HENRIQUE MARTINS NEVES REGULAMENTOS DE USO DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS ITALIANAS E BRASILEIRAS PARA A VARIEDADE RIESLING ITÁLICO

Documentos relacionados
CAPÍTULO 1 A VITICULTURA NA INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA PINTO BANDEIRA: CADASTRO VITÍCOLA GEORREFERENCIADO

Indicações Geográficas de Vinhos no Brasil

DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS. André Larentis Diretor Técnico

CAPÍTULO 1 A VITICULTURA NA DELIMITAÇÃO DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS: CADASTRO VITÍCOLA GEORREFERENCIADO

GEORREFERENCIAMENTO DA ÁREA DE REFERÊNCIA DA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA REGIÃO DE MONTE BELO

O REGULAMENTO DE USO DA INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA VALE DO SÃO FRANCISCO

A Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos. Rogério Carlos Valduga Presidente Aprovale - Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos

INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS DE VINHOS DO BRASIL Desenvolvendo Produtos e Territórios

CAPÍTULO 2 GEORREFERENCIAMENTO DA REGIÃO DELIMITADA DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS: CARTAS IMAGEM

FL01836 APROBELO 2013 FL-PP Região de MONTE BELO Indicação de Procedência APR~BELO. Vinhos Finos Tranquilos e Espumantes

Módulo 8 Enografia Nacional

QUALIDADE RECONHECIDA

CAPÍTULO 3 CARACTERIZAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA DA VITICULTURA NA ÁREA GEOGRÁFICA DELIMITADA DA INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA PINTO BANDEIRA


CAPÍTULO III EVOLUÇÃO DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 1995 A 2012

CAPÍTULO III EVOLUÇÃO DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 1996 A 2015

Documentos. O REGULAMENTO DE USO DA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA ALTOS MONTES Vinhos Finos Tranquilos e Espumantes ISSN

Indicação Geográfica (IG):

OS FATORES NATURAIS E A VITIVINICULTURA

Regulamento. de participação. l empresas vinícolas com registro junto ao Ministério da Agricultura;

CAPÍTULO 2 GEORREFERENCIAMENTO DA REGIÃO DE REFERÊNCIA DA INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA PINTO BANDEIRA: CARTAS IMAGEM

Variedades e sistemas de produção da viticultura para vinho da região do Vale do Submédio São Francisco

CAPÍTULO I DADOS CADASTRAIS DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 2013 A 2015

CAPÍTULO 3 CARACTERIZAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA DA VITICULTURA NA REGIÃO DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS

Vinhos regionais: regulamentação no Brasil

Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul Lei nº /2012 de 03 de julho de 2012.

Referência bibliográfica: TONIETTO, Jorge. Indicação geográfica Vale dos Vinhedos: sinal de qualidade inovador na produção de vinhos brasileiros.

Indicação de Procedência. Farroupilha VINHOS FINOS MOSCATÉIS

Guilherme da Costa Menezes 1 Luiz Carlos Tomedi Junior 1 Rosemary Hoff 1 Ivanira Falcade 2 Jorge Tonietto 1

N O T A T É C N I C A - F R O N T E I R A - Demarcação da Zona de Produção Vitivinícola

Porta enxertos e Cultivares CVs da videira: INTRODUÇÃO PORTA-ENXERTOS CVs PARA PROCESSAMENTO CVs PARA MESA CVs PARA VINHOS

Vinhos Finos Como regular um mundo de composição infinita? Brasília, 2 de setembro de André Maia

UVAS FINAS DE MESA. * Bicane x Moscato Hamburgo. * Principal no Brasil. * Sabor moscatel. * Alta produtividade * Exigente em mão-dem

CAPÍTULO II GEORREFERENCIAMENTO DO CADASTRO VITÍCOLA DO RIO GRANDE DO SUL: SITUAÇÃO EM 2015

Opções de Cultivares de Uva para Processamento desenvolvidas pela Embrapa

Indicação Geográfica (IG) para Vinhos no Brasil

Escrito por Administrador Qui, 17 de Setembro de :27 - Última atualização Qui, 17 de Setembro de :41

Região Vitivinícola do Algarve

Espécies, cultivares e clones de videira

Documentos O REGULAMENTO DE USO DA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA FARROUPILHA. Vinhos Finos Moscatéis ISSN Novembro,

Documentos. O REGULAMENTO DE USO DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS Vinhos Finos Tranquilos e Espumantes ISSN

Farroupilha: Revelados os vencedores da 9ª Seleção de Vinhos

Panorama vitivinícola do Brasil. Eng. Agr. Mauro Zanus Chefe-Geral Embrapa Uva e Vinho

CARTA DE BEBIDAS HARMONIZAÇÃO COM VINHOS VINHOS EM TAÇA. Cem reais por pessoa

Coordenadores deste número especial do Brasil - Ivanira Falcade UCS - Rosa Maria Vieira Medeiros UFRGS - Jorge Tonietto Embrapa Uva e Vinho

77 mil hectares hemisfério sul desde latitude 30 o até latitude 5 º Regiões Temperadas (repouso hibernal) Regiões Subtropicais (dois ciclos anuais)

DO BRASIL. CATÁLOGO DE PRODUTOS vinhos & espumantes

Comunicado191 Técnico

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

CAPÍTULO IV PAISAGENS DAS REGIÕES VITÍCOLAS DO RIO GRANDE DO SUL

O MERCADO DE VINHO BRASILEIRO NO BRASIL E NO EXTERIOR

Ciência para Vida - Curso de Degustação Embrapa

Indicação Geográfica (IG):

Capítulo 3 EVOLUÇÃO DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 1996 A Loiva Maria Ribeiro de Mello

Parte1.

Comparativo dos regulamentos de uso e controles de indicações geográficas de vinhos do Brasil e Itália

A melhor reserva de cada ano

Univ. Anhembi Morumbi Tecnologia em Gastronomia Enologia Ubiratan de Assunção Miranda

Um passeio pelo Mundo do Vinho

CAPÍTULO II GEORREFERENCIAMENTO DO CADASTRO VITÍCOLA: METODOLOGIA, ESPACIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS DO VINHO NO BRASIL

Produção de Uvas e Vinhos

Documentos. Metodologia de Avaliação de Impactos Econômicos, Sociais e Ambientais para Indicações Geográficas O Caso do Vale dos Vinhedos

Capítulo 2 GEORREFERENCIAMENTO DO CADASTRO VITÍCOLA DO RIO GRANDE DO SUL: SITUAÇÃO EM 2015

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A BRACARA IMPORTADORA. PROIBIDO A DIVULGAÇÃO DESTE MATERIAL

Viníferas em Regiões Tropicais

Comunicado Nº51 Técnico

Samara Ferreira da Silva 1 ; Rinaldo Barbosa Júnior 1 ; Patrícia Coelho de Souza Leão 2. Resumo

Vinhos Brancos. Seleção Especial. Brasileiros. Avaliação Nacional de Vinhos 2018

III. CADERNO DE ESPECIFICAÇÕES: Estatuto: Em anexo Nome do processo: CVR Lisboa-Caderno Especificações DO ÓBIDOS final.pdf

VINHOS DECIMA A PAIXÃO PELA ENOLOGIA

Universidade Federal do Pampa. Cadeias Produtivas Agrícolas

CAPÍTULO I DADOS CADASTRAIS DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 2008 A 2012

Mauro Zanus e Giuliano Pereira Pesquisador Enologia Embrapa Uva e Vinho e

Caderno de Especificações IG AÇORES PGI-PT- A1447. I. NOME(S) A REGISTAR: Açores

DOC: Produto Regional, Mercado Global 3º Fórum de Agricultura da América do Sul

Palavras-Chave: Moscatel; Vitivinicultura; Comercialização; Mercado vitivinícola.

