Medidas Sugeridas pelo SINDIFISCO NACIONAL que Propiciam Incremento de Arrecadação de Tributos Federais e Asseguram Maior Justiça Fiscal 1 - : Fim da isenção do Imposto de Renda a) na distribuição dos lucros e dividendos; Os rendimentos das pessoas físicas provenientes de lucros ou dividendos não são tributados na fonte nem na declaração de ajuste anual de rendimentos. São informados nesta última como rendimentos isentos e não tributáveis. É comum que os sócios ou os proprietários de empresas, quando da declaração de ajuste anual do IR, declarem o recebimento de baixíssimo pro labore, muitas vezes abaixo do limite da faixa de isenção do tributo, e elevados valores a título de lucros e dividendos. Assim, os sócios e proprietários pagam muito pouco ou nada a título de IR, já que o tributo incide tão-somente sobre o pro labore declarado. Esta prática, permitida pela legislação, dá tratamento tributário desigual e injusto a contribuintes. Enquanto os lucros e dividendos gozam de isenção, os rendimentos provenientes do trabalho submetem-se a alíquotas de até 27,5%. b) na remessa de lucros e dividendos ao exterior; Esta medida tem impacto econômico no balanço de pagamentos. Ainda que objetive a atração de capital estrangeiro ao país pois a tributação favorecida, aliada à taxa de câmbio valorizada, favorece a remessa de renda para o exterior, é necessário uma reflexão sobre o impacto dessa medida sobre o saldo de transações correntes do Brasil. Neste caso, deveria prevalecer o princípio da reciprocidade neste tipo de medida, ou seja, seria concedida a isenção tributária de lucros e dividendos somente aos países que adotassem esse critério para as empresas brasileiras. c) nas aplicações financeiras de investidores estrangeiros no Brasil - Lei nº 11.312/06;
Este mecanismo permitiria que bancos estrangeiros com representações no Brasil emitissem títulos no exterior indexados em reais. As operações de arbitragem decorrentes propiciam ganhos desproporcionais a esses agentes financeiros ferindo o princípio constitucional da isonomia tributária entre rendas iguais. 2 - Revisão de renúncias fiscais concedidas ao capital a) compensação de débitos relativos a tributos federais com créditos apurados pelo contribuinte, sem reconhecimento de certeza pelo Fisco - Lei nº 10.637/02; A Lei nº 10.637/2002 criou uma nova forma de quitação de débitos tributários com a União, que consiste na entrega de uma declaração de compensação (Dcomp), na qual o contribuinte informa que está compensando seus débitos relativos a tributos ou contribuições federais com créditos por ele apurados, sem o prévio reconhecimento da certeza e liquidez pela RFB. Tal declaração extingue o débito, sob condição resolutória de ulterior homologação. A partir da entrada em vigor dessa nova legislação, os pedidos de compensação já protocolizados e pendentes de apreciação transformaram-se em Dcomp, produzindo os mesmos efeitos desta e submetendo-se ao rito processual instituído naquela oportunidade. Em 2003, a Lei nº 10.833 estabeleceu um prazo de cinco anos para a Receita Federal apreciar a compensação declarada; findo tal prazo sem a devida apreciação, todo o procedimento estaria tacitamente homologado. Levantamento feito pelo Sindifisco Nacional, com base em amostras das regiões fiscais, indica que, em média, 80% dos créditos tributários compensados são improcedentes. Os resultados da Fiscalização da RFB corroboram para essas informações, pois a compensação fraudulenta de créditos tributários é motivo de autuação do Fisco. No ano de 2013, foram fiscalizados 329.036 contribuintes, entres pessoas físicas e jurídicas, contra 299.901 em todo ano de 2012, com um crédito tributário total lançado de R$ 199,2 bilhões, (R$ 116,3 no ano de 2011) 1. As principais infrações detectadas foram infrações contra o Sistema de Controle da Produção de Bebidas (Sicobe) e a tributação de lucros no exterior de empresas coligadas e de preços de transferência. O maior foco das investigações junto a 1 RFB, 2013
