SEXAGESIMA ASSEMBLEIA MUNDIAL DE SAUDE. Saúde dos Trabalhadores: plano de acção global

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Transcrição:

SEXAGESIMA ASSEMBLEIA MUNDIAL DE SAUDE WHA60.26 Ponto da Agenda 12.13 23 de Maio de 2007 Saúde dos Trabalhadores: plano de acção global A Sexagésima Assembleia Mundial de Saúde Considerando o projecto do plano de acção global para a saúde dos trabalhadores; Retomando a resolução WHA49.12 que endossava a estratégia global de saúde ocupacional para todos; Retomando e aceitando as recomendações da Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo, África do Sul, 2002) no reforço da acção da OMS na saúde ocupacional e na sua ligação à saúde pública; Retomando a Convenção sobre o Quadro Promocional para a Saúde - 2006, e os outros instrumentos internacionais na área da segurança ocupacional e saúde adoptados pela Conferência Geral da OIT; Considerando que a saúde dos trabalhadores é determinada não só pelos riscos ocupacionais, mas também por factores sociais e individuais e acesso a serviços de saúde; Atendendo a que existem intervenções para a prevenção primária dos riscos ocupacionais e para o desenvolvimento de locais de trabalho saudáveis; Constatando a existência de grandes diferenças entre os países e dentro dos próprios países no que respeita tanto à exposição dos trabalhadores e comunidades locais aos riscos ocupacionais como no seu acesso a serviços de saúde ocupacional; Salientando o facto de que a saúde dos trabalhadores é um pré-requisito essencial para a produtividade e desenvolvimento económico, 1. APROVA o plano global de acção sobre Saúde dos Trabalhadores 2008-2017; 2. CONVIDA os Estados Membros a: (1) delinear, em colaboração com trabalhadores, empregadores e suas organizações, planos e políticas nacionais apropriados para a implementação do plano global de acção para a saúde dos trabalhadores e estabelecer mecanismos e directivas legais adequados à sua implementação, monitorização e avaliação; 1

(2) trabalhar para a cobertura total de todos os trabalhadores, incluindo os da economia informal, pequenas e médias empresas, agricultura e trabalhadores migrantes e contratados, com intervenções essenciais e serviços de saúde ocupacional básicos para a prevenção primária das doenças e lesões ocupacionais e relacionadas com o trabalho; (3) adoptar medidas para estabelecer e fortalecer o núcleo das capacidades institucionais e competências dos recursos humanos para lidar com as necessidades especiais das populações trabalhadoras e gerar evidência em saúde dos trabalhadores, traduzindo-a em políticas e acções; (4) desenvolver e disponibilizar orientações específicas para o estabelecimento de serviços de saúde adequados e mecanismos de vigilância para as situações de risco humanas e ambientais e doenças surgidas nas comunidades locais em que a mineração, outras actividades industriais e agrícolas foram instaladas, de modo a satisfazer as necessidades inerentes a estas comunidades; (5) garantir a colaboração e acção concertada entre todos os programas nacionais de saúde relevantes para a saúde dos trabalhadores, tais como os relacionados com a prevenção das doenças e lesões ocupacionais, doenças transmissíveis e crónicas, promoção da saúde, saúde mental, saúde ambiental e desenvolvimento de sistemas de saúde; (6) incentivar a integração da saúde dos trabalhadores nas políticas nacionais e sectoriais para o desenvolvimento sustentado, redução da pobreza, emprego, comércio, protecção do ambiente e educação; (7) incentivar a implementação de mecanismos efectivos para a colaboração e cooperação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento nos níveis regional, sub-regional e nacional, na implementação do plano global de acção para a saúde dos trabalhadores; (8) incentivar o desenvolvimento de estratégias compreensivas na área da saúde e afins para assegurar a reintegração dos trabalhadores doentes ou lesionados na sociedade activa, em coordenação com diferentes organizações governamentais e não governamentais; 3. SOLICITA ao Director que: (1) promova a implantação do plano global de acção de saúde dos trabalhadores 2008-2017 aos níveis nacionais e internacionais, com um horizonte temporal definido e indicadores para a criação de serviços de saúde a nível global; (2) reforce a colaboração com a OIT e outras organizações internacionais relacionadas e estimular os esforços de articulação regional e nacional para a saúde ocupacional; (3) mantenha e reforçe o trabalho da rede de centros colaboradores da WHO para a saúde ocupacional, como um importante meio de implementação do plano de acção global; relate à Assembleia de Saúde os progressos feitos na implementação do Plano de Acção Global através do Secretariado Executivo nas sessões 132ª (2013) e 142ª (2018). 2