Indicações Geográficas no Brasil: Governança e Institucionalização. Paulo Niederle Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Introdução. O vinho, talvez tenha sido descoberto por acaso...

PODA ANTECIPADA DA VIDEIRA ENG. AGRÔNOMO E TECNÓLOGO EM VITICULTURA E ENOLOGIA: PAULO ADOLFO TESSER

Vinhos finos do Brasil: diversidade de regiões, tipos e estilos de produtos

N O T A T É C N I C A - S E R R A G A Ú C H A - Demarcação da Zona de Produção Vitivinícola

INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE NOVAS CULTIVARES PARA VINHO NO VALE DO SÃO FRANCISCO

Palavras-chave: Uva. Variedade. Qualidade. Viticultura. Enologia tropical. Trópico semiárido

ABS Paraná Sommelier Básico 01/04/2013. França. Ronei Luiz Andretta

A REGIONALIZAÇÃO COMO FORMA DE VALORIZAÇÃO DO VINHO CATARINENSE

Comunicado137. Técnico. Vitivinicultura Brasileira: Panorama Loiva Maria Ribeiro de Mello 1. Introdução. Produção de uvas

2 CULTIVARES DE VIDEIRA PARA PROCESSAMENTO

Comunicado 76 Técnico

Comunicado199 Técnico

III. CADERNO DE ESPECIFICAÇÕES: Estatuto: Em anexo Nome do processo: Cad. especificações IG Alentejano final.pdf

REGULAMENTO ENCONTRO DE ESCOLAS DE ENOLOGIA DO BRASIL BENTO GONÇALVES RS e 27 de setembro de 2019

Quem conhece o Mantovani, sabe de sua ligação com os vinhos. Aliás, até os produz.

ISSN Foto: Rudimar Zanesco. Vitivinicultura brasileira: panorama 2017 COMUNICADO TÉCNICO. Loiva Maria Ribeiro de Mello

Espumantes. Frisantes. Vinhos Brancos. Espanha. Itália. 000 Cava Don Román Brut Penedés... R$ 79, Cava Don Román Demi Sec Penedés...

Documentos ISSN Novembro, Cultivares Uva para processamento Vinho de mesa

REGULAMENTO ENCONTRO DE ESCOLAS DE ENOLOGIA DO BRASIL BENTO GONÇALVES RS 2019

LEVEDURAS CHALLENGE. São 3 as características que distinguem a gama de leveduras Challenge:

Caracterização Físico-Química de Vinhos Brancos Elaborados na Região do Submédio do Vale do São Francisco, Brasil

Transcrição:

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS BENTO GONÇALVES HENRIQUE MARTINS NEVES REGULAMENTOS DE USO DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS ITALIANAS E BRASILEIRAS PARA A VARIEDADE RIESLING ITÁLICO Professor Orientador: Dr. Eduardo Giovannini Co-orientador: Dr. Jorge Tonietto Bento Gonçalves, 2011

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS BENTO GONÇALVES HENRIQUE MARTINS NEVES REGULAMENTOS DE USO DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS ITALIANAS E BRASILEIRAS PARA A VARIEDADE RIESLING ITÁLICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Tecnologia em Viticultura e Enologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves como parte dos requisitos para a conclusão do Curso. Professor Orientador: Dr. Eduardo Giovannini Co-orientador: Dr. Jorge Tonietto Bento Gonçalves 2011

Dedicatória destes anos. Dedico este trabalho à minha família, pelo carinho e apoio incondicional ao longo

Agradecimentos A todos os colegas de faculdade, com os quais muito aprendi sobre Viticultura e Enologia; Aos mestres do IFRS campus Bento Gonçalves, que muito contribuíram com o meu conhecimento; A Embrapa Uva e Vinho, pela oportunidade de realizar meu estágio não curricular na instituição. Pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio ao projeto em conjunto com a Embrapa Uva e Vinho; Ao Dr. Jorge Tonietto, pela orientação durante o estágio na Embrapa Uva e Vinho e pela aprendizagem que obtive; Ao Dalton Zat, pelo convívio e trabalho realizado no laboratório de Meteorologia da Embrapa Uva e Vinho; Ao Dr. Eduardo Giovannini, pela orientação do trabalho e pela amizade ao longo do Curso.

RESUMO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi elaborado com o objetivo de realizar uma comparação entre os Regulamentos de Uso (RU) das Indicações Geográficas brasileiras e italianas que autorizam a variedade Riesling Itálico para a elaboração de vinhos tranquilos, vinhos espumantes e vinhos frisantes, sendo estes varietais ou de corte. Foram encontrados 23 vinhos com Denominação de Origem Controlada (DOC), nenhum vinho com Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG) e 15 vinhos com Indicação Geográfica Típica (IGT) que autorizam a variedade na Itália. Todas as Indicações Geográficas autorizam a utilização desta variedade. A comparação dos resultados dos vinhos IGT com a Indicação de Procedência (IP) Vale dos Vinhedos, demonstrou que o potencial alcoométrico natural mínimo da IP é menor do que os analisados nas IGT, enquanto a máxima produtividade por hectare, não apresentou diferenças significativas em relação às IGT. A IP Pinto Bandeira demonstrou-se mais rigorosa do que as IGT em todos quesitos analisados. A comparação entre as DOC e a DO Vale dos Vinhedos demonstrou que a DO Vale dos Vinhedos é mais rigorosa em todos quesitos analisados em relação as DOC. Palavras-chave: Indicação Geográfica, Riesling Itálico, Denominação de Origem.

ABSTRACT This article was elaborated with the objective of provide one comparative research between the Brazilian and Italian Geographical Indications of wine that authorized the Riesling Itálico grape variety to elaborate still wines, sparkling wines and semi-sparkling wines, monovarietal or assemblage. It was founded 23 wines with DOC and none of the DOCG wines allowed the use of the Riesling Itálico. There were also 15 wines IGT that allowed the variety in Italy. All the Brazilian Geographical Indications allows the use of the Riesling Itálico. The comparison between the Brazilian and Italian Geographical Indications reveals that the IP Vale dos Vinhedos is less rigorous on the minimum natural alcohol potential than the IGT wines do. When it was compared the maximum production per hectare of grapes, there weren't significance differences between them. The IP Pinto Bandeira is more rigorous than the IGT wines analyzed in all of the studied terms. The comparison between the DOC wines and the DO Vale dos Vinhedos wine reveals that the DO Vale dos Vinhedos is more rigorous than the DOC wines in all the terms analyzed. Keywords: Geographical Indications, Riesling Itálico, Denomination of Origin.

