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Transcrição:

Mestrado em Bioquímica Seminário de Neuroquímica/Neurobiologia Os gânglios da base alterações fisiopatológicas Sofia Ferreira

ANATOMIA DOS GÂNGLIOS DA BASE GÂNGLIOS DA BASE Corpo estriado Globo pálido Núcleo subtalâmico (STN) Substância negra Núcleo caudado Segmento externo (GPe) compacta (SNc) Putâmen Segmento interno (GPi) reticulada (SNr)

FISIOLOGIA MOTORA DOS GÂNGLIOS DA BASE Circuitos envolvem estruturas como o CÓRTEX CEREBRAL, o TÁLAMO e o TRONCO CEREBRAL Função Motora Controlo de padrões complexos do movimento muscular voluntário: Intensidade Direcção Sequências de movimentos múltiplos e sucessivos

PROJECÇÕES PARA OS GÂNGLIOS DA BASE Circuito motor centrado nos córtices somatosensorial, motor e pré-motor, os quais possuem projecções até ao corpo estriado A informação proveniente dos neurónios corticais é transmitida aos neurónios médios espinhosos Corpo Estriado Região input Globo pálido e SNr Região output

PROJECÇÕES PARA OS GÂNGLIOS DA BASE O córtex cerebral é a principal fonte de inputs Apenas o córtex visual primário e o córtex auditivo primário não interagem com o estriado Principais projecções provenientes do córtex frontal e do córtex parietal VIA CORTICOESTRIATAL (através da cápsula interna) Múltiplas vias paralelas com diferentes funções

PROJECÇÕES PARA OS GÂNGLIOS DA BASE Neurónios colaterais das vias corticocortical, corticotalâmica e corticoespinal originam sinapses glutamatérgicas Sinapses dopaminérgicas provenientes da SNc Modulam os inputs corticais Os neurónios do estriado tornam-se activos apenas quando recebem simultaneamente vários inputs glutamatérgicos e dopaminérgicos Putâmen: movimentos corporais Caudado: movimentos oculares

PROJECÇÕES DOS GÂNGLIOS DA BASE PARA OUTRAS REGIÕES Sinapses GABAérgicas provenientes dos neurónios médios espinhosos para o GP e SNr Os neurónios presentes no GP e na SNr são também GABAérgicos e possuem elevada actividade espontânea (tónica)

PROJECÇÕES DOS GÂNGLIOS DA BASE PARA OUTRAS REGIÕES A actividade espontânea dos neurónios na região output traduz-se numa inibição tónica ausência de movimento Inputs excitatórios provocam inibição transiente dos neurónios no GPi e na SNr presença de movimento DESINIBIÇÃO

CIRCUITOS DENTRO DOS GLÂNGLIOS DA BASE VIA DIRECTA Projecção monossináptica entre o estriado e o GPi e a SNr Reduz a inibição tónica Receptores dopaminérgicos tipo D1 inputs excitatórios Facilita a Actividade Motora

CIRCUITOS DENTRO DOS GLÂNGLIOS DA BASE VIA INDIRECTA Projecção polissináptica que envolve neurónios intercalados no GPe e o STN Aumento a inibição tónica Receptores dopaminérgicos tipo D2 inputs inibitórios Diminui a Actividade Motora

ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS DISTÚRBIOS HIPOCINÉTICOS Doença de Parkinson DISTÚRBIOS HIPERCINÉTICOS Doença de Huntington Distonia (movimentos repetitivos ou posturas anormais) Hemibalismo (movimento abrupto involuntário)

ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS DOENÇA DE PARKINSON Perda progressiva de neurónios dopaminérgicos na SNc Efeito inibitório sobre o córtex motor anormalmente elevado Redução da função motora

ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS DOENÇA DE PARKINSON SINTOMATOLOGIA Tremores Movimentos lentos Rigidez nas extremidades do pescoço Mínimas expressões faciais Passos curtos Postura curvada Falta de balanço dos braços PERSPECTIVAS TERAPÊUTICAS Terapia génica Estimulação da libertação de dopamina no estriado Células estaminais

ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS DOENÇA DE HUNTINGTON Atrofia profunda e selectiva do caudado e do putâmen Excitabilidade excessiva sobre o córtex motor Aumento anormal da função motora

ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS DOENÇA DE HUNTINGTON Caracteriza-se por defeitos graduais no comportamento, na cognição e nos movimentos. SINTOMATOLOGIA Alteração da personalidade Irritabilidade Desconfiança Comportamento impulsivo e excêntrico Memória e atenção afectadas

FUNÇÕES NÃO-MOTORAS DOS GÂNGLIOS DA BASE LOOP OCULOMOTOR Actividade dos campos visuais frontais LOOP PRÉ-FRONTALRONTAL Planeamento Memória de trabalho Atenção LOOP LÍMBICO Comportamentos emocionais Motivação