Nota Explicativa MBSC/SP/ 001/2007

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Transcrição:

Nota Explicativa MBSC/SP/ 001/2007 Ementa: Entidades imunes. Remuneração de Diretores na qualidade de empregados da instituição mantida. As imunidades previstas na Constituição da República, artigo 150, inciso VI, alíena c e o artigo 195, parágrafo 7 o, em seus dispositivos reguladores exigem a não remuneração de diretores ou dirigentes no exercício de suas competências estatutárias. Consultas Fiscais realizadas junto à Secretaria da Receita Federal (SRF) e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 2. O Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP), na qualidade de entidade sindical representante da categoria econômica das entidades mantenedoras de ensino superior particular localizadas no Estado de São Paulo sob patrocínio deste escritório MBSC Advogados -, realizou Consultas Fiscais junto à Secretaria da Receita Federal (SRF), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, e junto ao Instituto Nacional do Seguro Social, entidade autárquica vinculada ao Ministério da Previdência Social, acerca da interpretação legislativa tributária no que tange a exigência legal da não remuneração dos dirigentes, no exercício de suas atividades estatutárias, como condição para o gozo das imunidades previstas no artigo 150, inciso VI, alínea c no artigo 195, parágrafo 7 o, ambos da Constituição da República. 3. Tratou-se em ambas as consultas, mais especificamente, acerca da possibilidade da existência de remuneração dos dirigentes, quando os mesmos manterem vínculo empregatício ou contraprestação com a entidade mantida, e quais os reflexos de ordem tributária.

4. Para uma melhor compreensão do questionamento levado pelo SEMESP aos órgãos supramencionados é importante delinear os aspectos legislativos que envolvem o tema, qual seja, abordar preliminarmente as normas que introduziram a imunidade, bem como as regras para o seu gozo. 5. Como é cediço, a Constituição da República de 5 de outubro de 1998, instituiu no Capítulo que trata sobre as limitações ao poder de tributar, a imunidade aos impostos das instituições educacionais, contida no artigo 150, inciso VI, alínea c, que assim dispõe: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (grifos editados) 6. Da leitura do referido dispositivo, observa-se que o legislador constitucional atribui à lei a regulamentação dessa imunidade. A maioria dos doutrinadores e mesmo os Tribunais têm entendido que é aplicável ao referido preceito o artigo 14, do Código Tributário Nacional (CTN), que assim estabelece: Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela LCP nº 104, de 10.1.2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. 7. O referido dispositivo faz menção ao artigo 9 o, inciso IV, alínea c do CTN, que assim dispõe: Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - cobrar imposto sobre: c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela LCP nº 104, de 10.1.2001) 8. Dos dispositivos acima colacionados, verifica-se que somente usufruirá da imunidade aos impostos, as instituições de educação que observarem o disposto no artigo 14 do CTN, sendo que no inciso I, verifica-se claramente a impossibilidade de percepção de qualquer benefício econômico por parte dos diretores ou dirigentes estatutários. 9. No que diz respeito à imunidade das contribuições sociais, prevista no artigo 195, parágrafo 7 o da Carta Magna, da mesma forma, o

legislador constitucional fez menção ao cumprimento de requisitos dispostos em lei, verbis: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 10. Semelhante a imunidade dos impostos, o artigo 195, em seu parágrafo 7 o, estabelece que somente as entidades beneficentes de assistência social que atenderem aos requisitos estabelecidos em lei gozarão da imunidade às contribuições sociais, e neste ponto, a doutrina e mesmo os Tribunais têm entendido, com base no artigo 146, inciso II, da CF, que o artigo 14 do CTN também se lhes aplica, na ausência de regulação por lei complementar. 11. Todavia, a questão não é pacífica. O Supremo Tribunal Federal (STF), bem como parte relevante da doutrina também entende ser aplicável ao dispositivo que estipula imunidade constitucional a Lei n. o 8.212, de 1991, especificamente os incisos do artigo 55, transcrito a seguir: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I - seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal;

II - seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 24.8.01) III - promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; IV - não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; (grifos editados) V - aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. 12. Verifica-se que a norma previdenciária estipula como condição para o gozo da imunidade a não remuneração dos seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores. Entretanto, essa proibição limita-se aos diretores estatutários (diretores da mantenedora), constituídos nos termos do estatuto social da entidade. A função desses diretores consiste na representação da instituição mediante o exercício de atos de administração que implicam contrair obrigação para a pessoa jurídica representada ou tomar decisões em nome daquela. Aqui reside o ponto nodal das consultas formuladas pelo SEMESP aos órgãos fiscais, ou seja, a diferença entre o diretor estatutário e o diretor constituído mediante contrato de natureza empregatícia, ou que preste um serviço específico para a instituição educacional também denominada de entidade mantida.