LISTA DE TABELAS Lista de Tabelas Tabela 1: Vinhos DOC da Região da Emilia Romagna que autorizam a variedade Riesling Itálico...26 Tabela 2: Vinhos IGT da Região da Emilia Romagna que autorizam a variedade Riesling Itálico...26 Tabela 3: Vinhos DOC da Região da Lombardia que autorizam a variedade Riesling Itálico 27 Tabela 4: Vinhos IGT da Região da Lombardia que autorizam a variedade Riesling Itálico. 28 Tabela 5: Vinhos DOC da Região do Piemonte que autorizam a variedade Riesling Itálico. 28 Tabela 6: Vinhos DOC da Região da Friul-Veneza Júlia que autorizam a variedade Riesling Itálico...29 Tabela 7: Vinhos IGT da Região da Friul-Veneza Júlia que autorizam a variedade Riesling Itálico...30 Tabela 8: Vinhos DOC da Região de Trentino Alto Adige que autorizam a variedade Riesling Itálico...31 Tabela 9: Vinhos IGT da Região de Trentino Alto Adige que autorizam a variedade Riesling Itálico...31 Tabela 10: Vinhos DOC da Região do Veneto que autorizam a variedade Riesling Itálico...32 Tabela 11: Vinhos IGT da Região do Veneto que autorizam a variedade Riesling Itálico...33 Tabela 12: Vinhos DOC da Região da Toscana que autorizam a variedade Riesling Itálico..34 Tabela 13: Vinhos IGT da Região da Toscana que autorizam a variedade Riesling Itálico...34 Tabela 14: Vinhos DOC da Região da Umbria que autorizam a variedade Riesling Itálico...35 Tabela 15: Vinhos DOC da Região de Marche que autorizam a variedade Riesling Itálico...35 Tabela 16: Vinhos DOC da Região de Abruzzo que autorizam a variedade Riesling Itálico. 36 Tabela 17: Vinho IP Vale dos Vinhedos...36 Tabela 18: Vinho IP Pinto Bandeira...37 Tabela 19: Vinho DO Vale dos Vinhedos...37 Tabela 20: Comparação entre os vinhos IGT italianos com os Vinhos IP Vale dos Vinhedos e IP Pinto Bandeira...38 Tabela 21: Comparação entre os vinhos DOC italianos com os Vinhos DO Vale dos Vinhedos...39

SUMÁRIO Introdução...9 1 A Serra Gaúcha...10 2 As Indicações Geográficas...11 2.1 Denominação de Origem e Indicação Geográfica na Comunidade Europeia...11 2.2 As proteções geográficas italianas...12 2.3 As Indicações Geográficas brasileiras...14 2.3.1 Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos...15 2.3.2 Indicação de Procedência Pinto Bandeira...15 2.3.3 Indicações de Procedências em desenvolvimento...16 2.3.4 Denominação de Origem Vale dos Vinhedos...17 3 A Riesling Itálico...18 3.1 A Riesling Itálico no Brasil...18 3.2 Diferenças entre a Riesling Itálico e Riesling Renano...19 3.3 A Riesling Itálico no Mundo...20 3.4 A Riesling Itálico na Itália...20 4 Objetivos do trabalho...22 4.1 Objetivo Geral...22 4.2 Objetivos Específicos...22 5 Materiais e Métodos...23 5.1 Pesquisa das IG da Comunidade Europeia de vinho...23 5.2 Pesquisa bibliográfica das IG italianas de vinho...23 5.3 Pesquisa bibliográfica das IG brasileiras de vinho...24 5.4 Comparação entre os RU italianos e brasileiros...24 6 Resultados e discussão...25 6.1 Os RU que autorizam a Riesling Itálico nas IG e DO Italianas...25 6.1.1 Região da Emília-Romagna...25 6.1.2 Região da Lombardia...27 6.1.3 Região do Piemonte...28 6.1.4 Região da Friul-Veneza Júlia...29 6.1.5 Região de Trentino-Alto Ádige...30 6.1.6 Região do Vêneto...31 6.1.7 Região da Toscana...34 6.1.8 Região da Umbria...34 6.1.9 Região de Marche...35 6.1.10 Região de Abruzzo...35 6.2 Os RU que autorizam a Riesling Itálico nas IG brasileiras...36 6.2.1 IP Vale dos Vinhedos...36 6.2.2 IP Pinto Bandeira...36 6.2.3 DO Vale dos Vinhedos...37 6.3 Comparação entre as IG brasileiras e italianas...38 Considerações Finais...41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...42

Introdução A vitivinicultura brasileira está intrinsecamente ligada à Serra Gaúcha do Rio Grande do Sul, região que é responsável pela produção de mais de 90% do vinho brasileiro. Sua história remete aos anos de 1875, com o início da colonização da região e implantação dos primeiros vinhedos e vinícolas, tendo evoluído por estágios até chegar a atual conjuntura de vinhos com Indicação Geográfica (IG). O desenvolvimento das IG tem se mostrado uma ferramenta eficaz de valorização dos produtos da região demarcada, agregando valores tais como a qualidade, tipicidade e identidade, assegurando um diferencial diante os demais produtos vitícolas no mercado. Um fator que garante notoriedade a região demarcada é o conceito de variedades emblemáticas. Dentro deste contexto, a variedade Riesling Itálico apresenta-se como uma forte candidata para se enquadrar como uma variedade emblemática. A variedade possui uma adaptação agronômica muito boa à Serra Gaúcha, proporcionando além de uma boa produtividade, uva com características muito interessantes para a vinificação, principalmente para a elaboração de vinho base para espumantes. Devido a estas qualidades, a Riesling Itálico foi amplamente difundida na região, chegando a ser a variedade vinífera mais difundida no Rio Grande do Sul. Porém, a partir da segunda metade da década de 90, a Riesling Itálico foi perdendo sua hegemonia e prestígio para outras variedades, o que reduziu sua área de vinhedos significativamente. Este trabalho tem como objetivo demonstrar a potencialidade da variedade Riesling Itálico tornar-se uma das variedades emblemáticas das indicações geográficas brasileiras, realizando uma pesquisa bibliográfica dos Regulamentos de Uso (RU) das IG italianas, a fim de localizar em quais delas a variedade é autorizada para a elaboração de vinhos tranquilo, frisantes e espumantes, elaborando vinhos varietais ou de corte. Com os resultados da pesquisa, realizar uma comparação entre os RU italianos e brasileiros que possibilite situar as IG brasileiras em relação às italianas, quanto ao seu rigor e os produtos elaborados, assim como em quais regiões da Itália a variedade é autorizada nos RU. 9

1 A Serra Gaúcha A Serra Gaúcha se localiza no nordeste do Estado do Rio Grande do Sul e é a região que contém os cinco municípios com maior área de vinhedos cultivados no Estado: Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Farroupilha, Garibaldi e Monte Belo do Sul que juntos abrangem 19.949,66 hectares de vinhedos, correspondendo a 51,81% da área vitícola do Estado (MELLO, 2008). A região pertence à província geomorfológica do Planalto das Araucárias, com altitudes médias de 300 a 900 metros e tem como principal bacia hidrográfica o Rio das Antas (FALCADE et al., 1999). O clima apresenta-se, de acordo com o sistema de Classificação Climática Multicritério CCM, úmido, temperado quente, de noites temperadas (TONIETTO e CARBONNEAU, 1999). A região possui uma tradição vitivinícola ligada a sua colonização por imigrantes italianos, tendo passado por distintas fases evolutivas ao longo de sua história: o primeiro, o da implantação da vitivinicultura, com vinhos elaborados a partir de variedades americanas; o segundo, com a diversificação dos produtos, com a elaboração de vinhos de variedades hibridas e viníferas; o terceiro com o incremento da qualidade, com a elaboração de vinhos varietais e o quarto período, que é a de vinhos com Indicação Geográfica (TONIETTO, 2005). A evolução da vitivinicultura brasileira para esta quarta geração, levou ao desenvolvimento das Indicações Geográficas vitícolas brasileiras. A primeira, foi a Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos e posteriormente, a Indicação de Procedência Pinto Bandeira. Ainda está em fase de publicação a primeira Denominação de Origem brasileira, a Denominação de Origem Vale dos Vinhedos. Existe também outras Indicações Geográficas em fase de desenvolvimento na Serra Gaúcha, tais como a de Monte Belo, Altos Montes e Farroupilha. 10

