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Transcrição:

UFRJ / CCJE / IE / PPED Teoria Econômica II Instrumentos de Política Econômica Banco Central e Política Monetária Carvalho (caps.11 a 14) Vasconcellos (cap.11) 05/04/17 0

Conceito Ativo financeiro de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços, que tem poder liberatório (capacidade de pagamento) instantâneo. Funções da Moeda 1. Meio de troca Mercadoria de aceitação geral usada para liquidar transações e que permite a dissociação da venda (mercadoria por moeda) da compra (moeda por mercadoria). 05/04/17 Lopes&Rossetti (2009), cap.1, s.1.2. 1

Funções da Moeda 2. Unidade deconta Economia e Política Monetária Padrão para que as demais mercadorias expressem seu valor preço relativo entre diferentes mercadorias definido pela relação entre preços monetários. 3. Reserva de valor Dissociação entre compra e venda confere poder de compra ao vendedor, que, ao manter a moeda como reserva de valor, poderá efetivá-loemdiferente momento notempo. Obs: elevada inflação => implica perda progressiva das funções de reserva de valor e unidade de conta. 05/04/17 Lopes&Rossetti (2009), cap.1, s.1.2. 2

Formas de moeda Historicamente Economia e Política Monetária escambo (trocas diretas): dupla coincidência de desejos, indivisibilidade (equiparação quantitativa) = excesso de tempo para realizar transações moeda mercadoria (sal, gado, trigo) moedas metálicas (metais preciosos, ex. ouro) Atributos: baixo custo de transação e estocagem (divisível, durável, transferível e portátil) estabilidade de valor (unidade de conta e reserva de valor escassa) moeda metálica cunhada: governo garante qualidade e quantidade 05/04/17 Lopes&Rossetti (2009), cap.1, s.1.3-4. 3

Formas de moeda Historicamente Economia e Política Monetária moeda-papel: certificados representativos de quantidade de moeda para evitar desgaste das moedas metálicas conversibilidade (lastro). papel-moeda (moeda fiduciária): aceitação garantida por lei (sem lastro) poder de compra x valor intrínseco moeda escritural (moeda bancária): depósitos à vista em bancos, movimentado por meio de cheques e cartões de débito. 05/04/17 Lopes&Rossetti (2009), cap.1, s.1.3-4. 4

Conceito de Liquidez Economia e Política Monetária A liquidez de qualquer ativo depende da proporção em que ele seja: realizável com maior certeza a curto prazo sem perdas (Keynes). A moeda é o ativo de maior liquidez, pois não precisa ser convertido em nenhum outro ativo para viabilizar uma transação com bens e serviços. Neste sentido, o desenvolvimento do sistema financeiro, ao organizar os mercados nos quais os instrumentos financeiros são negociados e ampliar o número de transações realizadas com os diversos ativos, contribui para aumentar a liquidez dos ativos transacionados. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), S.1.3 5

Agregados Monetários Economia e Política Monetária Os conceitos de agregados monetários diferenciam-se em funçãodograu de liquidez dos ativos considerados. No caso do Brasil, os agregados utilizados são: ü M0 = B = PMPP + Reservas (ET) ü M1 = MP = PMPP + DV ü M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias ü M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações compromissadas registradas noselic ü M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), S.1.3 6

Meios de pagamento ampliados - Jan/2015* Saldos em final de período R$ milhões M1 M1/M4 (%) Depósitos de poupança Títulos privados 1 M2 321 241 6,3% 663 691 1132 365 2 117 296 M2 M2/M4 (%) Quotas de fundos de investimentos 2, 3 Oper. compromissadas com títulos federais 4 M3 2 117 296 41,8% 2 002 400 205 757 4 325 452 M3 M3/M4 (%) Títulos federais (Selic) M4 4 325 452 85,4% 740 144 5 065 597 1/ Inclui depósitos a prazo, letras de câmbio, letras hipotecárias, letras imobiliárias, letras de crédito do agronegócio, letras de crédito imobiliário e letras financeiras. 2/ Composto por Fundos Cambial; Curto Prazo; Renda Fixa (inclusive extramercado); Multimercado; Referenciado; e outros fundos ainda não enquadrados nas classes instituídas pela Instrução CVM nº 409, de 18 de agosto de 2004. 3/ Exclui lastro em títulos emitidos primariamente por instituição financeira. 4/ As aplicações do setor não-financeiro em operações compromissadas estão incluídas no M3 a partir de agosto de 1999, quando eliminou-se o prazo mínimo de 30 dias, exigido em tais operações desde outubro de 1991. * Dados preliminares. Fonte: BCB 05/04/17 7