13. Com efeito, indaga-se o órgão fiscal acerca da hipótese do diretor da mantenedora cumular com a função de administrador na entidade mantida, desde que relacionado com a sua formação profissional, o que neste caso não há que se falar de vedação de remuneração. 14. O que se depreende do despacho emitido pela Superintendência Regional da Receita Federal, 8 a Região Fiscal, no enfrentamento de todo o exposto, é que será considerada imune a instituição de educação que não remunerarem os seus dirigentes, consideradas pessoas físicas, no exercício de suas atividades estatutárias, entretanto, não será considerada a proibição de remuneração dos diretores, com relação a pessoa física que possua cargo de gerência o chefia interna na instituição de educação, com competência diversa da prevista em estatuto. 15. De fato, é o que se verifica da ementa do despacho proferido na Consulta Fiscal n. o Divisão de Tributação da Secretaria da Receita Federal: 19679.016462/2003-55, da lavra do Chefe da Interessado: Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP). Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário. Ementa: Entidades Imunes ou Isentas. Remuneração de Diretores Empregados. Para o gozo da imunidade assegurada no art. 150, inciso VI, alíena c, da Constituição Federal, as instituições de educação não podem remunerar, sob de qualquer forma, seus dirigentes, assim entendidas as pessoas físicas que exerçam função ou cargo de direção da pessoa jurídica instituição de ensino com competência para adquirir direitos e assumir obrigações em nome desta, interna ou externamente, mesmo que em conjunto com outra pessoa, em atos nos quais a instituição sea parte. Não se considera dirigente, não se aplicando a restrição quanto à remuneração, a pessoa física que exerça simples

função ou cargo de gerência ou chefia interna na instituição de educação, sem as competências antes enunciadas. Constitui infração à vedação de remunerar, sujeitando a instituição a ter suspenso o gozo da imunidade, o fato de atribuir remuneração, a qualquer título, a seus dirigentes, conforme antes definidos, ainda que seja relacionada com a função cargo de direção exercidos. 16. No mesmo sentido, a resposta formulada pela Chefe da Divisão da Receita Previdência utilizando o Parecer n. o 639/1996, da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social, esclarece os pontos abordados na Consulta Fiscal formulada por este escritório em nome do SEMESP, como se vê de trecho abaixo colacionado: 4. Pelo exposto, entendemos que os questionamentos efetuados pela Consulente encontram-se respondidos pelo Parecer CJ acima mencionado, que tratou exaustivamente do assunto, deixando claro que a remuneração percebida por diretores da entidade beneficente que não enseja motivo de impedimento para a concessão ou cassação da isenção concedida é somente aquela atividade que não tenha previsão estatutária e para qual a pessoa tenha qualificação técnico-profissional e que exerça em igualdade de condições com os demais empregados. Assim sendo, o dirigente que, concomitamente, exerce atividade técnica dentro da entidade, v.g., médico, professor, entre outras, poderá receber remuneração por essas funções específicas. Por outro lado, temos frontal descumprimento ao inciso IV, do art. 55, da Lei 8.212/91, tanto em sua literalidade, quanto da hermenêutica extraída do mencionado parecer, caso um dos diretores com poderes diretivos de gestão e

finanças previstos em estatuto seja remunerado em decorrência desses poderes. 5. É o que tínhamos para informar. 17. Neste sentido, observa-se, em ambas as respostas, que os órgãos fiscais reconhecem a possibilidade do diretor da entidade mantenedora exercer cargo ou atividade junto à instituição mantida, o qual tenha qualificação técnica-profissional para tanto, não havendo, portanto, afronta aos dispositivos legais, bem como não é causa para a suspensão do gozo das imunidades. 18. Portanto, cumpre as instituições de educação, sem fins lucrativos, beneficentes de assistência social, além de observar os demais requisitos estabelecidos em lei para o gozo da imunidade dos impostos e contribuições, não remunerar seus dirigentes no exercício de atividades oriundas do estatuto. Outrossim, não há impedimento legal quanto à admitida a remuneração aos diretores no exercício de profissão a qual esteja capacitado, junto a instituição mantida, de natureza empregatícia ou de prestação de serviços. 19. Estas Consultas ganham importância na medida em que as Instituições de Educação, sem fins lucrativos e/ou de assistência social, por força da exigência legal acima explanada estão impedidas de remunerar seus dirigentes no exercício de suas atividades advindas do estatuto social, portanto, por analogia, tem-se o entendimento exarado pelos órgãos fiscais SRP e SRF posto fim nas dúvidas existentes com relação a possibilidade de remuneração dos mesmos no exercícios de profissão que esteja habilitado, junto a instituição mantida. É o relatório.

São Paulo, 14 de março de 2007. José Roberto Covac OAB/SP n. o 93.102 Marcelo Aparecido Batista Seba OAB/DF n. o 15.816 OAB/SP n. o 208.574/A Silvia Gomes da Rocha OAB/SP n. o 201.626 * Endereço profissional: Avenida Paulista, 1765, Ed. Scarpa, 15º Andar, Conjunto 151, São Paulo-SP, Telefone : (11) 2121-0021, Fax: (11) 2121-0021, C.E.P.: 01.311-200, e-mail: mbsc@mbsc.com.br.