pelos dois segmentos.
A metade das pessoas entrevistadas considera mais importante a ação integrada entre o poder público e a população para conter o avanço da Dengue. Tem sido um desafio para a educação no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida, é preciso educar para a saúde. A educação é considerada um dos fatores mais significativos para a promoção da saúde, o professor e a comunidade escolar contribui de maneira decisiva na formação de cidadãos capazes de atuar em favor da melhoria dos níveis de saúde pessoais e da coletividade. SAÚDE Sabe-se que o processo saúde/doença é inerente à vida e a saúde não deve ser considerada apenas como ausência de doença, mas um conceito mais amplo. Para que se possa compreender e transformar, a situação de saúde dos indivíduos e da coletividade deve-se levar em conta que ela é produzida nas relações com o meio físico, econômico, social e cultural. Conforme os PCN: A escola precisa enfrentar o desafio de permitir que seus alunos reelaborem conhecimentos de maneira a conformar valores, habilidades e práticas favoráveis à saúde. Nesse processo, esperase que possamos estruturar e fortalecer comportamentos e hábitos saudáveis, tornando-se sujeitos capazes de influenciar mudanças que tenham repercussão em sua vida pessoal e na qualidade de vida da coletividade. (Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, 1998, p. 262-263). Saúde é, portando, produto e parte do estilo de vida e das condições de existência, sendo a vivência do processo saúde/doença uma forma de representação da inserção humana no mundo. PREVENÇÃO Das 72 pessoas entrevistadas, 26 contaram que para combater o mosquito da dengue não deixam a água limpa e parada em suas casas. Esta atitude é a mais realizada nos dois segmentos. Outras atitudes, 16 entrevistados responderam que trocam com freqüência a água dos pratos de flor, 13 fazem a limpeza do pátio de suas casas e 12 deixam os pneus velhos em lugar coberto.
A pesquisa de opinião revelou que a população considera não deixar água limpa e parada, entregar os pneus velhos ao serviço de limpeza urbana, manter as lixeiras e os sacos de lixos bem fechados, guardar garrafas sempre de boca para baixo, não deixar água acumulada nos pratinhos de vasos de plantas e manter a caixa d água sempre bem fechada como as atitudes mais importantes no combate da Dengue. Levando-se em consideração a questão de se tratar de uma comunidade vulnerável socialmente, acredita-se que questionamentos sobre a presença do mosquito e os cuidados que a população deve ter em relação à doença, oportunizou a informação sobre a doença Dengue, a prevenção da manifestação da doença e a diminuição no número de focos de criação dos mosquitos Aedes aegypti, proporcionando uma reflexão ampla sobre a contribuição da Escola à comunidade local. Neste sentido, os moradores foram orientados com material informativo produzido pelos alunos e professores envolvidos neste projeto de pesquisa sendo entregue a cem famílias entrevistadas, uma armadilha para capturar as larvas de qualquer mosquito, inclusive o temido Aedes aegypti, construído com material reciclável. Oferecendo até o final do ano letivo, muitas armadilhas atendendo várias outras famílias do Bairro Industrial, demonstrando assim a preocupação com esta comunidade.
Considerações Finais Com este projeto de pesquisa percebeu-se que a maioria dos entrevistados estava consciente da presença do mosquito Aedes aegypti em Farroupilha, que a doença Dengue se transmite através da picada de mosquito, que a população recebeu alguma informação sobre a doença e que os moradores realizam algumas atitudes em suas casas para combater o mosquito da Dengue. Conclui-se que é necessário um trabalho contínuo e efetivo de educar para a promoção da saúde e na prevenção das doenças, acreditando-se que a escola tem um papel fundamental nesta ação, procurando formar cidadãos conscientes, responsáveis, solidários preocupados com a sua saúde e da coletividade. Resgatando valores morais e éticos tão importantes para conviver em sociedade. A saúde está relacionada ao bem estar físico, mental e social e não apenas na ausência da doença, somos, portanto produto das interações do meio físico, social e cultural. Os fatores determinantes para que a população alcance melhores níveis de saúde e de qualidade de vida são a alimentação saudável, habitação, saneamento básico, níveis de renda, acesso a educação, ao lazer, a qualidade dos relacionamentos, o estilo de vida, o acesso a atendimento médico e hospitalar, as condições ambientais enfim depende de como se interage com estas variáveis neste processo de viver. Os dados desta pesquisa demonstraram a importância de ter sempre coerência entre o que se diz e o que se faz, pois muitas das atitudes que os moradores relataram não conferem com as observações de educandos e educadores realizadas pelas ruas do bairro. Durante o desenvolvimento do projeto os alunos estiveram comprometidos e empenhados nas diversas atividades que ocorreram no decorrer do trabalho, se sentiram felizes em contribuir com seus familiares, amigos e vizinhos, com a elaboração de material informativo, folders, na construção das armadilhas para captura das larvas dos mosquitos, confeccionadas com material reciclável, no auxílio da campanha de coleta de pneus velhos pelas ruas do Bairro, na participação da palestra com as agentes epidemiológicas, na conscientização da comunidade escolar e arredores sobre a reciclagem, realizando ações positivas em prol a qualidade de vida e da saúde da população farroupilhense. Este projeto foi importante para descobrir quais atitudes de combate e prevenção que a população do Bairro Industrial estava tendo em relação à doença
Dengue, percebendo que se faz necessário orientar e conscientizar esta comunidade escolar e a população para a problemática dos resíduos, levando à reflexão de suas ações e seu compromisso em relação às questões ambientais, promovendo a mudança de hábitos e atitudes saudáveis, zelando e preservando o ambiente local, mas pensando e agindo globalmente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson Roberto. Os Seres Vivos 6ª série. 55ª ed. São Paulo: Ática, 2001. v. 2. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais: Ética. Brasília: MEC/SEF, 1998. 43-113 p.. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais: Educação Ambiental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 167-242 p.. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais: Saúde. Brasília: MEC/SEF, 1998. 243-286 p. CAMILO, Fabiano. Dengue: diagnóstico e manejo clínico adulto e criança. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância em Saúde, 2007. LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando (eds). Biologia Hoje: Os seres vivos. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1998. v. 2. MONTENEGRO, Fábio; RIBEIRO, Vera Masagão (eds). Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião: manual do professor. 2ª ed. São Paulo: Global, 2002. REVISTA SAÚDE. São Paulo: Abril, n. 232, p. 38-42, jan. 2002. SECCO, Engel Patrícia. O Voluntário da Saúde: Dengue nunca mais! Coleção Juca Brasileiro. Brasília: Boa Companhia, Ministério da Cultura e da Saúde, 2007. VALLE, Cecília. Coleção Ciências: Vida e Ambiente - 6ª série. PNDL: Positivo, 2005. v. 2.