APE P NDICITE T A GUDA MARCELO LINHARES

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Transcrição:

APENDICITE AGUDA MARCELO LINHARES

APENDICITE AGUDA INTRODUÇÃO Primeira descrição de apendicite Heister, 1683 Reconhecida como entidade patológica em 1755 Patologia mais importante do apêndice cecal Principal causa de AAI Principal causa de cirurgia abdominal

APENDICITE AGUDA INCIDÊNCIA Rn - raro (-1%) lactentes - 2% aumento da incidência - 4 anos incidência máxima - 8 aos 12 anos

Epidemiologia 7% dos indivíduos nos países ocidentais EUA: 200.000 /ano África e Ásia: menor incidência entre sexos: similar Pico: segunda década Causa mais comum abdome agudo na criança, adolescente e adulto jovem

Histologia 10 aos 20 anos: 200 folículos linfóides Após os 30 anos: Poucos

APENDICITE AGUDA FISIPATO OLOGIA Obstrução do lúm men apêndice Secreção persiste, aum mento pressão luminal Estase, proliferaç ção bacteriana Edema, obstrução linfátic ca, ulceração mucosa Obstrução venosa e arterial, perfuração

Fisiopatologia Perfuração e extravasamento de pus pode levar: 1. Bloqueio com formação de plastrão: 95% das vezes 2. Peritônio livre, peritonite: 5% em menor de 2 anos e maior de 65 anos

Fisiopatologia Fases: Hiperêmica: intraluminal, mucosa Edematosa: edema da paredee Fibrinosa: extensão até a sero osa Flegmonosa: coleção purulenta no lúmen Gangrenosa / Perfurativa: trombose venosa, isquemia da borda antimesentérica - 90% por fecalito

Fisiopatologia Regressão espontânea da crise: Ocorre quando da desobstruç ção espontânea do lúmen pela eliminação do fecalito ou regressão da hiperplasia linfóide

Localização da dor: Quadro Clínico REFERIDA: PROTOPÁTICA (dor visceral) Estimulação das terminações nervosas aferentes do intestino delgado que possu uem a mesma origem LOCALIZADA: EPICRÍTICA (dor somática) Contato do apêndice com o peritônio parietal terminações somáticas

Quadro Clínico Metade a ¼ não apresentam quadro típico Nenhum dado é infalível paraa confirmar ou excluir Anorexia: quase sempre, questionar se não presente Náuseas: 90% Vômito após a dor : 50%, uma ou duas vezes : se vier antes, questionar Hábito intestinal: geralmente normal, diarréia ou constipação

APENDICITE AGUDA EXAME FÍSICO temperatura inspeção passiva a e ativa palpação superficial palpação profunda sinal de Blumberg, Rovsing e Lenander toque retal

APENDICITE AGUDA EXAMES COMPLEMENTARES hemograma, VHS exame de urina raio x simples de abdome e tórax ultra-sonografia tomografia

CRITÉRIOS DE ALVARADO SINTOMAS SINAIS LABORATÓRIO TOTAL Migração Anorexia Náuseas / vômitos 1 1 1 Distensão FID 2 DB 1 Temp >37,3ºC 1 Leucocitose 2 Desvio Esquerda 1 10 Alvarado et al, 1996

APENDICITE AGUDA Ecografia Diâmetro maior 6 mm Dor à compressão Fecalito dentro da luz Líquido peritoneal ao redor

APENDICITE AGUDA TOMOGRAFIA Mais sensível que a ecografia Útil pacientes selecionados Sensibilidade 95% Especificidade 95% Critério de Alvarado 4 a 6

Complicações Mortalidade: 0,1%, nas não complicadas, 0,5% nas gangrenosas 3 a 5% nas perfuradas mortalidade maior: idosos e crianças Maior causa de óbito: septicemia Aumento de até 50 x

Complicações Início dos sintomas < 36 h: < 2% perf furações > 36 h: aumento de 5% para cada 12h Bickell et al, 2006 Não espere o sol raiar para operar uma apendicite!

Apendicite na criança Perfuração: 100% abaixo de 1 ano e 50% até 5 anos Peritonite: elevada devido a falta de desenvolvimento do omento e retardo diagnóstico Morbidade e mortalidade: altas

Ap pendicite na gravidez Incidência de 0,05 a 0,1% - similar às não grávidas É a indicação mais comum de laparotomia na gravidez localização variável com o volume uterino????? vômitos, dor abdominal, leucocitose, são freqüentes laparoscopia e ultra-sonografia, bastante úteis Complicações maternas e fetais, elevadas após perfuração Mortalidade fetal 10% / laparoscópica < 5% Kazerooni, Hodjati, 2003 Moreno-Sanz et al, 2007 Way et al, 2003

Apendicite no idoso Incidência aumentando devido a maior longevidade 50-90% dos casos têm perfuração Mortalidade elevada: retardo no diagnóstico, insuficiência vascular, doenças concomitantes, infecção grave Sintomas típicos : são menos pronunciados, febre e leucocitose: ausentes Dor: discreta e difusa no QID Distensão abdominal : freqüente

APENDICITE AGUDA Tratamento - Apendicectomia - Hidratação endovenos sa - Antibióticos (esquema tríplice) - Remoção apêndice com/sem bolsa - Na presença peritonite, lavagem cavidade SF - Incisão fechada por planos

APENDICITE AGUDA VIDEOLAPAROSCOPIA Melhor esteticamente Menos dor pós-operatória Retorno mais precoce atividade es Menor tempo operatório Guller et al, 2004 Yau et al, 2007 Menor tempo de internação Richard et al, 1996 Menor incidência de infecção de ferida Garbutt et al, 1999 Cirurgia por 3 trocateres Primeira apendicectomia laparoscópica - Semm, 1983