IV SEMINÁRIO DE PRÁTICA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA ISSN: Universidade Estadual de Maringá 12, 13 e 14 de Novembro de 2014

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Transcrição:

A FORMAÇÃO DE VÍNCULOS NAS RELAÇÕES AMOROSAS NA CONTEMPORANEIDADE Naiara Andressa Albuquerque dos Santos (Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR, Brasil); Núbia Rodrigues da Cruz (Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR, Brasil); Marco Antônio Rotta Teixeira (Departamento de Psicologia,, Maringá-PR, Brasil). Contato: nubia_016rodriguez_@hotmail.com naiara_ang@hotmail.com rottateixeira@yahoo.com.br Palavras-chave: Narcisismo. Psicanálise Freudiana. Sociologia Contemporânea. A presente pesquisa se lança a investigar como estão sendo formados, na contemporaneidade, os vínculos amorosos. A maneira de os indivíduos estabelecerem relações uns com os outros é fortemente influenciada pelo contexto histórico, econômico e social em que estes se encontram inseridos, de tal forma que, da passagem da modernidade para a pós-modernidade, os relacionamentos amorosos, os quais tinham uma dada configuração na primeira, passaram a assumir outras na segunda. Na modernidade, denominada por Bauman (2001) de modernidade sólida, o modelo vigente de amor era o romântico. Segundo o pensamento de Guedes e Assunção (2006), esse amor romântico trazia como principal característica a promessa de que o amor que permeava a relação entre homens e mulheres seria eterno. O amor romântico, essencialmente, visava conduzir os vínculos amorosos em direção ao casamento, que se configurava como um pacto social de caráter indissolúvel e eterno, capaz de converter homens em maridos, pais e provedores do sustento da família e mulheres em esposas, mães e cuidadoras do lar. Já na pós-modernidade, referida por Bauman (2001) como modernidade líquida, há a emergência de uma forma de relacionamento, que Giddens (1993) denomina de puro. Nele, homens e mulheres estão muito mais interessados em sua formação profissional e em uma autonomia futura, de tal maneira que os relacionamentos ganham um papel secundário na vida desses indivíduos e passam a ser encarados como fontes de satisfação para ambas as partes, podendo ser terminados a qualquer

momento da relação caso ela venha a se tornar insatisfatória. No relacionamento puro, é a intimidade que faz a manutenção dos laços afetivos dentro daquela relação, o que, todavia, não garante a durabilidade ou até mesmo a exclusividade entre os parceiros amorosos. Convergindo com o pensamento de Giddens (1993), Lasch (1983) propõe que [...] a crescente determinação de viver o momento [...] parece ter estabelecido as pré-condições de uma nova intimidade entre homens e mulheres. (LASCH, 1983, p. 230). A partir disso se torna viável observar-se que ambos os autores especulam que emergiu uma nova forma de intimidade dentro das relações amorosas e uma não durabilidade do relacionamento caso este deixe de ser uma fonte de satisfação para os parceiros afetivos-sexuais. Bauman (2001) denuncia que estaríamos vivenciando uma era de instantaneidade, na qual a durabilidade acaba por ser encarada como um risco, uma vez que qualquer sinal de compromisso pode ser compreendido como um obstáculo futuro. Essa instantaneidade estaria vinculada ao sistema econômico em que estamos inseridos o capitalismo, no qual o consumismo é altamente estimulado, havendo uma valorização de produtos para uso imediato, prazeres fugazes, satisfações imediatas e resultados que não venham a exigir grandes demandas. Essa mesma lógica de consumo de produtos acaba sendo adotada nas relações, de tal forma que as pessoas vejam o mundo como um contêiner repleto não apenas de objetos descartáveis, mas também de seres humanos descartáveis. Dessa forma, os laços afetivos assumem um caráter de fragilidade, pois as relações precisam ser superficiais e trazerem mínimos riscos possíveis para o indivíduo, de tal forma a serem compreendidos, de maneira geral, como algo a ser consumido e não produzido. Sendo assim, se uma relação deixa de ser satisfatória, logo ela é abandonada e substituída por alguma outra que possa cumprir esse papel de trazer satisfação para o indivíduo, fato que culmina na dificuldade de ocorrerem relacionamentos intensos e de entrega, o que teria por consequência o sujeito ser conduzido ou se ver em um estado de vazio e solidão. Assim, torna-se evidente a escassez de habilidades para formar, sentir ou manter relações afetivas. Tendo em vista esse contexto sociológico, no qual as relações amorosas são compreendidas como produtos frágeis, satisfatórias e instantâneas, introduzimos uma investigação da dimensão psicológica dessas relações sob a ótica da psicanálise freudiana, tomando o narcisismo como dotado de um papel central na formação dos vínculos amorosos.