2 As Indicações Geográficas O termo Indicações Geográficas (IG) é utilizado para designar produtos que possuam qualidade, reputação ou outra característica do produto que são essencialmente atribuídos à sua origem geográfica (OMC, 1994). É um termo que engloba todas formas de proteção para indicações de origem geográficas, inclusive as Apelações de Origens AOC. (O'CONNOR, 2004). 2.1 Denominação de Origem e Indicação Geográfica na Comunidade Europeia As Denominações de Origens (DO) e Indicações Geográficas (IG) na Comunidade Europeia (CE) para o setor vitivinícola são regidas pelo regulamento nº 491 de 25 de Maio de 2009, que estabeleceu uma organização comum dos mercados agrícolas e disposições específicas para certos produtos agrícolas Regulamento OMC único. Segundo este regulamento, existe duas classificações de origem geográfica protegida: a Denominação de Origem e a Indicação Geográfica (CONSELHO DA UNIÃO EUROPÉIA, 2009). A Denominação de Origem é definida como o nome de uma região, de um local determinado ou, em casos excepcionais, de um país, que serve para designar um produto referido, devendo cumprir as exigências de que suas qualidades e características devem-se essencialmente, ou exclusivamente a um meio geográfico específico, incluindo os fatores naturais e humanos. As uvas a partir das quais o vinho é produzido, devem ser provenientes apenas da área geográfica, sendo sua produção nesta área e a partir de castas Vitis vinífera. A Indicação Geográfica é uma indicação relativa a uma região, um local determinado ou, em casos excepcionais, um país, que serve para designar um produto referido, que atendem as exigências de possuir: determinada qualidade, reputação ou outras características que podem ser atribuídas a essa origem geográfica; no mínimo 85% das uvas utilizadas para vinificação são da área geográfica; sua produção ocorre na área geográfica e é obtido a partir de castas pertencentes ao gênero Vitis Vinífera ou proveniente de um cruzamento Vitis Vinífera com outra do gênero Vitis. 11

O requerimento de proteção pode ser realizado por um grupo de agricultores interessados ou, em casos excepcionais, um produtor individual. No pedido de proteção, deve constar além do nome a proteger e o nome e endereço do requerente, um documento que ateste a produção atende as condições de produção associadas à DO ou IG. Neste documento deve constar: a demarcação da área geográfica; os rendimentos máximos por hectare; a(s) casta(s) das qual(is) o vinho é obtido e a descrição do vinho: com DO, deve constar suas principais características analíticas e organolépticas e os vinhos com IG, suas principais características analíticas e uma avaliação, ou indicação das suas características organolépticas. 2.2 As proteções geográficas italianas Na Itália, o Decreto Legislativo número 61, de 8 de Abril de 2010 regulamenta a utilização das Denominações de Origem e das Indicações Geográficas do vinho. Segundo este decreto, são designados como Denominação de Origem Protegida (DOP) do vinho o nome geográfico de uma zona vitícola particularmente adequada para designar um produto de qualidade e renomado, cujas características se devem, essencialmente ou exclusivamente ao ambiente natural e ao fator humano (ITÁLIA, 2010). A Indicação Geográfica Protegida (IGP) do vinho é o nome de uma área geográfica utilizado para designar o produto que possui qualidade, notoriedade e características específicas atribuídas a tal região. As DOP são classificadas em: Denominação de Origem Controlada (DOC) e Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG). Já a IGP é classificada em Indicação Geográfica Típica (IGT). Para o reconhecimento de uma DOC, o vinho deve ser proveniente de uma área já reconhecida, IGT há pelo menos cinco anos e para o reconhecimento de um DOCG, ele já deve ser DOC por pelo menos, dez anos. Como em um mesmo território podem coexistir DOP e IGP, é possível que o vinho seja classificado em um padrão mais alto ou até mesmo desqualificado, desde que atenda os Regulamentos de Uso da mesma. 12

Os Regulamentos de Uso (RU) são documentos que caracterizam as indicações protegidas, estabelecendo os seguintes parâmetros: a Indicação Geográfica, ou Denominação de Origem; a delimitação da área de produção; descrição das características físico-químicas e organolépticas, tais como título alcoométrico mínimo do vinho e potencial da uva utilizada para sua elaboração; rendimento máximo por hectare de uva e de vinho e ampelografia autorizada para a elaboração do vinho. Conforme o documento numero dei Vini a D.O.C.G. D.O.C. - I.G.T. Al 31 Dicembre 2010 do Ministério da Política Alimentar e Florestal da Itália, existem 386 DOP, sendo 10 destas inter-regionais, sendo subdivididos em 330 DOC e 56 DOCG e 118 IGP, conforme é possível observar na figura 1. Na figura 2, é possível observar a distribuição das DOP e IGP pelas 20 regiões italianas (ITÁLIA, 2010). Figura 1: Hierarquia das IGP e DOP italianas 13

Figura 2: Distribuição das IGP e DOP por região da Itália 2.3 As Indicações Geográficas brasileiras No Brasil, as Indicações Geográficas são regidas pela Lei Nº 9.279, de 14 de Maio de 1996, sendo definido como Indicação Geográfica (IG) a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO), sendo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI o responsável pelas condições de registro das IG (BRASIL, 1996). Considera-se uma IP o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Já para as DO, considera-se o 14

nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. 2.3.1 Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos A primeira Indicação de Procedência (IP) brasileira foi a do Vale dos Vinhedos, reconhecida pelo INPI em 2002. Sua área geográfica demarcada é de 81,23 km² e abrange 3 municípios: Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. São autorizadas apenas cultivares de Vitis Vinífera, sendo estas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Tannat, Pinot Noir, Gamay, Pinotage, Alicante Bouschet, Ancelotta, Egiodola, Chardonnay, Riesling Itálico, Sauvignon Blanc, Sémillon, Trebbiano, Pinot Blanc, Gewurztraminer, Flora, Prosecco, Moscatos e Malvasias. O rendimento máximo autorizado por hectare é de 150 hectolitros, sendo que 85% das uvas utilizadas para a elaboração de vinhos: tintos, brancos, rosados, leve, espumante natural, espumante moscatel e licoroso, devem ser proveniente da área geográfica demarcada, devendo obter ainda, um grau glucométrico mínimo de 14º para elaboração de vinhos brancos e 15º para vinhos tintos. Para que o vinho seja varietal, ele deve conter no mínimo 75% da uva especificada (TONIETTO, 2005). 2.3.2 Indicação de Procedência Pinto Bandeira A Indicação de Procedência Pinto Bandeira, concedida pelo INPI em 2010, possui uma área demarcada de 81,38 km², sendo localizada nos municípios de Bento Gonçalves e Farroupilha. Apenas é autorizado a utilização de cultivares do gênero Vitis Vinífera, sendo que para elaborar vinhos tintos, são autorizada as seguintes cultivares: Ancellota, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinotage, Sangiovese, Tannat e Pinot Noir. 15