pessoas físicas foram os proprietários e dirigentes de empresas. Junto a pessoas jurídicas, o foco foram aquelas pertencentes aos ramos da indústria e da prestação de serviços. b) redução da alíquota de 20% para 15% do IR sobre ganhos líquidos auferidos em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas - Lei n 11.033/04; A Lei n 11.033, de 21 de dezembro de 2004, promoveu significativas alterações no tratamento tributário das aplicações financeiras, favorecendo os aplicadores do mercado financeiro e da bolsa de valores. Com isso, a alíquota do IR sobre os ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, foi reduzida de 20% para 15%. Além disso, estão isentos do IR os ganhos líquidos auferidos por pessoa física em operações no mercado à vista de ações, cujo valor das alienações realizadas em cada mês seja igual ou inferior a R$ 20 mil para o conjunto de ações. Assim, se, por hipótese, as ações vendidas por R$ 20 mil foram adquiridas por R$ 10 mil, lucro nada incomum neste mercado, ao cabo de um ano o investidor teve ganho de R$ 120 mil, totalmente isento do imposto de renda. Por outro lado, o trabalhador que ganhou, no ano de 2013, mais de R$ R$ 20.529,36 já é tributado. E todo rendimento do trabalho superior a R$ 51.259,08 mil é tributado pela alíquota máxima do Imposto de Renda 27,5%. 3 - Implementação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). O sistema tributário brasileiro não alcança apropriadamente o conceito de fortuna. Muitos bens e direitos, adquiridos em razão direta do crescimento da renda, ficam excluídos da tributação. A implementação do IGF pode ser uma oportunidade para a prática da justiça tributária, aplicando-se corretamente o princípio constitucional da capacidade contributiva. Sua implementação deve atentar para as possibilidades de elisão fiscal desse tributo, desestimulando, por meio da legislação, atitudes tais como a transferência de bens da pessoa física para uma pessoa jurídica como forma de burla ao pagamento do imposto.
4 - Fim da extinção de punibilidade nos crimes contra a ordem tributária e de sonegação fiscal Revogação do artigo 34 da Lei nº 9.249/1995, que prevê a extinção da punibilidade nos crimes contra a ordem tributária definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e de sonegação fiscal, previsto na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social. Além disso, alterar a legislação para que os referidos crimes sejam considerados crimes formais; 5 - Regulamentação do parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional O parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional, alterado pela Lei Complementar nº 104/2001, necessita ser regulamentado a fim de permitir à autoridade administrativa desconsiderar atos e negócios jurídicos que visem a ocultar a ocorrência do fato gerador. Esta norma somente irá adquirir plena eficácia quando for regulamentada. A falta de regulamentação permite que uma pessoa física se constitua como pessoa jurídica com a única finalidade de não pagar impostos e contribuições, pouco restando ao Fisco fazer para impedir essa conduta. Na prática, o Auditor Fiscal não pode se valer deste artigo para coibir o fato gerador dissimulado. Sem a respectiva lei para instrumentalizar o procedimento a ser adotado pelas Autoridades Fiscais, sua atuação é engessada. Quem perde, por consequência, é a sociedade, mesmo que as Autoridades Fiscais busquem o Poder Judiciário para desconsiderar tais atos ou negócios jurídicos. Diante da mora judicial, pode ocorrer a decadência da constituição do crédito tributário, o desaparecimento de provas, a remessa de valores ao exterior e quaisquer práticas a reforçarem a dissimulação não só do fato gerador, mas de provas que configurem a autoria ou até mesmo a prática de crimes. 6 - Maior tributação dos bens e produtos supérfluos Tributação dos bens e produtos de forma seletiva, em função de sua essencialidade, taxando-se mais os bens supérfluos e menos os produtos essenciais à vida. Também a opção pela tributação, preferencialmente direta, visa a observar a capacidade contributiva individual e a transparência.
7 - Reversão da desoneração das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento A partir da vigência da Medida Provisória nº 540, de 2011, diversos setores da economia foram beneficiados com a desoneração da contribuição previdenciária incidente sobre a folha de salários. Referida medida foi implementada sem o estabelecimento de critérios claros e sem a exigência de qualquer contrapartida por parte das empresas beneficiadas. Com base em demonstrativo apresentado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, divulgado por meio do documento denominado Análise da Arrecadação das Receitas Federais, verifica-se que, entre janeiro e outubro de 2014, somente com essa desoneração a União deixou de arrecadar 15,88 bilhões. Essas informações leva-nos a concluir que mais de 20 bilhões deixaram de ser carreados aos cofres federais no último ano. Tendo em vista que os efeitos almejados com a medida não foram alcançados, com a reversão da desoneração da folha de pagamento o Governo Federal poderia resolver boa parte dos problemas que atualmente se abatem sobre as contas públicas. Brasília 12 de fevereiro de 2015