Bancos Comerciais: depósitos à vista e empréstimos Os bancos comerciais têm como característica principal a capacidade de criar depósitos à vista, que servem de meio de pagamento alternativo à moeda legal emitida pelo Banco Central. Em geral, as pessoas decidem guardar seus recursos nos bancos comerciais devido à segurança e à conveniência de realizar os pagamentos por meio da simples transferência desses depósitos. Este seria o pagamento indireto pelos recursos aplicados em depósitos à vista no Banco Comercial. Os bancos comerciais agem como custodiantes de valores, que poderão ser resgatados pelos titulares no momento desejado. Tendo em vista a percepção de que nem todos os depositantes realizam saques simultaneamente, os Bancos Comerciais usam esses depósitos à vista para realizar empréstimos, recebendo uma remuneração sobre uma disponibilidade de recursos obtida a taxa de juros nula. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.16.2-3 8

Bancos Comerciais: necessidade de reservas Há, portanto, um incentivo para os administradores do banco subestimarem a probabilidade de retirada por parte dos depositantes, pois quanto menos for necessário manter como reserva, mais sobrará para ser emprestado a clientes, e, assim, mais o banco ganhará. Há, por outro lado, um índice estatisticamente considerado seguro de reservas que um banco deve possuir para atender às operações de saque dos depósitos à vista existentes. Se os Bancos não forem capazes de honrar suas obrigações de converter depósitos à vista em moeda legal, há o risco de quebra da confiança por parte do público, levando a uma corrida bancária e eventual quebra do sistema. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.16.2-3 9

Reservas Compulsórias (Ec) Economia e Política Monetária Para evitar que os bancos corram risco excessivo ao emprestar os depósitos à vista de seus clientes, os Banco Centrais regulam as atividades dos Bancos Comerciais. Neste sentido, para garantir uma segurança mínima ao sistema bancário, o Banco Central exige que os Bancos Comerciais mantenham um percentual dos depósitos à vista como reservas compulsórias junto ao Banco Central. Reservas Voluntárias (Ev) Adicionalmente, os bancos comerciais podem enviar voluntariamente recursos às câmaras de compensação de cheques para cobrir eventuais diferenças entre cheques emitidos a favor e contra o banco. Encaixes técnicos (Et) Mas, independentemente das reservas compulsórias, os bancos comerciais mantêm reservas (encaixes técnicos) para honrar seus compromissos com o público e manter suas operações diárias de saques e empréstimos. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.1.4 10

Multiplicador Monetário Economia e Política Monetária É o fato de que os bancos comerciais captam depósitos à vista e podem manter apenas parte destes depósitos na forma de reserva, emprestando o restante à taxa de juros, que leva ao processo de multiplicação dos meios de pagamentos. Os montantes emprestados a partir de um depósito à vista inicial retornarão, eventualmente/imediatamente, ao Banco Comercial, na forma de novos depósitos à vista, dando margem a novos empréstimos, que gerarão novos depósitos, e assim por diante. O limite de expansão dos meios de pagamento se deve ao fato de que, a cada novo ciclo de empréstimo, o banco dispõe de menos recursos livres em função da necessidade de reter parte dos depósitos em reserva. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.1.4 11

Multiplicador Monetário Economia e Política Monetária ü Encaixes Totais (ET) ET = Et + Ev + Ec Et é o encaixe técnico Ev é o encaixe voluntário Ec é o encaixe compulsório B = PMPP + ET ü Base Monetária (B) ü Meios de Pagamento (MP) MP = PMPP + DV = Moeda Manual + Moeda Escritural DV são os depósitos à vista 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.1.4 12

Multiplicador Monetário Sendo: MP = PMPP + DV B = PMPP + ET Tem-se que: B = MP DV + ET B/MP = 1 DV/MP + ET/DV.DV/MP B/MP = 1 d + e.d = 1 d(1 e) MP = B / [1-d(1-e)] onde d = DV/MP, e = ET/DV. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.1.4 13

Multiplicador Monetário MP = B / [1-d(1-e)], Economia e Política Monetária d = DV/MP é a taxa de depósito e depende do grau de desenvolvimento do sistema bancário (número de agências, custo de ida aos bancos, etc.) e = ET/DV é a taxa de reservas e depende, principalmente, da política do Banco Central e da facilidade de cobrir necessidades de liquidez junto a outros bancos. Assim, o multiplicador monetário é igual a: α = 1 / [1-d(1-e)] e ΔMP = αδb Condicionantes da expansão dos meios de pagamentos: d e e => α 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.2.3 14