ANEXO PLANO DE ACÇÃO GLOBAL EM SAÚDE DOS TRABALHADORES 2008-2017 INTRODUÇÃO 1. Os trabalhadores representam metade da população mundial e são os maiores contribuintes para o desenvolvimento económico e social. A sua saúde é determinada não só pelos riscos no local de trabalho mas também por factores sociais e individuais e pelo acesso aos serviços de saúde. 2. Apesar da existência de formas de intervenção efectivas para prevenir os riscos profissionais e proteger e promover a saúde no local de trabalho, grandes hiatos existem entre os países e dentro dos países no que respeita ao estado de saúde dos trabalhadores e à sua exposição aos riscos ocupacionais. Apenas uma pequena minoria da força de trabalho a nível global tem acesso a serviços de saúde ocupacional. 3. O aumento da movimentação internacional de postos de trabalho, produtos e tecnologias pode contribuir para divulgar soluções inovadoras para a prevenção de riscos profissionais, mas pode também levar a uma modificação desses riscos para os grupos menos favorecidos. O crescimento da economia informal está frequentemente associado a condições de trabalho de maior risco e envolve grupos vulneráveis, tais como crianças, mulheres grávidas, idosos e trabalhadores migrantes. 4. O presente plano de acção aborda todos os aspectos da saúde dos trabalhadores, incluindo prevenção primária de riscos ocupacionais, protecção e promoção da saúde no local de trabalho, condições de emprego, e uma melhor resposta dos sistemas de saúde às necessidades de saúde dos trabalhadores. É suportado por alguns princípios comuns. Todos os trabalhadores devem poder usufruir do mais elevado nível possível de saúde física e mental e condições de trabalho favoráveis. O local de trabalho não deve ser prejudicial para a saúde e bem-estar. Deve ser dada prioridade à prevenção primária dos riscos para a saúde ocupacional. Todos os componentes dos sistemas de saúde devem estar envolvidos numa resposta integrada às necessidades de saúde específicas das populações trabalhadoras. O local de trabalho também pode servir para a prestação de outras intervenções essenciais de saúde pública, e para a promoção da saúde. As actividades relacionadas com a saúde dos trabalhadores devem ser planeadas, implementadas e avaliadas com o objectivo de reduzir as desigualdades na saúde dos trabalhadores entre países e dentro dos países. Os trabalhadores e empregadores e os seus representantes deverão também participar nestas actividades. ACÇÕES 3

