Teorema de Green Curvas Simples Fechadas e Integral de

Documentos relacionados
Fluxo de Campos Vetoriais: Teorema da

x 2 (2 x) 2 + z 2 = 1 4x + z 2 = 5 x = 5 z2 4 Como y = 2 x, vem que y = 3+z2

Aula 6. Doravante iremos dizer que r(t) é uma parametrização da curva, e t é o parâmetro usado para descrever a curva.

3xz dx + 4yz dy + 2xy dz, do ponto A = (0, 0, 0) ao ponto B = (1, 1, 2), ao longo dos seguintes caminhos:

PROFESSOR: RICARDO SÁ EARP

Cálculo 3. Integrais de Linha Resumo e Exercícios P2

Área e Teorema Fundamental do Cálculo

Integral de linha de campo vectorial. Sejam : C uma curva dada por r(t) = (x(t), y(t), z(t)), com. e F : Dom( F ) R 3 R 3

Lista 2 - Métodos Matemáticos II Respostas

Departamento de Matemática - ICEx - UFMG Marcelo Terra Cunha. Integrais Triplas

Integrais Triplas em Coordenadas Polares

1. Superfícies Quádricas

MAT Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia III 2a. Lista de Exercícios - 1o. semestre de 2014

Capítulo 5 Integral. Definição Uma função será chamada de antiderivada ou de primitiva de uma função num intervalo I se: ( )= ( ), para todo I.

Resumo: Regra da cadeia, caso geral

Minicurso: Algumas generalizaçoes do Teorema: A soma dos ângulos internos de um triângulo no plano é π - (Versão preliminar e incompleta)

Cálculo III-A Módulo 9

Capítulo 5 Integrais Múltiplas

Aplicação de Integral Definida: Volumes de Sólidos de Revolução

Para motivar a definição de integral curvelínea, imagine um fio delgado em forma de uma curva C, com extremidade A e B. Suponha-se que o fio tenha

Solução: Um esboço da região pode ser visto na figura abaixo.

Fundamentos da Eletrostática Aula 03 Cálculo Vetorial: Teoremas Integrais

Integral Dupla. Aula 06 Cálculo Vetorial. Professor: Éwerton Veríssimo

INTEGRAL DEFINIDA APLICAÇÕES. Aula 05 Matemática II Agronomia Prof. Danilene Donin Berticelli

Cálculo a Várias Variáveis I - MAT Cronograma para P2: aulas teóricas (segundas e quartas)

PARTE 5 LIMITE. 5.1 Um Pouco de Topologia

Lista 3. Cálculo Vetorial. Integrais de Linha e o Teorema de Green. 3 Calcule. 4 Calcule. a) F(x, y, z) = yzi + xzj + xyk

Lista 5: Rotacional, Divergente, Campos Conservativos, Teorema de Green

8.1 Áreas Planas. 8.2 Comprimento de Curvas

Área de uma Superfície de Revolução

Aula 14 Áreas entre duas curvas. Volumes e Áreas de sólidos de revolução.

MAT1153 / LISTA DE EXERCÍCIOS : CAMPOS CONSERVATIVOS, INTEGRAIS DE LINHA, TRABALHO E TEOREMA DE GREEN

Lista Determine o volume do sólido contido no primeiro octante limitado pelo cilindro z = 9 y 2 e pelo plano x = 2.

Cálculo III-A Módulo 9 Tutor

DERIVADAS PARCIAIS. y = lim

Integração Volume. Aula 07 Matemática II Agronomia Prof. Danilene Donin Berticelli

Cálculo IV EP10 Tutor

Aula 32. Alexandre Nolasco de Carvalho Universidade de São Paulo São Carlos SP, Brazil

LISTA DE EXERCÍCIOS SOBRE FLUXOS, TEOREMA DE GAUSS E DE STOKES

Curso de Férias de IFVV (Etapa 3) INTEGRAIS DUPLAS

= F 1. . x. div F = F 1 x + F 2. y + F 3 = F3. y F 2. z, F 1

Integrais Múltiplas. Prof. Ronaldo Carlotto Batista. 23 de outubro de 2014

2 Propriedades geométricas de curvas parametrizadas no R 4

Exercícios Referentes à 1ª Avaliação

Aplicações de. Integração

Instituto de Matemática e Estatística da USP MAT Cálculo Diferencial e Integral III para Engenharia 2a. Prova - 1o. Semestre /05/2017

Aula 15. Derivadas Direcionais e Vetor Gradiente. Quando u = (1, 0) ou u = (0, 1), obtemos as derivadas parciais em relação a x ou y, respectivamente.