Para elaborar vinhos brancos, as cultivares autorizadas são: Chardonnay, Gewurztraminer, Malvasia Bianca, Malvasia de Candida, Moscato Branco, Sauvignon Blanc, Moscato Giallo, Viognier, Peverella, Riesling Itálico, Sémillon e Trebbiano. No espumante natural, são a Chardonnay, Riesling Itálico, Viognier e a Pinot Noir. Para o moscatel espumante: Moscato Branco, Moscato Giallo, Moscatel Nazareno, Moscato de Alexandria, Malvasia de Candida e Malvasia Bianca. A produtividade máxima por hectare no sistema latada é de 12 megagramas por hectare (Mg ha 1 ) para a elaboração de vinhos tintos, brancos e espumantes naturais. No caso do espumante moscatel, a produtividade máxima é de 14 Mg ha 1. Já para a condução em espaldeira e em Y, a produtividade máxima por hectare é de 9 Mg ha 1, independentemente do produto a ser elaborado. Para a elaboração de vinhos e espumantes, as uvas utilizadas devem pertencer a área geográfica demarcada em pelo menos 85% do volume total e possuir um grau glucométrico mínimo para vinificação de: 18 para vinhos tintos; 16 para vinhos brancos e espumantes naturais e 14 para moscatel espumante. 2.3.3 Indicações de Procedências em desenvolvimento O projeto IG vinhos está realizando um trabalho intitulado Desenvolvimento das Indicações Geográficas de vinhos Farroupilha e Alto Montes no APL de Vitivinicultura, que envolve uma equipe multidisciplinar da Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS e a Universidade de Caxias do Sul - UCS. O projeto visa obter a Indicação de Procedência para Altos Montes e Farroupilha. A IP Altos Montes contará com uma área geográfica demarcada localizada entre os municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua. Contará com a Associação de Produtores de Vinhos dos Altos Montes (Apromontes como a entidade requerente da IG). A IP Farroupilha desenvolvida em conjunto com a Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados Afavin, que será a entidade requerente da IG. 16

A Indicação de Procedência Monte Belo está sendo desenvolvida a partir de uma parceria entre a Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, Universidade de Caxias do Sul UCS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS e a Associação dos Produtores de Vinhos Finos de Monte Belo do Sul. Compreende uma área geográfica delimitada de 50,49 km² que abrangem os municípios de Monte Belo do Sul, Bento Gonçalves e Santa Tereza. Para os vinhos poderem receber esta IP, a uva utilizada deverá provir somente da área geográfica delimitada, sendo somente autorizadas para elaboração de vinhos brancos as seguintes variedades: Chardonnay e a Riesling Itálico para elaboração de vinhos varietais, sendo autorizado o corte com a Trebbiano. Para os tintos, são autorizadas a Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Tannat. Nos espumantes finos, são autorizadas a Riesling Itálico, Chardonnay, Trebbiano, Prosecco e Pinot Noir. Os espumantes moscatéis deverão ser elaborados com cultivares Moscatéis de Vitis Viníferas (TONIETTO ET AL,. 2008). 2.3.4 Denominação de Origem Vale dos Vinhedos A Denominação de Origem Vale dos Vinhedos já se encontra em tramite no INPI, porém ainda não foi concedido o registro da Indicação Geográfica. Sua área geográfica delimitada é de 72,45 km², que abrangem três municípios: Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. As variedades autorizadas para a elaboração de vinhos finos tintos secos são: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Tannat; para os vinhos finos brancos secos: Chardonnay e Riesling Itálico; e nos espumantes brancos ou rosados finos: Chardonnay, Riesling Itálico e Pinot Noir. O sistema de condução autorizado é a espaldeira, sendo a produtividade máxima por hectare de 10 Mg ha 1 para a elaboração de vinhos finos tintos e brancos e, 12 Mg ha 1 para elaboração de vinhos espumantes brancos ou rosados. A graduação mínima da uva para elaboração de vinhos tintos finos deve ser de 12% em volume de álcool potencial e de 11% para os vinhos finos brancos. Para os vinhos base de espumantes, a graduação máxima 17

potencial da uva será de 11,5%. As uvas utilizada para elaboração de vinhos com a IG deverão prover da área geográfica delimitada, sendo que nos vinhos tintos secos finos deverão possuir no mínimo 60% da cultivar Merlot para ser um vinho de corte e 85% da variedade Merlot para ser considerado um vinho varietal. A graduação alcoólica mínima deve ser de 12% em volume. Nos vinhos finos brancos, deverão possuir no mínimo 60% de uvas Chardonnay para serem vinhos de corte e 85% da Chardonnay para serem considerados varietais. A graduação alcoólica mínima dos vinhos será de 11% em volume. Os vinhos base para elaboração de espumantes brancos ou rosados deverão conter 60% de Chardonnay e/ou Pinot Noir. 3 A Riesling Itálico 3.1 A Riesling Itálico no Brasil A variedade Riesling Itálico é originária da Europa Centro-Oriental e selecionada no Nordeste da Itália (GIOVANINNI, 2009), sendo trazida pela Estação Agronômica de Porto Alegre em 1900.A partir de 1973 houve um grande incremento da área cultivada (GUERRA ET AL., 2009), chegando a ser a cultivar vinífera com maior área de vinhedos em 1995 e 1996 no Estado do Rio Grande do Sul. A Riesling Itálico foi perdendo espaço para outras variedades a partir de 1996 e em 2007 possuía uma área de vinhedos de 335,39 hectares, correspondente a uma área 47,75% menor que a de 1995. A variedade apresenta uma adaptação muito boa na Serra Gaúcha, apresentando médio vigor, boa brotação e uma fertilidade de gemas muito boa. 18

700 600 500 Área (ha) 400 300 200 100 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano Gráfico 1: A Evolução da Riesling Itálico no Rio Grande do Sul O vinho elaborado com a variedade possui como característica não apresentar aromas e sabores muito intensos, além de uma acidez adequada, o que o torna ideal para elaboração de vinho base para espumantes. A variedade possui um valor histórico para a vitivinicultura brasileira, já que foi a primeira vinífera a ser utilizada para elaboração de vinhos brancos (ZANUS e TONIETTO, 2008). 3.2 Diferenças entre a Riesling Itálico e Riesling Renano A Riesling Itálico é muito confundida com a Riesling Renano, já que os vinhos elaborados com a variedade no Brasil são comumente denominados Riesling, sem especificar se é o Itálico ou o Renano. A Riesling Renano é muito pouco difundido no Estado, com uma área de vinhedos de 26 hectares em 2007, muito inferior aos 335 hectares da Riesling Itálico (MELLO ET AL.,TON 2008). 19

A Riesling Itálico não possui qualquer relação genética com a Riesling Renano, possuindo diferenças morfológicas e produzindo vinhos distintos (CALÒ EL AL., 2001). Segundo o Vitis International Variety Catalogue (VIVC), a origem da variedade Riesling Itálico é francesa, possuindo 63 sinônimos da variedade listados. 3.3 A Riesling Itálico no Mundo Além do Brasil, a variedade é cultivada principalmente na Itália, Croácia, Hungria e Áustria. Na Croácia, a Graševina (Riesling Itálico) é a variedade mais representativa, correspondendo a 26,4% dos vinhedos da região (VRDOLJAK, 2010), assim como na Hungria, onde é a variedade de uva branca, de qualidade, mais difundida em todo país, exceto em Tokaj, sendo chamada de Olaszrizling, com um total de 6.500 hectares (ROHÁLY, 2003). Na Áustria, a Welschriesling (Riesling Itálico) é a segunda variedade branca mais importante, com 4.333 ha de vinhedos implementados, o que corresponde a 8,2% do total da área cultivada no país. (ARBEITHUBER e PEXIDER, 2009). 3.4 A Riesling Itálico na Itália A Riesling Itálico é cultivado no Norte, Nordeste e na região Central da Itália. No Norte, a Riesling Itálico é cultivada nas regiões da Emília-Romanha, Lombardia e no Piemonte. No Nordeste, nas regiões de Friul-Veneza Júlia, Trentino-Alto Ádige e no Vêneto. No centro, nas regiões da Toscana, Umbria, Marche e Abruzzo. Segundo o 5º Censo geral da agricultura, realizado em 22 de Outubro de 2000, há aproximadamente 2.060 hectares de Riesling Itálico na Itália, o que corresponde a 0,3% da área de vinhedos italiana. As cinco variedades mais difundidas são: Sangiovese, com 69.790 ha; Catarratto Bianco Comune, com 43.245 ha; Trebbiano Toscano com 42.456 ha; Montepulciano com 29.828 ha e a Barbera. com 28.366 ha. 20