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Simplificação inicial: Banco Comercial possui apenas depósitos à vista no passivo e reservas e empréstimos no ativo Balancete Estilizado do Banco Comercial Ativo Passivo Encaixe Total ET Depósitos à vista Encaixe técnico (caixa) - Et Reserva Voluntária - Ev Reserva Compulsória - Ec Empréstimo Total do Ativo Total dopassivo 05/04/17 15

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 1: d = DV / MP = 1: público não retém moeda em espécie, transformando-a emdepósitosà vista e = ET / DV = 0,2: recolhimento compulsório fixado em 20%, liberando, portanto, 80% dos depósitos captados para empréstimo O BCB injeta 100 u.m. na economia por meio da compra de títulos públicos B = 100, d = 1, e = 0,2 MP = 100 / [1-1(1-0,2)] = 100/0,2 = 100.5 = 500 05/04/17 16

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 1: d = DV / MP = 1, e = ET / DV = 0,2, MP 0 = PMPP + DV = 100 + 0 a) Captação de 100 como depósito à vista e recolhimento de compulsório MP = PMPP + DV = 0 + 100 (mudança na composição dos MPs) Ativo Encaixe Total ET Encaixe técnico (caixa) Reserva Voluntária Reserva Compulsória Balancete Estilizado do Banco Comercial Passivo 100 Depósitos à vista 100 80 0 20 Empréstimo 0 Total do Ativo 100 Total do Passivo 100 05/04/17 17

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 1: d = DV / MP = 1, e = ET / DV = 0,2, MP 0 = PMPP + DV = 100 + 0 b) Empréstimo de 80 por meio de crédito em conta corrente e recolhimento de compulsório de 16. MP = PMPP + DV = 0 + 180 = 180 (criação de DV) Ativo Encaixe Total ET Encaixe técnico (caixa) Reserva Voluntária Reserva Compulsória Balancete do Banco Comercial Passivo 100 Depósitos à vista 180 64 0 36 Empréstimo 80 Total do Ativo 180 Total dopassivo 180 05/04/17 18

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 1: d = DV / MP = 1, e = ET / DV = 0,2, MP 0 = PMPP + DV = 100 + 0 c) Empréstimo de 64 por meio de crédito em conta corrente e recolhimento de compulsório de 12,8. MP = PMPP + DV = 0 + 244 = 244 (criação de DV) Ativo Encaixe Total ET Encaixe técnico (caixa) Reserva Voluntária Reserva Compulsória Balancete do Banco Comercial Passivo 100 Depósitos à vista 244 51,2 0 48,8 Empréstimo 144 Total do Ativo 244 Total do Passivo 244 05/04/17 19

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 1: d = DV / MP = 1, e = ET / DV = 0,2, MP 0 = PMPP + DV = 100 + 0 n) Este processo continuará sucessivamente até o limite em que o encaixe total seja igual às reservas compulsórias de 20% dos depósitos à vista. MP = αb = 5.100 = 500 = PMPP + DV = 0 + 500 Ativo Encaixe Total ET Encaixe técnico (caixa) Reserva Voluntária Reserva Compulsória Balancete do Banco Comercial Passivo 100 Depósitos à vista 500 0 0 100 Empréstimo 400 Total do Ativo 500 Total dopassivo 500 05/04/17 20

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 2: d = DV / MP = 1: público não retém moeda em espécie, transformando-a emdepósitosà vista e = ET / DV = 0,25: recolhimento compulsório fixado em 20% e reserva voluntária de 5%, liberando, portanto, 75% dos depósitos captados para empréstimo O BCB injeta 100 u.m. na economia por meio da compra de títulos públicos B = 100, d = 1, e = 0,25 MP = 100 / [1-1(1-0,25)] = 100/0,25 = 100.4 = 400 MP = PMPP + DV = 0 + 400 05/04/17 21

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Situação 3: d = DV / MP = 0,9: público retém 10% do papel moeda em espécie, transformando apenas 90% emdepósitos à vista e = ET / DV = 0,25: recolhimento compulsório fixado em 20% e reserva voluntária de 5%, liberando, portanto, 75% dos depósitos captados para empréstimo O BCB injeta 100 u.m. na economia por meio da compra de títulos públicos B = 100, d = 0,9, e = 0,25 MP = 100 / [1-0,9(1-0,25)] = 100/0,325 = 100.3,08 = 308 MP = PMPP + DV = 30,8 + 277,2 05/04/17 22