Cálculo III-A Módulo 14

Derivadas 1 DEFINIÇÃO. A derivada é a inclinação da reta tangente a um ponto de uma determinada curva, essa reta é obtida a partir de um limite.

Teoremas e Propriedades Operatórias

Material Teórico - Módulo de Geometria Anaĺıtica 1. Terceiro Ano - Médio. Autor: Prof. Angelo Papa Neto Revisor: Prof. Antonio Caminha M.

Portal da OBMEP. Material Teórico - Módulo de Geometria Anaĺıtica 1. Terceiro Ano - Médio

Aula 10 Regiões e inequações no plano

x 2 + (x 2 5) 2, x 0, (1) 5 + y + y 2, y 5. (2) e é positiva em ( 2 3 , + ), logo x = 3

ANÁLISE COMPLEXA E EQUAÇÕES DIFERENCIAIS. Apresente e justifique todos os cálculos

Análise Matemática II TESTE/EXAME

12 AULA. ciáveis LIVRO. META Estudar derivadas de funções de duas variáveis a valores reais.

1 A Equação Fundamental Áreas Primeiras definições Uma questão importante... 7

y (n) (x) = dn y dx n(x) y (0) (x) = y(x).

8.1. Comprimento de Arco. Nesta seção, nós aprenderemos sobre: Comprimento de Arco e suas funções. MAIS APLICAÇÕES DE INTEGRAÇÃO

1 Cônicas Não Degeneradas

CÁLCULO I. Lista Semanal 01 - Gabarito

CÁLCULO II - MAT0023. F (x, y, z) =

Integral Definida. a b x. a=x 0 c 1 x 1 c 2 x 2. x n-1 c n x n =b x

Figura6.1: A regiãoàesquerdanão ésimples;adadireitaésimples..

Curvas Diferenciáveis

Generalizações do Teorema: A soma dos ângulos internos de um triângulo é π

Aula 32 Curvas em coordenadas polares

1. Limite. lim. Ou seja, o limite é igual ao valor da função em x 0. Exemplos: 1.1) Calcule lim x 1 x 2 + 2

Departamento de Matemática Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra Cálculo III - Engenharia Electrotécnica Caderno de Exercícios

Cálculo avançado. 1 TOPOLOGIA DO R n LISTA DE EXERCÍCIOS

PARTE 10 REGRA DA CADEIA

Da figura, sendo a reta contendo e B tangente à curva no ponto tem-se: é a distância orientada PQ do ponto P ao ponto Q; enquanto que pois o triângulo

2.1 Mudança de variáveis em integral dupla

Integrais Sobre Caminhos e Superfícies. Teoremas de Integração do Cálculo Vectorial.

14 AULA. Vetor Gradiente e as Derivadas Direcionais LIVRO

Cálculo Diferencial e Integral II

Comprimento de Arco. 1.Introdução 2.Resolução de Exemplos 3.Função Comprimento de Arco 4.Resolução de Exemplo

Material Teórico - Módulo: Vetores em R 2 e R 3. Módulo e Produto Escalar - Parte 1. Terceiro Ano - Médio

CÁLCULO II - MAT Em cada um dos seguintes campos vetoriais, aplicar o resultado do exercício 3 para mostrar que f

TÓPICO. Fundamentos da Matemática II APLICAÇÕES NA GEOMETRIA ANALÍTICA. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

4.1 Trajetórias & Integral de Linha

CAPÍTULO 13 (G F )(X) = X, X A (F G)(Y ) = Y, Y B. F G = I da e G F = I db,

Processamento de Malhas Poligonais

CÁLCULO IV - MAT Calcule a integral de linha do campo vetorial f ao longo da curva que indica-se em cada um dos seguintes itens.