5. Devem ser consideradas e adoptadas pelos países as seguintes acções, se adequadas, às suas prioridades nacionais e circunstâncias específicas, de modo a atingir os objectivos descritos abaixo. Objectivo 1: desenvolver e implementar instrumentos de política em saúde dos trabalhadores 6. As estruturas políticas nacionais para a saúde dos trabalhadores devem ser formuladas levando em conta as convenções internacionais do trabalho relevantes, e devem incluir: promulgação de legislação; constituição de mecanismos para a coordenação intersectorial das actividades; mobilização de fundos e de recursos para a protecção e promoção da saúde dos trabalhadores; reforço do papel e das capacidades dos ministérios da saúde e integração dos objectivos e acções para a saúde dos trabalhadores nas estratégias nacionais de saúde. 7. Os planos de acção nacionais para a saúde dos trabalhadores devem ser elaborados pelos ministérios envolvidos, tais como Saúde e Trabalho, e outros parceiros nacionais importantes, levando também em consideração a Convenção para o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocupacional, 2006. Tais planos devem incluir: perfis nacionais; prioridades para a acção; objectivos e metas; acções; mecanismos para a implementação; recursos humanos e financeiros; monitorização, avaliação e actualização; informação e responsabilidade. 8. As abordagens nacionais para a prevenção das doenças e lesões profissionais devem ser desenvolvidas de acordo com as prioridades dos países e de forma concertada com as campanhas globais da OMS. 9. Devem ser tomadas medidas para minimizar as diferenças entre diversos grupos de trabalhadores no que diz respeito aos níveis de risco e estado de saúde. Deve ser dada particular atenção aos sectores de actividade económica de risco elevado, e às populações desprotegidas e vulneráveis, tais como os trabalhadores jovens e idosos, pessoas com deficiências e trabalhadores migrantes, considerando as diferenças de género. Devem ser criados programas específicos para a saúde ocupacional e segurança dos trabalhadores da saúde. 10. A OMS irá trabalhar com os Estados Membros para reforçar as capacidades dos ministérios da saúde em promover a liderança de actividades relacionadas com a saúde dos trabalhadores, formular e implementar políticas e planos de acção, e estimular a colaboração intersectorial. Nas suas actividades estarão incluídas tanto campanhas globais para eliminação das doenças relacionadas com o amianto tendo presente uma abordagem diferenciada para regular as suas variadas formas de acordo com os instrumentos legais internacionais relevantes e a mais recente evidência de intervenções efectivas, como a imunização dos trabalhadores da saúde contra a hepatite B, e outras acções orientadas para resultados prioritários de saúde relacionados com o trabalho. 4

Objectivo 2: proteger e promover a saúde no local de trabalho 11. A avaliação e gestão dos riscos para a saúde no local de trabalho deve ser implementada por: definição das intervenções essenciais para a prevenção e controle dos riscos mecânicos, físicos, químicos, biológicos e psicossociais no ambiente de trabalho. Tais medidas incluem também a gestão integrada de químicos no local de trabalho, eliminação do fumo de tabaco passivo em todos os locais de trabalho cobertos, melhoria da segurança ocupacional, e avaliação do impacto na saúde das novas tecnologias, processos de trabalho e produtos na fase de concepção. 12. Proteger a saúde no local de trabalho também requer a publicação de regulamentos e a adopção de um conjunto básico de padrões de saúde ocupacional para garantir que todos os locais de trabalho cumpram com as condições mínimas de saúde e segurança, garantindo um nível adequado de cumprimento, reforçando a inspecção de saúde nos locais de trabalho, e construindo a colaboração entre as agências reguladoras competentes de acordo com as circunstâncias específicas nacionais. 13. As capacidades devem ser construídas para a prevenção primária dos riscos, doenças e lesões ocupacionais, incluindo o reforço de recursos humanos, metodológicos e tecnológicos, formação de trabalhadores e empregadores, introdução de práticas e organização do trabalho saudáveis, e a promoção de uma cultura de saúde no local de trabalho. É necessário estabelecer mecanismos que estimulem o desenvolvimento de locais de trabalho saudáveis, incluindo consulta e participação de trabalhadores e empregadores. 14. A promoção e prevenção de doenças não transmissíveis devem ser mais estimuladas nos locais de trabalho, em particular defendendo uma dieta saudável e actividade física entre os trabalhadores, e promovendo a saúde mental e familiar no trabalho. Ameaças para a saúde globais, tais com a tuberculose, HIV/SIDA, a malária e a gripe das aves, podem ser igualmente prevenidas e controladas no local de trabalho. 15. A OMS irá trabalhar na criação de instrumentos práticos para a avaliação e gestão dos riscos ocupacionais, recomendando requisitos mínimos para a protecção da saúde no local de trabalho, fornecendo orientação para a implementação de locais de trabalho saudáveis e promovendo a saúde no local de trabalho. Objectivo 3: melhorar o desempenho e o acesso aos serviços de saúde ocupacional 16. A cobertura e a qualidade dos serviços de saúde ocupacional deve ser melhorada mediante: integração do seu desenvolvimento nas estratégias nacionais de saúde, nas reformas do sector da saúde e nos planos para melhorar o desempenho dos sistemas de saúde; determinação de padrões de organização e cobertura dos serviços de saúde ocupacional; fixar metas para aumentar a cobertura da população trabalhadora com os serviços de saúde ocupacional; criar mecanismos para angariação de recursos e para financiar a prestação de serviços de saúde ocupacional; assegurar recursos 5