Segundo a perspectiva de Lasch (1983), nos encontramos inseridos em uma cultura do narcisismo. Freud (1914) postula que o narcisismo consiste no fato de que a energia libidinal que é direcionada e investida nos objetos também pode ser direcionada e investida no Eu, intentando tanto a obtenção de prazer quanto a autoconservação do Eu. Assim, quanto mais libido se investe no Eu, mais empobrecido se torna o investimento no objeto, e o contrário também é válido: quanto mais libido se investe no objeto, mais o Eu se empobrece. As escolhas objetais de cunho amoroso podem ocorrer de duas maneiras: conforme o tipo narcísico e conformo o tipo de apoio. Na modalidade narcísica, Freud (1914) propõe quatro caminhos viáveis: como a própria pessoa é no momento, como ela já foi um dia, como ela almejaria ser, e, por último, a pessoa que já fez parte dela; já no tipo de apoio, há duas possibilidades: a mulher que nutre e o homem que protege. A escolha objetal de apoio é oriunda do complexo de Édipo, enquanto a do tipo narcísico provém do narcisismo secundário quando o indivíduo não mais é fonte de todo seu investimento libidinal e regressa sua libido ao Eu. Dessa maneira, pode-se inferir, a partir das ideias freudianas, que o amor próprio possui uma dependência intrínseca com a libido narcísica. Freud (1914) afirma que [...] na vida amorosa não ser amado rebaixa o amor-próprio, enquanto ser amado o eleva. [...] ser amado representa o objetivo e a satisfação na escolha narcísica do objeto. (FREUD, 1914, p. 31). Na modernidade líquida, a vida amorosa se apresenta como fugaz e satisfatória, porém frágil. As satisfações que o indivíduo obtém acabam por promover a elevação desse amor próprio, porém os vínculos são mal estruturadores e podem ser facilmente desfeitos. A satisfação nesse tipo de relação, entretanto, não é total, abrindo caminho para que a solidão e o vazio ganhem espaço na vida do indivíduo. Tendo esse fato em vista, é possível supor que o investimento libidinal objetal não é total, limitando-se a apenas uma parcela, que se completa com o investimento libidinal narcísico. O investimento libidinal de caráter narcísico conduz o sujeito a se relacionar com a alteridade como um ser narcísico, o qual faz parte de uma cultura que traz em seu âmago um estímulo ao narcisismo, que tem a obtenção de prazer como sua principal meta. Isso acaba por originar sujeitos com dificuldades em estabelecer verdadeiros vínculos, tal como propõe Gomes e Zanetti (2013): Um indivíduo que se encontra narcisicamente envolvido não está disposto a reconhecer suas próprias falhas e, por consequência, também indisposto para o trabalho psíquico que o vínculo exige. (GOMES; ZANETTI, 2013, p. 43).

Os relacionamentos têm sido encarados como produtos, estão efêmeros e frágeis, e isso tem ocorrido devido às pessoas estarem cada vez mais individualistas e narcísicas, voltadas para a obtenção de prazer dentro de uma sociedade que estimula o consumo e o narcisismo. Tendo isso em vista, essa pesquisa traz como objetivo geral investigar a formação e a manutenção dos vínculos nas relações amorosas, procurando elucidar como estão as relações amorosas e quais são as influências que as fizeram se tornarem assim. A metodologia que adotamos para a elaboração dessa pesquisa se fundou no modelo de pesquisa bibliográfica. Para tanto, consultamos e examinamos artigos e livros a fim de obtermos informações relevantes que viessem a elucidar qual a situação atual das relações amorosas. A base teórica de caráter psicológico adotada para fundamentar essa pesquisa foi a psicanálise freudiana e também fizemos uso da pesquisa bibliográfica sociológica. De maneira geral, a importância dessa pesquisa reside, principalmente, em trazer uma compreensão de como as relações amorosas se encontram e o que ocorreu na passagem da modernidade sólida para a líquida, no contexto social, para que elas assumissem essas novas configurações. Além do mais, as informações apresentadas nessa pesquisa poderão trazer reflexões para que o público em geral reavalie se a forma que os vínculos amorosos têm se formado atualmente são mais de natureza positiva ou negativa. Se positiva, ficaria o reforço para que se mantivessem assim; se negativa, haveria a possibilidade de as informações que levantamos trouxessem a possibilidade de reavaliarmos essas formações de vínculos e procurarmos formas de modificar as maneiras que os estabelecemos. Por fim, vale ressaltar a importância que essa pesquisa teria para a comunidade acadêmica, pois a ela ofertaríamos uma leitura dessa temática sob a ótica da psicanálise freudiana. Ao fazermos uso do conceito psicanalítico de narcisismo, poderemos constatar se o seu papel é preponderante na formação de vínculos da modernidade líquida. Se o papel do narcisismo se mostrar relevante para a formação vigente de vínculos, outros pesquisadores que tenham seus interesses voltados para essa temática poderão tomar como referência o que for apresentado nessa pesquisa; caso o papel do narcisismo não seja tão preponderante, essa pesquisa poderia valer como uma espécie de alerta para que futuros pesquisadores façam uso de outro conceito da teoria psicanalítica para elaborar e desenvolver suas pesquisas ou que venham a encontrar outras formas de utilizar o conceito de narcisismo dentro dessa temática.

Referências BAUMAN, Z. Tempo\Espaço. In:. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, p. 111-149, 2001. FREUD, S. Introdução ao narcisismo (1914). In:. Obras completas: Introdução ao narcisismo, Ensaios de metapsicologia e Outros Textos. (Trad. SOUZA, P.C.) Vol. 12. São Paulo: Cia das Letras, p. 9-37, 2010. GIDDENS, A. Amor, compromisso e relacionamento puro. A transformação da intimidade. São Paulo: UNESP, p.59-75, 1993. GOMES, I. C; ZANETTI, S. A. Serra. Vínculos amorosos contemporâneos frágeis. Revista OMNIA Saúde, v. 10, n. 1, p. 36-45, 2013. GUEDES, D; ASSUNÇÃO, L. Relações amorosas na contemporaneidade e indícios do colapso do amor romântico (solidão cibernética?). Revista Mal Estar e Subjetividade, v. 6, n. 2, p. 37-45, 2006. LASCH, C. A fuga ao sentimento: Sociopsicologia da Guerra entre os sexos. A cultura do narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em Declínio. Tradução por Ernani Pavaneli. Rio de Janeiro: Imago, p.229-249,1993.