Biomecânica do Movimento Humano: Graus de Liberdade, Potência articular e Modelamento Biomecânico. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Documentos relacionados
BIOMECÂNICA DA AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA NO ESPORTE. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Cinesiologia. Cinesio = movimento Logia = estudo. Cinesiologia = estudo do movimento

Capítulo 9 - Rotação de Corpos Rígidos

1 - Movimentos na Terra. Tipos de movimentos

Estudo dos momentos e forças articulares. Problema da dinâmica inversa. Ana de David Universidade de Brasília

Cinesiologia aplicada a EF e Esporte. Prof. Dr. Matheus Gomes

ANÁLISE DOS MOVIMENTOS DO MÉTODO PILATES LUCIANA DAVID PASSOS

SISTEMA MUSCULAR TIPOS DE MÚSCULOS (~ 40 % DA MASSA CORPORAL) CARACTERÍSTICAS BIOMECÂNICAS

Força. Aceleração (sai ou volta para o repouso) Força. Vetor. Aumenta ou diminui a velocidade; Muda de direção. Acelerar 1kg de massa a 1m/s 2 (N)

DISCIPLINA: NIVELAMENTO EM FÍSICA/MATEMÁTICA LISTA DE EXERCÍCIOS AULA 1 ENTREGAR NA AULA DO DIA 09/04/2011

TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA 4- CADEIAS CINÉTICAS 19/8/2011 PESOS LIVRES:

Análise Física do Salto Duplo Mortal Carpado, Grupado e Estendido

Análise do movimento Parafuso

11 Cinemática de partículas 605

Profº Carlos Alberto

Treinamento Contrarresistência Conceitos Básicos

13/4/2011. Quantidade de movimento x Massa Quantidade de movimento x Velocidade. Colisão frontal: ônibus x carro

Análise do movimento Caindo nas molas

Princípios da Mecânica & Análise de Movimento. Tarefa Casa DESCRIÇÃO MOVIMENTO. s, t, v, a, F. Â, t,,, T

FIS-15 Mecânica I. Ronaldo Rodrigues Pela

Cada questão objetiva vale 0,7 ponto

Dinâmica. Prof.ª Betty Carvalho Rocha Gonçalves do Prado

Instituto de Cultura Física

Modelamento Biomecânico. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I ROTAÇÃO. Prof.

Sistema muscular Resistência Muscular Localizada Flexibilidade Osteoporose Esteróides Anabolizantes

SUGESTÃO DE ESTUDOS PARA O EXAME FINAL DE FÍSICA- 1 ANO Professor Solon Wainstein SEGUE ABAIXO UMA LISTA COMPLEMENTAR DE EXERCÍCIOS

Parte 2 - P2 de Física I NOME: DRE Teste 1

O corpo em repouso somente entra em movimento sob ação de forças Caminhada em bipedia = pêndulo alternado A força propulsiva na caminhada é a força

3 Veículos Terrestres

5ª Lista de Exercícios Fundamentos de Mecânica Clássica Profº. Rodrigo Dias

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I ROTAÇÃO. Prof.

CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA

Aceleração média, aceleração e gráficos velocidade-tempo

ESPAÇO PARA RESPOSTA COM DESENVOLVIMENTO

LISTAGEM DE CONTEÚDOS DE FÍSICA PARA O EXAME 1 ANO / 2012

25/05/2017 OBJETIVOS DA AULA AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE CONCEITO CONCEITO. O que é Flexibilidade? Flexibilidade x Alongamento

ESPAÇO PARA RESPOSTA COM DESENVOLVIMENTO

Alexandre Diehl Departamento de Física UFPel

Física 1 - EMB5034. Prof. Diego Duarte Rolamento, torque e momento angular (lista 15) 24 de novembro de 2017

IDEIAS - CHAVE. A massa de um corpo é uma medida da sua inércia.

3ª Ficha de Avaliação de Conhecimentos Turma: 11ºA. Física e Química A - 11ºAno

Cinesiologia. Aula 2

Curso de Fisioterapia Disciplina de Biofísica Prof. Valnir de Paula Biomecânica

Cinesiologia e Biomecânica Prof. Sandro de Souza

As variáveis de rotação

Conceitos Cinemáticos e Cinéticos

Biomecânica na Ginástica Artística Franklin de Camargo-Junior Mestre em Ciências

Notação Científica. n é um expoente inteiro; N é tal que:

Parte 2 - P2 de Física I Nota Q Nota Q2 NOME: DRE Teste 1

Física para Zootecnia

DETERMINAÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

REVISÃO. 1) Um carro descreve um movimento uniforme (M.U.). Com os valores de acordo com a tabela abaixo, determine: t (s) S (m)

Parte 2 - PF de Física I NOME: DRE Teste 1

AULAS 14 e 15. Prof. ª Ma. Ana Beatriz M. de C. Monteiro

Física 1. 3 a prova 07/01/2017. Atenção: Leia as recomendações antes de fazer a prova.