humanos suficientes e competentes e estabelecer sistemas de garantia de qualidade. Os serviços de saúde ocupacional básicos devem ser prestados a todos os trabalhadores, incluindo os da economia informal, pequenas empresas e agricultura. 17. As capacidades nucleares institucionais devem ser constituídas a nível nacional e local de modo a fornecer suporte técnico aos serviços básicos de saúde ocupacional, em termos de planeamento, monitorização e qualidade dos serviços prestados, projectos de novas intervenções, divulgação da informação, e disponibilização de apoio especializado. 18. O desenvolvimento dos recursos humanos para a saúde dos trabalhadores deve ser reforçado por: mais formação pós-graduada nas matérias relevantes; capacitar os serviços de saúde ocupacional básicos; integração da saúde dos trabalhadores na formação dos médicos dos cuidados de saúde primários e outros profissionais necessários aos serviços de saúde ocupacional; criar incentivos para atrair e fixar recursos humanos nos serviços de saúde ocupacional, e encorajar a organização de redes de serviços e associações profissionais. Deve ser dada particular atenção não só à formação pós-graduada mas também à formação básica para os profissionais de saúde em várias vertentes, tais como a promoção da saúde dos trabalhadores e a prevenção e tratamento dos problemas de saúde dos trabalhadores. Esta deveria ser uma prioridade especial nos cuidados de saúde primários. 19. A OMS distribuirá orientações aos Estados Membros para o desenvolvimento de pacotes básicos, material de informação, instrumentos e métodos de trabalho e modelos de boas práticas para os serviços de saúde ocupacional. Também apoiará os esforços internacionais no desenvolvimento das competências humanas e institucionais necessárias. Objectivo 4: fornecer e comunicar evidência para a acção e prática 20. Devem ser concebidos sistemas para a vigilância da saúde dos trabalhadores com o objectivo de identificar e controlar rigorosamente os riscos ocupacionais. Este esforço inclui o estabelecimento de sistemas nacionais de informação, o desenvolvimento de capacidades para estimar a importância das doenças e lesões ocupacionais, criando registos da exposição aos riscos elevados, acidentes de trabalho e doenças profissionais e melhorando a notificação e detecção precoce destes acidentes e doenças. 21. A investigação das necessidades em saúde dos trabalhadores deve ser mais desenvolvida, em particular criando agendas de investigação especiais, dandolhes prioridade nos programas nacionais de investigação e esquemas de atribuição de bolsas, e favorecer a investigação prática e participativa. 22. Devem ser elaboradas estratégias e instrumentos, com o envolvimento de todos os parceiros, para melhorar a comunicação e aumentar o conhecimento acerca da saúde dos trabalhadores. Deverão ter como alvo os trabalhadores, empregadores e suas organizações, decisores políticos, público em geral e a comunicação social. O conhecimento dos profissionais de saúde acerca da relação entre a saúde e trabalho e as oportunidades para resolver os problemas de saúde mediante intervenções nos locais de trabalho devem ser melhorados. 23. A OMS vai definir indicadores e promover plataformas regionais e nacionais de informação para a vigilância da saúde dos trabalhadores, determinará a exposição internacional e os critérios de diagnóstico para a detecção precoce de doenças 6