Balancete do Banco Comercial e o processo de criação de meios de pagamentos Por um mecanismo de multiplicação, via captação de depósitos a vista e concessão de empréstimos pelos bancos comerciais, a base monetária criada pelo Banco Central dá origem ao total dos meios de pagamentos. MP = αb α = 1 / [1-d(1-e)] O governo busca controlar a oferta de meio de pagamentos diretamente por meio de variações na base monetária (B) e indiretamente tentando influenciar α, que, por sua vez, depende de d, logo do comportamento do público em relação à taxa de depósito, e de e, logo do comportamento dos bancos com relação à taxa de reserva, ressaltando que o Banco Central controla apenas a reserva compulsória. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.2.3 23

DADOS BRASIL B = PME CBC + Ec + Ev = PMPP + ET Papel moeda emitido MP = PMPP + DV (saldo em final de período) - u.m.c. (mil) fev/2015 Reservas bancárias (Ec + Ev)* Base monetária restrita 198.076.416 40.739.171 238.815.587 * Inclui as reservas bancárias livres e compulsórias sobre recursos à vista das instituições financeiras. Recursos à vista = depósitos à vista, recursos em trânsito de terceiros, cobrança e arrecadação de tributos e assemelhados, cheques administrativos, contratos de assunção de obrigações - vinculados a operações realizadas no país, obrigações por prestação de serviços de pagamento e recursos de garantias realizadas. Fonte: BCB-Depec (saldo em final de período) - u.m.c. (mil) fev/2015 Papel moeda em poder do público Depósitos à vista Meios de pagamento - M1 162.981.988 155.592.464 318.574.452 Fonte: BCB-Depec 05/04/17 24

DADOS BRASIL Multiplicador monetário Comportamento do público Comportamento dos bancos Multiplicador monetário C = PMPP M1 D = DV M1 R = 1 CX DV R 2 = RB DV K = 1 C + D( R1 + R2 ) = M 1 B 0,52 0,48 0,23 0,26 1,33 Fonte: BCB-Depec α = 1 / [1-d(1-e)], e = R1 + R2, d = D, 1-d = C K = 1 / [C + D(R1+R2)] = 1 / (C + d.e) = 1 / (1-d +d.e) = 1 / [1-d(1-e)] 05/04/17 25

Funções do BACEN 1. bancoemissor: monopólio daemissãode moeda O BCB atende às necessidades de numerário do sistema bancário e do público por meio dos mecanismo de emissão/recolhimento monetário (vale notar que a CMB apenas fabrica o numerário). Adicionalmente, o BCB controla a liquidez da economia mediante o uso dos instrumentos como o recolhimento compulsório, redesconto e operações de mercado aberto. BCB, PMF 11, p.6-7 2. banco dos bancos: responsável pela administração das câmaras de compensação de cheques; alémde garantir estabilidade do SFN (regulador/fiscalizador) - recebe as reservas voluntárias e compulsórias dos BCs e funciona como emprestador de última instância, concedendo empréstimos de redesconto ou assistência à liquidez; (Carvalho, F.C., 2015, s.2.1) 05/04/17 26

Funções do BACEN Economia e Política Monetária 3. banco do governo: gerencia os fundos do TN e implementa a política monetária. O Banco Central mantém em carteira títulos emitidos pelo Tesouro Nacional com o propósito de executar a política monetária e recebe os recursos tributários e não-tributários, que só podem ser movimentados por ordem do Tesouro. O governo é o agente econômico com maiores receitas e despesas, portanto, o controle das contas do tesouro pelo Banco Central é fundamental para regular o crédito e os agregados monetários. BCB, PMF 11, p.15 4. depositário das reservas internacionais: responsável pela administração do estoque de moedas estrangeiras (divisas) e do câmbio. (Carvalho, F.C., 2015, s.2.1) 05/04/17 27

O mercado de reservas bancárias Brasil Os bancos com carteira comercial mantêm recursos junto ao Banco Central em uma espécie de conta corrente denominada conta Reservas Bancárias. É por meios destas contas que são realizadas as transações entre os bancos e entres estes e o Banco Central. As trocas de reservas feitas com lastro em títulos públicos são negociadas e registradas na Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), sendo remunerado por uma taxa Selic. A taxa Selic é a média das taxas de juros praticadas nas operações compromissadas (compra com compromisso de revenda) de prazo de um dia útil com títulos públicos federais registrados no Selic. As trocas de reservas feitas com títulos privados são efetuadas e registradas na CETIP ( Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados, atualmente Mercados Organizados ), sendo então remuneradas por uma taxa DI-Cetip. A taxa DI é a média das taxas de juros praticadas nos depósitos interfinanceiros com prazo de um dia útil e que não envolvam instituições financeiras do mesmo grupo. Fonte: BCB, 2014, FAQ, p.19-20 05/04/17 28