80000 70000 60000 50000 Área (ha) 40000 30000 20000 10000 0 Catarratto Bianco Comune Sangiovese Trebbiano Toscano Cultivares Montepulciano Gráfico 2: As cinco principais variedades de uva na Itália Barbera 21

4 Objetivos do trabalho 4.1 Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é a valorização da variedade Riesling Itálico, mostrando o valor que a variedade possui para a Serra Gaúcha, em especial para as Indicações Geográficas de vinhos, assim como a possibilidade de torna-se uma variedade emblemática das IG brasileiras. 4.2 Objetivos Específicos Comparação entre as Indicações Geográficas e Denominações Geográficas italianas com as Indicações Geográficas brasileiras; Diagnóstico das regiões italianas cuja a variedade é autorizada para a elaboração de vinhos tranquilos, vinhos frisantes e vinhos espumantes Comparação entre os Regulamentos de Uso italianos e brasileiros que autorizam a variedade para a elaboração de vinhos tranquilos, vinhos frisantes e vinhos espumantes segundo os parâmetros: tipo de IG; tipologia dos produtos; composição varietal dos produtos; características agronômicas (qualidade da uva; produtividade máxima por hectare) e a qualidade química dos produtos (potencial alcoométrico volumétrico mínimo, máximo). 22

5 Materiais e Métodos 5.1 Pesquisa das IG da Comunidade Europeia de vinho A pesquisa foi realizada através do endereço eletrônico da Comunidade Europeia, sendo observado a vigência e validade dos regulamentos. Foi localizado o regulamento nº 491 de 25 de Maio de 2009, que estabelece as definições do que é considerado uma Indicação Geográfica ou Denominação de Origem para vinho nos países membros e as condições necessárias para para que seja enquadrado em uma destas duas denominações. 5.2 Pesquisa bibliográfica das IG italianas de vinho A pesquisa das Indicações Geográficas e Denominações de Origem italianas foi iniciada com a localização do Decreto Legislativo nº 61 de 8 de Abril de 2010 (ITÁLIA, 2010) que estabelece as normas gerais para a classificação das Denominações de Origem e Indicações Geográficas na Itália. Após a localização de tal decreto, foi possível partir para a pesquisa bibliográficas das IG e DO italianas. Foram localizados mais três documentos que auxiliaram esta pesquisa, que foram localizados no endereço virtual do Ministério da Política Agrícola Alimentar e Florestal da Itália. O documento Número de vinhos D.O.C.G D.O.C I.G.T de 31 de Dezembro de 2010 (ITÁLIA, 2010), descrevendo as regiões que os vinhos pertencem, classificando-os em DOCG, DOC e IGT. Com tal informação, tendo em mãos os outros dois documentos Vinhos DOP Italianos e Vinhos IGP italianos, também de 31 de Dezembro de 2010 (ITÁLIA, 2010), foi possível identificar os decretos de cada Regulamento de Uso (RU) dos vinhos. Com o número de cada decreto, foi realizada uma pesquisa para a localização de todos 23

os RU dos vinhos com proteção geográfica da Itália. Os RU localizados foram organizados por região e por tipologia de proteção: Denominação de Origem ou Indicação Geográfica. Após a coleta de todas as RU, foi realizada uma pesquisa para verificar se na ampelografia autorizada para a elaboração de vinhos tranquilos, vinhos frisantes e vinhos espumantes, a variedade Riesling Itálico era uma das uvas autorizadas para a elaboração de vinhos varietais ou de corte. 5.3 Pesquisa bibliográfica das IG brasileiras de vinho Para a localização das IG brasileiras de vinho, foi realizada uma pesquisa no endereço eletrônico do INPI no tópico Indicações Geográficas para identificação se as mesmas se encontram publicadas ou se ainda estão em tramite no Instituto. Os RU das IG brasileiras de vinho foram localizados e foi realizado a pesquisa se a variedade Riesling Itálico era uma das variedades autorizadas na ampelografia para elaborar vinhos tranquilos, vinhos frisantes ou vinhos espumantes. 5.4 Comparação entre os RU italianos e brasileiros Os RU italianos localizados foram comparados com os brasileiros nos seguintes parâmetros: tipo de IG; tipologia de IG; tipologia dos produtos; composição varietal dos produtos; características agronômicas (qualidade da uva; produtividade máxima por hectare) e a qualidade química dos produtos (potencial alcoométrico volumétrico mínimo, máximo). Para a comparação, foi respeitada a hierarquia das IG brasileiras e das IG e DO italianas, sendo adotado como critério a comparação das IP brasileiras com as IGT italianas, assim como a DO brasileira com a DOC italiana. Como o número de IGT e DO italianas que autorizam a utilização da variedade é maior do que as IP e DO brasileiras, foi adotado ferramentas estatísticas para realizar a comparação entre as IG. Como o padrão italiano utiliza o título volumétrico natural mínimo e o brasileiro 24

utiliza o grau babo, foi feito uma conversão de grau babo para álcool potencial através da multiplicação pelo fator de conversão de 0,60 ao grau babo. Foi adotado como parâmetro de conversão o rendimento de 70% por quilograma de uva em mosto para calcular o rendimento máximo por hectare no RU da IP Vale dos Vinhedos. Também foi considerada apenas uma vez cada IG ou DO italiana, quando esta fosse inter-regional. 6 Resultados e discussão 6.1 Os RU que autorizam a Riesling Itálico nas IG e DO Italianas Nas DOP italianas, a variedade é autorizada em 23 DOC e em nenhuma DOCG. No Norte, as DOC são encontradas nas regiões da Emília-Romanha, Lombardia e no Piemonte. No Nordeste, são encontradas nas regiões de Friul-Veneza Júlia, Trentino-Alto Ádige e no Vêneto. No centro, são encontradas nas regiões da Toscana, Umbria, Marche e Abruzzo. Nas IGP italianas, a variedade é autorizada em 15 IGT. No Norte, as IGT são encontradas nas regiões da Emília-Romanha e Lombardia. No Nordeste, as IGT se localizam na região de Friul-Veneza Júlia, Trentino-Alto Ádige e no Vêneto. Na região central da Itália, na Toscana. 6.1.1 Região da Emília-Romagna Na Região da Emília-Romanha, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 3 DOC: Colli Bolognesi Classico Pignoletto, Colli Bolognesi e Colli di Rimini. Já nas IGT, a variedade é autorizada também em 3 IGT: Emilia, Forli e Rubicone. 25

Tabela 1: Vinhos DOC da Região da Emilia Romagna que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome da DOC Colli Bolognesi Riesling Italico Colli Bolognesi Riesling Italico Colli Bolognesi Classico Pignoletto Colli di Rimini Biancame Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (%Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11 12 Varietal Vinho Frisante 10,5 11 12 Corte Vinho Tranquilo 12 12 9 Corte Vinho Tranquilo 10,5 11 12 Tabela 2: Vinhos IGT da Região da Emilia Romagna que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Emilia o Dell Emilia Riesling Italico Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 8,5 10 20 Forli Varietal Vinho Tranquilo 9 10 20 Rubicone Riesling Italico Emilia ou dell'emilia Bianco Varietal Vinho Tranquilo 8,5 10 24 Corte Vinho Tranquilo 8,5 10 29 Forli Bianco Corte Vinho Tranquilo 9 10 24 Rubicone Bianco Corte Vinho Tranquilo 8,5 10 29 Emilia ou dell'emilia bianco Corte Vinho Frisante 8,5 10 29 Rubicone bianco Corte Vinho Frisante 8,5 10 29 26

