Impactos da Copa do Mundo 2014 em BH: avaliação crítica e perspectivas João Tonucci Filho IGC/UFMG SEMINÁRIO NACIONAL METROPOLIZAÇÃO E MEGAEVENTOS 10 a 12 de dezembro de 2013 Rio de Janeiro
Investimentos públicos da Copa em BH Investimentos públicos totais: pouco mais de R$ 2,7 bilhões entre financiamentos e investimentos na cidade-sede de Belo Horizonte Aproximadamente 75% oriundos do governo federal R$ 1,4 bilhões são na forma de investimentos com financiamento federal, dos quais R$ 400 milhões (28%) provêm de recursos do BNDES para obras de reforma e adaptação do Mineirão Restante: obras de mobilidade urbana financiadas pela CEF BH: 10% dos investimentos públicos totais da Copa (3 colocada)
Quadro geral: previsão de aplicação de recursos (dados relativos)
Quadro geral: execução financeira das obras e ações
Matriz de Responsabilidades Consolidada (Belo Horizonte)
Setorização de investimentos em Belo Horizonte
Intervenções em mobilidade urbana MANTIDAS BRT Antônio Carlos BRT Cristiano Machado BRT Área Central Pedro II/Carlos Luz Via 220 Via 710 Boulevard Arrudas DESCARTADAS Metrô Anel Rodoviário BRT Amazonas BRT Pedro II/Carlos Luz Via 800 Vias no Anel Norte-sul Vias no Anel Norte
Habitação e remoções Grande atraso na contratação dos valores previstos para as desapropriações Remoções da Copa previstas ou em curso: 379 famílias (240 na Antônio Carlos / Pedro I, além das 86 já removidas; 15 famílias na Pedro II/Carlos Luz; 40 famílias na Via 210 e 84 famílias na Via 710) Números relativamente baixos, sobretudo em relação ao aprofundamento dos casos de violação do direito de moradia em BH, mas quase todos com relação indireta às intervenções da Copa (localização próxima, obras já vinculadas ou devido a investimentos relacionados Vila UFMG) Áreas de habitação popular sob tensão em BH: Ocupações Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Torres Gêmeas; Vila da Luz e Vila da Paz; Vila Dias; novas ocupações do Isidoro (Rosa Leão etc.); vilas e favelas do Vila Viva
Trabalho e informalidade Geração de emprego: temporários, de baixa qualificação/remuneração Precarização das relações de trabalho (principalmente no setor de construção civil greves e paralisações em 9 estádios) Barraqueiros do Mineirão (aproximadamente 150 famílias): sem fonte de renda desde 2010 organizados junto ao COPAC Novas medidas de controle e higienização do espaço público Prostituição: ameaça (elitização do centro) ou oportunidade
PPP do Mineirão Minas Arena S.A: SPE das construtoras Construcap, Egesa e HAP Engenharia Exploração mediante concessão administrativa, da operação e manutenção, precedidas de obras de reforma, renovação e adequação do complexo do Mineirão Contrato: R$ 677.353.021,85 / prazo: 2037, prorrogável até 2045 Governo estadual pagará à Concessionária duas modalidades de contrapartida financeira: desembolso fixo (remuneração pela gestão do espaço público) + variável (desempenho financeiro da gestora e qualidade do serviço) Suspeitas de superfaturamento (no projeto e na obra), financiamento privilegiado (BNDES), garantia de faixa de rentabilidade mínima, obras de baixa qualidade, queixas recorrentes quanto à qualidade dos serviços, elitização do estádio (substituição do comércio popular e encarecimento dos ingressos e dos serviços)
Conclusões Maior parte das intervenções de mobilidade ja era programada pelo planejamento municipal (Viurbs e PlanMob), mas com alterações na ordem das prioridades Ganhos na mobilidade municipal-metropolitana (BRTs), mas com altos custos de oportunidade (metrô) e impactos urbanos negativos do modelo rodoviarista Recrudescimento das ações e legislações elitistas e de higienização da cidade Dinamização imobiliária já em curso desde 2005-2006, mas fortalecida pelo boom na construção hoteleira e pela valorização das obras viárias Concentração de investimentos no vetor norte (de BH) conexão aeroporto-centro de BH e nova área de expansão imobiliária-econômica-demográfica Acoplamento da Copa ao projeto de cidade neoliberal mercantilização da cidade e guerra aos pobres: recursos vultuosos e discurso de legitimação governo federal, PPPs e legislação de exceção