Política Monetária Economia e Política Monetária A política monetária pode ser definida como o uso de instrumentos por parte do Banco Central para o controle da oferta de moeda, das taxas de juros e das condições de crédito de forma a atingir objetivos de política econômica. Objetivos finais de política monetária Metas Intermediárias Metas Operacionais Instrumentos Clássicos de Política Monetária Inflação Nível de atividade econômica Taxa de desemprego Estabilidade do sistema financeiro Taxa de juros de longo prazo Agregados monetários Taxa de juros de curto prazo Reservas Bancárias Recolhimentos compulsórios Redesconto de liquidez Operações de mercado aberto 05/04/17 Carvalho, F.C., 2015, cap.12, s.12.1.1. 29

Incompatibilidade entre as metas operacionais: taxa de juros x agregados monetários Meta de taxa de juros Meta de agregados monetários r M s 0 M s 1 r M s 0 r 1 Excesso inicial de demanda de moeda r 1 Excesso inicial de demanda de moeda r 0 r 0 M d 0 M d 1 M d 0 M d 1 M 05/04/17 Carvalho, F.C., 2015, cap.12, s.12.1.3. 30 M

Instrumentos de controle monetário à disposição do BACEN 1. Reservas compulsórias: proporção dos depósitos dos Bancos Comerciais que devem ser mantidos em espécie junto ao Banco Central, para assegurar liquidez mínima do sistema e para controle da disponibilidade dos meios de pagamento. BCB, PMF 12 2. Operações de redesconto: empréstimos concedidos pelo Banco Central à pedido dos Bancos Comerciais, para sanar problemas de liquidez individual e transitório, contra a cobrança de uma taxa de redesconto. Carvalho, F.C., 2015, cap.12, s.12.3.2. 3. Operações de open-market: compra e venda de títulos públicos (compromissadas e definitivas), com objetivo de ampliar/reduzir a disponibilidade de moeda no sistema ou aumentar/reduzir a taxa de juros básica da economia. BCB, PMF 6 4. Controle de Crédito: medidas direcionadas para influenciar o volume, a taxa de juros, os prazos e a destinação dos empréstimos bancários. 05/04/17 Carvalho, F.C., 2015, cap.12, s.12.3.4 31

Depósito compulsório Brasil Economia e Política Monetária Compulsório Alíquota Deduções Remuneração Recursos à Vista 45% Recursos a Prazo 20% Depósitos de Poupanc a Exigibilidade Adicional Garantias Realizadas Fonte: BCB (2014) 20% Não há. Rec. Prazo 11% Poupanc a 10% 45% Há dedução inicial de R$44 milhões que beneficia todas as ins}tuições igualmente. Há dedução inicial de R$30 milhões que beneficia todas as ins}tuições igualmente. (Além de reduções em função do PR) Reduções em função do PR R$ 2 milhões, deduzidos da média dos valores sujeitos a recolhimento. Não há. Taxa Selic. Se a meta da taxa Selic for maior ou igual a 8,5% a.a.:tr acrescida de 6,17% a.a. Se a meta da taxa Selic for menor que 8,5% a.a.:tr acrescida de 70% da meta Selic a.a. Taxa Selic. Não há. 05/04/17 32

Redesconto Brasil Economia e Política Monetária Condições I Compra com compromisso de revenda Lastro Prazos Valor Preço de compra - Títulos públicos federais registrados no SELIC, que integrem a posição de custódia própria da instituição bancária; - Outros títulos e valores mobiliários, crédito e direitos creditórios, preferencialmente com garantia real, e outros ativos, a critério exclusivo do BACEN - intradia; Obs: as operações intradia e de um dia útil contemplam - 1 dia útil; exclusivamente os títulos públicos federais - até 15 dias; - até 90 dias corridos, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse 180 dias. Limitado ao valor de avaliação, pelo BACEN, dos ativos objeto de compra. Preço unitário divulgado diariamente pelo BACEN. Preço de revenda Fonte: Circular no 3.105, de 5 de abril de 2002 - operação intradia: igual ao respectivo preço de compra - operação de um dia útil ou mais: preço de compra adicionado de valor correspondente à aplicação, sobre o preço de compra e prazo da operação, da taxa obtida pela composição da Taxa Selic, apurada para cada dia útil de operação, com taxa fixada pela Diretoria Colegiada do BACEN válida na data da realização da operação. 05/04/17 33

