ANÁLISE DAS LANCHEIRAS DE PRÉ-ESCOLARES¹ BOEIRA, Giana²; GÖRSKI, Bruna²; PAZ, Fabiane²; ORSOLIN, Giulianna²; ROSA, Izabel²; TONETTO, Priscila²; SACCOL, Ana Lúcia de Freitas² ¹ Trabalho desenvolvido durante as atividades do Estágio em Nutrição no Ciclo da Vida I _UNIFRA ² Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil E-MAIL: izah_rosa@hotmail.com RESUMO A alimentação adequada é um meio de prevenir a obesidade, o estímulo para que esta seja introduzida no cardápio de uma criança que se alimenta de maneira incorreta deverá partir do meio social em que convive, incluindo a sala de aula. O objetivo deste estudo foi verificar os alimentos mais levados para a escola nas lancheiras de pré-escolares. O estudo foi realizado em uma escola de educação infantil, em Santa Maria- RS, no mês de junho de 2011, analisando crianças de 4 a 5 anos em três dias de semanas diferentes onde foram avaliados e registrados os alimentos presentes nas lancheiras. Os alunos apresentaram maior consumo de alimentos de alto valor calórico e baixo valor nutricional, principalmente representado pelas bolachas recheadas. Portanto, a educação nutricional deve ser utilizada como estratégia para alteração da qualidade dos lanches a fim de proporcionar a incorporação de hábitos saudáveis nas crianças deste grupo etário. Palavras-Chaves: Pré-escolares; Lancheiras; Alimentação.. 1. Introdução A alimentação adequada é um meio de prevenir a obesidade, o estímulo para que esta seja introduzida no cardápio de uma criança que se alimenta de maneira incorreta deverá partir do meio social em que a mesma convive, incluindo a sala de aula (SANTANA, 2008). Ressaltando-se a necessidade de incentivar a realização de programas de educação nutricional nas escolas promovendo práticas alimentares adequadas sendo inserida no contexto da adoção de estilos de vida saudáveis, componente importante da promoção da 1
saúde, uma das diretrizes da atual Política Nacional de Alimentação e Nutrição (YOKOTA et al., 2010). A educação nutricional deve ser utilizada como estratégia para alteração da qualidade dos lanches a fim de proporcionar a incorporação de hábitos saudáveis. Sabendose que a alimentação das crianças é influenciada pela família, pela escola e pela mídia, muitos esforços devem ser gastos buscando a inter-relação entre as partes, para que se possa estabelecer uma postura adequada frente à saúde alimentar da criança (CAMPOS; ZUANON, 2004). Neste contexto, o objetivo deste estudo foi verificar os alimentos mais levados para a escola nas lancheiras dos pré-escolares de uma escola de Educação Infantil. 2. Métodos O estudo foi realizado em uma escola de educação infantil, em Santa Maria- RS, no mês de junho de 2011. As ações do presente trabalho fazem parte do cronograma de atividades do Estágio em Nutrição no Ciclo da Vida I, baseadas em um diagnóstico populacional e estrutural. O estudo analisou crianças de quatro a cinco anos de idade em duas turmas, uma de Pré A e outra de Pré B sendo realizada em três dias de semanas diferentes no turno da manhã onde foram registrados em planilha os alimentos encontrados nas lancheiras de todos os pré-escolares presentes no dia. Foram realizadas as somas dos lanches mais consumidos sendo expostos na forma de tabela com a porcentagem do consumo, por meio de estatistica descritiva simples. 3. Resultados e Discussões Durante as três manhãs de avaliação obteve-se um total de 50 lancheiras avaliadas entre 30 alunos em média de cada dia. Pode-se observar que nestes três dias de avaliação totalizaram-se oito alunos que realizaram o lanche da escola e quatro não consumiram nenhum alimento. Na tabela 1 pode-se verificar a distribuição e a porcentagem dos tipos de lanches encontrados na maioria das lancheiras. 2
Tabela 1 Descrição dos alimentos levados como lanche por alunos de duas turmas de uma Escola de Educação Infantil, Santa Maria, RS, 2011. Alimentos N % Bolacha recheada 17 34 Bolacha sem recheio 14 28 Salgadinho 9 18 Derivados de leite 12 24 Frutas 7 14 Bolo Outros 5 4 10 8 É importante ressaltar que algumas crianças não se alimentavam no período da manhã, o que poderia estar dificultando o processo de aprendizagem. Bons níveis educacionais também são resultados de alunos bem alimentados e aptos a desenvolver todo seu potencial de aprendizagem. Uma alimentação saudável e nutritiva é nesse sentido, base para o crescimento das gerações que construirão o futuro deste país (WEIS; CHAIM; BELIK, 2005). Além de um instrumento de educação alimentar a alimentação escolar também é importante