2.1 Visualizando - Visualize um gráfico com uma função linear, y = ax + b - Neste caso, a taxa de crescimento é o valor de a, já que sabemos que:

Derivadas Parciais Capítulo 14

1 Vetores no Plano e no Espaço

Álgebra Linear I - Aula 8. Roteiro

Plano tangente e reta normal

Integral definida. Prof Luis Carlos Fabricação 2º sem

CURVAS REGULARES E EQUAÇÕES DE FRENET. Thiago Mariano Viana ¹, Dr. Fernando Pereira Souza ²

J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff Geometria Analítica e Cálculo Vetorial

O Triedro de Frenet. MAT Cálculo Diferencial e Integral II Daniel Victor Tausk

Respostas sem justificativas não serão aceitas Não é permitido o uso de aparelhos eletrônicos

Translação e Rotação Energia cinética de rotação Momentum de Inércia Torque. Física Geral I ( ) - Capítulo 07. I. Paulino*

A Derivada. Derivadas Aula 16. Alexandre Nolasco de Carvalho Universidade de São Paulo São Carlos SP, Brazil

Análise Matemática 2 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO. Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Transcrição:

Cálculo III Departamento de Matemática - ICEx - UFMG Marcelo Terra Cunha Teorema de Green Agora chegamos a mais um teorema da família do Teorema Fundamental do Cálculo, mas dessa vez envolvendo integral de linha de campo vetorial e integral dupla de uma certa quantidade que já apareceu em nosso estudo sobre campos conservativos. O Teorema de Green tem uma idéia essencial e alguns detalhes técnicos. Vamos tentar tratá-los, mas enfatizando o essencial. 10.1 Curvas Simples Fechadas e Integral de Circulação Uma curva : [a, b] R n é dita fechada se (a) = (b); é dita simples se, para todo t 1, t 2 (a, b), (t 1 ) (t 2 ), ou seja, com a possível exceção das extremidades, uma curva simples não tem auto-intersecção. É um resultado intuitivo (mas não óbvio) que toda curva simples fechada no plano é a fronteira de uma região. Algumas vezes essa região é chamada o interior da curva, mas uma nomenclatura mais precisa é a região limitada por. Faça alguns desenhos para se convencer. Por convenção, uma curva simples fechada será dita positivamente orientada se for percorrida no sentido anti-horário. Tal convenção é muito simples de adotar para exemplos simples, como uma circunferência, mas uma curva simples fechada pode não ser tão simples assim. Mas sempre é possível parametrizá-la de modo que a volta que é feita em torno de cada ponto do interior de é percorrida no sentido anti-horário. Como nossa preocupação é calcular integrais ao longo destas curvas, precisaremos de curvas diferenciáveis (para podermos calcular seu vetor velocidade). Mas permitimos que em alguns pontos este vetor esteja duplamente definido (pois estes exemplos aparecem comumente, como é o caso dos polígonos). Uma curva (a, b) R n é diferenciável por pedaços, ou ainda seccionalmente diferenciável se o intervalo [a, b] pode ser particionado em subintervalos I i tais que a restrição de a cada I i é diferenciável. 1

Se é uma curva simples fechada, seccionalmente diferenciável, e F é um campo vetorial definido ao longo de, podemos calcular sua integral de linha F d r. Esta integral ganha o nome de circulação do campo F na curva (você vê uma razão clara para este nome?) e por vezes ganha a notação especial F d r. 10.2 Circulação Infinitesimal Vamos agora considerar um caso especial, que é a essência do Teorema de Green. Para isso considere F um campo diferenciável em R 2 e a curva simples fechada será uma parametrização do retângulo com vértices (x, y), (x + x, y), (x + x, y + y) e (x, y + y), percorridos nesta ordem (faça o desenho). Vamos calcular a circulação de F em, considerando que x e y são pequenos 1. Para isso, notamos que é a união de quatro segmentos de reta, que chamaremos 1, 2, 3 e 4. Das propriedades de integração, segue que F d r = F d r + F d r + F d r + F d r. (10.1) 1 2 3 4 Para calcular a primeira, usamos a parametrição 1 : [0, 1] R 2 t (x + t x, y) e assim 1 = (1, 0) x e T = (1, 0). Considerando então que x é pequeno e, portanto, x 2 x, teremos 1 F d r = F (x + t x, y) (1, 0) x dt F x (x, y) x. (10.2a) 1 0 A mesma idéia será usada para calcular 2 F d r. Agora parametrizamos 2 : [0, 1] R 2 t (x + x, y + t y), 1 Pequenos quando comparados ŕs dimensões típicas de variações de F. 2