6.1.2 Região da Lombardia Na região da Lombardia, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 3 DOC: Garda Colli Mantovani, Oltrepo Pavese e Riviera del Garda Bresciano. A variedade é autorizada em 2 IGT: Alto Mincio e Benaco Bresciano. Tabela 3: Vinhos DOC da Região da Lombardia que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Oltrepò Pavese Riesling Riserva Oltrepò Pavese Bianco Garda Colli Mantovani Bianco Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1) Varietal Vinho Tranquilo 12 12 12,5 Corte Vinho Tranquilo 10,5 12 12 Corte Vinho Tranquilo 9,5 10,5 13 27

Tabela 4: Vinhos IGT da Região da Lombardia que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Alto Mincio Riesling Italico Benaco Bresciano Riesling Italico Alto Mincio Bianchi Benaco Bresciano Bianco Benaco Bresciano Bianchi Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1) Varietal Vinho Frisante 9 10 18 Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11 13,5 Corte Vinho Tranquilo 9 10 20 Corte Vinho Tranquilo 10,5 10 13,5 Corte Vinho Frisante 10,5 10 13,5 6.1.3 Região do Piemonte No Piemonte, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 1 DOC, a Collio Tortonesi e em nenhuma IGT. Tabela 5: Vinhos DOC da Região do Piemonte que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome da DOC Colli Tortonesi Bianco Colli Tortonesi Bianco Spumante Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1) Corte Vinho Tranquilo 9,5 10 12 Corte Vinho Espumante 9,5 11,5 10 28

6.1.4 Região da Friul-Veneza Júlia Na Região da Friul-Veneza Júlia, existem 3 DOC que autorizam a variedade Riesling Itálico: Collio, Friuli Isonzo e Lison Pramaggiore. Existem 3 IGT que autorizam a variedade na região: Alto Livenza, Delle Venezie e Venezia Giulia. Tabela 6: Vinhos DOC da Região da Friul-Veneza Júlia que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Collio Riesling Italico Friuli Isonzo Riesling Italico Lison Pramaggiore Riesling italico Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1) Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11,5 11 Varietal Vinho Tranquilo 9,5 11 12 Varietal Vinho Tranquilo 10 11 12 Lison Pramaggiore Riesling Spumante Varietal Vinho Espumante 9,5 11 12 29

Tabela 7: Vinhos IGT da Região da Friul-Veneza Júlia que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1) Alto Livenza Riesling Itálico Varietal Vinho Tranquilo 9 10 19 Delle Venezie Riesling Italico Venezia Giulia Riesling Italico Alto Livenza Riesling Itálico Delle Venezie Riesling Italico Venezia Giulia Riesling Italico Varietal Vinho Tranquilo 9 10 19 Varietal Vinho Tranquilo 9 10 19 Varietal Vinho Frisante 9 10 19 Varietal Vinho Frisante 9 10 19 Varietal Vinho Frisante 9 10 19 6.1.5 Região de Trentino-Alto Ádige A região de Trentino-Alto Ádige possui 3 DOC que autorizam a variedade Riesling Itálico: Alto Adige, Trentino e Valdadige. Na região existe 1 IGT que autoriza a variedade: Vollagarina. 30

Tabela 8: Vinhos DOC da Região de Trentino Alto Adige que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome da DOC Alto Adige Riesling Italico - Welschrieling Alto Adige Terlano Trentino Riesling Italico Alto Adige Terlano Bianco Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11 13 Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11,5 12,5 Varietal Vinho Tranquilo 10,5 10,5 15 Corte Vinho Tranquilo 10,5 11,5 12,5 Valdadige Bianco Corte Vinho Tranquilo 9,5 10,5 15 Tabela 9: Vinhos IGT da Região de Trentino Alto Adige que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Vallagarina Riesling Italico Vallagarina Riesling Italico Vallagarina Bianchi Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 9 10 19,5 Varietal Vinho Frisante 9 10 19,5 Corte Vinho Tranquilo 8,5 10 23 6.1.6 Região do Vêneto Na região do Vêneto, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 5 DOC: Colli Euganei, Custoza, Garda, Merlara e Vicenza. A variedade também é autorizada em 5 IGT: Colli Trevigiani, Conselvano, Marca Trevigiana, Veneto e Veneto Orientale 31

Tabela 10: Vinhos DOC da Região do Veneto que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Garda Riesling Italico Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 10 10,5 12 Merlara Riesling Varietal Vinho Tranquilo 10 11 13 Vicenza Riesling Varietal Vinho Tranquilo 9,5 11 13,5 Lison Pramaggiore Riesling Italico Spumante Colli Euganei Bianco Bianco di Custoza o Custoza Superiore Garda Classico Bianco Custoza Spumante Colli Euganei Bianco Spumante Varietal Vinho Espumante 9,5 11 12 Corte Vinho Tranquilo 10 10,5 12 Corte Vinho Tranquilo 9,5 11 15 Corte Vinho Tranquilo 11 12 12 Corte Vinho Tranquilo 10,5 10,5 11 Corte Vinho Espumante 9,5 11,5 12 Corte Vinho Espumante 9,5 11 12 32

Tabela 11: Vinhos IGT da Região do Veneto que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Colli Trevigiani Riesling Italico Conselvano Riesling Italico Marca Trevigiana Riesling Italico Veneto Riesling Italico Veneto orientale Riesling Italico Colli Trevigiani Riesling Italico Conselvano Riesling Italico Marca Trevigiana Riesling Italico Veneto Riesling Italico Veneto Riesling Italico Veneto orientale Riesling Italico Colli Trevigiani Bianchi Conselvano Bianchi Marca Trevigiana Bianchi Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 9 10 25 Varietal Vinho Tranquilo 9 10 25 Varietal Vinho Tranquilo 9 10 25 Varietal Vinho Tranquilo 9 10 25 Varietal Vinho Tranquilo 9 10 25 Varietal Vinho Frisante 9 10 25 Varietal Vinho Frisante 9 10 25 Varietal Vinho Frisante 9 10 25 Varietal Vinho Frisante 9 10 25 Varietal Vinho Frisante 9 10 25 Varietal Vinho Frisante 9 10 25 Corte Vinho Tranquilo 9 10 25 Corte Vinho Tranquilo 9 10 25 Corte Vinho Tranquilo 9 10 25 Veneto Bianchi Corte Vinho Tranquilo 9 10 25 Veneto orientale Bianchi Corte Vinho Tranquilo 9 10 25 33

6.1.7 Região da Toscana Na região da Toscana, existe 1 DOC que autoriza a utilização da variedade Riesling Italico: Bianco di Pitigliano. A variedade é autorizada em 1 IGT: Meremma Toscana. Tabela 12: Vinhos DOC da Região da Toscana que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Bianco di Pitigliano Bianco di Pitigliano spumante Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Corte Vinho Tranquilo 10,5 11 12,5 Corte Vinho Espumante 9,5 11,5 12,5 Tabela 13: Vinhos IGT da Região da Toscana que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Maremma Toscana Riesling Italico Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 9,5 10 14 Maremma Toscana Riesling Italico Maremma Toscana Bianchi Varietal Vinho Frisante 9,5 10 14 Corte Vinho Tranquilo 9,5 10 14 6.1.8 Região da Umbria Na região da Umbria, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 2 DOC: Colli del Trasimeno e Torgiano. Nenhuma IGT autoriza a variedade na região. 34