Redesconto Brasil Condições Envolve Prazos Taxa de Redesconto II Modalidade Redesconto Títulos e valores mobiliários e direitos creditórios descontados integrantes do Ativo da instituição bancária. - até 15 dias úteis - até 90 dias corridos, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse 180 dias corridos Variável em função dos ativos e estabelecida, segundo critérios definidos pelo BACEN, levando-se em conta o valor presente, o valor de mercado, o risco de crédito, o prazo de vencimento, a liquidez e a volatilidade do preço de cada ativo. Preço de venda de Ativos Redescontados Preço do redesconto adicionado de valor correspondente à aplicação, sobre o preço do redesconto e pelo prazo da operação, da taxa obtida pela composição da Taxa Selic, apurada para cada dia útil do período da operação, com a taxa fixada pela Diretoria Colegiada do BACEN e válida na data da realização da operação. Fonte: Circular no 3.105, de 5 de abril de 2002 Percentuais de acréscimo à Taxa Selic, para as operações de Redesconto I - 1% (um por cento) ao ano, para as operações de um dia útil; II - 2% (dois por cento) ao ano, para as operações de até quinze dias úteis; e III - 2% (dois por cento) ao ano, para as operações de até noventa dias corridos. 05/04/17 Fonte: CIRCULAR No 3.631, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2013 34

Operações de mercado aberto Brasil Operações compromissadas: são operações de compra ou venda de títulos com compromisso de revenda ou recompra dos mesmos títulos em data futura, anterior ou igual à data de vencimento dos títulos. Quando o BCB realiza essas operações, afeta temporariamente a liquidez bancária. Operações definitivas: são operações de compra ou venda final de tulos, afeta permanentemente a liquidez bancária. Valores financeiros expressos em milhões de reais. BCB, PMF 6 Fonte dados: http://www4.bcb.gov.br/pom/demab/estatistica/opermes.asp?idpai=selicestatop 05/04/17 Descrição das operações disponível em: http://www3.bcb.gov.br/selic/doc/musspb.pdf 35

Controle e seleção do Crédito Brasil 05/04/17 36

Mecanismos de transmissão dapolítica Monetária: Canal de crédito Valor dosativos Canal de câmbio Objetivos finais de política monetária Metas Intermediárias Metas Operacionais Instrumentos de Política Monetária Inflação Nível de atividade econômica Taxa de desemprego Estabilidade do sistema financeiro Taxa de juros de longo prazo Agregados monetários Taxa de juros de curto prazo Reservas Bancárias Recolhimentos compulsórios Redesconto de liquidez Operações de mercado aberto 05/04/17 37

Canal do Crédito ü Recolhimento Compulsório Economia e Política Monetária Elevações nas exigências de recolhimento compulsório reduzem a disponibilidade de crédito, devido à redução do multiplicador monetário, além de encarecer os empréstimos, em função da elevação dos spreads cobrados pelos bancos. BCB, PMF 6 ü Redesconto A imposição de condições mais restritivas à concessão de redesconto, por elevação das taxas ou redução do limite quantitativo, atua no sentido de reduzir a liquidez do mercado, ao tornar os bancos menos dispostos a recorrer aos empréstimos do BCB, diminuindo o multiplicador monetário e a disponibilidade de crédito e o custo ao tomador final. BCB, PMF 11 05/04/17 38

Canal do Crédito ü Operações de Mercado Aberto Economia e Política Monetária Operações de compra e venda de títulos públicos (compromissadas e definitivas) ampliam ou reduzem a base monetária e a taxa de juros básica da economia, impactando disponibilidade e custo do crédito Carvalho, F.C., 2015, cap.13, s.13.2. na economia. ü Controle de Crédito Influencia diretamente as condições dos empréstimos bancários Carvalho, F.C., 2015, cap.12, s.12.3.4 direcionados. Ø Canal de crédito e o impacto sobre a demanda Redução da disponibilidade de crédito ou a elevação das taxas cobradas pelos bancos reduz a demanda por bens de consumo e bens de capital que dependem de empréstimos bancários, gerando impactos contracionistas sobre a economia. Carvalho, F.C. (2015), s.14.4. 05/04/17 39

Valor dos ativos Economia e Política Monetária Elevações na taxa de juros básica da economia provocam redução da demanda e do preço dos títulos pré-fixados que rendem taxa de juros menores. A queda no valor dos ativos faz com que os agentes se sintam mais pobres (efeito riqueza), com impactos negativos sobre o consumo. Adicionalmente, a elevação da taxa de juros paga pelos ativos financeiros de maior maturidade também reduz o estímulo ao investimento produtivoemfunção docusto de oportunidade. O resultado, portanto, de uma elevação da taxa de juros básica da economia é um impacto contracionista devido à redução do consumo, decorrente da redução da riqueza, e do investimento, devido à elevação do custo de oportunidade. Carvalho, F.C. (2015), s.14.3. 05/04/17 40

