TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA 2ª Câmara Cível Data de distribuição :28/07/2008 Data de julgamento :17/09/2008 100.005.2007.006353-8 Apelação Cível Origem : 00520070063538 Ji-Paraná/RO (2ª Vara Cível) Apelante : Josué Benagouro Carvalho Advogados : Sinval Barros (OAB/RO 2.321) e outro Apelada : Nobre Seguradora do Brasil S/A Advogados : Renata Alice Pessôa Ribeiro de Castro Stutz (OAB/RO 1.112) e outros 1 / 7
Relator : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia Revisor : Desembargador Miguel Monico Neto RELATÓRIO Josué Benagouro Carvalho recorre de sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Ji-Paraná/RO que julgou extinto o processo com resolução de mérito em virtude de reconhecer a ocorrência de prescrição em ação que pretendia a cobrança de indenização oriunda do seguro DPVAT. A apelante recorre sustentando em suma a inexistência de prescrição no caso concreto. Cita entendimentos doutrinários e jurisprudenciais que diz aplicáveis ao caso em espécie. Pede, ao final, a reforma da sentença. Contra-razões às fls. 101/117 dos autos. É o relatório. VOTO DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA 2 / 7
O autor pleiteia a condenação da empresa securitária ao pagamento da diferença do seguro DPVAT em virtude do noticiado acidente de trânsito ocorrido em 9/2/1998. Pelo que se extrai da inicial e dos documentos juntados aos autos, o pagamento parcial ocorreu em 22/10/2004. (fls. 10 e 52). Com o processamento do requerimento administrativo, o prazo prescricional estava suspenso, não podendo neste período computar o lapso prescricional. Nesse sentido, a Súmula 229 do STJ: "O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão". A propósito: CIVIL. SEGURO. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO DO PRAZO. A comunicação do sinistro suspende o prazo para a propositura da ação de cobrança do seguro, não o interrompe; se a seguradora se recusar a pagá-lo, o prazo de prescrição, já consumido em parte, volta a fluir no ponto em que foi suspenso, de modo que a ação judicial deve ser ajuizada antes que se esgotem os dias restantes. Recurso especial conhecido e provido (STJ, REsp 160311/SP, Rel.: Min. Ari Pargendler, Terceira Turma, j. 22/5/2001, DJ 13/8/2001, p. 143, JBCC vol. 193 p. 262, RSTJ vol. 146, p. 221). RECURSO ESPECIAL. SEGURO. BENEFICIÁRIO. LAPSO PRESCRICIONAL. TERMO INICIAL. DATA DO SINISTRO. FLUÊNCIA. PRAZO. PRESCRIÇÃO CARACTERIZADA. A indenização prevista em contrato de seguro torna-se juridicamente exigível pelo beneficiário no momento em que ocorre o sinistro, ocasião em que começa a fluir o prazo prescricional da pretensão de cobrança da indenização. Se, porém, formulado requerimento administrativo, haverá suspensão da fluência até a ciência inequívoca da recusa do pagamento pela 3 / 7
seguradora, quando voltará o prazo a fluir normalmente. Aplicação da Súmula 229 do Superior Tribunal de Justiça [...] (STJ, REsp. n. 685859/MG, Rel.: Castro Filho, Terceira Turma, j.: 11/10/2005, DJ 7/11/2005, p. 273). O processo administrativo foi finalizado em 22/10/2004, data em que se operacionalizou sua conclusão, ou seja, o pagamento administrativo. A partir desta data o segurado poderia voltar-se judicialmente contra a seguradora por entender que o valor pago era menor ou insuficiente, pleiteando sua complementação. Considerando que a data do pagamento administrativo foi em 22/10/2004, aplica-se diretamente o NCC sem questionar-se sobre regras de transição (tempus regit actum). O NCC, em seu art. 206, 3º, IX, dispõe que prescreve em 3 anos "a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório" Assim, tendo-se como termo inicial a data de 22/10/2004, o prazo para formulação da pretensão de cobrança de indenização pelo seguro DPVAT tem como termo final a data de 22/10/2007. A presente ação foi interposta em 29/9/2007, ou seja, antes do aludido prazo final, de modo que tenho como não prescrita a pretensão para cobrança do seguro DPVAT. Assim, não resta prescrita a pretensão do demandante à complementação da indenização securitária. Ante o exposto, dou provimento ao apelo de Josué Benagouro Carvalho para reformar a sentença no sentido de afastar a prejudicial de prescrição, determinando o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau para continuidade do feito. 4 / 7
É como voto. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 2ª Câmara Cível Data de distribuição :28/07/2008 Data de julgamento :17/09/2008 100.005.2007.006353-8 Apelação Cível Origem : 00520070063538 Ji-Paraná/RO (2ª Vara Cível) Apelante : Josué Benagouro Carvalho Advogados : Sinval Barros (OAB/RO 2.321) e outro Apelada : Nobre Seguradora do Brasil S/A 5 / 7
Advogados : Renata Alice Pessôa Ribeiro de Castro Stutz (OAB/RO 1.112) e outros Relator : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia Revisor : Desembargador Miguel Monico Neto EMENTA Seguro DPVAT. Requerimento administrativo. Suspensão da prescrição. O requerimento administrativo da pretensão securitária suspende o prazo prescricional, que recomeça a contar apenas a partir da ciência inequívoca pelo segurado ou beneficiário da resposta da seguradora. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, DAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Os Desembargadores Miguel Monico Neto e Roosevelt Queiroz Costa acompanharam o voto do Relator. Porto Velho, 17 de setembro de 2008. 6 / 7
DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA RELATOR 7 / 7