porque para muitas crianças, trata-se da principal refeição do dia. Isto é verificado principalmente nas regiões mais pobres como Norte e Nordeste. Esta realidade é ainda mais grave quando consideramos a situação nutricional da população infanto-juvenil brasileira: em estudo realizado em 2001 em dez capitais do País, foi observado um percentual de até 49% de anemia entre crianças menores de cinco anos (WEIS; CHAIM; BELIK, 2005). Mais do que representar apenas um dos períodos para alimentação, a escola é responsável por uma parcela importante do conteúdo educativo global, inclusive do ponto de vista nutricional. Portanto, oferecer alimentação equilibrada e orientar os alunos para a prática de bons hábitos de vida também é um dever da escola, pois a criança bem alimentada apresenta maior aproveitamento escolar, tem o equilíbrio necessário para seu 3
crescimento e desenvolvimento e mantém as defesas imunológicas adequadas (SANTANA, 2008). Observou-se nas análises dos resultados o consumo excessivo de alimentos de alto valor calórico e baixo valor nutricional como, por exemplo: bolachas recheadas, bolachas sem recheio e salgadinhos, (tabela 1) o que é preocupante, pois em longo prazo vai afetar o estado nutricional das crianças podendo levar à obesidade infantil. Os professores deverão incentivar suas crianças a ingerir alimentos nutritivos e que fazem bem à saúde. Implantar uma campanha ou um projeto valorizando a importância das frutas e verduras no cardápio da alimentação para o organismo humano é um bom começo. Uma boa escola não ensina a criança a se alimentar apenas na teoria. A alimentação saudável é um hábito que pode ser ensinado na prática (SANTANA, 2008). Apesar de 14% das crianças levarem frutas para escola, esse número ainda é muito baixo (tabela 1). É preciso investir no consumo de verduras, frutas e legumes onde estes possuem o papel de controlar o funcionamento do organismo, regular as funções dos órgãos e sistemas do corpo humano (WEIS; CHAIM; BELIK, 2005). Nos dias atuais existe um baixo consumo de frutas por parte das crianças. Os autores justificam que, devido ao estilo de vida atual, as famílias utilizam primordialmente alimentos industrializados, devido sua praticidade (WEIS; CHAIM; BELIK, 2005). Outro aspecto a ser considerado é a grande quantidade de ítens incluídos nas lancheiras. Esta prática deve ser desencorajada, para que a criança possa ter uma alimentação programada e de qualidade (CAMPOS; ZUANON, 2004). Deve-se então considerar a interação entre os nutrientes, para que a biodisponibilidade seja respeitada, por exemplo, servir produtos que são fonte de ferro, carnes e feijão, com produtos que são fonte de cálcio, como leite e derivados, prejudica a absorção do ferro pelo organismo; já combinar alimentos que são fontes de ferro com alimentos que são fonte de vitamina c, como frutas, ajuda a absorção do ferro (WEIS; CHAIM; BELIK, 2005). Segundo Barros (2004), é preciso que alimentos ricos em calorias e pobres nutricionalmente não sejam vendidos nas escolas nem promovidos pela mídia. As pessoas precisam saber que comer é uma atividade saudável e prazerosa, mas que não é isenta de riscos, que não se pode comer à vontade e depois só tomar um remédio contra a azia. 4
4. Conclusão Diante dos resultados encontrados pode-se concluir que, a educação nutricional deve ser utilizada como estratégia para alteração da qualidade dos lanches à fim de proporcionar a incorporação de hábitos saudáveis nas crianças deste grupo etário, pois é um período considerado importante devido a criança estar em processo de crescimento e desenvolvimento. O uso de preparações industrializadas e calóricas nas lancheiras das crianças mostrou-se relativamente altos, tornando-se assim preocupante o estado nutricional e o desenvolvimento de doenças tendo ênfase na obesidade. Referências Bibliográficas BARROS, A. Um quebra-cabeça chamado obesidade. Jornal de Pediatria, - v. 80, n. 1, p.8, 2004. CAMPOS, J.; ZUANON, A. Merenda escolar e promoção de saúde. Ciência de Odontologia Brasileira. v.7, n.3, p. 67-71, 2004. SANTANA, D. A obesidade infantil nas escolas. 2008. Disponível em: http://www.webartigos.com/>. Acesso em: 18 abr. 2011. WEIS, B.; CHAIM, N.A.; BELIK, W. Manual de Gestão Eficiente da Merenda Escolar. 2. ed. São Paulo: Margraf, 2005. YOKOTA, R. T. de C. et al. Projeto a escola promovendo hábitos alimentares saudáveis : comparação de duas estratégias de educação nutricional no Distrito Federal, Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n. 1, p. 37-47, 2010. 5