Física 1. 3 a prova 07/01/2017. Atenção: Leia as recomendações antes de fazer a prova.

Translação e Rotação Energia cinética de rotação Momentum de Inércia Torque. Física Geral I ( ) - Capítulo 07. I. Paulino*

Apresentação Outras Coordenadas... 39

Mini_Lista11: Rotação de Corpos Rígidos: Eixo Fixo

Jan Cabri / Raul Oliveira 2º ano 2008/2009. Temas do Programa. Organização e controlo dos movimentos

Física aplicada à engenharia I

Halliday & Resnick Fundamentos de Física

Vibrações e Dinâmica das Máquinas Aula - Cinemática. Professor: Gustavo Silva

Biomecânica do Sistema Muscular MÚSCULO 08/08/2016. MFT 0833 Biomecânica do Movimento Humano

Cinemática do Movimento

Grandezas Fundamentais da Mecânica

Biomecânica. É a ciência que se ocupa do estudo das leis físicas sobre o corpo humano (Amadio, 2000)

Notação Científica. n é um expoente inteiro; N é tal que:

m R 45o vertical Segunda Chamada de Física I Assinatura:

Marco F Í S I C A MOVIMENTO UNIFORME MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO [M.R.U.V]

Capítulo 11 Rotações e Momento Angular

Aula do cap. 10 Rotação

CINEMÁTICA ESCALAR PROFESSOR GUSTAVO

INTRODUÇÃO GERAL. Capítulo 1 Introdução à Física, 2. Capítulo 2 Introdução ao estudo dos movimentos, 14. Capítulo 3 Estudo do movimento uniforme, 30

Física 1-2ª Prova 19/05/2012

Física I. Lista de Exercícios LIVE: Exercícios P3

importantíssimo para o funcionamento do corpo humano Origem MESODÉRMICA Presença de miofibrilas contidas no citoplasma

Exercício 1. Exercício 2.

Instituto de Física - UFRJ Física I - Segunda Chamada - 2/03/2016. (c) 12gL/7 (d) 12gL/11 (e) 24gL/7. Parte 1 - Múltipla escolha - 0,6 cada

QUADRIL / PELVE. Prof. Gabriel Paulo Skroch

Halliday & Resnick Fundamentos de Física

Campus de Botucatu PLANO DE ENSINO. DOCENTE RESPONSÁVEL: Prof. Dr. Marcos Antonio de Rezende

CINESIOLOGIA Planos, Eixos e Movimentos. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

CURSO DE FISIOTERAPIA Autorizado plea Portaria nº 377 de 19/03/09 DOU de 20/03/09 Seção 1. Pág. 09 PLANO DE CURSO

FACULDADE SUDOESTE PAULISTA Física Geral e experimental I Engenharia Civil e Produção

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I EQUILÍBRIO. Prof.

Segundo o enunciado do problema, temos: potência = c. v 3, onde c é uma constante e v, a velocidade do navio.

Cinesiologia. PARTE II Força Torque e Alavancas

MÚSCULO ESQUELÉTICO INSTITUTO DE FISIOLOGIA. Francisco Sampaio

Apostila 2 Setor A. Aula 20. Velocidade Vetorial. Página 184. Gnomo

ANÁLISE DE MOVIMENTO

DEFINIÇÃO. Forma de locomoção no qual o corpo ereto e em movimento é apoiado primeiro por uma das pernas e depois pela outra.

Aula 3 Controle Postural

Prova de Conhecimentos Específicos. 1 a QUESTÃO: (1,0 ponto) PROAC / COSEAC - Gabarito. Engenharia de Produção e Mecânica Volta Redonda

Cap.12: Rotação de um Corpo Rígido

Física I Prova 2 20/02/2016

Alexandre Diehl Departamento de Física UFPel

Análise de Forças no Corpo Humano. = Cinética. = Análise do Salto Vertical (unidirecional) Exemplos de Forças - Membro inferior.

É importante compreender a biomecânica do joelho (fêmoro tibial e patelo femoral ao prescrever exercícios para o joelho em um programa de

Transcrição:

Biomecânica do Movimento Humano: Graus de Liberdade, Potência articular e Modelamento Biomecânico Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Conceitos Básicos Modelo simplificado da articulação do cotovelo + Movimento Progressivo (V > 0) Quando o segmento corporal se movimentar no sentido positivo da trajetória. Movimento Retrógrado (V < 0) Quando o segmento corporal se movimentar contra o sentido positivo da trajetória.