com o que 2 = (0, 1) e T = (0, 1) y. Com as mesmas aproximações, teremos F d r = 2 1 F (x + x, y + t y) (0, 0 1) y dt F y (x + x, y) y. (10.2b) Passando agora ao terceiro segmento, 3 : [0, 1] R 2 t (x + (1 t) x, y + y), 3 com o que 3 = (1, 0) e T = (1, 0) x. Seguindo o mesmo cálculo anterior, 1 0 (10.2c) F d r = F (x + (1 t) x, y + y) { (0, 1) y} dt F x (x, y + y) x. Por fim, fechamos com 4 : [0, 1] R 2 t (x, y + (1 t) y), com o que 4 = (0, 1) e T = (0, 1) y, e segue 1 F d r = F (x, y + (1 t) y) { (0, 1) y} dt F y (x, y) y. 4 0 (10.2d) Agora voltamos ŕ expressão (10.1), onde usamos as relações (10.2) para obter F d r {F x (x, y) F x (x + x, y)} x + {F y (x + x, y) F y (x, y)} y ( F x y + F ) y A, (10.3) x onde na segunda passagem foi usada a idéia de derivada como aproximação linear e que a área deste pequeno retângulo limitado por é A = x y. A essência do Teorema de Green está no resultado (10.3). Lembremos que esta conta foi feita para calcular a circulação infinitesimal do campo F 3

em um pequeno retângulo. O uso do retângulo foi apenas para simplificar o cálculo. Se você usar uma pequena circunferência, um pequeno triângulo ou qualquer outra curva simples fechada que determina uma região simplesmente conexa 2, o resultado será o mesmo: a circulação infinitesimal corresponde ao valor do termo entre parênteses vezes a área (infinitesimal) da região. Encontramos assim uma interpretação natural para o termo entre parênteses: ele é aproximado dividindo a circulação infinitesimal em uma curva como esta, pela ŕrea da região que ela delimita. Naturalmente, este valor se torna exato quando fazemos o limite onde a ŕrea da região vai para zero. Assim, identificamos o termo F y x F x y como uma noção de derivada de F que traz a informação sobre a circulação infinitesimal, ou seja, sobre a rotação do campo em torno daquele ponto específico. Em particular, a condição local obtida na aula passada para que um campo fosse conservativo era que sua circulação infinitesimal se anulasse em todos os pontos. 10.3 Regiões e suas Fronteiras Já vimos que uma curva simples fechada determina uma região no plano. Mas agora queremos inverter essa perspectiva. Uma região bem comportada 3 terá como fronteira a união de várias curvas simples fechadas. Precisaremos definir uma noção de orientação para estas curvas. Esta definição é bastante natural se pensarmos da seguinte maneira: seja R a região e faça uma partição dela. As curvas que são fronteira dos elementos da partição podem ser de dois tipos: ou elas são fronteira de dois conjuntos da partição, ou só de um. Aquelas que são fronteira de dois conjuntos são, de certa forma, internas ŕ região, enquanto aquelas que são fronteira só de um conjunto da partição são também parte da fronteira da região. Queremos que as curvas internas sejam percorridas cada vez em um sentido diferente, para que as suas contribuições se cancelem. Podemos fazer uma partição da região R usando apenas regiões simplesmente conexas cujas fronteiras são curvas simples fechadas. Cada curva 2 Sem furos. 3 Acredite, existem regiões mal comportadas, mas essas não têm interesse no curso de cálculo. 4