profissionais e incluirá as causas de doenças profissionais na décima primeira revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde Relacionados. Objectivo 5: integrar a saúde dos trabalhadores nas outras políticas 24. Deverão ser reforçadas as competências do sector da saúde para promover a integração da saúde dos trabalhadores nas políticas de outros sectores. Medidas para proteger a saúde dos trabalhadores devem ser incluídas nas políticas de desenvolvimento económico e nas estratégias de redução da pobreza. O sector da saúde deve colaborar com o sector privado de modo a evitar a transferência internacional de riscos ocupacionais e proteger a saúde no local de trabalho. Devem ser incluídas medidas semelhantes nos planos e programas nacionais para o desenvolvimento sustentável. 25. A saúde dos trabalhadores deve ser igualmente considerada no contexto das políticas comerciais quando se tomam medidas como as especificadas na resolução WHA59.26 sobre comércio internacional e saúde. 26. As políticas de emprego também influenciam a saúde; deve ser incentivada a avaliação do impacto na saúde das estratégias de emprego. A protecção ambiental deve ser reforçada relacionando-a com a saúde dos trabalhadores, por exemplo, através da implementação das medidas de redução de riscos constantes da Abordagem Estratégica da Gestão Internacional de Químicos, e considerando os aspectos da saúde dos trabalhadores nos acordos e estratégias multilaterais de redução do risco ambiental, sistemas de gestão ambiental e planos para preparação e resposta em situações de emergência. 27. A saúde dos trabalhadores deve ser referida nas políticas sectoriais para diferentes ramos da actividade económica, em particular naqueles que apresentam mais elevado risco para a saúde. 28. Aspectos da saúde dos trabalhadores devem ser considerados nos níveis de educação primária, secundária e superior e no treino vocacional. IMPLEMENTAÇÃO 29. A melhoria da saúde dos trabalhadores pode ser conseguida através de esforços bem coordenados da sociedade como um todo, sob a orientação do governo e com participação significativa de trabalhadores e empregadores. A combinação de acções, adaptadas às especificidades e prioridades nacionais, é necessária para atingir os objectivos acima mencionados. As acções são concebidas para implementação a nível nacional e através da cooperação internacional e interregional. 30. A OMS, apoiada pela sua rede de Centros Colaboradores para a Saúde Ocupacional e em parceria com outras organizações intergovernamentais e internacionais, vai trabalhar com os Estados Membros para implementar este plano de acção mediante:. promoção e comprometimento em parcerias e acções conjuntas com a OIT e outras organizações do sistema das Nações Unidas, organizações de empregadores, 7

associações comerciais e outras entidades da sociedade civil e sector privado de modo a reforçar os esforços internacionais na saúde dos trabalhadores;. estabelecimento, em consonância com as acções desenvolvidas pela OIT, de padrões para protecção em saúde dos trabalhadores, divulgação de orientações, promoção e monitorização da sua aplicação, e contribuição para a adopção e implementação de convenções internacionais do trabalho;. articulação das opções políticas na definição das agendas nacionais para a saúde ocupacional baseando-se nas melhores práticas e evidências;. fornecimento de suporte técnico para satisfazer as necessidades específicas em saúde das populações activas e para a construção de competências nucleares para intervenção na saúde dos trabalhadores;. consideração e monitorização de tendências objectivas em saúde dos trabalhadores;. estabelecimento de mecanismos científicos e consultivos adequados para facilitar intervenções em saúde dos trabalhadores a nível global e regional. 31. O progresso na implementação do plano de acção deve ser revisto e avaliado usando um conjunto de indicadores de execução nacionais e internacionais. Décima primeira assembleia plenária 23 de Maio de 2007 A60/VR/11 8