Conceitos Básicos Modelo simplificado da articulação do cotovelo + Movimento Acelerado: ( V aumenta) Quando o segmento corporal se movimentar no sentido positivo da trajetória. Movimento Retardado: ( V diminui) Quando o segmento corporal se movimentar contra o sentido positivo da trajetória.

Tipos de Movimentos Articulares MPA Progressivo Acelerado (V>0; V aumenta MPR Progressivo Retardado (V>0; V diminui MRA Retrógrado Acelerado (V<0; V aumenta MRR Retrógrado Retardado (V<0; V diminui MPU Progressivo Uniforme (V > 0; V é constante MRU Retrógrado Uniforme (V < 0; V é constante

Grandezas Angulares e Lineares Grandeza Linear Grandeza Angular = Comprimento do segmento corporal (Raio) Obs: na flexão, extensão, adução, abdução Grandeza Linear Grandeza Angular = R Dj Espaço angular Ds = v = a Dj w a = R w a Velocidade angular Aceleração angular

Movimentos Lineares e Angulares Variável Linearmente Angularmente Espaço percorrido DS Dj Velocidade V; S ; ds/dt w; j ; dj/dt Aceleração a; DS ; dv/dt a; Dj ; Dw ; dw/dt Força ; Torque (Momento da força) F = m.a t = r x F = I.a Momento Linear (p) ou Q Momento Angular (ou Cinético) p = m.v Massa (m) Potência (P) P = F.V P= ʃ F dv M ang = r x p = I.w Momento de inércia (I) P = t. w P = ʃ t dw Onde: r é o vetor posição; p é o momento linear; t é o torque; I é o momento de inércia; a a aceleração angular; w a velocidade angular

Modelamento Biomecânico do Músculo Modelos biomecânicos podem ser classificados em estruturais (utilizam estruturas semelhantes às reais) e fenomenais (não se preocupam com a estrutura, mas sim com o fenômeno que querem explicar, no caso, a ação muscular). Existem modelos de vários níveis de complexidade. É evidente que quanto maior a complexidade do modelo, maior será o número de graus de liberdade que o mesmo terá que controlar.

Graus de Liberdade (GL) GLs são utilizados para descrever o número de parâmetros necessários para especificar as condições de mobilidade de uma articulação. O sistema ósseo ainda é amplamente utilizado, dado que considerar os GLs dos músculos que passam por uma articulação aumentam em muito a complexidade do sistema. Se considerados as miofibrilas de cada músculo, o número de GLs aumenta exponencialmente.

Graus de Liberdade (GL) Os 6 GLs: 1) médio lateral 2) ântero posterior 3) para cima / baixo 4) yaw (zig-zag, no eixo vertical) 5) roll (girar no eixo A-P) 6) pitch (girar no eixo M-L)

Graus de Liberdade (GL) Exemplo: Modelo composto por 17 segmentos articulados Quantos graus de liberdade podem ser identificados neste modelo? Podemos considerar este modelo com 57 GL Controle neuromotor de 57 GL é altamente complexo

Modelamento Biomecânico do músculo Modelo de Hill Onde: SE: componentes em série PE: componentes em paralelo CE: componentes contráteis DE: componentes de amortecimento SE: fibroblastos (elastina e colágeno (I e III)) PE: colágeno CE: actina e miosina

Modelo de Hill

Dois segmentos rotacionados em direções opostas t w 1 w 2 Concêntrica (ângulo articular diminuindo) Geração de Energia Mecânica tw 1, gera energia para o segmento 1. tw 2 gera energia para o segmento 2 t w 1 w 2 Excêntrica (ângulo articular aumentando) Absorção de Energia Mecânica tw 1, gera energia para o segmento 1. tw 2 gera energia para o segmento 2

Dois segmentos rotacionados na mesma direção t w 2 w 1 Concêntrica (w 1 > w 2 ) t(w 1 -w 2 ): geração de EM no segmento 1 e transferência para o segmento 2 t w 1 w 2 Excêntrica (w 2 > w 1 ) t(w 2 -w 1 ): transferência e absorção de EM para o segmento 2 t w 1 w 2 Isométrica Dinâmica (w 1 = w 2 ) tw 2 : transferência de EM para o segmento 1

Um dos segmentos está fixo w 1 = 0 t w 2 > 0 w 1 = 0 t w 2 <0 w 1 = 0 t w 2 = 0 Concêntrica (w 2 > 0) Geração de EM no segmento 2 Excêntrica (w 2 < 0) Absorção de EM no segmento 2 Isométrica Estática (w 1 = w 2 = 0) Sem geração e transferência de EM

Estudo Dirigido III 1 2 3 Na sequência de saltos na figura ao lado, identifique para os complexos articulares do tornozelo (perna e pé); joelho (perna e coxa) e quadril (fêmur e quadril), os tipos de contrações e as transferências de energia mecânica entre os segmentos da situação 1 para a 2 e da situação 2 para a 3.