Canal da taxa de câmbio (Regime de Câmbio Flutuante) Ao provocar uma elevação da taxa básica de juros da economia e o deslocamento da curva de rendimentos, o banco central torna os ativos financeiros nacionais mais atrativos, estimulando a entrada de investidor estrangeiro. A entrada de capital estrangeiro, em um regime de câmbio flutuante, significa excesso de oferta de divisas, levando à apreciação da taxa de câmbio. e = R$ / US$: apreciação ( e) e depreciação ( e) A queda da taxa de câmbio implica encarecimento das exportações e barateamento das importações, gerando deterioração da balança comercial e, logo, efeito contracionista sobre a economia. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.14.5. 41

Mecanismos de transmissão da política monetária Brasil ü Hipótese de encurtamento de horizontes e supersensibilidade à taxa de juros de curtíssimo prazo Décadas de instabilidade dificultaram a criação de referências de longo prazo para economia brasileira. Os agentes são supersensíveis aos eventos e sinais de curto prazo. Neste contexto, variações de política monetária que impactam a taxa básica de juros, situada em patamares extremamente elevados em comparação à média mundial, tem impacto direto sobre as decisões de gasto do agentes. Elevações da taxa de juros básica desestimulam consumo financiado por crédito e a implementação de planos de investimento produtivo. 05/04/17 Carvalho, F.C. (2015), s.14.6. 42

Mecanismos de transmissão da política monetária Brasil ü Hipótese do canal da taxa de câmbio A liberalização da conta de capital promovida em meados da década de 1990 combinada ao regime de câmbio flutuante e às elevadas taxas de juros praticadas pelas autoridades monetárias em contexto de regime de metas de inflação adotado a partir de 1999 parecem ter transformado este canal em um dos principais meios de transmissão da política monetária. O canal de câmbio, neste contexto, substituiu os canais de ativos e crédito, acompanhado de uma tendência de sobrevalorização da moeda nacional. Carvalho, F.C. (2015), s.14.6. 05/04/17 43

05/04/17 http://www.global-rates.com/interest-rates/central-banks/central-banks.aspx 44

Regime de Metas de Inflação Economia e Política Monetária O regime de metas para a inflação é um regime monetário no qual o banco central se compromete a atuar de forma a garantir que a inflação efetiva esteja em linha com uma meta pre -estabelecida, anunciada publicamente. Características ü Anúncio público das metas ü Comprometimento institucional ü Transparência sobre estratégia de atuação (planos, objetivos, justificativas) ü Responsabilidade das autoridades monetárias pelo cumprimento das metas (prestação de contas) 05/04/17 (BCB, PMF 10, p.5-6 e 9) 45 (BCB, 2014, FAQ, p.3)

Regime de Metas de Inflação nobrasil ü Contexto 05/04/17 46

Regime de Metas de Inflação no Brasil ü Contexto Introdução do Plano Real (30.06.1994) inicialmente atrelado à âncora monetária (metas para agregados monetários) e câmbio flutuante com banda assimétrica (teto fixo em 1 real = 1 dólar). Em outubro de 1994, devido, entre outras razões, ao insucesso das metas monetárias, o governo resolveu mudar de âncora, abandonando a monetária em prol da âncora cambial combinada à taxa de juros elevada para manter atratividade ao capital estrangeiro. Contexto internacional desfavorável (Crise México 1995, Crise Ásia 1997 e Crise Rússia 1998) e fuga de capitais por temor de desvalorização ou controle da movimentação de capitais tornou insustentável manutenção da âncora cambial. 05/04/17 47

Regime de Metas de Inflação nobrasil ü Contexto Em 1999, sob a presidência do economista Armínio Fraga, o Banco Central do Brasil inicia a gestão da política monetária com base noregime de Metas de Inflação. O Brasil adotou formalmente o regime de metas para a inflação como diretriz de política monetária, com a edição do Decreto no 3.088 pelo Presidente da República, em21 de junho de 1999. (BCB, 2014, FAQ, p.4) 05/04/17 48

Conselho Monetário Nacional (CMN) O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do País. O conselho é composto pelo: - Ministro da Fazenda, como Presidente do Conselho; - Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão; e - Presidente do Banco Central do Brasil. 05/04/17 (BCB, 2014, FAQ, p.2, https://www.bcb.gov.br/?cmnentenda 49