Tabela 14: Vinhos DOC da Região da Umbria que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Colli del Trasimeno Colli Martani Riesling Riesling italico di Torgiano Colli del Trasimeno Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 10 10,5 12,5 Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11 10 Varietal Vinho Tranquilo 11 11 11,5 Varietal Vinho Frisante 10 10,5 12,5 6.1.9 Região de Marche Na região de Marche, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 1 DOC: Colli Pesarese. Em nenhuma IGT a variedade é autorizada. Tabela 15: Vinhos DOC da Região de Marche que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Colli Pesaresi Bianco Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Corte Vinho Tranquilo 10,5 11 11 6.1.10 Região de Abruzzo Na região de Abruzzo, a variedade Riesling Itálico é autorizada em 1 DOC: Controguerra. Nenhuma IGT autoriza a variedade. 35

Tabela 16: Vinhos DOC da Região de Abruzzo que autorizam a variedade Riesling Itálico Nome do Vinho Controguerra Riesling Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Varietal Vinho Tranquilo 10,5 11 14 6.2 Os RU que autorizam a Riesling Itálico nas IG brasileiras A variedade Riesling Itálico é uma das variedades autorizadas para a elaboração de vinhos nas RU da IP Vale dos Vinhedos, IP Pinto Bandeira e DO Vale dos Vinhedos 6.2.1 IP Vale dos Vinhedos O RU da IP Vale dos Vinhedos autoriza a utilização da uva Riesling Itálico para elaboração de vinhos tranquilos e espumantes, além de licorosos, podendo ser utilizada como uma das variedades no corte ou como varietal. Tabela 17: Vinho IP Vale dos Vinhedos Nome do Vinho Não Especificado Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Vinho Tranquilo, Não Varietal ou Corte Espumante ou 8,4 21 especificado Licoroso 6.2.2 IP Pinto Bandeira O RU da IP Pinto Bandeira autoriza a variedade Riesling Itálico para a elaboração de 36

vinho tranquilo e vinho espumante, podendo ser utilizada como uma variedade presente no corte do vinho ou como varietal. Nome do Vinho Não Especificado Uso da Riesling Itálico Tabela 18: Vinho IP Pinto Bandeira Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Vinho Tranquilo ou Não Varietal ou Corte 9,6 12 Espumante especificado 6.2.3 DO Vale dos Vinhedos O RU do Vale dos Vinhedos autoriza a utilização da variedade Riesling Itálico para a elaboração de vinho tranquilo e de vinho espumante. Só é autorizado a utilização da variedade para corte. Tabela 19: Vinho DO Vale dos Vinhedos Nome do Vinho Não Especificado Não Especificado Uso da Riesling Itálico Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Título Alcoométrico total mínimo (%Vol) Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Corte Vinho Tranquilo 11 11 10 Corte Vinho Espumante 11 11 12 37

6.3 Comparação entre as IG brasileiras e italianas Tabela 20: Comparação entre os vinhos IGT italianos com os Vinhos IP Vale dos Vinhedos e IP Pinto Bandeira Nome do Vinho Tipologia de produto Potencial alcoométrico natural mínimo (% Vol) Desvio Padrão Produtividade Máx. Por hectare (Mg ha 1 ) Desvio Padrão Vinhos IGT* Vinho Tranquilo e Espumante 9,04* 0,50* 22,26* 4,33* Vinhos IP Vale Vinho Tranquilo ou dos Vinhedos Espumante 8,4 0 21 0 Vinhos IP Pinto Vinho Tranquilo ou Bandeira Espumante 9,6 0 12 0 * Análise estatística dos 25 vinhos tranquilos e frisantes IGT que autorizam a utilização da variedade Riesling Itálico Na tabela 20, é possível realizar uma comparação entre as IG brasileiras e italianas que autorizam a variedade Riesling Itálico. A RU da IP do Vale dos Vinhedos é menos rígida do que as dos vinhos IGT italianos, já que autoriza um potencial alcoométrico volumétrico natural mínimo 0,64 % em volume menor. Quanto a produtividade máxima por hectare, a RU do Vale dos Vinhedos mostrou-se mais rigorosa, com aproximadamente 1,26 Mg ha 1 a menos do que as IGT italianas. Já a IP de Pinto Bandeira demonstrou-se mais rigorosa do que as IGT italianas nos quesitos analisados, com um potencial alcoométrico volumétrico natural mínimo 0,56% em volume maior e uma produtividade máxima por hectare de 10,26 Mg ha 1 a menos do que o autorizado nas IGT analisadas. Como nem a IP Vale dos Vinhedos e IP de Pinto Bandeira apresentam um titulo alcoométrico volumétrico total mínimo, este quesito apenas foi analisado nas DO. 38

Tabela 21: Comparação entre os vinhos DOC italianos com os Vinhos DO Vale dos Vinhedos Potencial Título Produtividad alcoométrico Nome do Uso da Riesling Tipologia de Desvio Alcoométrico Desvio e Máx. Por Desvio natural Vinho Itálico produto Padrão total mínimo. Padrão hectare mínimo (%Vol) (% Vol) (Mg ha 1 Padrão ) Vinho DOC* Corte Vinho Tranquilo 10,31 0,72 11,04 0,66 12,23 1,58 D.O Vale dos Vinhedos Corte Vinho Tranquilo 11 0 11 0 10 0 Vinho DOC** Corte Vinho Espumante 9,5 0 11,38 0,25 11,63 1,11 D.O Vale dos Vinhedos Corte Vinho Espumante 11 0 11 0 12 0 * Análise estatística dos 13 vinhos DOC que autorizam a utilização da variedade Riesling Itálico ** Análise estatística dos 4 vinhos DOC que autorizam a utilização da variedade Riesling Itálico Já na tabela 21, é possível realizar uma comparação entre a DO brasileira e as DO italianas que autorizam a variedade para elaboração de vinhos tranquilos e espumantes. No caso do vinho tranquilo DO Vale dos Vinhedos, a RU é mais rigorosa no potencial alcoométrico natural mínimo, que é 0,69% em volume maior do que o italiano, assim como na produtividade máxima por hectare, que é 2,23 Mg ha 1 menor do que a autorizada na Itália. Em relação ao vinho espumante, a DO Vale dos Vinhedos também é mais rigorosa do que a italiana quanto ao potencial alcoométrico natural mínimo, sendo 1,5% em volume maior. Já em relação a produtividade máxima por hectare, a DO brasileira é menos rigorosa, autorizando 0,37 Mg ha 1 a mais que as DOC analisadas. Em relação ao título alcoométrico total mínimo, os vinhos espumantes DOC possuem 0,38% em volume maior do que o espumante DO Vale dos Vinhedos. Os resultados alcançados permitem fazer uma análise quanto a dimensão que a variedade possui no contexto vitivinícola da Itália, que como pode ser observado no gráfico 1, é de pouca expressão. Porém se for analisado as 20 regiões italianas, podemos observar quem em certas regiões ela possui uma relativa importância, principalmente nos vinhos IGT, como ocorre nas regiões do Vêneto, Trentino-Alto Ádige e Friul-Veneza Júlia. Nestas três regiões, apenas uma IGT não autoriza a variedade Riesling Itálico, enquanto todas as demais autorizam. Não foi encontrada a mesma correspondência nos patamares mais altos da hierarquia das proteções geográficas italianas. Nenhuma DOCG 39