destas deverá ser percorrida no sentido anti-horário, como já foi convencionado. Chegamos então a uma convenção de orientação que pode ser assim enunciada: se considerarmos o plano xy como o plano z = 0 de um R 3 cartesiano e imaginarmos que cada curva da fronteira é percorrida por alguém que caminha de cabeça para cima neste R 3, a orientação desta curva é induzida pela região R se a região estiver sempre ŕ esquera de quem caminha. Para entender tal convenção, comece por uma região simplesmente conexa, e depois pense em regiões com furos. Assim, denotaremos por R a fronteira da região R, já subentendida esta convenção de orientação. 10.4 O Teorema de Green Agora podemos enunciar o principal resultado desta aula: Teorema de Green: Sejam R uma região bem comportada do plano, R sua fronteira, com a convenção de orientação já discutida, e F : R R 2 um campo diferenciável, vale a igualdade ( Fy x F ) x da = F d r. (10.4) y R Por um lado, este teorema deve ser comparado ao Teorema Fundamental do Cálculo, por envolver de um lado a integral de uma derivada e do outro um termo de fronteira. Aqui, a derivada traz a noção de rotação local do campo e a integral na região toda se trata de uma integral dupla. Já o termo de fronteira se trata de uma integral de linha, na fronteira da região. Vale notar que em um termo estamos calculando a rotação infinitesinal e somando por todos os pedacinhos, enquanto no outro estamos calculando a circulação diretamente na fronteira. Cabe ressaltar que a notação F d r é muito conveniente para enunciar e usar o teorema, mas que deve sempre ser lembrado que, em geral, ela pode envolver vários termos: a soma sobre as várias curvas simples fechadas que constituem a fronteira de R. 10.4.1 Uma idéia de demonstração As idéias essenciais para a demonstração já foram apresentadas, mas vamos recordá-las aqui. 5 R R

O primeiro passo é fazer uma partição da região R usando apenas regiões simplesmente conexas. Para fixarmos, considere uma partição por retângulos. Assim, o primeiro termo poderá ser calculado fazendo a integral em cada retângulo e somando todos eles. Para cada retângulo da partição vale o cálculo feito na secção 10.2, e assim podemos trocar a integral dulpla em cada retângulo por integrais de circulação. Por fim, vem a discussão sobre a convenção de orientação: os lados de retângulos da partição se dividem em dois tipos: aqueles que só pertencem a um retângulo da partição e os que pertencem a dois. Aqueles que pertencem a dois serão percorridos cada vez com uma orientação, o que cancela sua contribuição. Restam, portanto, os lados de retângulo que correspondem a R, e é isso que está denotado no segundo termo. 10.4.2 Aplicações Como todo resultado em matemática que garante a igualdade entre duas expressões, sua utilização passa por trocar uma mais difícil por uma mais fácil. Qual será a mais difícil e qual será a mais fácil pode variar de caso a caso. Uma aplicação interessante é trocar integrais de linha que pareçam muito complicadas por outras mais simples, e eventualmente incluir um termo que venha da integral dupla. Por exemplo, suponha que queremos calcular a integral de circulação do campo F ( y x (x, y) =, ), no gráfico polar x 2 +y 2 x 2 +y 2 r = 5 + sen (8θ), percorrido com orientação positiva (faça uma figura que represente esta curva). Um cálculo direto é possível, porém muito chato. Na aula passada já vimos que a circulação deste campo na circunferência unitária percorrida com orientação positiva é 2π e que a rotação infinitesimal desta campo é zero em todo seu domínio. Podemos então considerar a região do plano fora da circunferência unitária e dentro do gráfico polar apresentado. A fronteira desta região consiste de duas curvas fechadas, com o gráfico polar em questão sendo percorrido no sentido positivo e a circunferência no sentido contrário. Denotando por este gráfico polar e por C a circunferência, ambas com suas 6

orientações positivas, o que o Teorema de Green nos diz aqui é que 0 = F d r F d r, com o sinal de menos vindo da orientação. Com isso obtemos F d r = 2π. Outra aplicação interessante e menos imediata é o cálculo da áreas de regiões determinadas por curvas simples fechadas. Para isso basta lembrarmos que da = A (R) e que podemos obter vários campos F tais que R Exemplos simples são C F y x F x y = 1. F 1 = (y, 0), F 2 = (0, x), F 3 = 1 (y, x) 2 Com isso, se é uma curva simples fechada, é verdade que as fórmulas 1 y dx, x dy, y dx x dy 2 são todas expressões para a área da região delimitada pela curva. Como forma de verificar, você pode usá-las para calcular a área de um triângulo, ou de uma elipse, por exemplo. 7