Conselho Monetário Nacional (CMN) meta de inflação, intervalo de tolerância e período de avaliação A meta de inflação e o intervalo de tolerância de cada ano são estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) com dois anos de antecedência, sempre no mês de junho. A meta de inflação é avaliada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Vitória e Porto Alegre, Brasília e municípios de Goiânia e Campo Grande. 05/04/17 (BCB, 2014, FAQ, p.2, https://www.bcb.gov.br/?cmnentenda), http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultinpc.shtm 50

Comitê de Política Monetária (Copom) meta de taxa de juros O Comitê de Política Monetária, ou Copom, é o órgão decisório da política monetária do Banco Central do Brasil (BCB), responsável por estabelecer a meta para a taxa básica de juros, que no Brasil é a Taxa Over-Selic, ou Taxa Selic. (BCB, 2014, FAQ, p.2) O Comitê de Política Monetária (Copom) estabelece a meta para a taxa Selic, e cabe à mesa de operações de mercado aberto do Banco Central manter a taxa Selic diária próxima à meta. (BCB, 2014, FAQ, p.8-9) O Copom pode estabelecer viés de taxa de juros (de elevação ou de redução), prerrogativa que autoriza o Presidente do BCB a alterar a meta para a Taxa Selic na direção do viés a qualquer momento entre as reuniões regulares do Copom. O viés é utilizado, normalmente, quando alguma mudança significativa na conjuntura econômica for esperada. (BCB, 2014, FAQ, p.4) 05/04/17 51

Comitê de Política Monetária (Copom) meta de taxa de juros O Copom é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do BCB: o Presidente e os Diretores de Política Monetária, Política Econômica, Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações de Crédito Rural, Fiscalização, Regulação do Sistema Financeiro, e Administração. O Presidente tem direito ao voto decisório em caso de empate na decisão da política monetária. As reuniões ordinárias do Copom eram mensais até 2005. Em 2006, essas reuniões passaram a ocorrer oito vezes ao ano, aproximadamente a cada seis semanas, e continuam a ser realizadas em dois dias. (...) O Copom pode se reunir extraordinariamente, convocado pelo presidente do BCB, em função de alterações inesperadas do cenário macroeconômico. Desde a sua criação, ocorreram três reuniões extraordinárias, a última das quais em outubro de 2002. As atas em português das reuniões do Copom são divulgadas às 8:30h da quinta- feira da semana posterior a cada reunião (BCB, 2014, FAQ, p.2) 05/04/17 52

Regra de Taylor - Brasil 05/04/17 A regra de Taylor estimada para ser adotada pelo Banco Central do Brasil, segundo economistas do BCB, relaciona a taxa de juros de curto prazo a desvios da taxa de inflação esperada em relação a meta de inflação permitindo alguma suavização da taxa de juros e, ainda, ao hiato do produto e aos movimentos da taxa de câmbio. (Cardim, F. (2007),p.163) 53

Relatório de Inflação - transparência Economia e Política Monetária Ao final de cada trimestre (março, junho, setembro e dezembro), o Copom publica o Relatório de Inflação, que analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira no Brasil, bem como apresenta suas projeções para a taxa de inflação. (BCB, 2014, FAQ, p.4) Procedimentos em caso de descumprimento da meta (responsabilidade e prestação de contas) Quando a meta para a inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional não é cumprida, isto é, quando a inflação rompe, acima ou abaixo, os limites do intervalo de tolerância em torno da meta central, as razões para o descumprimento, bem como as providências tomadas para retornar à trajetória de metas, são explicitadas pelo Presidente do Banco Central do Brasil em Carta Aberta ao Ministro da Fazenda. Tal procedimento confere maior transparência e credibilidade ao processo de convergência às metas inflacionárias. Foram enviadas Cartas Abertas referentes às inflações de 2001, 2002 e 2003, disponíveis em http://www.bcb.gov.br/?cartameta. (BCB, 2014, FAQ, p.7-8) 05/04/17 54

Metas de Inflação e Bandas Anuais 05/04/17 55

Metas de Inflação e Bandas Anuais http://www.bcb.gov.br/pec/metas/tabelametaseresultados.pdf 05/04/17 56

https://www.bcb.gov.br/pec/copom/port/taxaselic.asp#notas 05/04/17 57

05/04/17 Walsh, C. E., Inflation Targeting: What Have We Learned?. International Finance 12:2, 2009: pp. 195 233 58